O baptismo com o Espírito Santo, as línguas, a interpretação das línguas, e a profecia 

 



 

O baptismo com o Espírito Santo é uma experiência posterior à conversão 

 

Depois que uma alma se arrepende dos seus pecados e se converte a Deus, obtendo o perdão dos pecados e a salvação eterna mediante a fé em Jesus Cristo, além de fazer-se imediatamente baptizar por um ministro do Evangelho na água por imersão, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, baptismo este que é o pedido de uma boa consciência feito a Deus (cfr. 1 Ped. 3:21) e que simboliza o sepultamento do velho homem e a ressurreição do homem novo ocorrido em quem creu (cfr. Rom. 6:3-4), ela deve também desejar fortemente ser baptizada com o Espírito Santo por Jesus Cristo, sim porque este é um baptismo que à diferença do baptismo na água é ministrado directamente por Jesus Cristo conforme está escrito: "Ele, porém, vos baptizará com o Espírito Santo" (Mar. 1:8). E, além disso, enquanto que com o baptismo na água se pede a Deus uma boa consciência (além de ser sepultado na morte de Cristo e ser ressuscitado em novidade de vida, no sentido que o baptismo simboliza estas duas fases que já ocorreram na conversão), com o baptismo com o Espírito Santo é-se revestido de poder do alto conforme disse o próprio Jesus Cristo, que é Aquele que ministra este baptismo: "Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo" (Actos 1:8), ou seja o poder para testemunhar neste mundo mau da graça salutar de Deus manifestada em Cristo Jesus.

Este baptismo foi experimentado pelos discípulos de Jesus Cristo no dia do Pentecostes a seguir à sua ascensão ao céu à direita do Pai, e portanto poucos dias depois que ele foi recebido no céu porque a sua assunção aconteceu quarenta dias após a sua ressurreição ocorrida durante a Páscoa judaica e o Pentecostes calhava cinquenta dias após a Páscoa. Este foi o cumprimento das seguintes palavras que ainda Jesus Cristo tinha pronunciado antes de ser recebido no céu: "Vós sereis baptizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (Actos 1:5).

Encontramos a narração deste evento no segundo capítulo do livro dos Actos: "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém estavam habitando Judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se a multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são Galileus todos esses homens que estão falando? Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos? Nós, Partos, Medos, Elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia, da Capadócia, do Ponto e da Ásia, e da Frígia e da Panfília, do Egipto e das partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros Romanos, tanto Judeus como prosélitos, Cretenses e Árabes, ouvímo-los em nossas línguas falar das grandezas de Deus. E todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos. E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e sobre as minhas servas naqueles dias, e profetizarão. E farei aparecer prodígios em cima, no céu; e sinais em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Actos 2:1-21).

 

 

Como se recebe o baptismo com o Espírito 

 

Este baptismo pode-se receber tanto através da imposição das mãos, como sem imposição das mãos. De facto, no livro dos Actos dos apóstolos os cerca de cento e vinte em Jerusalém e Cornélio e os seus em Cesareia o receberam sem a imposição das mãos de ninguém (cfr. Actos 2:1-4; 10:44-46; 11:15); enquanto os crentes de Samaria (cfr. Actos 8:14-17), os cerca de doze discípulos em Éfeso como também o apóstolo Paulo o receberam através da imposição das mãos (cfr. Actos 19:6; 9:17).

 

As línguas e a interpretação 

 

Como vimos pouco atrás, o baptismo com o Espírito Santo experimentado pelos discípulos no dia do Pentecostes foi um enchimento de Espírito Santo, enchimento que foi imediatamente acompanhado por um falar em línguas estrangeiras para eles desconhecidas. Fenómeno este predito por Jesus Cristo quando disse a propósito dos sinais que acompanharão aqueles que crerem  "em meu nome …. falarão em novas línguas" (Mar. 16:17). E fenómeno este que acompanhou também outros baptismos com o Espírito Santo registados no livro dos Actos (nem em todos os outros baptismos com o Espírito Santo registados é mencionado o fenómeno do falar em línguas, mas isto apenas porque Deus não quis que fosse escrito precisamente em todos os casos e não porque não se verificou em todos os casos), que são o da casa de Cornélio conforme está escrito: "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a Palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os Gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus" (Actos 10:44-46); e o caso dos cerca de doze discípulos de Éfeso conforme está escrito: "E os que ouviram foram baptizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. E estes eram, ao todo, uns doze homens" (Actos 19:5-7).

