A santificação

 

 

 

Prefácio

 

Caros irmãos e irmãs, sou grato a Deus por me ter concedido realizar esta tradução para português deste livro intitulado "A santificação" do irmão Giacinto Butindaro a quem Deus concedeu a graça e sabedoria necessária de o escrever para a edificação dos santos. Na esperança que este trabalho vos seja útil no Senhor, vos saúdo. Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o sempre. Amém.

Hugo Castro

 

Introdução

 

Caros irmãos no Senhor, neste meu escrito tratarei a santificação, um tema que considero muito importante para nós filhos de Deus. Antes de tudo, tende bem em mente que vós quando nascestes de novo (isto é, quando fostes regenerados por Deus) fostes também santificados, isto é, fostes feitos santos. As seguintes Escrituras o testificam: "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus" (1 Cor. 6:9-11); "Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito, e a fé na verdade" (2 Tess. 2:13); "Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadónia, Ásia e Bitínia; eleitos segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo..." (1 Ped. 1:1-2).

Esta é a razão pela qual os apóstolos quando escreviam as suas epístolas aos crentes os chamavam também santos. Alguns exemplos; Paulo aos Coríntios diz: "À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos,..." (1 Cor. 1:2); aos Filipenses: "A todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos..." (Fil. 1:1); aos Colossenses: "Aos santos e irmãos fiéis em Cristo, que estão em Colossos..." (Col. 1:2); Pedro na sua primeira epístola diz aos crentes: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa..." (1 Ped. 2:9); o escritor aos Hebreus diz: "Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial...." (Heb. 3:1).

Vós dilectos sois santos em virtude da obediência mostrada por Jesus Cristo porque foi em virtude do seu sacrifício expiatório que fostes santificados conforme está escrito: "Na qual vontade fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez" (Heb. 10:10). Por isso não tendes nada de que gloriar-vos diante de Deus, de facto, Paulo diz que Cristo nos foi feito por Deus também santificação (cfr. 1 Cor. 1:30). Quero precisar que quando digo que vós fostes santificados em Cristo Jesus refiro-me a estas coisas:

Ÿ A perfeição quanto à consciência que haveis obtido pelo sangue de Cristo conforme está escrito: "Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Heb. 10:14). Perfeição quanto à consciência que debaixo do Antigo Pacto não se podia obter porque os dons e os sacrifícios oferecidos segundo a lei eram a sombra do que devia vir e neles eram renovados todos os anos a lembrança dos pecados cometidos (cfr. Heb. 9:9-10; 10:1-4): enquanto debaixo do Novo ela se pode obter porque Cristo ofereceu-se a si mesmo como sacrifício pelos nossos pecados uma vez para sempre e o seu sangue aperfeiçoa os que crêem nele (cfr. Heb. 9:13-14).

Ÿ A vossa separação do mundo operada por Deus para vos fazer servir a justiça. Com isto quero dizer que Deus vos separou dos que vivem nas trevas para que vós lhe sejais consagrados pelo resto da vossa vida. Deus antigamente escolheu o povo de Israel segundo a carne para que ele o servisse, de facto está escrito: "Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra" (Deut. 7:6), e ainda: "Porque és povo santo ao Senhor teu Deus; e o Senhor te escolheu, de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe seres o seu próprio povo" (Deut. 14:2). Ora, com a vinda de Cristo, Deus separou para si um povo sobre a terra (a sua Igreja), composto por todos aqueles Judeus e Gentios que Ele tirou deste presente século mau para que o sirvam. Este conceito é expresso por Paulo na epístola a Tito quando diz que Cristo Jesus "se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tito 2:14).

Portanto vós irmãos fostes postos de parte por Deus para realizar uma coisa de particular; mas que coisa? A vossa santificação. Estas Escrituras o testificam: Paulo diz aos santos de Roma: "Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes por vosso fruto a santificação..." (Rom. 6:22); e aos santos de Tessalónica diz: "Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...." (1 Tess. 4:3), e também: "Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação" (1 Tess. 4:7); e o escritor aos Hebreus diz: "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Heb. 12:14); Pedro diz aos eleitos (chamados por ele nação santa): "Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo" (1 Ped. 1:15- 16). Como podeis ver existem diversas Escrituras que testificam que nós fomos chamados a ser santos, isto é, a nos santificarmos na presença de Deus. Santificarmo-nos portanto é uma ordem de Deus e é tão importante que é dito que sem a santificação ninguém verá o Senhor; digo tudo isto porque hoje no seio de muitas Igrejas da santificação se ouve falar dela como se fosse algo de facultativo e de não tão grande importância. Agora, irmãos, nós temos por fruto a nossa santificação; mas como podemos dar este fruto? Este fruto só se pode dar estando em Cristo conforme disse Jesus: "Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto" (João 15:5), o que significa guardar os mandamentos de Deus porque João diz: "E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e Ele nele" (1 João 3:24). Nós portanto devemos guardar os mandamentos de Deus para ter uma conduta santa diante de Deus e dos homens. E naturalmente guardar os mandamentos de Deus significa não dever fazer algumas coisas e fazer outras. Vejamos pois agora de que coisas nós crentes devemos nos abster para nos santificarmos.

 

O homicídio

 

Está escrito na lei: "Não matarás" (Ex. 20:13), pelo que nós não devemos tirar a vida ao nosso próximo. Não façamos como Caim que era do maligno - diz João - e matou seu irmão, por que causa o matou? "Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas" (1 João 3:12). Debaixo da graça porém comete homicídio também quem odeia o seu irmão, diz de facto João: "Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 João 3:15). E isto porque a lei de Cristo é mais severa do que a de Moisés: Jesus disse de facto aos seus discípulos: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno" (Mat. 5:21-22). Estando assim as coisas irmãos, cuidemos de nós mesmos para que não entre em nós ódio para com um irmão ou também para com uma pessoa do mundo. Amemo-nos uns aos outros de coração, intensamente, porque o amor cobre multidão de pecados (cfr. 1 Ped. 4:8). Se um irmão peca contra nós repreendamo-lo (com amor), com a esperança que se arrependa, mas não o odiemos. Como diz bem a lei: "Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado" (Lev. 19:17). Se antes quem nos fez uma maldade é um pecador suportemo-lo com paciência, continuando a amá-lo porque está escrito para amar os nossos inimigos e para fazer o bem aos que nos odeiam (cfr. Lucas 6:27).

Entre as dozes tribos da dispersão às quais escreveu Tiago haviam crentes que matavam e Tiago os chamou pecadores e os exortou a limpar as suas mãos e a se humilharem diante de Deus (cfr. Tiago 4:2,8-10). Pedro nos exorta para que nenhum de nós padeça como homicida (cfr. 1 Ped. 4:15).

Irmãos, o caminho do homicida conduz à cova, de facto está escrito: "O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha" (Prov. 28:17). Deus abomina as "mãos que derramam sangue inocente" (Prov. 6:17) e em muitos casos faz matar quem mata conforme está escrito: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gen. 9:6). O cumprimento destas palavras está debaixo dos olhos de todos: nos ambientes malévolos quem mata por sua vez vem a ser morto. "Como tu fizeste, assim se fará contigo" (Obadias 15), continua a dizer Deus aos ímpios. Aqueles pois que matam se expõem à morte e de facto a sabedoria exorta-nos a não dar ouvidos aos pecadores quando eles nos digam ‘Vem conosco embosquemo-nos para matar…’ diz-nos: "…não te ponhas a caminho com eles; desvia o teu pé das suas veredas; porque os seus pés correm para o mal, e se apressam a derramar sangue…estes armam ciladas contra o seu próprio sangue; e espreitam suas próprias vidas" (Prov. 1:15-16,18).

Os homicidas não herdarão o reino de Deus, com efeito serão lançados no lago ardente de fogo e enxofre (cfr. Ap. 21:8).

 

O aborto

 

Abortar é pecado porque equivale a matar uma criatura no seio de uma mulher antes que esta venha à luz. Portanto irmãos e irmãs que sois casados fugi deste pecado para não atrair sobre vós a ira de Deus que por certo vos puniria por tal transgressão. Obviamente estamos falando do aborto provocado e não do natural que não é desejado pela mulher ou pelo casal.

Mas qual é a razão pela qual muitas mulheres abortam? Elas abortam para não pôr no mundo uma criatura não desejada, não querida. Isto porém não justifica o aborto porque a criatura no seio da mulher é contudo sempre uma criatura formada pelas mãos de Deus. Hoje, o aborto nesta nação é permitido pelas autoridades estatais; porém permanece um pecado aos olhos de Deus. Pecado que se manifesta como tal, com efeito as mulheres que abortam provam remorsos e sentem a sua consciência acusá-las. Aquelas mulheres, ao contrário, que mesmo após conselho ou sugestão não aceitaram abortar estão felizes de não tê-lo feito. Ó mulheres em Cristo, não tenhais medo de pôr no mundo muitas crianças; Deus não as abandonará e si mesmas uma vez nascidas, mas lhes proverá tudo o que for necessário. Tende fé nele. Sabei que a Escritura declara bem-aventurados os que têm muitos filhos (cfr. Sal. 127:5).

 

A eutanásia

 

Eis como vem definida a eutanásia no Dicionário da língua portuguesa: Teoria que preconiza a antecipação da morte de doentes incuráveis, para lhes poupar os sofrimentos da agonia. Em outras palavras é uma morte acelerada pelos médicos com o consenso dos familiares do sofredor para evitar ao ser humano continuar a sofrer.

Eu vos exorto no Senhor a reprovar a eutanásia porque se trata de um homicídio aos olhos de Deus. Quem tem o poder de fazer viver e de fazer morrer os homens é só Deus (cfr. 1 Sam. 2:6) e portanto mesmo que um vosso familiar se encontrasse do ponto de vista médico numa situação desesperada porque segundo os médicos está condenado a morrer depois de indizível sofrimento sem alguma possibilidade de se curar vós não deveis dar nenhum consentimento para fazê-lo morrer antes do tempo para que deixe de sofrer ou para que sofra menos porque desta maneira vós participaríeis de um homicídio. E depois quem disse que esse homem está destinado inexoravelmente a morrer? Os médicos, e por isso homens que não têm o poder de prolongar a vida a ninguém, e que têm um conhecimento limitado como todos os mortais. Mas qual é o decreto de Deus para com esse homem? Que ele viva ou que ele morra? Não se sabe, a menos que Ele o revele dando uma palavra de sabedoria a alguém, e por isso se deve orar a Deus para curá-lo. Na verdade nunca se deve perder a esperança em Deus porque o nosso Deus é capaz de restabelecer um homem que já foi dado por acabado pelos homens ou que se dá ele mesmo por acabado. O caso de Jó é um exemplo eloquente: quando estava no meio de terríveis dores, com a carne já tão consumida que os ossos se agarravam a ela, quando ele já pensava em se despedir desta terra, e com a mulher que já só esperava que ele morresse, Deus o curou e o restabeleceu à condição de antes. Um outro caso desesperado do ponto de vista humano foi o do rei Ezequias o qual na sua doença pensava ele mesmo ser um homem morto, mas Deus ouviu a sua oração e viu as suas lágrimas e acrescentou aos seus dias quinze anos. "Eu disse: No cessar de meus dias ir-me-ei às portas da sepultura; já estou privado do restante de meus anos. Disse: Não verei ao Senhor, o Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do mundo…. desde a manhã até à noite me acabarás..." (Is. 38:10-12) disse Ezequias no seu cântico depois que foi curado pelo Senhor, mas também: "Que direi? Como me prometeu, assim o fez;.... mas a ti agradou livrar a minha alma da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados" (Is. 38:15-17). Estes dois exemplos nos demonstram de maneira clara como Deus é poderoso para virar ao contrário as circunstâncias mais adversas na vida dos homens. Mas o facto é que Deus além de curar as doenças incuráveis que conduzem à morte os homens, é capaz de ressuscitar os mortos, portanto de agir em favor do ser humano mesmo depois de estar morto. As ressurreições descritas na Escritura confirmam isto claramente, portanto se Deus decretou que esse homem deve primeiro morrer e depois ressuscitar, acontecerá que ele morrerá e depois ressuscitará. E se, pelo contrário, Deus não o curar mas o fizer morrer no meio de atrozes sofrimentos? Seja feita a sua vontade; se ele é um crente, quando morrer irá habitar com o Senhor, se é um pecador irá para o Hades em tormentos e portanto sofrer ainda mais do quanto esteja sofrendo. Faço presente por fim que alguns daqueles que morrem no meio de atrozes sofrimentos são homens feridos pela vara de Deus por causa da sua maldade a quem Deus faz colher o mal que semearam durante a sua vida. Na Escritura se diz do rei Jeorão que Deus, por causa da sua maldade, "o feriu nas suas entranhas com uma enfermidade incurável. E sucedeu que, depois de muito tempo, ao fim de dois anos, saíram-lhe as entranhas por causa da doença; e morreu daquela horrível enfermidade" (2 Cron. 21:18-19). Sei que é penoso ver estas pessoas sofrer num leito de dores por causa das suas iniquidades, mas também é necessário reconhecer que elas fizeram sofrer muitos durante a sua vida e que por isso é justo que Deus as faça sofrer dessa maneira. Todavia nós como crentes, que não nos alegramos com o mal alheio, devemos ser movidos de compaixão por estes e orar por eles sobretudo para que Deus os salve porque assim mesmo se morrerem feridos por Deus continuarão a viver no paraíso.

 

A homossexualidade masculina e feminina

 

A Escritura diz que no princípio Deus os fez macho e fêmea e disse: "Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne" (Gen. 2:24; 1 Cor. 6:16). Portanto o homem deve-se unir carnalmente só com a sua mulher. Isto exclui qualquer relação carnal do homem com um outro homem e de facto a lei condena esta relação dizendo: "Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é" (Lev. 18:22). Os sodomitas não herdarão o reino de Deus (cfr. 1 Cor. 6:10) mas irão para o fogo eterno.

Por quanto respeita à mulher deve ser dito que Deus estabeleceu que ela se una carnalmente só com o homem (seu marido) e de facto a mulher foi feita para o homem (cfr. 1 Cor. 11:9). As mulheres pois que mudaram o uso natural no que é contrário à natureza irão também elas para o fogo eterno.

Os homossexuais, sejam homens ou mulheres, pecam contra a natureza e contra o seu próprio corpo; e recebem em si mesmos a recompensa merecida do seu erro porque Deus não os deixa impunes mas os faz colher aquilo que semeiam. Paulo diz de facto aos Romanos quanto se segue: "Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm" (Rom. 1:26-28). Aquele mal chamado SIDA (ou AIDS), que contraem homens e mulheres dados a vícios contrários à natureza, é um destes castigos de Deus contra eles.

Cuidai de vós mesmos ó irmãos e irmãs, e fugi deste pecado contra a natureza: doutra forma passareis a eternidade no fogo eterno com o diabo e os seus anjos e todos os outros pecadores. Lembrai-vos que Deus puniu as cidades de Sodoma e Gomorra também pelos pecados contra a natureza que nelas eram cometidos, e que elas sofrem "a pena do fogo eterno" (Judas 7).

Diversas Igrejas evangélicas nestas últimas décadas se mostraram tolerantes para com os sodomitas que estão entre elas (entre os quais algumas vezes está também o pastor delas); chamam a sodomia ‘uma condição existencial que se impõe em um dado momento da vida’, e não um pecado, não um modo de viver abominável que o homem sem Deus e por vezes também quem conheceu Deus escolheu. Quem condena a sodomia para estes é ‘atrasado’. Irmãos, guardai-vos destes enganadores e faladores vãos, e de todos aqueles irmãos ou irmãs que frequentam os locais de culto e que praticam a sodomia.

 

A fornicação

 

"Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o fornicador peca contra o seu próprio corpo.... Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação" (1 Cor. 6:18; 1 Tess. 4:3), diz a Escritura. Em Jerusalém, uma das coisas que o Espírito Santo impôs aos Gentios para que se abstivessem foi a fornicação (cfr. Actos 15:20).

A fornicação é a relação carnal ilícita entre um homem e uma mulher não casados; portanto é fornicação também a relação carnal entre dois namorados que ainda não se casaram. É fornicação porque Deus legitimou só a relação carnal de um homem com a sua própria mulher conforme está escrito: "Deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne" (Gen. 2:24; 1 Cor. 6:16). Notai que Deus disse: "Unir-se-á à sua mulher" e não: ‘Unir-se-á à sua namorada’, para compreender como Deus estabeleceu que o homem deve ter a relação carnal só com aquela que é sua mulher e com nenhuma outra fora dela. Mas o mundo, que perverteu os caminhos rectos do Senhor, não pensa assim, de facto hoje a relação carnal entre namorados é encorajada e embandeirada como se fosse algo de justo a que eles têm direito e como se nela não houvesse nada de mal. Aqueles que se levantam contra ela são etiquetados como ‘pessoas cheias de tabus’ que recusam adequar-se aos tempos. Pois bem, nós nos recusamos a nos conformar ao curso deste presente século mau; nós nos recusamos a chamar bem ao mal. É uma loucura chamar bem ao que o Criador disse ser um mal para o homem e a mulher; Deus que formou o corpo humano e que pôs nele o fôlego de vida sabe perfeitamente o que faz bem ao homem e o que lhe faz mal. A relação carnal entre o homem e a mulher enquanto eles são namorados faz nascer sentimentos de culpa precisamente porque é pecado (isto pelo contrário não acontece naqueles que são casados); por isso nós crentes recusamos dar ouvidos àqueles que fazem passar a fornicação por algo de lícito ou salutar e benéfico, porque eles mentem e se gloriam contra a verdade, estando cheios de contenda. Deus não pode mentir, e se disse através de Paulo: "Fugi da fornicação", é porque Ele sabe quais são as funestas consequências da fornicação, e porque quer nos livrar de ais e dores de todo o tipo. Por vezes os jovens crentes são tentados a pensar que Deus não quer o seu bem proibindo-os de ter a relação carnal com a sua namorada antes do matrimónio; mas isso é falso; é uma mentira gerada pelo diabo. Não pode ser verdade porque Deus é amor, Deus é bom, Deus é justo. Alguns esquecem voluntariamente que foi Deus que fez a mulher para o homem; e que ele sabe perfeitamente quando uma coisa faz bem e quando pelo contrário faz mal. Jovens, dai ouvidos à Palavra de Deus e bem vos irá!

