‘Foi em Campofiorito, imediatamente após o fim da segunda guerra mundial, que o sargento dos carabinieri pagou caro e de imediato o preço por ter escarnecido de Deus. A pequena comunidade evangélica com o seu pastor, Francesco Coppola, após ter sofrido muitas perseguições sob o fascismo, finalmente acabada a guerra e caído o fascismo, tinha começado a reunir-se, ainda em família, mas publicamente. Mas as autoridades religiosas, civis e militares de Campofiorito rugiam ainda como leões contra os evangélicos. Continuavam a impedi-los de reunir-se, os espiavam continuamente. Assim que um irmão de fora vinha ter com eles ou os ouviam reunidos, logo os carabinieri entravam pela porta dentro e acabavam no quartel. Parecia que as autoridades de Campofiorito não tinham outro trabalho a fazer senão o de continuar a perseguir os filhos de Deus naquela localidade. O irmão Francesco Coppola, um dia pensou em escrever para Roma junto das autoridades competentes. A carta dizia mais ou menos isto: ‘Somos um grupo de evangélicos pentecostais, queremos reunir-nos para celebrar o culto juntos, mas não nos é permitido pelas autoridades da nossa localidade. Queremos saber se somos livres para podermos nos reunir ou não. Aguardamos uma cortês e solícita resposta’. Passaram alguns meses antes que chegasse a resposta. Os fiéis continuaram a reunir-se clandestinamente. Uma noite enquanto estavam reunidos em casa de uma família com a porta fechada, enquanto celebravam o culto, ouviram bater à porta. O dono da casa abriu e encontrou atrás da porta o sargento dos carabinieri com os seus homens que rapidamente invadiram a casa. Ao que o irmão Coppola respondeu: ‘Deixai-nos concluir primeiro o culto e depois podeis nos levar para onde quiserdes’. Assim continuaram o culto e no fim os levaram todos para o quartel, onde havia a esperá-los o prefeito, o sacerdote, o empregador público e o farmacêutico. Portanto na presença dos referidos, o sargento com muita arrogância começou a interrogar o irmão Coppola dizendo: ‘O que fazíeis reunidos?’ – Estávamos adorando o Deus do céu’, respondeu o irmão Coppola. Ao que replicou o sargento: ‘Este vosso Deus se o encontrasse o estrangularia’. Foi imediatamente repreendido pelo irmão Coppola: ‘Deve saber que o homem não tem o poder de esganar Deus, mas é Deus que tem o poder de esganar o homem’. Mas o sargento continuou a falar soberbamente, pegou uma correspondência onde estava uma carta que dizia que Francesco Coppola era livre para poder reunir-se com os seus correligionários. |
Mas apesar de ter recebido comunicação de que os evangélicos eram livres para se poderem reunir livremente, o sargento continuava a censurá-los e a ameaçá-los. Ao que o irmão Francesco Coppola respondeu: ‘Se na carta nos foi mandado dizer que somos livres para podermos nos reunir para orar a Deus, por que você continua a ameaçar-nos e a censurar-nos?’ De novo o sargento lhe disse: ‘Este vosso Deus se o encontrasse o estrangularia!’ E mais uma vez o irmão Coppola lhe respondeu: ‘Tenha cuidado, com aquilo que diz, porque nenhum homem tem o poder de esganar Deus, mas é Deus que tem o poder de esganar o homem!’ Mas o sargento continuou a noite a desprezar Deus e os seus filhos, e após ter manifestado a sua arrogância os deixou ir livres. Antes que chegasse a manhã o sargento achou-se com a garganta inchada. Prestaram-lhe os primeiros socorros em Campofiorito, mas todo o socorro lhe prestado se revelou ineficaz. Levaram-no de urgência para o hospital de Palermo mas não houve nada a fazer. Uma angina maligna o tinha atingido na garganta. Não pôde mais falar nem respirar. Passados três dias estava no sepulcro. |
É perigoso pois ‘escarnecer-se do Deus Todo-Poderoso e Altíssimo’. |
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Factos ocorridos na Sicília |
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Extraído de: Castrenze Cascio, Camminare e Spigolare [Caminhar e Anotar], Corleone 2000, pag. 38-40 |