O falar em outras línguas portanto é, com base no ensinamento bíblico, o sinal exterior que caracteriza ou que evidencia o baptismo com o Espírito Santo.

Quanto ao falar em outras línguas deve ser, porém, precisado que enquanto todos aqueles que experimentam o baptismo com o Espírito Santo falam em línguas, nem todos têm o dom da diversidade das línguas porque este é a capacidade dada pelo Espírito Santo apenas a alguns crentes de falar várias línguas estrangeiras e não uma só (cfr. 1 Cor. 12:10). Eis por que Paulo diz aos santos de Corinto: "Falam todos diversas línguas?" (1 Cor. 12:30).

O falar em línguas é um falar dirigido a Deus porque Paulo diz: "Porque o que fala em outra língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios" (1 Cor. 14:2).

Estes mistérios podem consistir em orações dirigidas a Deus em favor dos santos: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis; e Aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos" (Rom. 8:26-27); em cânticos e acções de graças dirigidos a Deus porque Paulo diz: "Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o amém sobre a tua acção de graças aquele que ocupa o lugar de indouto, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado" (1 Cor. 14:15-17).

Este falar em línguas em certas ocasiões é compreendido por pessoas presentes que ainda não são Cristãs, em outras palavras acontece a mesma coisa que aconteceu no dia de Pentecostes em Jerusalém. E naturalmente o facto de os que falam em outras línguas não terem aprendido em nenhuma escola a língua estrangeira que falam pelo Espírito, suscita grande admiração nesses ouvintes que os ouvem falar. Neste caso o falar em línguas serve de sinal para os não crentes (cfr. 1 Cor. 14:22). E em certos casos esta admiração leva a pessoa que ouviu estupefacta falar na língua do seu país a converter-se ao Senhor. No dia de Pentecostes os Judeus que estavam de visita em Jerusalém, quando se reuniram no lugar onde os cerca de cento e vinte discípulos falavam em outras línguas, ficaram admirados ao ouvir aqueles Galileus falar das grandezas de Deus nas suas línguas natais, e depois que Pedro lhes falou, muitos deles se converteram (cfr. Actos 2:5-41).

Há depois casos em que o falar em outra língua é entendido também por certos crentes, mas não porque aprenderam essa língua na escola ou porque é a língua do seu país, mas porque receberam pelo Espírito Santo o dom da interpretação das línguas (cfr. 1 Cor. 12:10). Neste caso o crente que tem este dom estará apto para interpretar para a igreja reunida o falar estrangeiro, interpretação que será de edificação para a igreja conforme está escrito: "Ora, quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis, pois quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação" (1 Cor. 14:5). A Igreja será edificada ao ouvir numa língua conhecida aquela oração ou aquele cântico pronunciado pelo Espírito numa língua desconhecida, e poderá dizer: ‘Amen!’

Quando a igreja está reunida, se houver alguém que fale em outra língua devem ser dois, ou quando muito três a falar em outra língua, e cada um por sua vez, e alguém deve interpretar. Se, porém, não houver alguém que interprete, eles devem calar-se e falar para si mesmos e para Deus (cfr. 1 Cor. 14:27-28).

Quem fala em outra língua deve orar para poder interpretar (cfr. 1 Cor. 14:13).

O falar em outra língua não deve ser impedido (cfr. 1 Cor. 14:39).

 

O dom de profecia 

 

No que concerne ao dom de profecia, ele é um dom do Espírito Santo mediante o qual quem o possui, quando o Espírito quer, "fala aos homens uma linguagem de edificação, de exortação e de consolação" (1 Cor. 14:3). É um dom que possuem todos aqueles que têm o ministério de profeta, mas sozinho não torna profeta porque além do dom de profecia o profeta tem também dons de revelação (dom de palavra de sabedoria, dom de palavra de ciência, discernimento dos espíritos).

Na Escritura temos muitos exemplos de profecias, eis algumas destas profecias.