Mas a fornicação é também a relação carnal entre um homem e uma meretriz; também esta é uma ilícita relação que deve ser evitada. Paulo de facto diz aos Coríntios: "Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo… Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, Deus disse, os dois serão uma só carne" (1 Cor. 6:13-16). A sabedoria diz que "cova profunda é a prostituta" (Prov. 23:27); e quem as frequentou antes de se converter sabe quanto é profunda esta cova.

Nós crentes em Cristo Jesus devemos sempre ter presente que desde o momento que recebemos Cristo nos tornámos o templo Deus, ou membros de Cristo sendo um só espírito com ele; e cuidai que quando a Escritura diz que nós somos o templo de Deus quer dizer que nós somos a casa de Deus conforme está escrito: "A qual casa somos nós" (Heb. 3:6). Notai que a casa é de Deus e não nossa; por isso os nossos membros não mais nos pertencem tendo sido comprados por Cristo. Somos a sua propriedade particular, não pertencemos a nós mesmos, por isso não podemos fazer dos nossos membros o uso que queremos porque eles são de Cristo. Os fornicadores pecam contra o seu próprio corpo, e por isso profanam o templo de Deus; esta é a razão pela qual está dito que os fornicadores não herdarão o reino de Deus (cfr. 1 Cor. 6:9).

Os fornicadores são punidos por Deus como foram punidos os Israelitas que cometeram fornicação com as filhas de Moabe (cfr. Num. 25:1-9); Paulo alerta os santos para a fornicação recordando precisamente esta desobediência dos Israelitas quando diz: "E não forniquemos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil" (1 Cor. 10:8).

Com um tal que embora dizendo-se irmão é um fornicador não nos devemos associar, nem sequer comer (cfr. 1 Cor. 5:8-11).

 

O adultério

 

O adultério é a relação carnal que um marido ou uma mulher tem fora da esfera matrimonial. Por exemplo se um homem casado se deita carnalmente com a mulher do seu próximo comete adultério. O adultério é habitualmente chamado ‘relação extraconjugal’.

A Escritura o condena de várias maneiras: a lei de facto diz: "Não adulterarás" (Ex. 20:14), e ainda: "O homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera" (Lev. 20:10). Se note como segundo a lei os que cometem adultério, segundo o juízo de Deus, são dignos de morte.

Jesus Cristo completou o mandamento da lei relativo ao não cometer adultério, de facto disse: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mat. 5:27-28).

O Senhor Jesus também disse: "Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também" (Lucas 16:18). Como podeis ver comete adultério tanto quem deixa a mulher e passa a novas núpcias, como também aquele que casa com a mulher repudiada. Também no caso de ser a mulher a repudiar o marido e a passar a novas núpcias há adultério porque Jesus disse: "Se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultera" (Mar. 10:12). Isto porque a mulher casada está ligada ao seu marido por todo o tempo que ele vive; só a sua morte lhe dá o direito de passar a um outro homem. Isto o explica bem Paulo aos Romanos quando diz: "Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido" (Rom. 7:2-3). Esta é a razão pela qual os irmãos e as irmãs chamados por Deus quando eram ou divorciados ou separados não podem casar-se enquanto o seu cônjuge ainda está vivo, porque se se casam cometem adultério. Guardai-vos pois de todos aqueles que ensinam que um crente divorciado pode casar enquanto o seu cônjuge ainda está vivo; ou que ensinam que no caso de um crente deixar a sua mulher por causa de fornicação (isto é, porque lhe foi infiel) ele tem o direito de voltar a casar, porque eles dizem o falso e instigam as almas ao adultério.

O escritor aos Hebreus diz: "Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos fornicadores e adúlteros, Deus os julgará" (Heb. 13:4), e a sabedoria afirma que quem toca a mulher do seu próximo não ficará impune (cfr. Prov. 6:29); isto significa que aqueles que se contaminam com a mulher do seu próximo são punidos por Deus. Portanto não vos iludais, e não vos deixeis enganar por aqueles que dizem, para ‘tranquilizar’ os que querem se casar com a mulher do seu próximo, que também Davi que era um homem segundo o coração de Deus cometeu adultério e depois foi perdoado por Deus, porque Davi foi sim perdoado mas foi também julgado por Deus por ter cometido adultério com Bate-Seba, de facto Deus lhe disse através do profeta Natã: "Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol" (2 Sam. 12:10-12), e lhe matou também o menino que Bate-Seba lhe tinha dado à luz (cfr. 2 Sam. 12:14-15,18).

No livro dos Provérbios há muitas exortações para fugir da mulher adúltera e com elas também diversas palavras que mostram o que espera aqueles que se dirigem à mulher do seu próximo; quero transcrevê-las a fim de vos fazer compreender quanto nocivo é o adultério para todo aquele que o comete: "Se como a prata a buscares... o bom siso te guardará e a inteligência te conservará; te livrará da mulher adúltera, da infiel, que lisonjeia com suas palavras; que deixa o companheiro da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus. Porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os mortos; todos os que se dirigem a elas não voltarão, e não atinarão com as veredas da vida" (Prov. 2:4,16-19); "Porque os lábios da mulher adúltera destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite. Mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes. Os seus pés descem à morte; os seus passos seguem no caminho do Sheol. Ela não pondera a vereda da vida; incertos são os seus caminhos, e ela o ignora. Agora, pois, filhos, dai-me ouvidos, e não vos desvieis das palavras da minha boca. Afasta para longe dela o teu caminho, e não te aproximes da porta da sua casa, para que não dês a outros a tua honra, nem os teus anos a cruéis; para que não se fartem os estranhos dos teus bens, e não entrem os teus trabalhos na casa do estrangeiro, e gemas no teu fim, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo, e digas: Como aborreci a correcção! e desprezou o meu coração a repreensão! e não escutei a voz dos que me ensinavam, nem aos que me instruíam inclinei o meu ouvido! Quase que em todo o mal me achei, no meio da congregação e da assembleia’. Bebe a água da tua cisterna, e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam as tuas fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial; e alegra-te com a mulher da tua mocidade. Como cerva amorosa, e gazela graciosa, saciem-te os seus seios em todo o tempo, e pelo seu amor sê atraído perpetuamente. E por que, filho meu, andarias atraído pela estranha, e abraçarias o seio da estrangeira?" (Prov. 5:3-20); "Porque o mandamento é uma lâmpada, e a instrução uma luz; e as correcções da disciplina são o caminho da vida, para te guardarem da mulher má, e das lisonjas da língua da adúltera. Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te deixes prender pelos seus olhares; porque para uma mulher prostituta o homem se reduz a um bocado de pão, e a adúltera anda à caça da preciosa vida do homem. Pode alguém tomar fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem? Ou andará sobre as brasas sem que se queimem os seus pés? Assim será o que entrar à mulher do seu próximo; não ficará inocente quem a tocar. Não é desprezado o ladrão, mesmo quando furta para saciar a fome; e, se for apanhado, pagará sete vezes tanto, dará todos os bens de sua casa. O que adultera com uma mulher é falto de entendimento; destroi a sua alma, o que tal faz. Achará feridas e ignominia, e o seu opróbrio nunca se apagará; porque o ciúme enfurece ao marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança; não aceitará resgate algum, nem se aplacará, ainda que multipliques os presentes" (Prov. 6:23-35); "Dize à sabedoria: Tu és minha irmã; e chama à inteligência teu amigo íntimo, para te guardarem da mulher alheia, da estranha, que lisonjeia com as suas palavras. Porque da janela da minha casa, por minhas grades olhando eu, vi entre os simples, descobri entre os jovens, um mancebo falto de juízo, que passava pela rua junto à esquina onde ele habitava e que seguia o caminho da sua casa, no crepúsculo, à tarde do dia, à noite fechada e na escuridão. e eis que uma mulher lhe saiu ao encontro, ornada à moda das prostitutas, e astuta de coração, ela era alvoroçadora, e contenciosa, não paravam em casa os seus pés: ora pelas ruas, ora pelas praças, espreitando por todos os cantos. Aproximou-se dele, e o beijou, e com desfaçatez lhe disse: ‘Devia fazer um sacrifício de acções de graças; hoje paguei os meus votos; por isso saí ao teu encontro a buscar-te diligentemente, e te achei. Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, de colchas de linho do Egito; já perfumei o meu leito com mirra, aloés e cinamomo. Vem, saciemo-nos de amores até pela manhã; alegremo-nos com amores; porque meu marido não está em casa; foi fazer uma jornada ao longe; um saquitel de dinheiro levou na mão; só lá para o dia da lua cheia voltará para casa’. Seduziu-o com a multidão das suas palavras, com lisonjas dos seus lábios o persuadiu. E ele segue-a logo, como boi que vai ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões, como a ave, que se apressa para o laço, e não sabe que ele está ali contra a sua vida, até que uma flecha lhe atravesse o fígado. Agora, pois, filhos, ouvi-me, e estai atentos às palavras da minha boca. Não se desvie para os seus caminhos o teu coração, e não andes perdido nas suas veredas; Porque ela a muitos tem feito cair feridos; e são muitíssimos os que por ela foram mortos. Caminho de Sheol é a sua casa, o qual desce às câmaras da morte" (Prov. 7:4-27) .

Mas enquanto para a sabedoria é de fugir do adultério, para a estultícia é de buscar, de facto hoje há muitos que se dizem sábios, mas que na realidade são loucos, que o aconselham porque o consideram salutar e portador de benefícios à vida conjugal. Vivemos verdadeiramente no meio de uma geração perversa e pecadora que chama bem ao que Deus chama mal! Mas nós sabemos que a estultícia tem a boca fechada e que as suas obras não a justificam de modo nenhum porque são obras infrutuosas cujo fim é a morte. Os factos falam claro; os que cometem adultério com a mulher do seu próximo são infelizes, vivem no medo, estão cheios de ais de todo o tipo (há quem rapidamente tem disfunções cardíacas e quem contraiu doenças venéreas, há quem é chantageado, há quem é ameaçado, quem é explorado, quem abandona a esposa da sua mocidade e os seus filhos); muitos deles morrem feridos pelo marido ou por um amante da mulher adúltera e se acham num instante no inferno no meio das chamas. Que dizer? É necessário reconhecer que as palavras da sabedoria são verazes; nós vemos o cumprimento delas naqueles que recusam dar ouvidos à Palavra de Deus.

Portanto, resumindo; devem fugir da mulher adúltera tanto os que ainda não casaram, como também os que já casaram porque ela leva o homem à destruição. Sim, é verdade que o adultério aparentemente parece uma coisa inócua e muito agradável porque assim o diabo o faz aparecer nos filmes e em muitas revistas mundanas, mas sabei que por detrás desta sua aparência se esconde a amargura e a morte. Não pode ser de outra forma, porque a Escritura o define pecado e testifica de maneira clara que "o salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). Não vos iludais; não vos deixeis enganar pelo pecado! Fugi da mulher adúltera que anda à caça de vós, também por vezes no local de culto.

 

A impureza

 

O que é a impureza? No Dicionário se lê que é uma substância que altera a integridade ou a homogeneidade de uma coisa. Pelo que por exemplo se o azeite contém certas substâncias será dito impuro. Mas não é desta impureza que vós vos deveis guardar porque o azeite impuro podeis comê-lo sem ele fazer algum mal, porque a impureza da qual vós vos deveis guardar é algo que vos contamina espiritualmente e vos faz perder a pureza tanto de coração como do corpo. Por exemplo vos deveis guardar dos pensamentos impuros, dos discursos impuros, dos comportamentos impuros, e das leituras impuras. Em outras palavras de qualquer obscenidade, de qualquer coisa que ofende o sentido de pudor. Assim fazendo vos conservareis puros e imaculados para a vinda do Senhor. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus" (Mat. 5:8) disse Jesus. Tendo então esta promessa do Senhor: "Purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito...." (2 Cor. 7:1).

 

Algumas formas de adivinhação, o espiritismo, as missas negras e outras obras do diabo

 

Nós, como convém a santos, devemos fugir de toda a forma de magia sabendo que ela é condenada por Deus sendo uma obra do diabo. Não importa se ela é chamada magia branca ou negra; a magia é magia e deve ser aborrecida com todo o nosso ser. Para vos fazer perceber como são considerados por Deus os que praticam uma qualquer forma de magia transcrevo estas palavras que Deus disse a Israel: "Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor" (Deut. 18:10-12).

Para entrar no específico, irmãos, vós não deveis vos pôr a ler a mão (esta arte oculta chama-se quiromancia) ou fazer com que vos a leiam. Quando pois encontrardes algum cigano ou qualquer outro que vos pergunta se quereis ler a mão respondei-lhe que não; e a vós jovens que na escola facilmente encontrais algum companheiro ou alguma companheira que vos quer ler a mão digo a mesma coisa, respondei-lhe que não, e se alguém vos quer ensinar a lê-la respondei-lhe ainda que não. Sei que a leitura da mão não parece um tão grande pecado aos olhos dos demais mas quase uma brincadeira, mas asseguro-vos que permanece uma obra do diabo apesar da sua inócua aparência. Permanece contudo sempre uma coisa que está sob a influência de espíritos malignos que pode levar a outras formas de adivinhação.

Não deveis também consultar o horóscopo porque também ele é uma forma de adivinhação (astrologia) em abominação a Deus. Atrás dele se escondem os espíritos do diabo que queriam fazer-vos crer que o vosso destino está nas mãos dos astros. O vosso destino como o de qualquer outro homem está nas mãos de Deus; não vos iludais e não deixeis que vos iludam portanto. Os astros não podem influenciar de nenhum modo a vossa vida como não pode influenciá-la uma pedra à beira do caminho, ou um rio, ou uma árvore. Tu me dirás: Que devo fazer então quando alguém me pergunta quando nasci porque quer ver se se dará bem comigo ou outras coisas? Responde-lhe que não o lhe quereis dizer para não o fazer perder tempo e para não ouvir mentiras por sua conta.

Também o procurar ler a chávena de café (cafeomancia) é uma forma de adivinhação de que deveis fugir e reprovar. Sabei que ela é uma obra do diabo; no fundo de uma chávena de café não se pode ler nada a respeito da vossa vida. Os que pretendam ler-vos o vosso futuro, são ministros de Satanás. Se procuram fazê-lo convosco dizei-lhes que vós não acreditais nas suas mentiras.

Uma outra forma de adivinhação de que vós deveis fugir é a cristalomancia que consiste em consultar uma bola de cristal. Como também a cartomancia; ou seja, a arte oculta que consiste em ler o futuro nas cartas.

Não vades às sessões espíritas onde são consultados os espíritos dos mortos (necromancia); são reuniões presididas por ministros de Satanás que possuem no seu corpo espíritos malignos. Vos contaminareis e atraireis contra vós a ira ardente de Deus como atraiu o rei Saul consultando a necromante de En-Dor. Se alguém portanto vos convida para uma sessão espírita respondei-lhe que não e alertai-o dos perigos que ele corre indo lá. O mesmo discurso vale para as missas negras e para qualquer reunião presidida por um mago, por um feiticeiro, bruxo etc.

Não aceiteis nem talismãs, nem algum outro objecto do qual é dito que tem este ou aquele outro poder; são coisas fabricadas por ministros de Satanás que levam espíritos malignos a qualquer sítio onde sejam postos. Se tendes ainda algum objecto deste tipo destruí-o ou queimai-o sem demora.

Fugi também de práticas como a hipnose, a auto-hipnose, que são feitas com a assistência de demónios. Vede o meu escrito contra o New Age, e em particular a parte dedicada às terapias e aos poderes ocultos presentes no New Age, onde falo de maneira mais específica contra as artes ocultas.

 

Os costumes do oriente

 

Não é muito difícil hoje em dia ouvir falar também aqui nesta nação de yoga, de meditação transcendental, de macrobiótica, de acupunctura, e de muitos outros costumes que tiveram origem no oriente. A publicidade a estes costumes põe em evidência sempre o facto de que quem os pratica experimenta alívio, paz, gozo, e uma melhoria na saúde. Podemos confiar naquilo que é dito a seu respeito? Não, de modo algum porque são obras do diabo que levam todos aqueles que as praticam a dar lugar de uma maneira ou de outra ao diabo. O yoga por exemplo tem como objectivo o de pôr em contacto (melhor dizer de unir porque a palavra yoga significa ‘união’) o yoghi com a realidade última, ou seja, com Brahman (que não é mais que o diabo) e fazê-lo sentir um com o Todo e por isso Deus porque segundo a filosofia indiana tudo é Deus (vede no meu escrito contra o New Age a parte contra o yoga).