Isaías, profeta de Deus, mediante o Espírito, (em profecia) proferiu aos homens estas palavras de edificação: "Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz! Estai atentos, e ouvi a minha palavra! Porventura lavra continuamente o lavrador, para semear? Ou está sempre abrindo e esterroando a sua terra? Quando já tem nivelada a sua superfície, não espalha ele a nigela, não semeia o cominho, não lança nela o trigo em leiras, ou cevada no lugar determinado, ou a espelta na margem? O seu Deus lhe ensina a regra a seguir e o instrui. Porque a nigela não se trilha com instrumento de trilhar, nem sobre o cominho se faz passar a roda do carro; mas a nigela é debulhada com uma vara, e o cominho com um pau. Se trilha o trigo; mas não se o trilha continuamente; se faz passar sobre ele a roda do carro e os cavalos, mas não se esmiúça. Até isto procede do Senhor dos exércitos; maravilhosos são os seus desígnios, grande é a sua sabedoria" (Is. 28:23-29).

Um exemplo de linguagem de exortação proferida mediante o dom de profecia é este: "Lembrai-vos, disto, e considerai; trazei-o à memória, ó transgressores!... Ao Senhor dos exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro!... Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos actos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, ajudai o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva!" (Is. 46:8; 8:13; 1:16,17).

Um exemplo de linguagem de consolação proferida em profecia é este: "Eu, eu sou aquele que vos consola; quem pois és tu, para que temas o homem que há-de morrer, e o filho do homem que passará como a erva?... Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo, em cujo coração está a minha lei! Não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias. Porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã... Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu! Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti" (Is. 51:12; 51:7,8; 43:1,2).

O dom de profecia é o dom que Paulo exorta a desejar antes de todos os outros: "Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar" (1 Cor. 14:1).

Quando se manifesta o dom de profecia não há uma predição de um específico evento futuro (o nascimento de alguém, a morte de alguém, uma guerra, um terremoto, etc.), porque como veremos esta última é dada com o dom de palavra de sabedoria.

 

A utilidade do baptismo com o Espírito Santo, do falar em línguas, da interpretação e da profecia 

 

É evidente por aquilo que se aprende da Escritura que o baptismo com o Espírito  Santo, o falar em outra língua, a interpretação do falar em outra língua e a profecia são tudo manifestações espirituais úteis para os santos. Não poderia ser doutra forma, dado que procedem de Deus que "fez tudo para um fim" (Prov. 16:4) e a manifestação do Espírito é dada para o proveito comum (cfr. 1 Cor. 12:7). Já fiz perceber a sua utilidade mas quero deter-me ainda sobre ela.

Em relação ao baptismo com o Espírito Santo ele confere poder ao crente porque ele é revestido de poder do alto. E isto se o percebe considerando o efeito que teve o baptismo com o Espírito Santo sobre os discípulos do Senhor no dia do Pentecostes. Veja-se a sua coragem e a sua franqueza ao testemunhar do Evangelho de Deus  no meio da perseguição após aquele dia para perceber quão útil é o baptismo com o Espírito Santo.

O falar em outra língua é útil para a edificação do crente que fala em outra língua. "O que fala em outra língua edifica-se a si mesmo" (1 Cor. 14:4), diz Paulo, portanto mediante esta manifestação o crente sente-se recarregado espiritualmente ainda que não entenda aquilo que diz pelo Espírito. Ora, quem é aquele crente que não se quer edificar a si mesmo? Creio que não haja. E, além disso, quem fala em outra língua ora a Deus por irmãos em outra língua, no sentido que intercede pelos santos mediante o Espírito Santo, e também isto é uma coisa útil porque um irmão é por Deus capacitado para orar por alguém que não conhece por necessidades que não conhece. Em outras palavras, ele é capacitado para fazer algo que humanamente é impossível por causa do limitado conhecimento humano. E a mesma utilidade a tem também o cantar em outra língua e o dar graças em outra língua, antes de tudo porque Deus tem prazer nos louvores e nas acções de graças que lhe são dirigidos, e depois porque neste caso trata-se de cânticos e de acções de graças proferidos não nos baseando na nossa inteligência e no nosso conhecimento, mas movidos pelo Espírito e portanto estamos certos que eles são plenamente inspirados. Obviamente para que a Igreja receba utilidade pelo falar em outra língua, ele necessita ser interpretado; só então de facto ela poderá entendê-lo e dizer: 'Amen' e ficar edificada. Eis então a utilidade do dom da interpretação das línguas. Mas basta considerar que mediante este dom o Espírito concede que se entenda aquilo que o Espírito disse em favor de um irmão para nós desconhecido que eventualmente se encontra em alguma necessidade para nós desconhecida, para perceber a sua utilidade.

A respeito do falar em outra língua é preciso também dizer que ele pode contribuir para a conversão dos incrédulos, porque as línguas servem de sinal para os não crentes (cfr. 1 Cor. 14:22), no sentido que lhes mostram ou fazem perceber que Deus está connosco e opera de maneira tremenda e os atraem a Cristo. Isto acontece quando o não crente reconhece que quem está falando em outra língua está falando numa língua para ele desconhecida sem nunca a ter aprendido em algum lugar.

No que concerne à profecia, ela consola, edifica, exorta; faz portanto coisas de que há necessidade na igreja. Mas há mais. Ela revela os pensamentos escondidos no coração do homem,  de facto Paulo diz aos santos de Corinto: "Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós" (1 Cor. 14:24-25). Portanto, através deste dom Deus é exaltado e incrédulos podem-se converter.

 

As falsificações 

 

No meio da Igreja de Deus existem também falsos baptismos com o Espírito Santo e portanto falsos falar em línguas, como também existem falsas interpretações e falsas profecias. Como reconhecer estas mistificações?

Pelo que diz respeito ao falso baptismo com o Espírito Santo com o relativo falso falar em línguas, ele se reconhece pelo facto de quem diz tê-lo recebido não ter recebido algum poder do alto. O baptismo com o Espírito Santo de facto confere poder ao crente, coisa que obviamente um baptismo inventado não pode fazer. Mas há também uma outra maneira para reconhecê-lo, de facto, dado que o falar em línguas neste caso é fruto da própria astúcia ou imaginação, este falar não constitui uma verdadeira linguagem numa língua desconhecida, mas simplesmente um amontoado de sílabas e palavras ajuntadas desordenadamente para dar a impressão a quem ouve que se trata de uma verdadeira língua estrangeira. E, além disso, faltam os gemidos inexprimíveis de que fala Paulo aos santos de Roma, e que distinguem o orar em outra língua.

No que concerne às falsas interpretações, elas podem-se reconhecer pelo facto de não constituírem um falar dirigido a Deus, como uma oração, um cântico ou uma acção de graças, mas um falar dirigido aos homens coisa que não pode ser porque quem fala em outra língua não fala aos homens mas a Deus (cfr. 1 Cor. 14:1) e, por conseguinte, também a interpretação deve ser dirigida a Deus. Uma outra maneira para reconhecê-las é o de ir interpelar quem proferiu estas 'mensagens dirigidas aos homens' perguntando-lhe como consegue interpretar as línguas. Eu sei que a resposta em alguns casos é aproximadamente a seguinte: 'Eu vejo qual é o problema que há na igreja e depois oriento-me'!!!, ou 'Embora não tenha entendido o que foi dito em outra língua, o importante é que eu não diga nada que seja fora da doutrina'!!! Por estas respostas se pode tranquilamente deduzir que quem pretende interpretar não possui o dom da interpretação das línguas. Estas 'supostas mensagens em línguas', portanto, são manifestações que são inventadas na ocasião.

As falsas profecias podem-se reconhecer pelo facto de consolarem alguém quando este não necessita de consolação mas de uma severa repreensão (o Espírito Santo repreende os dissolutos e não os consola); repreendem alguém quando, ao invés, este necessita de uma consolação. Por exemplo, se um irmão diz em comunidade que, dado que é preciso santificar-se, é bom abster-se de ir à praia pôr-se meio nu, de ver a imundícia que é transmitida na televisão, e é perseguido por certos crentes carnais e algum destes em profecia o 'repreende' acusando-o de lançar confusão na igreja ou de dizer falsidades, essa é uma falsa profecia. O Espírito Santo, de facto, testifica que estas coisas são coisas de que os santos se devem abster e não pode repreender quem as reprova. Um outro caso semelhante pode ser aquele de uma profecia que encoraja um crente chamado pelo Senhor quando estava divorciado a recasar-se. Neste caso a profecia é falsa porque o crente é encorajado a fazer uma coisa que se opõe à sã doutrina, visto que ele não pode recasar-se enquanto viver a sua mulher.

Todas as vezes que a profecia se opõe ao ensinamento bíblico, ela é falsa porque o Espírito Santo que é a verdade (cfr. 1 João 5:6) não pode ir contra a Palavra de Deus que é verdade (cfr. João 17:17). Neste caso, portanto, a profecia não é proferida pelo Espírito Santo mas por algum outro espírito. Se, pelo contrário, o espírito que fala através do crente quando ele profetiza é o mesmo espírito (ou seja o Espírito Santo) que falou através de Jesus Cristo e através dos profetas e dos apóstolos e moveu  estes últimos a escrever os livros da Bíblia não pode senão confirmar o que eles disseram e escreveram e a profecia será conforme a verdade. Uma das maneiras, portanto, para discernir as falsas profecias das verdadeiras é a de examiná-las mediante a Escritura.