A meditação transcendental também ela tem como objectivo unir o homem com Brahman e lhe fazer realizar a sua divindade. A repetição do mantra não é mais que uma invocação aos espíritos malignos. É verdadeiramente uma obra do diabo esta chamada meditação transcendental (vede o que digo contra MT no livro ‘O New Age’).

A macrobiótica e a acupunctura, se propõem a pôr o homem em harmonia com a energia universal e a fazê-lo encontrar assim a paz, o gozo e a saúde. E por isso também elas são obras do diabo (vede no meu escrito contra o New Age a parte onde confutei a acupunctura e a macrobiótica).

Entre os costumes do oriente que se propõem a pôr o homem em harmonia com a energia universal, estão também as artes marciais (vede no meu escrito contra o New Age a parte contra as artes marciais). Fugi portanto também delas. Se alguém as está ainda praticando deixe de fazê-lo.

Recordai-vos que Deus antigamente censurou os Israelitas dizendo que os tinha abandonado porque "se encheram dos costumes do oriente" (Is. 2:6).

 

As superstições

 

Nós crentes estamos rodeados de pessoas que crêem toda a sorte de coisas. Há quem diz que abrir o guarda-chuva em casa dá azar, há quem diz que não viaja no dia treze ou à hora treze porque isso traz o mal, há quem nunca iria morar numa casa que tem o número treze porque também isso traz o mal, há quem diz que ver um gato preto passar à sua frente dá azar, quem põe na porta uma ferradura de cavalo porque diz que ela dá sorte, quem anda com um cornetim de ouro porque traz o bem, há quem traz uma medalha, quem traz algum outro objecto que tem o poder de protegê-lo do azar. Também pôr o anel nupcial nos foi dito é uma superstição; qual é a superstição? Esta: é afirmado que o quarto dedo da mão esquerda está em directa relação com o coração por uma veia que deste dedo comunica com o próprio coração. Por isso o anel nupcial, que é símbolo da união do amor e da fidelidade, deve ser posto no anelar esquerdo.

Devemos crer em alguma destas coisas? Não, em nada; porque elas são todas mentiras geradas pelo diabo para fazer viver as pessoas no medo e levá-las a não confiar em Deus. Não acrediteis em nenhuma destas vaidades como também em todas as outras que não transcrevi, para não dar lugar ao diabo na vossa vida. Vós sois filhos de Deus que tendes Deus por Protector e por Guia e por isso nada vos pode acontecer durante a jornada sem a sua permissão. Temei a Deus e confiai n´Ele com todo o vosso coração, e não tenhais medo de nada e de ninguém. Os números ou algum gesto ou evento não têm nenhum poder sobre vós. A respeito do mal que trazem as superstições a quem as aceita e do bem que têm os crentes em não aceitá-las tende diante dos vossos olhos sempre estas passagens: "O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto em alto retiro" (Prov. 29:25) e também: "Aquilo que o perverso teme sobrevirá a ele, mas o desejo dos justos será concedido" (Prov. 10:24).

 

A idolatria

 

A sagrada Escritura nos ordena para nos guardarmos da idolatria, Paulo diz de facto: "Fugi da idolatria" (1 Cor. 10:14) e João no fim da sua primeira epístola diz: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (1 João 5:21). Vejamos agora como se manifesta a idolatria a fim de compreender o que na prática não devemos fazer para não nos tornarmos aos olhos de Deus idólatras.

No monte Sinai enquanto Moisés se encontrava sobre o monte o povo não o vendo chegar disse a Arão: "Levanta-te, faz-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu. E Arão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro, que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e trazei-mos. Então todo o povo arrancou os pendentes de ouro, que estavam nas suas orelhas, e os trouxeram a Arão. E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito. E Arão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e apregoou Arão, e disse: Amanhã será festa ao Senhor. E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber; depois levantou-se a folgar" (Ex. 32:1-6). O apóstolo Paulo tomando este exemplo de idolatria do povo de Israel diz aos Coríntios: "E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar" (1 Cor. 10:6-7). Mas por que não devemos fazer ídolos para render-lhes culto? Porque os ídolos provocam a ira e o ciúme ao nosso Deus que é ‘o Zeloso’ que quer que o culto seja rendido só a Ele. E de facto o povo de Israel fazendo ídolos no deserto e rendendo-lhes culto provocou à ira e ao ciúme Deus conforme está escrito: "A ciúmes me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades [ ou ídolos vãos] me provocaram à ira" (Deut. 32:21). Eis por que Deus disse a Israel: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração..." (Ex. 20:4-5) e ainda: "Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher; figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alada que vôa pelos céus; figura de algum animal que se arrasta sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra..." (Deut. 4:15-18). Como se pode bem ver entre as esculturas e as imagens proibidas por Deus estão também as de homens e mulheres, o que comprova que são ídolos não só as esculturas e as imagens que representam animais, mas também as que representam um homem e uma mulher, portanto também uma estátua ou uma imagem que representa Jesus, Paulo, ou Maria são ídolos. Como bem sabemos porém os Católicos romanos não lhes chamam ídolos e não querem absolutamente que nós os chamemos ídolos mas ‘imagens sagradas’ porque eles dizem que eles não as adoram mas as veneram porque servem para eles se lembrarem daqueles que as estátuas e imagens representam e imitar assim as virtudes deles. E dado que este raciocínio poderia introduzir-se também entre vós, irmãos vos digo que as coisas não são de modo nenhum assim; antes de tudo porque Deus ordenou para não se fazer escultura e imagem alguma de qualquer coisa ou pessoa ou animal não importa onde eles se encontram, e depois porque Ele disse para não servi-las o que significa não poli-las, não levá-las em procissão, não lhes pôr diante nem velas e nem flores, não lhes oferecer nenhum sacrifício e não honrá-las em nenhuma maneira, tudo coisas que uma vez que a estátua ou a imagem foi feita são inevitáveis que aconteçam, de facto vimos que os Israelitas depois de terem feito o bezerro de ouro o adoraram e lhe ofereceram sacrifícios. E que nenhum dentre vós pense que servindo uma estátua ou uma imagem o serviço seria prestado a Deus porque isso não é verdade; antes o serviço seria prestado aos demónios que se escondem atrás de qualquer ídolo. O apóstolo Paulo disse de facto que "as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demónios, e não a Deus" (1 Cor. 10:20): a mesma coisa se pode dizer de qualquer serviço ou sacrifício prestado a uma estátua ou a uma imagem; ele é oferecido aos demónios e não a Deus. E portanto devemos fugir de qualquer serviço ou sacrifício prestado a uma imagem ou uma estátua chamada sagrada para não provocar ao ciúme Deus. A respeito dos sacrifícios aos ídolos faço presente que como crentes somos chamados a nos abster das coisas sacrificadas aos ídolos (cfr. Actos 15: 20, 29; 1 Cor. 10:14-31), sejam elas fruta, animais, doces ou outra coisa, porque essas coisas são contaminadas nos sacrifícios aos ídolos sendo oferecidas aos demónios e não a Deus. E portanto quando chega a festa do chamado patrono local ou nacional nos devemos abster de todas as coisas que sejam feitas em honra desse homem ou dessa mulher mortos. Irmãos, se em vossa casa ainda conservais estátuas ou imagens da igreja católica romana, pegai nelas e destruí-as.

Não existem porém só ídolos feitos de madeira, de gesso, ou de pedra ou de papel figurando um animal ou um ser humano mas também outros tipos de ídolos. Por exemplo quando um homem começa a amar o dinheiro ele se torna um idólatra e portanto o dinheiro se torna o seu ídolo; eis por que Paulo disse que o avarento é um idólatra (cfr. Ef. 5:5). Também quando um homem começa a amar um seu familiar mais do que Jesus Cristo ele se torna um idólatra; eis por que Jesus disse: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim" (Mat. 10:37). E a mesma coisa se pode dizer de quem começa a amar o trabalho, ou a sua casa, ou o seu automóvel ou qualquer outro objecto, mais do que Jesus Cristo. Quem faz assim em verdade não é digno de Jesus. Portanto para concluir irmãos, não provoquemos a ira e o ciúme ao nosso Deus com nenhuma forma de idolatria. Sabei que os idólatras não herdarão o reino de Deus mas serão lançados no lago ardente de fogo e enxofre onde serão atormentados pela eternidade (cfr. 1 Cor. 6:9; Ap. 21:8). Com alguém que se diz irmão e é um idólatra não nos devemos associar, nem sequer comer (cfr. 1 Cor. 5:8-12). Temei a Deus, irmãos, amai-o com todo o vosso ser e rendei-lhe culto em espírito e verdade até ao fim dos vossos dias. A ele seja a glória eternamente. Amen.

 

As glutonarias e as bebedeiras

 

As glutonarias e as bebedeiras são duas obras da carne; a primeira consiste em comer desmedidamente e a segunda em embebedar-se com vinho ou bebidas alcoólicas. Estão muito difundidas no mundo e são portadoras de nefastas consequências na vida daqueles que se dão a elas. Nós crentes devemos nos abster tanto de nos empanturrar de comida como da embriaguez e isto porque o nosso corpo é o templo de Deus e devemos conservá-lo em santidade e honra para a vinda do Senhor nos abstendo de todos os vícios e de todos os excessos que o danificariam. Diversas Escrituras nos alertam para estas obras da carne e nos dizem qual é o fim daqueles que andam nelas:

Ÿ A sabedoria diz: "Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho reto o teu coração. Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos" (Prov. 23:19-21), e também: "Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado. Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o basilisco morderá. Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades. E serás como o que se deita no meio do mar, e como o que jaz no topo do mastro. E dirás: Espancaram-me e não me doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? aí então beberei outra vez" (Prov. 23:29-35).

Ÿ Jesus disse: "Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço...." (Lucas 21:34).

Ÿ O apóstolo Paulo disse aos Romanos: "Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras...." (Rom. 13:13), aos Efésios: "Não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão" (Ef. 5:18); e aos Gálatas, depois de ter enumerado as obras da carne, entre as quais as glutonarias e as bebedeiras, disse: "E coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus" (Gal. 5:21).

Como podeis ver a Escritura descreve de várias maneiras o que sucede aos que se dão às glutonarias e às bebedeiras; se arruinam nesta vida e vão em perdição na futura. Mas aliás não pode ser doutra forma porque a Escritura diz que "o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção" (Gal. 6:8), e que "o caminho dos ímpios conduz à ruína" (Sal. 1:6).

Irmãos, o fruto do Espírito é temperança, isto é, autocontrolo, e nós devemos andar segundo o Espírito, portanto temperadamente, porque esta é a vontade de Deus para connosco. De certo, se nós andarmos segundo o Espírito conseguiremos usar de maneira temperada comidas e bebidas, e não cumpriremos estes desejos da carne que são a glutonaria e a bebedice.

Com alguém que se diz irmão, mas é um beberrão não se deve nem sequer comer (cfr. 1 Cor. 5:8-12).

 

Comer sangue e coisas sufocadas

 

Apesar de Jesus ter dito que "tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora" (Mar. 7:18-19), declarando desta maneira puros todos os alimentos, há coisas que nós crentes não devemos comer. Com base na decisão tomada pelos apóstolos e pelos anciãos em Jerusalém quando se reuniram para discutir se se devia mandar aos Gentios que se circuncidassem e observassem a lei de Moisés, as coisas que nós não devemos comer são as coisas contaminadas nos sacrifícios aos ídolos (de que já falámos), o sangue (pelo que nada feito com sangue como por exemplo morcela) e as coisas sufocadas (as carnes dos animais mortos por sufocamento). Encontramos de facto escrito nos Actos: "Por isso julgo [é Tiago que fala] que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas. Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos. E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde. Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento, pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá" (Actos 15:19-29).

Por isso irmãos, qualquer ensinamento que de uma maneira ou de outra anula a proibição de comer estas coisas deve ser categoricamente rejeitado. Ninguém vos engane dilectos.

 

Deitar fora o que sobrou do almoço e do jantar

 

João diz que depois que Jesus matou a fome a cerca de 5000 homens com poucos pães e poucos peixes, ele disse aos seus discípulos: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca. Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido" (João 6:12-13). Destas palavras de Jesus se percebe muito bem que as sobras que ficam em nossa casa depois de comer não devem ser deitadas fora mas devem ser conservadas para ser comidas a seguir. Alguém porventura dirá: ‘Mas para que serve conservar quatro colheres de sopa ou um pedacinho de pão ou pouca massa? Ao que eu respondo: E por que é que se deveria deitar fora coisas ainda boas para comer que foram também santificadas pela palavra de Deus e pela oração? Que direito se tem de o fazer?

 

Não dar graças antes de comer diante dos incrédulos

 

Irmãos, como sei que há alguns que consideram que é necessário dar graças antes de comer apenas quando se está em casa com outros irmãos, mas não há necessidade quando se está em casa de incrédulos ou na praça ou em outro lugar, vos exorto a reprovar este modo de raciocinar e de fazer. Vós deveis dar graças a Deus antes de comer a vossa comida em qualquer sítio que vos encontrais e com todo aquele que vos encontrais. Vos recordo a tal propósito que Jesus deu graças a Deus pelos cinco pães e os dois peixes diante de cinco mil homens sem contar as mulheres e as crianças (cfr. João 6:11; Mat. 14:19), e Paulo deu graças antes de comer no navio diante de centenas de pessoas incrédulas (cfr. Actos 27: 35-37). Não vos envergonheis de dar graças pela vossa comida diante dos incrédulos; porque também este gesto lhes serve como testemunho. Lembra-lhes de facto que há gente sobre a terra que crê receber a comida do Deus que está no céu e por isso lhe agradecem sempre antes de começar a comer. À diferença deles que não pensam minimamente que a comida que comem a lhes providenciou Deus na sua grande bondade.

 

O fumo

 

A Palavra de Deus, se bem que não diga explicitamente que fumar é pecado, todavia faz compreender que fumar é pecado. Examinemos o fumar a cigarrilha ou o cigarro; o que é? Alguma coisa de necessário, alguma coisa de salutar para o próprio corpo? Não, não é nem alguma coisa de necessário e nem tampouco alguma coisa de salutar para o próprio corpo. Paulo diz: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas são úteis [ ou convêm] " (1 Cor. 6:12), e o fumar está entre as coisas inúteis. Mas não só inúteis mas também nocivas; porque é sabido que fumar faz mal, e que todo o ano morrem muitas pessoas por causa de doenças provocadas pelo fumo. Ora, dado que fumar faz mal ao corpo, isso significa que se um crente fuma danifica o templo de Deus e Paulo diz que "se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo" (1 Cor. 3:17). Esta é a razão pela qual os que se convertem ao Senhor devem parar de fumar.

Alguns anos atrás um pastor de uma igreja evangélica numa entrevista sua a um jornal declarou que ‘um cigarro depois do café não lhe parecia pecado’. Infelizmente este homem foi enganado pela aparência ‘inócua’ deste pecado, por isso fala assim e ensina assim. Nós discordamos profundamente desta afirmação (infelizmente partilhada por muitos pastores evangélicos): fumar é um vício, ou dito em outros termos uma concupiscência mundana da qual o crente se deve abster para conservar o seu corpo em santidade e honra.

Alguns dizem: ‘O cigarro relaxa-me’; isso é falso porque o cigarro não pode transmitir tranquilidade àquele que o fuma; a paz e a tranquilidade a dá Deus sem o auxílio do cigarro. Se o cigarro relaxa então devemos dizer também que os calmantes acalmam quem não tem paz e que os soníferos fazem dormir quem não consegue dormir; enquanto é melhor dizer que eles atordoam quem faz uso deles e o intoxicam. Nós consideramos que como os crentes não têm necessidade de tomar calmantes e soníferos porque têm o Senhor que lhes dá a calma no meio das angústias e o sono quando têm que dormir, assim nenhum crente tem necessidade do cigarro para ‘relaxar’.

Em Isaías estão escritas as seguintes palavras apropriadas para aquele que embora tenha crido continua a fumar porque considera que fumar não é pecado: "Apascenta-se de cinza; o seu coração enganado o desviou, de maneira que já não pode livrar a sua alma, nem dizer: Porventura não há uma mentira na minha mão direita?" (Is. 44:20).

Saibam todos aqueles que ainda fumam que devem deixar logo de fumar; vós direis: ‘Como podemos fazer? Antes de tudo sabei que vós podeis fazê-lo em Cristo Jesus porque está escrito: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fil. 4:13); depois vos digo para orar a Deus em nome de Cristo Jesus para que vos liberte deste vício e ele vos libertará de uma vez para sempre. Lutai contra o pecado, não o acaricieis.