Portanto, irmãos, cuidai de vós mesmos, e além de não inventardes nada procurai desmascarar as falsidades que são feitas passar por verdades no meio do povo de Deus.

 

Algumas palavras de exortação 

 

Irmão no Senhor, se já recebeste o baptismo com o Espírito Santo, exorto-te a continuar a crer ter recebido o cumprimento da promessa do Salvador, que este baptismo, acompanhado pelo falar em línguas, é escritural; e persevera no falar em línguas. Não te deixes perturbar por alguns crentes que com os seus vãos raciocínios anularam esta parte do conselho de Deus dizendo que este baptismo não é mais acompanhado do falar em línguas, e que se recebe no novo nascimento e não após ter nascido de novo. Sabe que tu não aceitaste uma estranha doutrina, que não inventaste nada, que não caíste vítima de um engano satânico, que não te deixaste enganar por espíritos malignos; mas aceitaste por fé, na simplicidade do teu coração, uma doutrina que faz parte das doutrinas bíblicas, e experimentaste o revestimento de poder de que falou o Senhor Jesus antes de ser recebido no céu. Quem foi seduzido por vãos raciocínios foram precisamente aqueles que negam o baptismo com o Espírito Santo como experiência posterior ao novo nascimento, sabe por certo isto. Estes sem dar-se conta disso, na sua ignorância da Palavra de Deus e do poder de Deus, falam nesciamente, chegando a definir possuído ou influenciado por poderes demoníacos quem fala em línguas pelo Espírito; sofrerão a pena da sua incredulidade e da sua loucura. O Cristianismo destes, que em certos casos são sábios segundo o mundo e hábeis faladores, é um Cristianismo privado de poder, eles negam o poder de Deus porque negam o baptismo através do qual se é revestido de poder do alto. Ah! quão numerosos são estes!! Quanto dano continuam a fazer no meio do povo de Deus! Mas graças sejam dadas a Cristo Jesus porque Ele não se deteve em efectuar a sua palavra e ainda hoje baptiza com o Espírito Santo. Ele ainda hoje demonstra que não há conselho nem inteligência que valha contra Ele. Ninguém o pode deter, e ninguém o deterá!

Se, pelo contrário, ainda não recebeste este baptismo, então pede-o a Deus porque Ele prometeu concedê-lo àqueles que lho pedirem conforme está escrito: "Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem!" (Lucas 11:13).

Se, além disso, tu desejares o dom da diversidade das línguas, o da interpretação e o dom de profecia, não tens que fazer mais do que desejá-los ardentemente com um coração puro. Conduz-te de maneira digna do Evangelho, sê justo, sincero, fiel a Deus, e continua a desejar também estes dons. Certo, o Espírito Santo distribui os seus dons com base na vontade de Deus, pelo que eu não te posso assegurar que receberás todos os dons que desejares, certamente, porém, receberás os que são da vontade de Deus para ti, entre estes dons de palavra.

Dirijo-me agora a vós, crentes que não aceitais estas manifestações como manifestações provenientes de Deus com um fundamento bíblico para os nossos dias: exorto-vos a deixar de falar nesciamente tanto contra o baptismo com o Espírito Santo, como contra as línguas, como contra as interpretações e contra as profecias. É hora de deixardes de ensinar estas vossas doutrinas falsas que não fazem mais do que manter longe tanto vós como outros do poder de Deus. Quereis que Deus vos mostre pessoalmente que as coisas são como eu vos estou a dizer? Bom, então ponde-vos em oração, eventualmente acompanhando a oração com o jejum, pedindo a Deus em Cristo Jesus para vos confirmar se este baptismo com o Espírito Santo é acompanhado pelo falar em línguas, e vereis que o Senhor não deixará de vo-lo confirmar, como também vos confirmará que o Espírito Santo ainda hoje distribui o dom da diversidade das línguas, da interpretação das línguas e o dom de profecia, e sereis assim libertados deste laço em que caístes. Não demoreis a fazê-lo, e bem vos irá.

 

Giacinto Butindaro

 

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