 

As drogas

 

Acabamos de dizer que fumar é pecado; mas é pecado também drogar-se injectando nas veias cocaína ou heroína ou tomando alucinogénios como por exemplo LSD. O motivo é o mesmo; porque o nosso corpo é o templo de Deus e este templo é santo e deve ser conservado em santidade e honra (cfr. 1 Tess. 4:4). Portanto irmãos, vós que tivestes experiência com a droga não volteis a vos drogar por nenhum motivo, e vós que pelo contrário não conhecestes a droga não vos aproximeis dela. Ficai longe também dos alucinogénios porque eles vos destruiriam a mente e vos levariam a contactar com os demónios. É sabido, com efeito, que os que tomam estes alucinogénios começam a fazer viagens astrais e a encontrar nelas monstros e a ver coisas estranhas.

 

Furtar (roubar)

 

O apóstolo Paulo na sua epístola aos Éfesios diz: "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade" (Ef. 4:28).

Portanto, quem antes de se converter ao Senhor era um ladrão porque tinha prazer em apropriar-se dos bens alheios com fraude e com violência, agora não deve mais roubar, mas deve trabalhar honestamente para ganhar para viver e ter com o que ajudar os necessitados. Quereria que notásseis que Paulo diz: "Antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom" o que significa que o crente não só deve trabalhar com as suas próprias mãos para se conduzir de modo digno do Evangelho, mas deve também trabalhar honestamente, ou seja, não deve burlar ninguém com o seu trabalho para ganhar mais. Recordai-vos que a sabedoria diz que "melhor é o pouco com justiça, do que a abundância de bens com injustiça" (Prov. 16:8). Não vos deixeis pois enganar pelas seguintes palavras que estão na boca de muitos: ‘Se todos roubam eu também roubo’.

Roubar é pecado; e como todos os pecados o diabo o faz parecer ou como lícito ou como inócuo: mas ele não é nem lícito porque Deus diz: "Não furtarás" (Ex. 20:15), e não é nem inócuo tanto é verdade que a sabedoria diz: "Suave é ao homem o pão defraudado, mas depois a sua boca se encherá de cascalho" (Prov. 20:17), por isso não nos associemos com os que roubam para não expor a uma cilada a nossa alma. Quereria dizer outra coisa; também roubar aos próprios pais é pecado, de facto a sabedoria diz: "O que rouba a seu próprio pai, ou a sua mãe, e diz: Não é transgressão, companheiro é do homem destruidor" (Prov. 28:24). Como é também pecado roubar para ajudar os necessitados (coisa que, ao contrário, permite a ‘moral’ católica porque não o considera uma injustiça). Os servos, segundo o ensinamento bíblico, não devem roubar nada aos seus patrões mas mostrarem-se sempre leais e obedientes para com eles (cfr. Tito 2:9-10). Os ladrões não herdarão o reino de Deus (cfr. 1 Cor. 6:10).

 

Mentir

 

Hoje, mentir é um hábito para muitos, um mau hábito devemos dizer. Mas vós, irmãos, não deveis vos conformar a este mau costume mas dizer sempre a verdade conforme está escrito: "Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros" (Ef. 4:25). Ananias quando levou o dinheiro aos pés dos apóstolos por lhes ter mentido dizendo que era tudo quanto ele e sua mulher tinham recebido pela venda de uma sua propriedade foi primeiro repreendido pelo apóstolo Pedro com estas palavras: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus" (Actos 5:3-4), e depois foi morto por Deus, de facto caiu e expirou. A mesma sorte tocou à sua mulher a qual poucas horas depois, a uma específica pergunta de Pedro sobre aquele dinheiro, confirmou a versão mentirosa do marido (cfr. Actos 5:7-10).

Irmãos, todos nós somos tentados em muitas ocasiões pelo diabo para dizer mentiras: resistamos ao diabo e digamos a verdade. Recordemo-nos que "os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor" (Prov. 12:22) e que todos os que amam a praticam a mentira serão lançados no lago ardente de fogo e enxofre (cfr. Ap. 21:8, 22:15).

Por fim uma última coisa: como nós crentes não devemos participar nas obras infrutuosas das trevas não nos é lícito mentir nem sequer para fazer um favor ao próximo. Me explico melhor; os que trabalham num escritório muitas vezes recebem a ordem ou do chefe do escritório ou de algum colega de trabalho para dizer quando respondem ao telefone a alguém que pede para falar com eles, que não está. Que deve fazer portanto o crente a quem é dito para dizer ao telefone que Fulano, momentaneamente não está no escritório quando na realidade ele se encontra no escritório e não quer ser perturbado? Ele deve se recusar a dizer a mentira, e por isso deve fazer presente a quem lhe diz para responder que não está, que ele quando responder dirá a verdade, por isso dirá que está no escritório se está no escritório, e que não está no escritório se na realidade não está no escritório.

 

A calúnia

 

Vós irmãos deveis banir a calúnia. Mas o que é a calúnia? A calúnia é uma acusação inventada contra alguém para fazer-lhe mal. Nas Escrituras temos os seguintes exemplos de calúnias lançadas contra inocentes para fazer-lhes mal:

Ÿ A mulher de Potifar quando viu que José se recusou deitar-se com ela e que fugiu dela deixando-lhe nas suas mãos a sua roupa o caluniou diante da gente da sua casa e do seu marido, de facto está escrito: "Chamou aos homens de sua casa, e falou-lhes, dizendo: Vede, meu marido trouxe-nos um homem hebreu para escarnecer de nós; veio a mim para deitar-se comigo, e eu gritei com grande voz; e aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava, deixou a sua roupa comigo, e fugiu, e saiu para fora. E ela pôs a sua roupa perto de si, até que o seu senhor voltou à sua casa. Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim; e aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a sua roupa comigo, e fugiu para fora" (Gen. 39:14-18) .

Ÿ Jezabel, a mulher do rei Acabe, instigou os anciãos e os nobres da cidade de Nabote caluniando Nabote para o poder pôr à morte e assim fazer com que a vinha de Nabote (que se encontrava junto ao palácio de Acabe e que Nabote se tinha recusado ceder ao rei) passasse a ser de Acabe seu marido, de facto a Escritura diz: "Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Nabote. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra. E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes mandara" (1 Re 21:8-11).

Ÿ Os principais sacerdotes caluniaram Jesus diante de Pilatos dizendo-lhe: "Havemos achado este pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César..." (Lucas 23:2). Esta era uma falsa acusação porque Jesus não perverteu a nação judaica e nunca proibiu de pagar os tributos a César antes a propósito desta última coisa ordenou que lhe fossem pagos porque disse: "Dai pois a César o que é de César..." (Mat. 22:21).

Ÿ Homens subornados (aliciados encobertamente a fazer coisas contrárias ao seu dever) caluniaram Estevão dizendo: "Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus" (Actos 6:11).

Os caluniadores, ou seja, as falsas testemunhas segundo a lei de Moisés quando se verificava que o seu testemunho era falso e inventado deviam ser punidos, de facto Deus tinha dito: "Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de transgressão, então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsamente contra seu irmão, far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti" (Deut. 19:16-19). No livro dos Provérbios é reprovado a falsa testemunha nestes termos: "O que espalha a calúnia é um insensato" (Prov. 10:18), "O ímpio lança sobre os outros calúnia e difamação" (Prov. 13:5), "O hipócrita com a boca destrói o seu próximo" (Prov. 11:9), "A falsa testemunha não ficará impune" (Prov. 19:5).

Como podeis ver por vós mesmos o falso testemunho proferido contra alguém para destruí-lo é condenado pela Escritura, e quem o profere é um insensato e não ficará impune. Mas apesar da Escritura falar claro a tal respeito, há alguns no meio do povo de Deus que têm prazer em caluniar, com efeito, inventam toda a sorte de acusações contra homens íntegros que caminham na integridade com o único fim de afastar deles os amigos e de fazê-los parecer aos olhos dos outros malfeitores. A calúnia para esta gente é uma arma com a qual pensam destruir alguns e na qual confiam, mas a calúnia se manifesta mais cedo ou mais tarde como tal e por isso cai por terra e aqueles que a divulgam são envergonhados e punidos por Deus como merecem.

 

Julgar

 

Irmãos, Jesus disse: "Não julgueis.." (Mat. 7:1). É claro então que não se deve julgar o próprio irmão. Mas o que significa não julgar o próprio irmão? Para fazer isto me servirei de algumas Escrituras.

Ÿ Paulo diz aos Coríntios: "Nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" (1 Cor. 4:5). Ora, alguns Coríntios tinham julgado Paulo inferior, diante de Deus, a Apolo e a Cefas, de facto alguns entre eles diziam ser de Apolo e outros de Cefas, mas haviam também outros que o tinham julgado superior a estes ministros do Senhor porque diziam: Eu sou de Paulo. Ao que Paulo os admoestou e disse-lhes entre outras coisas: "A mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor" (1 Cor. 4:3-4), dando-lhes a perceber que o juízo pertencia a Deus e seria ele a julgá-lo inferior ou superior a Apolo ou a Cefas, enquanto eles isto não o podiam fazer porque não podiam conhecer em pleno o coração dele e o de Apolo e de Cefas. Daqui a ordem para não julgar nada antes do tempo quando o Senhor galardoará cada um segundo o seu trabalho, mas tendo em conta também coisas encobertas aos outros (tanto boas como más) feitas ou ditas ou pensadas. É claro pois que deste ponto de vista nós não podemos julgar um irmão dizendo que é superior a um outro ou terá um maior galardão que um outro ou será feito sentar mais perto do Senhor que um outro. Porque só Deus conhece todos os pensamentos, todas as obras, e todas as palavras de um filho seu.

Ÿ Paulo disse aos Romanos: "Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus... Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros..." (Rom.14:1-6,10-13). Destas palavras se evidência que quando um irmão tem uma opinião diferente de um outro sobre alimentos, no sentido que ele por exemplo considera abster-se da carne, não deve julgar aquele que ao contrário come carne porque come de tudo, porque Deus como o recebeu a ele que só come legumes recebeu também o outro que come também carne. Tanto um como outro fazem assim para o Senhor porque antes de comer dão graças a Deus portanto ele que é fraco na fé (porque come legumes) não deve julgar o outro que como é forte na fé come de tudo. Mas também o irmão que come de tudo tem uma obrigação para com o outro irmão, com efeito, não o deve desprezar. Também a propósito dos dias é a mesma coisa; se um irmão tem respeito a um particular dia por uma sua convicção particular (o Sábado ou o Domingo, etc.) e faz assim para o Senhor, não deve julgar aquele que pelo contrário não estima esse particular dia da mesma maneira porque para ele todos os dias são iguais. E aquele que estima todos os dias iguais não deve desprezar aquele que tem respeito por um dia particular. Em outras palavras os irmãos se devem receber como Deus os recebeu em Cristo e não devem se pôr a discutir sobre estas opiniões pessoais. Cada um, neste caso, deve ter a sua convicção para si mesmo em Deus e não deve contristar o outro pela sua convicção. Estimai e respeitai o irmão qualquer que seja pois a sua opinião pessoal em matéria de alimentos e de dias. Cuidai que este discurso não é de forma nenhuma a favor da ordem da abstenção de determinados alimentos que alguns dirigem porque neste caso se trata de uma doutrina de demónios (cfr. 1 Tim. 4:1-5), mas só em favor de uma opinião pessoal de um irmão que não ordena a ninguém para se abster de um determinado alimento.

Ÿ Tiago disse: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador e um juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?" (Tiago 4:11-12). Se tenha presente antes de tudo que Tiago nesta carta se dirigia a Judeus que tinham crido, de facto no início da epístola escreveu: "Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde" (Tiago 1:1), e portanto a pessoas que conheciam a lei e que em certos pontos ainda a observavam (mas não para serem justificados). Provavelmente entre estes irmãos Judeus de nascença alguns que consideravam não mais se deverem conformar a certos ritos dos pais falavam mal ou julgavam outros que, ao contrário, se mantinham apegados a eles. Recordemo-nos que em Jerusalém, depois que Paulo regressou da sua terceira viagem apostólica, haviam milhares de Judeus que tinham crido e eram zelosos da lei (Actos 21:20), portanto não seria de admirar se também na dispersão haviam Judeus que tinham crido e eram zelosos da lei. Então Tiago foi obrigado a escrever a estes irmãos para não falar mal ou julgar estes irmãos porque assim fazendo eles falavam mal da lei ou julgavam a lei. Portanto aquele não julgar o seu irmão de que fala Tiago deve ser interpretado desta maneira.

A este ponto alguém perguntará: ‘Mas então nós não podemos exprimir nenhum juízo sobre irmãos em nenhuma circunstância com base na palavra de Deus?’ Não, de modo nenhum, porque há outras Escrituras que testificam que nós podemos, ou melhor, devemos julgar. Vejamos em que casos nos é permitido julgar. Paulo aos santos de Corinto em relação ao facto de alguns que processavam o irmão diante dos injustos em vez de diante dos santos escreveu: "Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?" (1 Cor. 6:2-5). Como se pode bem ver a nós santos é lícito exprimir um juízo nos litígios entre os irmãos. Não há de modo nenhum necessidade que os irmãos levem a sua causa diante dos infiéis porque os santos são capazes de julgar coisas pertencentes a esta vida. Também no caso de alguém que cometeu determinados pecados é lícito aos santos julgá-lo entregando-o a Satanás e excluí-lo da congregação: Paulo por exemplo àquele que abusava da mulher de seu pai em Corinto o julgou dizendo: "Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já julguei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus, congregados vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus" (1 Cor. 5:3-5). Também Himeneu e Alexandre foram julgados por Paulo sendo entregues a Satanás, de facto está escrito: "E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar" (1 Tim. 1:20). Eis por que Paulo nos disse: "Não julgais vós os que estão dentro? ... Tirai pois dentre vós esse iníquo" (1 Cor. 5:12). Porque nós temos, como Igreja, a autoridade de julgar os iníquos (fornicadores, avarentos, idólatras, maldizentes, bêbados, e os roubadores) e excluí-los da assembleia.

Há depois outras escrituras que nos testificam que nós crentes podemos emitir juízos sem incorrer na punição de Deus. Por exemplo Jesus disse aos Judeus: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça" (João 7:24) e ainda: "E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?" (Lucas 12:57). Paulo aos Coríntios diz: "Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo" (1 Cor. 10:15), e também: "Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?" (1 Cor. 11:13), e ainda: "Falem dois ou três profetas, e os outros julguem..." (1 Cor. 14:29). Portanto como crentes podemos julgar muitas coisas, mas não segundo a aparência mas com recta justiça. E entre as muitas coisas que podemos e devemos julgar estão as profecias que são proferidas no seio da Igreja pelos profetas.

No meio do povo de Deus há falsos profetas que são ministros de Satanás transfigurados de ministros da justiça. Como podemos exprimir este juízo a seu respeito? Porque dão maus frutos. Jesus de facto disse que a árvore se reconhece pelo seu fruto, e por isso como se pode reconhecer a árvore boa assim se pode reconhecer também a árvore má (cfr. Mat. 7:15-20; 12:33-35). E estes são árvores más porque o fruto da sua boca é mau e não bom. Se a Escritura portanto os chama falsos nós os devemos chamar desta maneira. Não vos deixeis enganar pelas palavras doces e lisonjeiras de alguns (mesmo com muitos anos de fé) que têm medo de desmascarar estes impostores para evitar uma eventual perseguição.

Por fim uma outra coisa que devo dizer é que quando se diz que certas irmãs não se santificam com modéstia porque vestem mini-saias, ou andam decotadas ou com jóias de ouro em cima delas ou com calças, ou se maquiam etc., não se está de modo algum julgando-as injustamente porque o juízo não é dado segundo a aparência mas com base em factos reais. Assim também quando se diz que muitos irmãos amam o mundo e não têm o amor do Pai neles, não se os está julgando injustamente porque os factos falam claro; eles amam o mundo e as coisas que há no mundo. E assim quando se diz que certos pregadores servem a Mamom e não o Senhor Jesus porque querem ser pagos por cada pregação, ou por cada oração por um doente, ou por uma profecia etc. não se os está julgando injustamente mas com equidade tendo como base o seu iníquo comportamento. E poderia prosseguir com muitos outros exemplos semelhantes. Mas dizei-me irmãos: Se alguém vos diz que plantou no seu campo uma árvore de cerejas e esta dá ameixas e vós dizeis que aquilo é uma ameixieira podereis alguma vez aceitar a sua repreensão que vos diz que não deveis dizer que aquela árvore é uma ameixieira mas uma cerejeira? Não creio. E por que alguma vez ao ver crentes que amam a moda, a maquiagem, as jóias, a televisão, a partida de futebol, o dinheiro, ir dançar, ir à praia e aos parques de diversões, fornicar, cometer adultério, praticar a mentira e a falsidade, se deveria ser acusado de julgar injustamente estes dizendo que o amor do Pai não está neles e que vivem uma vida para eles mesmos e não para o Senhor? Por que alguma vez se deveria dizer que eles são espirituais? Porventura porque frequentam um local de culto onde tem do lado de fora escrito ‘Igreja Evangélica Pentecostal’ ou porque dizem falar em línguas ou porque profetizam? E por que alguma vez se deveria chamar servos de Deus a alguns que sabem alinhavar um discurso com alguns versículos da Bíblia postos um depois do outro mas depois vivem uma vida em aberta rebelião contra Deus tendo o seu próprio coração exercitado na cobiça e sendo dados às concupiscências da carne?

Digo isto porque hoje infelizmente muitos pastores para não reprovar as obras infrutuosas das trevas perpetradas no seio da igreja (o que significaria atraírem a si a inimizade de não poucos) recorrem também ao versículo que diz para não julgar, enganando assim muitos irmãos.

 

O falar inconveniente que não edifica

 

Irmãos, agora quero falar-vos da língua e de como deve ser o nosso modo de falar para que seja agradável a Deus e o que não devemos proferir para não contaminar-nos.

Ora, a língua é um membro do nosso corpo (pequeno na verdade) situado na nossa boca. Deus disse a Moisés: "Quem fez a boca do homem?.. Não sou eu, o Senhor?" (Ex. 4:11), portanto a nossa boca a fez Deus, e como "o Senhor fez tudo para um fim" (Prov. 16:4), também ela é útil. Nós sabemos que Deus fez a boca ao homem para falar e para comer e para beber e de facto nós por meio dela louvamos e oramos a Deus, falamos para comunicar aos outros os nossos pensamentos, as nossas opiniões, os nossos sentimentos, e sobretudo a Palavra de Deus; e ainda por meio dela comemos e bebemos para nutrir o nosso corpo para que tenha as forças necessárias para trabalhar e para mover-se livremente. Ora, Jesus um dia disse: "O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem" (Mat. 15:11), isto significa que não há nada fora de nós que entrando em nós possa contaminar-nos porque "nenhuma coisa é de si mesma imunda" (Rom.14:14), porque "toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças; porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada" (1 Tim. 4:4). Mas se é verdade que o que comemos não pode contaminar-nos porque é santificado pela Palavra de Deus e pela oração, também é verdade que podemos contaminar-nos fazendo sair da boca palavras desonestas. A este ponto é necessário fazer esta premissa, a saber, que "o que sai da boca, procede do coração" (Mat. 15:18), portanto o que o homem diz com a boca não é mais que o que tem no coração. O coração do homem podemos compará-lo a uma espécie de armazém por onde o homem tira fora continuamente aquilo que lá tem acumulado; é por isso que se percebe que pessoa é, aquela com qual temos que nos dar, também pela forma como fala, porque as palavras que diz reflectem exactamente os pensamentos do seu coração. Jesus disse de facto: "Do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más" (Mat. 12:35). Nunca vos perguntastes por que é que o homem bom fala de maneira diferente do homem mau? Isto acontece porque o homem bom pôs no seu coração a sabedoria de Deus e por isso quando fala, fala com sabedoria e com justiça conforme está escrito: "No coração do prudente a sabedoria permanece, mas o que está no interior dos tolos se faz conhecido" (Prov. 14:33), e "a boca do justo jorra sabedoria" (Prov. 10:31); enquanto o mau tendo um coração cheio de maldade faz jorrar da sua boca perversidade. O que devemos fazer portanto nós para não pecar com a nossa língua e assim nos contaminarmos mediante ela? Devemos guardar o nosso coração, por isso a sabedoria diz: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida" (Prov. 4:23). Mas se nós damos lugar, no nosso coração, à incredulidade e à iniquidade, sabei que de certo tudo isto se repercutirá negativamente também no nosso modo de falar. Alguns exemplos tirados da Escritura para explicar este conceito. Nos salmos está dito que "disse o néscio no seu coração: Não há Deus" (Sal. 14:1), mas ele além de dizê-lo no seu coração, o diz também com a boca; porquê? Porque do que há em abundância no seu coração fala a sua boca. A coisa pois é clara, de um coração incrédulo saem expressões de incredulidade. E não é porventura isto que nos ensina também o exemplo dos Israelitas no deserto? Certamente, vejámo-lo de perto. Deus definiu os Israelitas "geração de coração instável" (Sal. 78:8) e " um povo que erra de coração" (Sal. 95:10). Ora, Deus é Aquele que investiga os corações e os rins e o testemunho que Ele deu do coração daqueles Israelitas é veraz. Mas vejamos agora como falaram os Israelitas para perceber como o seu modo de falar reflectia a teimosia do seu coração e a incredulidade que havia nele. Depois que os doze espiões, enviados por Moisés a espiar a terra de Canaã, voltaram à congregação de Israel e lhes anunciaram o que tinham visto, como dez deles disseram que embora a terra fosse boa eles não poderiam apoderar-se dela porque o povo que lá habitava era forte e poderoso, a congregação se pôs a murmurar contra Moisés e Arão e disse: "O Senhor nos odeia, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus, para destruir-nos" (Deut. 1:27), e também: "Constituamos um líder, e voltemos ao Egito" (Num. 14:4); assim eles não creram em Deus que tinha dito ao povo: "Eis aqui o Senhor teu Deus tem posto esta terra diante de ti; sobe, toma posse dela, como te falou o Senhor Deus de teus pais; não temas, e não te assustes" (Deut. 1:21). E foi precisamente por causa da sua incredulidade que Deus os fez perecer no deserto e não os fez entrar na terra prometida. Mas aquelas palavras de incredulidade de onde saíram? Do seu coração desviado e incrédulo.

Vejamos agora quais são estas coisas más que saem do interior e contaminam o homem; Jesus disse: "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem" (Mar. 7:21-23). Portanto Jesus definiu todas estas coisas más e disse que elas contaminam quem as profere. Por isso o apóstolo Paulo aos Éfesios diz: "Mas a fornicação, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces, nem gracejos indecentes, que não convêm; mas antes, ações de graças" (Ef. 5:3-4); porque também ele sabia quais eram as coisas inconvenientes que os santos não deviam proferir para não se contaminarem. Mas dizei-me: ‘Pensais vós que se essas coisas edificassem e conferissem graça Paulo teria mandado não nomeá-las entre nós? De modo nenhum, porque Paulo nunca proibiu de fazer uma coisa de edificante e porque tudo o que ele escreveu o escreveu "para o que é decente" (1 Cor. 7:35) e para nosso proveito. Mas por que devemos nos abster de todas estas coisas que não convêm? Por esta razão; para sermos um exemplo à gente do mundo que antes tem prazer precisamente nas coisas proibidas por Deus; Jesus de facto disse que nós somos "o sal da terra" (Mat. 5:13). Ora, o sal serve para dar sabor às comidas, de facto as comidas adquirem sabor pelo sal, mas ele não toma algum sabor das comidas. O que quero dizer com isto? Quero dizer que são os homens do mundo que têm necessidade de ver em nós um exemplo, e não nós neles, porque nós estamos na luz e eles nas trevas. E para que os de fora vejam em nós um exemplo nós devemos ter também um falar são, sério, irrepreensível, privado de gracejos indecentes e de parvoíces e qualquer outra palavra torpe; desta maneira eles perceberão como se deve falar através do nosso exemplo. Mas se nós nos conformamos ao modo de falar violento, grosseiro e irreverente da gente do mundo, não serviremos de nada para eles, porque eles não poderão saborear o sal que se tornou insípido conforme está escrito: "Se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens" (Mat. 5:13). Portanto, o reitero nestes termos, se nós lançarmos para longe de nós o temor de Deus e a sabedoria de Deus, nos tornaremos como o sal insípido que para nada mais presta senão para se lançar fora. Eu vos pergunto: ‘Mas para que serve, neste mundo de trevas, um crente que no culto chora e grita quando ora, se levanta para ler a Palavra de Deus, e depois fora do local de culto, em casa e pela rua ou no trabalho, fala com palavrões, gracejos indecentes, ofendendo o seu próximo com palavras malignas?

Tiago disse: "Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo" (Tiago 3:3), isto significa que basta pôr o freio na boca destes animais tão velozes e fortes para dirigir o seu corpo na direcção desejada. Assim é com a língua; se nós com a ajuda de Deus, pomos um freio na nossa boca, conseguimos refrear também todo o nosso corpo, evitando assim fazer gestos ameaçadores, ferir com as mãos e fazer movimentos com o nosso corpo que não se adequam aos santos. Os bobos (os que são de profissão cómicos) quando se exibem, fazem gestos ameaçadores, caras estranhas e ridículas, se vestem de modo indecente e abominável, se põem a fazer movimentos perversos com o seu corpo, mas sabeis por que acontece isso? Porque eles se recusam a pôr um freio na sua boca e por isso a língua os leva a agir deste modo. Reflecti também sobre as contendas; sabeis o que leva dois homens a contender? A língua porque está escrito que "os lábios do tolo entram na contenda" (Prov. 18:6). E sabeis o que leva muitas vezes os homens a levantar as mãos sobre outros? Ainda a língua, com efeito, está escrito que a boca do tolo brada por açoites (cfr. Prov. 18:6). A sabedoria diz também: "O intrigante separa os maiores amigos" (Prov. 16:28), o que significa que quem se põe a caluniar o seu próximo consegue com a sua língua afastar dele os seus maiores amigos. Vedes quanto poder maléfico há na língua fraudulenta? Portanto vigiemos para que não nos saiam da boca palavras desonestas as quais produziriam só o mal e nenhum bem.

Tiago disse que "a língua também é um fogo" (Tiago 3:6), mas quem acende este fogo? O mesmo apóstolo diz que a língua "é inflamada pela geenna" (Tiago 3:6) que é o fogo eterno; portanto não permitamos à geenna que inflame a nossa língua para não acender contendas.

Tiago chamou a língua "mundo de iniqüidade" (Tiago 3:6) porque com ela os homens dizem as coisas mais torpes e malvadas que querem dizer; o mesmo apóstolo disse que a língua "está cheia de peçonha mortal" (Tiago 3:8) para fazer compreender como em poder da língua esteja também a morte e não só a vida.

Mas então nós crentes como devemos falar? Paulo disse aos Colossenses: "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um" (Col. 4:6), e aos Efésios: "Enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (Ef. 5:19-20). Se obedecermos a estes mandamentos então conseguiremos distinguir-nos de maneira nítida da gente do mundo. Porquê? Porque é sabido que os de fora falam entre si com palavrões, com piadas e com palavras ofensivas, com as palavras dos cómicos e dos seus cantores preferidos, com as palavras dos filósofos e dos escritores; aliás eles não conhecem os salmos, os hinos e os cânticos espirituais e falam com o que têm. Mas nós que conhecemos a verdade e que temos a Palavra de Deus no nosso peito, devemos falar entre nós com salmos, hinos e cânticos espirituais. Sucede isto no meio do povo de Deus? Sim, mas raramente, porque quase todos brincam com toda espécie de piadas contra os irmãos, contra as irmãs, contra os jovens e contra os anciãos, contra as autoridades ordenadas por Deus e por vezes até contra os profetas e os apóstolos. E tudo isto passa em muitos casos inobservado porque este falar já está na moda na igreja. Vos asseguro, irmãos, que este modo de falar que frequentemente se ouve também durante as pregações de alguns não confere alguma graça a quem escuta; faz rir, faz escarnecer, mas não edifica; mas o povo aliás quer isso, quer que lhes se fale brincando e não seriamente; o que mais detestam são as pregações sérias, detestam as repreensões e as exortações porque eles não têm mais prazer na Palavra de Deus; eles querem rir, querem brincar; exactamente como faz a gente do mundo. Dizem-te também: ‘Deus não nos quer sempre carrancudos!’ E quem alguma vez disse o contrário? Está escrito e o proclamamos: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos" (Fil. 4:4), e: "Regozijai-vos sempre" (1 Tess. 5:16); sim, mas de que regozijo está falando o apóstolo? Do que é fruto do Espírito Santo e não da falsa e momentânea alegria que provocam as anedotas. Desta falsa e enganadora alegria também eu quando era do mundo a tinha em abundância e a provocava em abundância; mas para que me serviu? Para nada porque Paulo diz aos Romanos: "E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte" (Rom. 6:21).

E assim tu enganas o próximo por brincadeira; mas nunca leste a Escritura que diz: "Como o louco que atira tições, flechas, e morte, assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira" (Prov. 26:18-19). Ouve, tu que tens prazer em entreter os crentes com piadas e anedotas: mas a Escritura que diz: "Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (1 Cor. 10:23) nunca a leste? E se a leste a entendeste ou finges não tê-la entendido? Dás todas as justificações a este teu modo perverso de falar mas nenhuma delas é confirmada pela Palavra de Deus porque este modo de falar ofensivo e desonesto que tanto te agrada, Deus o aborrece; mas tu finges que não se passa nada e prossegues pelo teu caminho iníquo não sabendo que é também por este modo de falar iníquo que "vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" (Ef. 5:6). Quando cairás em ti mesmo? Quando reconhecerás a verdade? Sê sensato, o teu falar seja sério, condimentado com sal. Está escrito: "O ouvido prova as palavras, como o paladar experimenta a comida" (Jó 34:3); como é que pois o teu paladar discerne quando a tua comida está sem sal e o teu ouvido ainda não se apercebeu que o teu falar está privado de sal? O teu ouvido se endureceu e se tornou insensível; e portanto não cuidas mais para aquilo que dizes mesmo se obsceno, desonesto e ofensivo. Exorto-te a circuncidar os teus ouvidos para começar a reprovar as graçolas que tu junto com os teus amigos da borga dizeis... também no culto. Se o justo se entristece em ouvir-te falar mal é porque as tuas graçolas contristam o Espírito Santo de Deus que está nele além de em ti; não tem prazer nas tuas anedotas porque segue a justiça; o vês pasmado e indignado por causa da tua conduta mas tu não fazes caso algum disto porque te sentes forte dado que sois um grande número a falar do mesmo modo.

Como disse antes é raro ver entre o povo de Deus irmãos que falem entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais; e isto porque muitos as coisas justas não as querem fazer mas as coisas injustas sim. Em certas comunidades um irmão que cheio do Espírito fala com salmos e hinos e cânticos espirituais só dá incómodo àqueles que têm prazer nas piadas e nas anedotas. Para ser bem olhado e estimado por alguns parece justamente que é necessário dizer continuamente anedotas, palavras com duplo sentido também do púlpito, e não só quando se encontra com os irmãos fora do local de culto; perseguições e ultrajes esperam pelo contrário quem põe na cabeça ater-se à Palavra de Deus. Porquê? Porque é ‘fanático’, ‘demasiado espiritual’, ‘mal-humorado’. Há alguns que quando pregam, dizem mais piadas que versículos da Escritura; e depois se tu dizes que as piadas não devem ser ditas do púlpito porque este modo de transmitir a Palavra de Deus não se adequa aos santos, então te dizem: ‘Mas que pensas? Que Jesus não brincava de quando em vez com os seus discípulos? Que os apóstolos no meio dos seus ensinamentos não punham alguma piada também eles?’ Escutai, vós que ainda não renunciastes a pregar com piadas e anedotas; nem Jesus e nem os apóstolos pregaram alguma vez enchendo as suas pregações de piadas como fazeis vós. Arrependei-vos pois; por que misturais o sagrado com o profano? Mas não vedes que são mais sérios certos falsos profetas quando pregam do que vós; estais inchados de orgulho e é por isso que falais assim. Sei que, este vosso modo de falar agrada às vossas plateias, de facto elas riem, movem a sua cabeça mostrando-se de acordo convosco, agitam os seus lenços, batem palmas às vossas piadas; vos sentis grandes, estimados, quase se prostram diante de vós aqueles que não têm muito discernimento! Purificai os vossos corações e então deixareis de entreter os vossos ouvintes com piadas e brincadeiras. "Converta-se o vosso riso em pranto" (Tiago 4:9), é hora de pordes em prática esta palavra.

Dilectos, peçamos a Deus para pôr uma sentinela diante da nossa boca e ponhamos um freio na nossa boca; isto não significa que não devemos falar, mas que devemos ser tardios em fazê-lo e que quando falamos devemos ter um falar são; façamo-lo e assim bem teremos. Certo, todos falhamos em muitas coisas; também no falar; por vezes porque precipitamo-nos, por vezes na euforia nos distraímos um momento e essa distracção nos custa cara, outras vezes involuntariamente, sem nenhuma premeditação, dizemos algo de inexacto. Mas apesar disso, nós queremos buscar a perfeição; não serão de certo os erros que cometemos que nos induzirão a deixar de buscar a perfeição, porque o nosso desejo permanece sempre o de ser um exemplo... também no falar.

 

Murmurar

 

A história do povo de Israel durante a viagem do Egipto para a terra prometida está constelada de murmúrios contra Deus e contra Moisés e Arão. Nas águas de Mara, dado que as águas eram amargas "o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?" (Ex. 15:24); no deserto de Sim "toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto. E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão" (Ex. 16:2-3). Também em Refidim o povo murmurou contra Moisés, de facto está escrito: "Não havia ali água para o povo beber. Então contendeu o povo com Moisés, e disse: Dá-nos água para beber. E Moisés lhes disse: Por que contendeis comigo? Por que tentais ao Senhor? Tendo pois ali o povo sede de água, o povo murmurou contra Moisés, e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e aos nossos filhos, e ao nosso gado?" (Ex. 17:1-3). Em Taberá "queixou-se o povo falando o que era mau aos ouvidos do Senhor" (Num. 11:1). Em Quibrote-Ataavá: "Os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos" (Num. 11:4-6). Em Cades o povo também murmurou, de facto está escrito que depois que os doze espias desacreditaram diante da congregação a terra que tinham visitado "toda a congregação levantou a sua voz; e o povo chorou naquela noite. E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Quem dera tivéssemos morrido na terra do Egito! ou, mesmo neste deserto! E por que o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos à espada, e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Constituamos um líder, e voltemos ao Egito" (Num. 14:1-4). Numa outra ocasião os Israelitas murmuraram porque não tinham pão e água e tinham fastio do maná, e por isso Deus enviou contra eles serpentes ardentes que fizeram muitas vítimas entre o povo (cfr. Num. 21:4-6).

Todas estas coisas aconteceram para servir de exemplo a nós, de facto o apóstolo Paulo diz: "E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor" (1 Cor. 10:10). Tiago confirma que não devemos murmurar quando diz: "Irmãos, não murmureis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta" (Tiago 5:9). Portanto nós crentes não devemos murmurar nem contra Deus e nem contra os irmãos para não sermos punidos por Deus. Devemos antes ser pacientes no meio do sofrimento (cfr. Tiago 5:7), como diz Tiago, e tomar como exemplo de sofrimento os profetas que falaram em nome do Senhor (cfr. Tiago 5:10), e também Jó que mostrou constância no meio das provas a que foi submetido por Deus (cfr. Tiago 5:11).

 

Ultrajar (maldizer)

 

Não se devem insultar nem os irmãos e nem as pessoas do mundo. Como não se devem ultrajar as autoridades estabelecidas por Deus para governar esta nação como ao invés fazem por exemplo muitas vezes os que se manifestam na praça contra o governo por esta ou por aquela outra decisão que a eles parece errada. Está escrito: "O príncipe dentre o teu povo não maldirás…" (Ex. 22:28), e não só com a boca mas também com o pensamento, de facto está escrito: "Nem ainda no teu pensamento amaldiçoes ao rei;… porque as aves dos céus levariam a voz, e os que têm asas dariam notícia do assunto" (Ecl. 10:20). Os maldizentes não herdarão o reino de Deus (cfr. 1 Cor. 6:10). Com alguém que se diz irmão e é um maldizente não se deve nem sequer comer (cfr. 1 Cor. 5:8-12).

 

Blasfemar

 

Na lei está escrito: "A Deus não blasfemarás [ ou amaldiçoarás] …" (Ex. 22:28), portanto nenhum de nós deve blasfemar o santo nome de Deus. Sob a lei quem blasfemava Deus era réu de morte e devia ser apedrejado. O seguinte episódio o testifica claramente: "E apareceu, no meio dos filhos de Israel o filho de uma mulher israelita, o qual era filho de um homem egípcio; e o filho da israelita e um homem israelita discutiram no arraial. Então o filho da mulher israelita blasfemou o nome do Senhor, e o amaldiçoou, por isso o trouxeram a Moisés; e o nome de sua mãe era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã. E eles o puseram na prisão, até que a vontade do Senhor lhes pudesse ser declarada. E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Tira o que tem blasfemado para fora do arraial; e todos os que o ouviram porão as suas mãos sobre a sua cabeça; então toda a congregação o apedrejará. E aos filhos de Israel falarás, dizendo: Qualquer que amaldiçoar o seu Deus, levará sobre si o seu pecado. E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto" (Lev. 24:10-16). Paulo entregou Himeneu e Alexandre a Satanás para que aprendessem a não blasfemar (cfr. 1 Tim. 1:20). Os blasfemos não herdarão o reino de Deus mas serão lançados no lago ardente de fogo e enxofre.

 

Tentar Deus

 

Irmãos, guardai-vos de tentar Deus. Mas o que significa tentar Deus? Alguém dirá. O explicarei citando uma das tentações a que foi submetido Jesus pelo tentador. "Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus" (Mat. 4:5-7). Como se pode bem ver por esta tentação o diabo propôs a Jesus que se lançasse do pináculo do templo citando-lhe uma passagem da Escritura que assegura a protecção divina a quem confia em Deus. Jesus certamente era um homem que confiava em Deus com todo o coração e que sabia que era protegido pelos anjos de Deus em todos os momentos da sua jornada, no entanto àquela proposta do diabo não condescendeu mas se opôs ao maligno citando-lhe a passagem da lei que diz para não tentar Deus. Portanto se ele se tivesse lançado abaixo do templo por sugestão do diabo teria tentado Deus e teria transgredido a lei de Deus. Mas de que maneira o diabo tenta hoje os crentes para que eles tentem Deus? De muitas maneiras, e muitas vezes utilizando a própria Escritura. Por exemplo pode sugerir a alguém enquanto se enfurece a tempestade no mar ou num rio para se pôr a andar sobre as águas porque Jesus disse a Pedro para ir ter com ele sobre as águas; ou sugerir a alguém para se pôr a andar no meio do fogo porque Deus protegeu os três jovens hebreus no meio da fornalha de fogo, ou incitar alguém a pegar em serpentes venenosas porque Jesus prometeu que não sofreriam dano algum aos que nelas pegassem (como acontece no seio de certas igrejas na América). Nestes casos se deve responder ao maligno: Está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Outra coisa, ao contrário, seria se Deus manda (mediante uma palavra de sabedoria) em particulares circunstâncias a algum dos seus filhos pegar numa serpente (Deus mandou a Moisés por exemplo para pegar pela cauda a vara que se tinha tornado serpente), ou para andar sobre as águas (Jesus mandou a Pedro para ir ter com ele sobre as águas), ou para passar através do fogo. Nestes casos não se trataria de tentar Deus mas de obedecer a uma sua precisa ordem. Mas o repito, deve haver uma revelação divina (cujo o cumprimento por parte do homem é a manifestação do dom da fé).

Tenho a dizer por fim que entregar-se na doença totalmente a Deus para a cura não significa de forma nenhuma tentar Deus porque quem age assim não faz mais que obedecer à palavra do Senhor que ordena para confiar em Deus com todo o coração e para invocá-lo em todas as nossas angústias. Se portanto um irmão doente recusa chamar os médicos mas chama os anciãos da igreja para que eles orem sobre ele a oração da fé ungindo-o com azeite em nome do Senhor (cfr. Tiago 5:14-15), ele não faz mais que obedecer à ordem do Senhor para todos os irmãos doentes: e os anciãos têm a ordem de orar sobre ele com fé pela sua cura. Eles não devem enviá-lo aos médicos, mas devem orar sobre ele. Fiz este discurso final porque sei que em muitas igrejas alguns condutores privados do necessário discernimento trocam o bem pelo mal, fazendo passar quem confia em Deus com todo o coração por alguém que tenta Deus. Esta é uma maquinação do diabo que procura desviar de todas as maneiras o homem de Deus. Para alguns condutores um doente que confia em Deus deve encontrar-se verdadeiramente em fim de vida para ser declarado alguém que não tenta Deus, porque enquanto ele tem alguma doença que pode ser curada pelo homem deve recorrer aos médicos em vez de a Deus.

 

Jurar

 

Jesus disse: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna" (Mat. 5:33-37), e Tiago confirmou as suas palavras dizendo: "Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação" (Tiago 5:12). Portanto nós como crentes quando falamos não devemos usar nenhum juramento para não cair em condenação de Deus.

 

Entremeter-se em negócios alheios

 

Irmãos no Senhor a Escritura diz: "..Exortamo-vos... tratar dos vossos próprios negócios" (1 Tess. 4:11) e ainda que nenhum de vós padeça "como o que se entremete em negócios alheios" (1 Ped. 4:15). Isto significa que não deveis ser curiosos e andar a meter-vos nas coisas dos outros; tendes já bastantes coisas vossas em que pensar e bastantes problemas para resolver em vossa casa e não há absolutamente nenhuma necessidade de procurardes saber também as coisas e os problemas dos outros. Dilectos, tratai dos vossos próprios negócios.

 

Envergonhar-se do Evangelho

 

Uma das tentações do diabo é a de induzir os crentes a envergonharem-se do Evangelho e portanto do Senhor Jesus Cristo porque o Evangelho é o anúncio da sua morte, ocorrida pelos nossos pecados, e da sua ressurreição, ocorrida para a nossa justificação. (cfr. 1 Cor. 15: 3-4; Rom. 4:25) E porquê esta maquinação? Porque o inimigo sabe que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, e portanto se alguém não o ouve melhor é; e depois porque ele sabe que se um crente se envergonhar de Jesus também Jesus se envergonhará dele naquele dia conforme está escrito: "Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos" (Mar. 8:38). Portanto com esta tentação o diabo se propõe a dois objectivos; impedir aos que estão debaixo do seu poder de ouvir a única mensagem que é capaz a libertá-los da sua mão e por isso da perdição eterna, e impedir aos que já foram libertados da sua mão de serem libertados da ira vindoura. Mas vós irmãos, não vos envergonheis do Evangelho, antes proclamai-o todas as vezes que tiverdes a oportunidade disso, na barbearia, na escola, no trabalho, na rua, no negócio, na praça, no bus ou no comboio (trem); em suma onde quer que estejais, no momento em que virdes que Deus vos dá a oportunidade de falar a alguma alma perdida. Sem temor, sem medo dos homens, sem medo das suas afrontas: "Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de correção" (2 Tim. 1:7). E anunciai-o como convém, não com discursos persuasivos de sabedoria humana ou excelência de palavras para não fazer vã a cruz de Cristo. Porque esta mensagem, definida pelos escarnecedores ‘velha história’ e que é escândalo para os Judeus e loucura para os Gentios, foi aquilo que vos tirou do charco de lodo em que estáveis; foi ela que vos libertou da escravidão do pecado e vos deu paz e gozo, e é apta para salvar o maior dos pecadores existente sobre a terra. Sede fortes ó dilectos.

 

Avareza

 

Jesus um dia disse: "Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lucas 12:15). Portanto como convém a santos nós devemos guardar-nos de toda a avareza. Mas o que é a avareza? A avareza é um apegamento desmedido ao dinheiro e aos haveres que leva quem por ela é dominado a querer acumular cada vez mais dinheiro e bens materiais para si e a não querer repartir os seus bens com os outros. O apóstolo Paulo a definiu a raiz de todos os males, de facto disse a Timóteo: "Porque a avareza [ ou o amor ao dinheiro] é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tim. 6:10), e disse que nenhum "avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus" (Ef. 5:5).

Jesus Cristo contou a seguinte parábola para nos alertar da avareza: "A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; e arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" (Lucas 12:16-21). Notai que este homem já era rico quando a herdade produziu com abundância; mas ele, sendo avarento, quando viu os seus abundantes frutos não pensou minimamente em dar parte deles aos que estavam necessitados porque pensou logo em como fazer para os manter todos na sua posse e com eles folgar no futuro. Este tal foi chamado por Deus louco, porque se recusou a ajuntar para si tesouros no céu para dano da sua alma.

Irmãos, dai livremente e com um coração alegre todas as vezes que tiverdes que fazer frente às várias necessidades dos necessitados ou do vosso pastor, ou às despesas de aluguer ou da luz ou doutra do local de culto, ou tiverdes que fazer uma qualquer boa obra; porque isso Deus quer. E, como diz Paulo, "Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra" (2 Cor. 9:8).

 

A ingratidão

 

Como filhos da obediência nós nos devemos mostrar gratos a Deus antes de tudo, por Ele nos ter revelado o seu Filho, e nos ter tirado do poder das trevas. Naturalmente esta gratidão se manifestará fazendo o que é justo aos seus olhos. Mas nós devemos ser gratos também para com todos os que nos fazem uma qualquer forma de bem. E tudo isto porque está escrito: "Sede agradecidos" (Col. 3:15). A ingratidão é causada pela avareza, e também pela fraca memória para com quem nos fez bem.

Nabal por exemplo foi ingrato para com Davi e os que estavam com ele porque ao pedido de alguns criados enviados por Davi para que ele lhes desse o que achasse à mão respondeu desta maneira: "Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé? Muitos servos há hoje, que fogem ao seu senhor. Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses que degolei para os meus tosquiadores, e o daria a homens que eu não sei donde vêm?" (1 Sam. 25:10-11), e por esta sua resposta atraiu a si a ira de Davi que se não fosse pela mulher de Nabal que reparou a injustiça que lhe tinha sido feita o teria cortado pelo meio.

Os filhos de Israel não se mostraram agradecidos para com a casa de Gideão, de facto está escrito quanto segue: "E sucedeu que, como Gideão faleceu, os filhos de Israel tornaram a se prostituir após os baalins; e puseram a Baal-Berite por deus. E assim os filhos de Israel não se lembraram do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos ao redor. Nem usaram de gratidão com a casa de Jerubaal, a saber, de Gideão, conforme a todo o bem que ele havia feito a Israel" (Juízes 8:33-35).

Cuidemos pois de nós mesmos e procuremos retribuir o bem que nós recebemos do nosso próximo seja ele um de dentro ou um de fora.

 

A inveja

 

O que é a inveja? É o desgosto que o homem prova por causa do bom sucesso alheio. O Eclesiastes afirma de facto: "Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo" (Ecl. 4:4). Temos um exemplo disto na seguinte Escritura: "E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o Senhor o abençoava. E engrandeceu-se o homem, e ia enriquecendo-se, até que se tornou mui poderoso. E tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço, de maneira que os filisteus o invejavam. E todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra" (Gen. 26:12-15).

"A inveja é podridão para os ossos" (Prov. 14:30), diz a sabedoria; portanto consome até às medulas quem nela caminha; foi enumerada por Paulo entre as obras da carne (cfr. Gal. 5:20), e portanto nós crentes devemos fugir dela.

Mas por que é que nós não devemos ter inveja de um irmão, se este é bem sucedido no trabalho ou obtém de Deus a satisfação de um particular pedido ou se é bem sucedido no ministério que Deus lhe confiou? Porque somos membros uns dos outros e formamos um único corpo; por isso ter inveja de um irmão seria como se o meu braço depois de o meu olho ter recebido um elogio pela sua beleza se desagradasse pelo elogio que o olho recebeu; ou se um membro do meu corpo se enfurecesse e se pusesse a odiar o outro porque não consegue exercer a mesma função. Paulo diz que "se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" (1 Cor. 12:26), este é o justo sentimento que deve estar em nós filhos de Deus; alegremo-nos quando os santos são honrados por Deus. Como fazia Davi que nos Salmos depois de ter dito: "O Senhor te ouça no dia da angústia... Conceda-te conforme ao teu coração, e cumpra todo o teu plano" (Sal. 20:1,4), diz: "Nós nos alegraremos pela tua vitória, e em nome do nosso Deus arvoraremos pendões" (Sal. 20:5).

Certamente, há aqueles que não fazem nenhum caso da Palavra de Deus e se levantam, movidos de inveja, contra irmãos porque vêem que Deus está com eles e os honra num particular ministério; mas estes não andam de modo digno do Evangelho, de facto a sua vida é desordenada; e a seu tempo o Senhor lhes dará segundo as suas obras.

Tende sempre presente que quem tem no seu coração inveja amarga de alguém age por consequência mal com aquele que é por ele invejado; temos uma prova disso no comportamento dos Filisteus com Isaque porque eles lhe encheram de terra todos os poços que os servos de seu pai tinham cavado; mas também estas outras Escrituras o confirmam;

Ÿ "E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito" (Actos 7:9).

Ÿ "E invejaram a Moisés no campo, e a Arão, o santo do Senhor" (Sal. 106:16); estas palavras se referem a Coré, Datã, Abirão e a todos os que juntamente com eles se levantaram contra Moisés e Arão, os quais acusaram Moisés e Arão de se elevarem sobre a congregação do Senhor (cfr. Num. 16:1-3).

Ÿ "E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja, e lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública" (Actos 5:17-18).

Ÿ "E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava" (Actos 13:44-45).

Mas a inveja não a se deve ter só dos justos que Deus abençoa, mas não a se deve ter também dos ímpios que prosperam; as seguintes Escrituras o testificam: "Não.. tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade" (Sal. 37:1), e: "O teu coração não inveje os pecadores" (Prov. 23:17). O motivo é ainda o mesmo; porque isso não leva a mais nada senão a fazer o mal.

 

O ciúme

 

Também o ciúme é enumerado entre as obras da carne por Paulo aos Gálatas (cfr. Gal. 5:20), pelo que devemos fugir também do ciúme. O ciúme leva a ter uma grande solicitude e um grande cuidado para com alguém ou alguma coisa a fim de não perder a pessoa amada ou a coisa amada. Portanto um homem ciumento de sua mulher é capaz de chegar a proibir a sua mulher de falar com qualquer homem, ou até mesmo de sair de casa (o que não é justo), porque por detrás disso está o medo de que a sua mulher se envolva com um outro homem, medo que não vem de Deus. A pessoa antes ciumenta de um objecto, evitará de todos os modos que outros usem essa coisa (automóvel, tractor, telefone, etc.) por um qualquer medo.

Na Escritura há um exemplo de como o ciúme leva a agir mal a quem se deixa tomar por ele. Enquanto o povo se encontrava em Quibrote-Ataavá, Deus tomou do Espírito que estava sobre Moisés e o pôs sobre setenta anciãos escolhidos por Moisés os quais se puseram a profetizar. "Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e do outro Medade; e repousou sobre eles o espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e profetizavam no arraial. Então correu um moço e anunciou a Moisés e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus jovens escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho. Porém, Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre ele!" (Num. 11:26-29). Se note como Josué teve ciúmes por Moisés e de como Moisés censurou o seu jovem servo.

 

A hipocrisia

 

A hipocrisia é chamada também falsidade, simulação, fingimento; e é algo de que vós, irmãos, deveis guardar-vos. Diz de facto Paulo que o amor deve ser privado de hipocrisia (cfr. Rom. 12:9), e Pedro diz que devemos deixar as hipocrisias (cfr. 1 Ped. 2:1).

Os hipócritas são aqueles que para enganar os outros simulam piedade, bondade, zelo e outras boas qualidades; temos um exemplo de hipócritas nos Fariseus do tempo de Jesus. Pelo que diz a Escritura eles pagavam o dízimo de toda a sua renda, percorriam o mar e a terra para fazer um só prosélito, cuidavam muito da limpeza exterior lavando as mãos todas as vezes que tinham que comer ou quando voltavam do mercado, procuravam não comer com os pecadores e os publicanos para não se contaminarem, jejuavam duas vezes por semana, sentavam-se na cadeira de Moisés a ensinar o povo, se reputavam mais justos que os outros e eram considerados pelo povo justos; mas na realidade estavam cheios de hipocrisia e de iniquidade porque ensinavam mas não praticavam o que ensinavam, de facto amavam o dinheiro, desprezavam a justiça, a misericórdia e a fé, e faziam todas as suas obras para serem vistos pelos homens. E por causa desta sua hipocrisia Jesus lhes disse: "Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação da geenna?" (Mat. 23:33) fazendo-lhes entender que o que os esperava era o fogo eterno, ainda que parecessem justos aos homens. Eis pois para onde vão os hipócritas, irmãos; portanto cuidai de vós mesmos e guardai-vos de todo o fingimento, de toda a falsidade; o que ainda não fazeis não digais aos outros para fazê-lo, e não procureis fingir ser justos e santos quando vos congregais no local de culto com os irmãos para depois vos conduzirdes como os pecadores na vossa vida privada ou no trabalho; não procureis parecer generosos com a boca ou prontos a fazer uma oferta no local de culto quando sois avarentos na vossa vida privada; não procureis fazer longas orações no local de culto quando em casa nunca orais; não procureis vos fazer ver a ler a Bíblia no local de culto como se a amásseis muito, quando em casa nunca a abris; e vós irmãs não procureis parecer irrepreensíveis no vestuário ao domingo no culto quando depois durante o resto da semana andais em giro vestidas como as modelos fotográficas ou as prostitutas pensando que ninguém vos vê; e vós irmãos não procureis aparecer vestidos de maneira justa no local de culto para depois andar em giro ou estar em vossa casa durante a semana em calções curtos ou com camisas sem mangas ou em tronco nu ou despidos: ou ir para o trabalho vestidos de maneira provocante. Não vos iludais; porque qualquer que seja o vosso fingimento mais cedo ou mais tarde virá a ser manifestado, porque sereis descobertos. Sede sinceros, reconhecendo as vossas faltas, mas não enganeis os irmãos e sobretudo vós mesmos. Procurai comportar-vos com coerência em ralação ao Evangelho, sem algum fingimento; em casa, no trabalho, na escola, no culto, quando estais sozinhos e quando estais em companhia.

Termino com as palavras de Jesus: "Acautelai-vos primeiramente do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido" (Lucas 12:1-2).

 

A injustiça

 

Paulo diz aos Coríntios: "Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?" (1 Cor. 6:9). Mas quem são os injustos? Eles são aqueles que quando têm uma contenda com um irmão a trazem diante dos infiéis em vez de aos santos (cfr. 1 Cor. 6:1-9); aqueles que tendo abundância de bens não querem repartir com os que deles têm escassez; aqueles que fazem acepção de pessoas, pelo que com os ricos, os nobres, os sábios segundo a carne se comportam lisonjeando-os, mostrando toda a sorte de urgência, enquanto com os pobres, as pessoas de baixo estado, e os ignorantes se comportam de uma outra maneira com dureza, violência, e mostrando todo o desinteresse (cfr. Tiago 2:1-13); aqueles que são racistas pelo que procuram comportar-se bem com os da sua raça enquanto com os outros das outras raças se comportam mal porque os desprezam ou porque na sua nação se podem permitir a oprimir pessoas de outras raças sabendo que ficarão impunes ou quase; aqueles que fazendo parte de ou tendo entrado numa denominação particular desprezam aqueles que não fazem parte dela, considerando-os uma espécie de cristãos de segunda categoria ou até mesmo não ‘irmãos cristãos’ mas simplesmente ‘amigos cristãos’ para fazer-lhes perceber que se se está com eles tem-se o direito de ser chamado com um sobrenome mais nobre; aqueles que exprimem juízos injustos exaltando os homens corruptos e amantes do dinheiro definindo-os homens de Deus e servos do Senhor e humilhando aqueles que antes se santificam e procuram não ser tropeço para ninguém (cfr. Ez. 13:22); aqueles que enriqueceram e enriquecem defraudando os seus trabalhadores do seu salário (cfr. Tiago 5:1-6) ou dando-lhes muito menos do que aquilo que mereciam, ou não pagando os impostos ou pagando menos do que aquilo que deviam; aqueles que para alcançar o púlpito fazem recurso a todos os meios ilícitos, à mentira, à ameaça, à violência, à fraude, aos presentes dados por baixo da mesa, etc.

É claro portanto que vós irmãos deveis fugir de cada um destes inconvenientes comportamentos supracitados para não serdes também vós contados entre os injustos. Segui a justiça, sabendo que Deus "ama os justos" (Sal. 146:8) e os recompensa só com o bem. Certamente, sereis perseguidos ao segui-la, até por alguns irmãos, mas não desistais, olhai sempre para a recompensa junto do vosso Deus que está no céu.

 

A altivez (soberba)

 

Uma outra coisa da qual nós crentes devemos guardar-nos para o nosso bem e para resplandecer neste mundo de trevas é da altivez, isto é, nos devemos guardar de ser daqueles que ambicionam coisas luxuosas e recusam acomodar-se às coisas humildes.

A Escritura diz que a soberba da vida não é do Pai mas do mundo (1 João 2:16); e esta soberba os que são do mundo a manifestam de muitas maneiras, uma das quais é comprando coisas muito caras, luxuosas, que dão no olho pela sua beleza exterior. Quantos por exemplo compram roupas muito caras para parecer maiores do que outros? Quantos por exemplo compram automóveis de grande cilindrada ou automóveis fora de série para parecer importantes aos olhos dos outros e atrair os olhares das pessoas quando viajam? Quantos compram casas com piscina ou luxuosos apartamentos, mesmo a custo de ficarem por vezes cheios de dívidas, só porque se querem fazer notar, querem que se diga deles que são uns senhores? São muitos; e todos têm em comum o facto de não quererem de modo algum acomodar-se às coisas modestas.

Mas a Escritura é contra a soberba, de facto a sabedoria diz: "Abominação é ao Senhor todo o altivo de coração; não ficará impune mesmo de mãos postas" (Prov. 16:5), e também: "Os olhos altivos, o coração orgulhoso e a lavoura dos ímpios é pecado" (Prov. 21:4), porque Deus quer que nós sejamos humildes conforme está escrito: "Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes" (Rom. 12:16), e ainda: "Sede todos ... humildes" (1 Ped. 3:8). O que significa acomodar-se às coisas humildes? Significa que nós não devemos procurar, no que respeita às coisas materiais de que necessitamos para viver, as coisas mais caras ou aquelas que de certo nos fariam sentir mais altos e importantes do que os outros e que levariam os outros a nos fazer um montão de elogios ou a invejar-nos. Em outras palavras, nós quando temos que comprar alguma coisa devemos sempre nos perguntar: ‘É uma coisa simples? É uma coisa que passará despercebida porque é modesta ou uma coisa que centrará em mim os olhares ou que obrigará outros a fazer-me elogios pela sua sumptuosidade e provocará inveja a muitos que a verão?’

Ora, nós temos um exemplo de humildade na Escritura que é perfeito; e é o de Jesus. Toda a vida terrena do Senhor Jesus Cristo foi caracterizada pela humildade, desde o seu nascimento em Belém à sua morte em Jerusalém. Mas eu quereria deter-me só sobre uma circunstância da vida de Jesus, a da sua entrada triunfal em Jerusalém, para mostrar como Jesus nos ensinou o que significa acomodar-se às coisas humildes e não ambicionar coisas altas. Jesus Cristo era o Rei de Israel e também o Rei de Jerusalém, mas Ele sobre a terra não viveu como qualquer outro rei; isto é, vestindo trajes magníficos e vivendo em delícias num palácio real. Se humilhou de muitas maneiras; uma destas foi justamente entrando em Jerusalém montado sobre um filho de jumento, que é bom lembrar não era sequer seu. O relato deste episódio é o seguinte: "E, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou, então, Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos. E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os há de mister; e logo os enviará. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz: Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho de animal de carga. E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara, trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima. E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho. E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!" (Mat. 21:1-9). Como podeis ver o Rei de Jerusalém entrou em Jerusalém sobre um jumentinho e não sobre um poderoso cavalo ou sobre alguma liteira real; não é este um grande exemplo de humildade nos deixado por Aquele que disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mat. 11:29)?

Mas quantos aprendem ou querem aprender a ser humildes como Jesus entre o povo de Deus? Devo dizer por experiência que são a minoria; todos os outros correm duma maneira ou de outra atrás da soberba da vida e ao vê-los parecem pessoas do mundo e não pessoas que se converteram do mundo a Cristo. As provas? Basta ir a um local de culto por volta do horário de abertura do culto ou depois dele ter terminado para assistir do lado de fora a um desfile de automóveis de grande cilindrada, brilhantes além da medida. Basta nos pormos à entrada da maior parte das salas de culto para assistir a um verdadeiro desfile de moda masculina e feminina. Mas não acabou aqui; porque é preciso ir também a casa destes; porque é lá que se vê o resto da sua soberba!

De certo tudo isto não leva as pessoas do mundo a glorificar a Deus pela conduta destes; e de facto diversas pessoas do mundo se fazem notar escandalizadas, e devemos dizer que justamente, pela quanta soberba vêem exibir precisamente por muitos que dizem ser discípulos de Jesus. O que se pode responder a estas pessoas do mundo quando fazem estas observações? Elas não sabem muitas coisas a respeito de Jesus; mas sabem que era pobre e humilde, por isso ficam escandalizadas ao ver aqueles que dizem seguir Jesus viver no luxo desenfreado, ambicionar as coisas altas.

A soberba se manifesta não só procurando de maneira espasmódica bens materiais que possam atrair os olhares e a inveja dos outros, mas também destes modos. Por exemplo quem está sempre propenso quando é convidado por alguém ou quando vai ao local de culto a ocupar os primeiros lugares, para ser visto, é uma pessoa soberba. Também quem diz ser grande, ou quem pelos seus estudos despreza aqueles que não são instruídos como ele de uma dada maneira, é uma pessoa soberba. Como é soberbo também quem quer chegar a ocupar lugares de responsabilidade numa igreja, mas não servindo humildemente, mas com a astúcia, a fraude e a vanglória. E também quem recusa submeter-se aos que na Igreja foram encarregados pelo Senhor de apascentar o rebanho, ou também simplesmente a outros irmãos conforme está escrito para nos submetermos uns aos outros no temor de Cristo (cfr. Ef. 5:21). Pode-se resumir a atitude da pessoa soberba dizendo que é uma atitude que o leva sempre duma maneira ou de outra a se pôr em evidência, a se fazer notar; a se exaltar sobre os outros. Estes, segundo quanto diz a Palavra de Deus, serão humilhados por Deus conforme está escrito: "O que a si mesmo se exaltar será humilhado…." (Mat. 23:12), e também: "Deus resiste aos soberbos" (1 Ped. 5:5). A melhor coisa é humilharmo-nos tanto diante dos irmãos (como também diante das pessoas do mundo) como diante de Deus para obter dele graça porque Deus dá graça aos humildes e os exalta a seu tempo (cfr. 1 Ped. 5:5-6; Tiago 4:10). O exemplo de Jesus isto o ensina de maneira eloquente: ele se humilhou a si mesmo fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz, e por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que está acima de todo outro nome (cfr. Fil. 2:8-10). Sigamos as suas pisadas, e teremos o bem, mesmo se tivermos que sofrer muito.

Irmãos, é verdade que todos falhamos em muitas coisas mas procuremos ser humildes; vestindo-nos humildemente e vivendo temperadamente, a fim de honrar o nosso Deus com a nossa vida consagrada.

 

A vanglória

 

A vanglória, como diz a própria palavra, é uma glória vã. Vangloriar-se pois significa gloriar-se em vão, como por exemplo alguém gloriar-se das suas riquezas (por exemplo em ter muito dinheiro, muitas casas), da sua força física (ser capaz de levantar muitos quilos de peso por exemplo), da sua sabedoria humana (por exemplo de ter anos de estudo de particular matéria cientifica, possuir licenciaturas, reconhecimentos académicos), etc. Deus ordena para não nos gloriarmos destas coisas, de facto diz em Jeremias: "Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas" (Jer. 9:23). Também gloriar-se de ser hebreu de nascença ou de uma particular tribo de Israel é vanglória, de facto Paulo aos Filipenses diz: "Se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé" (Fil. 3:4-9). Como existe um gloriar-se inútil e proibido por Deus, existe porém também um gloriar-se útil e lícito, de facto Deus diz em Jeremias: "Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor" (Jer. 9:24), em outras palavras é justo alguém gloriar-se no Senhor em ter obtido de Deus o entendimento e em ter conhecido Deus ou melhor em ter sido conhecido por Ele. É justo além disso nos gloriarmos em ter obtido paz com Deus pela fé em Cristo conforme está escrito: "Nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação" (Rom. 5:11); de termos sido chamados por Deus à sua eterna glória conforme está escrito: "Nos gloriamos na esperança da glória de Deus" (Rom. 5:2). E não só, é justo também nos gloriarmos nas tribulações: "Mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rom. 5:3-5), diz o apóstolo Paulo.

 

A astúcia (malícia, esperteza)

 

No meio da irmandade alguns crentes dizem que nós devemos ser astutos como as serpentes. Mas são mesmo assim as coisas? De maneira nenhuma, porque Jesus não disse aos seus para serem astutos como as serpentes mas prudentes como as serpentes (cfr. Mat. 10:16), o que é totalmente diferente, de facto sermos prudentes significa sermos cautelosos, atentos, avisados e não sermos espertos. Para explicar-vos o que significa ser astuto vos citarei algumas Escrituras.

Ÿ Mateus diz: "Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam nalguma palavra; e enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens. Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?...." (Mat. 22:15-18). Como se pode bem ver os Fariseus procederam com astúcia em relação a Jesus para fazê-lo cair em pecado; mas o que eram os Fariseus? Víboras e serpentes; portanto neste caso eles manifestaram a astúcia da antiga serpente que era pai deles. Mas vós irmãos não sois víboras mas ovelhas e não deveis ser astutos, mas prudentes como a serpente, que é um animal cuidadoso que mal sente um sussurro se desloca donde está porque percebe o perigo, a fim de não cair no laço do diabo. Portanto da serpente deveis imitar a prudência mas não a astúcia porque esta é do diabo conforme está escrito que ele "enganou Eva com a sua astúcia" (2 Cor. 11:3).

Ÿ Estevão disse que Faraó "usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, ao ponto de os fazer enjeitar as suas crianças, para que não vivessem" (Actos 7:19). Como se pode bem ver também neste caso o agir de quem age com astúcia para com alguém é um agir desonesto e em nada justo.

Sabei que a sabedoria diz que "o homem de maus intentos será odiado" (Prov. 14:17) e de facto as pessoas detestam os espertos; como os detesta também Deus, da facto está escrito: "Ao homem de intenções perversas ele condenará" (Prov. 12:2). E sabei também que Deus aniquila as imaginações dos astutos porque se mostra astuto com o perverso (cfr. 2 Sam. 22:27) Não sejais espertos irmãos porque Deus fará cair sobre a vossa cabeça a vossa esperteza; nos Salmos de facto está escrito: "Eis que o mau está com dores de perversidade; concebeu malícia, e produziu mentiras. Cavou um poço e o fez fundo, e caiu na cova que fez. A sua malícia cairá sobre a sua cabeça; e a sua violência descerá sobre a sua própria cabeça" (Sal. 7:14-16).

Imitai também vós Paulo e Timóteo que nunca se conduziram astutamente para com nenhum dos santos de maneira que podiam dizer aos Coríntios: ".. rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade" (2 Cor. 4:1-2). Há grande recompensa em agir honestamente e sinceramente para com todos os homens; certamente custa, porque é preciso fazer muitas renúncias, mas dá muita paz e gozo e te permite conservar uma consciência pura.

 

A falsificação do batismo com o Espírito Santo, da interpretação de línguas e da profecia

 

Irmãos, exorto-vos no Senhor a fugir de qualquer falsificação no campo das coisas espirituais porque como a lei da nação em que vivemos pune os falsificadores e os passadores de notas falsas assim Deus pune os que falsificam e encorajam a falsificar os bens espirituais.

Por quanto respeita ao batismo com o Espírito Santo exorto-vos, se ainda não o haveis recebido, a buscá-lo ardentemente; orai a Deus continuamente para vos dar o Espírito Santo, e jejuai também, se sentis de fazê-lo, ainda em vista da recepção do Espírito Santo. Mas na espera de recebê-lo não façais da vossa cabeça ou como vos sugerem directamente ou indirectamente outros com as suas palavras ou com os seus comportamentos. Isto é, não vos ponhais a proferir sílabas ou vocábulos do vosso entendimento para fazer crer a outros ter recebido o Espírito Santo, porque isso não vos levaria absolutamente a nada e além de ser um engano para vós seria um engano para os outros. Sabei que quando o Espírito Santo desce sobre um crente é o Espírito Santo que inspira o crente a falar em outra língua, e o faz de uma maneira irresistível, com efeito, se possui da boca e da língua do crente fazendo-a mover de maneira tal a fazer-lhe proferir a língua ou as línguas que Ele quer. Lucas isto o explica escrevendo que no dia de Pentecostes "todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (Actos 2:4). Por isso vós não deveis minimamente vos preocupar como fareis para falar numa língua desconhecida nunca aprendida na escola porque isso será uma coisa que operará em vós de maneira gloriosa e inescrutável o Espírito de Deus. Sereis obrigados a fazê-lo quando o Espírito vier sobre vós; e reconhecereis não ter inventado nada daquilo que tereis dito em língua estranha mas ter agido inteiramente movidos pelo Espírito de Deus. E depois vos sentireis verdadeiramente como diz a Escritura, "cheios do Espírito Santo" (Actos 2:4), pelo que sentireis que do vosso ventre sairão rios de água viva quando vos puserdes a falar em outra língua. Além disso vos sentireis revestidos de poder do alto, isto é, de ter recebido algo que antes não tínheis em vós; também isto contribuirá para vos fazer perceber ter recebido o batismo com o Espírito Santo.

Uma vez que estais cheios do Espírito Santo e falais em outra língua, naturalmente não cessarão as tentações, porque o diabo com a sua astúcia procurará ainda vos enganar. Uma destas tentações é a de vos induzir a dar falsas interpretações às línguas que proferis ou àquelas que outros proferam. Pensareis que esse determinado falar em outras línguas tenha significado que Deus disse ao seu povo esta ou aquela outra coisa com base numa particular necessidade que há no seio da igreja ou pensareis que mesmo se não percebeis esse falar em outra língua e não tendes o dom da interpretação podeis dar na mesma uma mensagem à igreja, basta que ela ‘não contraste a sã doutrina’. Cuidai de vós mesmos e não vos enganeis nem a vós e nem tampouco os outros. Sabei que como é sobrenatural o falar em outras línguas, assim é sobrenatural o interpretar as línguas; ou seja, é sempre mediante o Espírito que podeis interpretar o falar em outra língua e não por intuição ou por capacidades pessoais. Portanto se o Espírito vos der a capacidade de interpretar as línguas vós compreendereis as línguas estrangeiras faladas como compreendeis a língua portuguesa e por isso sereis capazes, sem compreender como podeis fazer isto, de interpretá-las para a igreja. Mas isto acontecerá no Espírito; é algo que transcende os nossos sentidos humanos, é algo de inescrutável porque procede do Espírito de Deus. Recordo-vos por fim que dado que o falar em outra língua é dirigido a Deus (cfr. 1 Cor. 14:2) também a interpretação é dirigida a Deus, mas isto é supérfluo vo-lo dizer porque quando o Espírito vos der a interpretação então vos dareis conta disto pessoalmente.

Uma outra tentação do inimigo é a de vos induzir a pensar que repetindo na assembleia versículos da Bíblia vós estais manifestando o dom de profecia. Cuidai de vós mesmos e não caiais nesta armadilha do inimigo. Quando o Espírito investe alguém e lhe concede que profetize a sua manifestação não é uma recitação de versículos aprendidos de memória; de forma nenhuma porque a mensagem procede do Espírito de Deus e portanto é extemporânea e imprevisível. É ainda algo de não preparado que vós não pensáveis dizer. Isto é devido ao facto de o dom de profecia não ter nada de natural mas ser sobrenatural.

 

A preguiça

 

A sabedoria diz: "Pela preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa tem goteiras" (Ecl. 10:18), e ainda: "Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio; a qual, não tendo chefe, nem superintendente, nem governador, no verão faz a provisão do seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa. Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? quando te levantarás do teu sono? um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para cruzar as mãos em repouso; assim te sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado" (Prov. 6:6-11). Com estas palavras Salomão condenou a preguiça e repreendeu o preguiçoso, ou seja, quem não quer trabalhar com as suas próprias mãos mas se atarefa em coisas vãs. A preguiça é condenada e o preguiçoso repreendido também pelo apóstolo Paulo que aos santos de Tessalónica a respeito de alguns crentes preguiçosos que haviam no seu meio disse: "Se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão" (2 Tess. 3:10-12). Portanto irmãos guardai-vos de não querer trabalhar para andardes a fazer coisas vãs porque este é um sentimento errado. Existe porém também uma preguiça no campo das coisas de Deus da qual é preciso guardarmo-nos, Paulo diz de facto aos Romanos: "Quanto ao zelo, não sejais preguiçosos [ ou não sejais vagarosos no cuidado] " ( Rom. 12:11). Portanto irmãos deveis guardar-vos de toda a preguiça também nas coisas do reino de Deus, na oração, na leitura e na meditação da palavra de Deus, em fazer visitas aos irmãos doentes, em evangelizar, em ir às reuniões da igreja, em fazer boas obras em favor dos irmãos, como pode ser ir buscar de carro um irmão ou uma irmã anciã a casa para levá-la ao culto, ir-lhe fazer as compras porque está doente em casa, e outras coisas úteis. Sabei que como quem não quer trabalhar, porque é preguiçoso, levará a pena da sua rebelião porque tornar-se-á pobre por culpa sua, assim também quem é preguiçoso em orar, na leitura da Escritura, nas boas obras, em evangelizar, em visitar os irmãos doentes, em ir às reuniões da igreja, levará a pena da sua rebelião porque se achará espiritualmente falando nu, pobre e miserável. A Escritura diz: "O zelo da tua casa me devorará" (João 2:17); podeis vós dizer a Deus o mesmo? Se sim, perseverai neste santo zelo, se não, deixai de ser preguiçosos e sede zelosos pela casa de Deus. Pensai em quanto são zelosos os adeptos das equipas de futebol, pensai nos sacrifícios que fazem para incitar a sua equipa; pensai também em quanto são zelosos alguns militantes em certos partidos que estão dispostos a consagrar parte do seu tempo e do seu dinheiro a difundir as ideias do seu partido. Agora, eu digo: se os pecadores são tão zelosos pela vaidade, por que é que vós deveis ser tão preguiçosos pela verdade? Estais dormindo, despertai-vos do vosso profundo sono espiritual!

 

O trabalho excessivo

 

O apóstolo Paulo disse: "Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma" (1 Cor. 6:12). Portanto, é preciso estarmos atentos para não nos tornarmos escravos do próprio trabalho dando a ele corpo alma e espírito. O trabalho é uma coisa útil e lícita, mas não deve tornar-se a coisa mais importante da vossa vida. Trabalhai quanto basta para fazer frente às necessidades da vossa família e para fazer participantes dos vossos bens os necessitados; mas não procureis enriquecer mediante o vosso trabalho (ou se não podeis com o vosso trabalho procurando um outro além desse) porque neste caso vos desviareis da fé e vos traspassareis de dores sem fim. Lembrai-vos que além de ter uma vida física tendes também uma vida espiritual da qual deveis tomar cuidado orando sozinhos e em conjunto com os outros irmãos no local de culto, lendo e estudando as Escrituras em vossa casa e indo ouvir a pregação e o ensinamento no local de culto (o local de culto pode ser também a casa de um outro irmão ou a vossa própria casa), fazendo boas obras, etc. mas lembrai-vos também que os cuidados mundanos e as cobiças quando penetram no coração de um crente sufocam a palavra plantada nele e lhe impedem de dar fruto (cfr. Marcos 4:19-20). Vigiai e orai irmãos para que não caiais nesta armadilha do inimigo.

 

Certos tipos de trabalhos

 

Nem todos os trabalhos são permitidos aos crentes, porque há trabalhos que estão em aberto contraste com os mandamentos da Escritura. Vejamos alguns destes trabalhos que vós não deveis realizar; trabalhar numa fábrica de armas (bombas, espingardas, pistolas, minas, etc.) porque vos fareis culpados de fabricar objectos que os homens usam para matar outros homens ou, seja como for, para fazer-lhes mal; trabalhar num local nocturno como um night club para não assistir a comportamentos obscenos e para não ouvir obscenidades atrás de obscenidades e para não participar numa obra do diabo; trabalhar como fotógrafo de matrimónios porque vos leva a frequentar gente perversa e a assistir a funções religiosas em basílicas e locais de seitas religiosas, e a dizer aos esposos para posarem em certas posições para fazerem certas coisas que é lícito eles fazerem mas em privado e não em público, e porque aos matrimónios muitas mulheres vão vestidas como as prostitutas para se fazerem ver; ourives porque um tem que se pôr a fazer jóias de ouro para homens e mulheres, medalhas com gravuras da "nossa senhora" ou de outro santo que servirão depois como amuletos a muitas pessoas etc.; vendedor de revistas porque contribui para difundir a vaidade e a perversão no mundo; trabalhar num bar porque sereis obrigados a dar vinho e álcool a bêbados e alcoolizados, e a vender cigarros, etc.; vender discos e cassetes do mundo porque desta maneira se ajuda a difundir a música diabólica; cultivar tabaco porque ele servirá para fazer cigarros; vender jóias porque se contribui para fazer com que as mulheres e os homens se adornem com a vaidade. Estes não são senão alguns dos trabalhos que um crente não deve fazer para não participar nas obras infrutuosas das trevas e não contaminar a sua própria consciência, sim porque a consciência se contamina se se participa nas obras infrutuosas das trevas. E nós nos devemos exercitar como dizia Paulo a "sempre ter uma consciência pura diante de Deus e dos homens" (Actos 24:16). Não desprezeis este exercício espiritual irmãos porque doutra forma naufragareis quanto à fé.

 

A provocação

 

Dilectos, como convém a santos vós deveis fugir da provocação, isto é, não deveis provocar ninguém. Mas o que significa provocar? Significa excitar, suscitar. O quê? Pode-se provocar alguém para irá-lo, enciumá-lo, e seduzi-lo.

Por exemplo os Israelitas no deserto com os seus ídolos provocaram à ira o Senhor conforme está escrito: ".. com as suas vaidades me provocaram à ira" (Deut. 32:21) e ainda: "Pois em Horebe provocastes à ira o Senhor, tanto que o Senhor se indignou contra vós ..." (Deut. 9:8). E se tenha presente que Deus é tardio em irar-se e não pronto a indignar-se. Portanto, com base neste exemplo dizemos que se pode provocar à ira uma outra pessoa fazendo de propósito o que vós sabeis que a ela desagrada, em outras palavras contrariando-a. Por exemplo está escrito: "Pais, não provoqueis à ira os vossos filhos... para que não percam o ânimo" (Ef. 6:4; Col. 3:21), isto quer dizer que os pais não devem irritar os filhos. Os crentes por exemplo não devem provocar à ira os seus condutores fazendo aquilo que a eles desagrada, e por aí fora.

Ainda os Israelitas no deserto provocaram a ciúmes Deus conforme está escrito: "A ciúmes me provocaram com aquilo que não é Deus" (Deut. 32:21). Também neste caso a provocação foi através dos ídolos. O que aprendemos deste seu comportamento? Que se nós fazemos alguma coisa que desagrada a alguém a quem estamos ligados por afecto ele será provocado a ciúmes. Portanto por exemplo, o marido não deve provocar a ciúmes sua mulher, tendo prazer em falar com a mulher do seu próximo ou em fazer-se ver junto a ela, ou fazendo elogios sobre o modo de vestir ou de falar de outras mulheres, ou sobre outras suas coisas. Também a mulher não deve provocar a ciúmes o marido vestindo-se de maneira a atrair os olhares dos outros homens, ou tendo prazer em fazer-se ver a falar com outros homens, ou fazendo elogios sobre outros homens e por aí fora.

Por fim há a provocação para seduzir; esta a pode fazer seja um homem para com uma mulher ou uma mulher para com um homem. Os modos são os mais variados; seja pondo particulares perfumes excitantes, seja dizendo certas palavras com duplo sentido, seja pondo-se em certas posições, e seja usando certas vestimentas provocantes. Também este comportamento é diabólico e deveis fugir dele.

 

Servir de tropeço

 

Dilectos no Senhor, não sejais tropeço aos irmãos porque está escrito: "... seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão" (Rom. 14:13). Alguém se perguntará: ‘Mas como poderei servir de tropeço ao irmão?’. Em diversas maneiras: façamos exemplos. Para um irmão uma coisa é impura; ora, ainda que nenhuma coisa seja impura em si mesma, vós não deveis contristar o irmão por causa desta sua convicção pessoal porque, como diz Paulo, "se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme a caridade. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu" (Rom. 14:15). Portanto é necessário estar atento para não desfazer por uma comida ou uma bebida (o vinho por exemplo) a obra de Deus num irmão. Lembrai-vos que "o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rom. 14:17). Se então convidais para vossa casa um irmão ou tendes que estar por um período prolongado com um irmão que vós sabeis não come carne de coelho ou de porco ou não bebe vinho porque considera estas coisas impuras vós não deveis contristá-lo pondo-lhe no prato ou na mesa precisamente aquela comida e aquela bebida que para ele são impuras ou comendo vós mesmos aquela carne e bebendo vinho. Porque desta maneira arriscais perder o irmão e arruinar a obra de Deus nele por coisas que depois um dia o Senhor destruirá junto com o ventre. (cfr. 1 Cor. 6:13) E a caridade não busca o seu interesse mas o dos outros para que sejam salvos. Mas Paulo diz aos Romanos que é bom não só abstermo-nos de comer carne e beber vinho mas também fazer alguma outra coisa que possa servir de tropeço ao irmão (cfr. Rom. 14:21). Portanto cuidai da forma como vos comportais com os irmãos fracos na fé para não perdê-los e pecar desta maneira contra Cristo. (cfr. 1 Cor. 8:7-13)

Tende presente além disso que não deveis servir de tropeço também às pessoas do mundo porque Paulo diz: "Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem à igreja de Deus..." (1 Cor. 10:32), e por isso cuidai bem que o vosso comportamento esteja em perfeita sintonia com o Evangelho que lhes anunciais porque se vós os evangelizais e ao mesmo tempo os escandalizais, como fazem alguns, os vossos escândalos serão causa de tropeço para eles e não se sentirão de modo nenhum atraídos à congregação dos justos porque pensarão que sois todos uma massa de hipócritas que adoram cantar ao som de música e orar em alta voz mas não pondes em prática os preceitos do Evangelho. Lembrai-vos que há pessoas que olham mais para as vossas obras que para as vossas palavras.

 

A incredulidade

 

Uma das maquinações tramada pelo diabo contra os filhos de Deus é esta: induzi-los a não crer na Palavra de Deus. Agora, portanto, vos faço alguns exemplos práticos de como o adversário procura desviar-vos de tomar Deus em palavra e como vós vos deveis opôr ao tentador.

Como! Vós dizeis que se é justificado somente pela fé sem as obras da lei; mas não é assim, a observância da lei é necessária para ser justificado porque está escrito que "os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados" (Rom. 2:13). Vai-te, Satanás, porque também está escrito que "o justo pela sua fé viverá" (Hab. 2:4).

Como! Vós dizeis que Jesus é Deus, mas não é assim porque está escrito que ele é o princípio da criação de Deus e o primogénito de toda a criatura. Como pode ser então Deus? Não disse porventura o próprio Jesus que o Pai era maior do que ele? Vai-te Satanás, porque também está escrito que Jesus Cristo é Deus bendito eternamente (cfr. Rom. 9:5), que ele disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou" (João 8:58), e ainda que a Palavra (que foi feita carne) no princípio estava com Deus e era Deus (cfr. João 1:1).

Como! Vós pondes tanto ênfase na santificação dizendo continuamente ‘não faças isto’ e ‘não faças aquilo’ (não ir à praia, não ver televisão, etc.); mas nós já somos santos e no Senhor somos livres de agir como queremos. Vai-te, Satanás, porque está escrito: "Sede santos, porque eu sou santo" (1 Ped. 1:16) e que sem a santificação "ninguém verá o Senhor" (Heb. 12:14); mas não é justo dar estas ordens aos crentes porque está escrito: "Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne". Vai-te, Satanás, porque também está escrito: "Abstende-vos de toda a aparência do mal" e ainda: " Segui... a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor".

Como! Vós dizeis que um crente deve pedir o Espírito Santo a Deus, mas todo o crente tem já o Espírito Santo desde o momento que crê por isso é absurdo pedir uma coisa que já se possui. Vai-te, Satanás porque está escrito: "Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (Lucas 11:13).

Como! Vós dizeis que Deus fala ainda por meio de visões e sonhos, mas não é assim porque o cânon das Escrituras que nós possuímos agora está completo e portanto não há necessidade de mais revelações. Vai-te, Satanás, porque está escrito: "Nos últimos dias ... os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos" (Actos 2:17) e ainda que "Deus fala.. em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a sua instrução" (Jó 33:15-16).

Como! Vós dizeis que Jesus Cristo faz ainda milagres e curas, mas não é assim, o tempo dos milagres terminou com a morte dos apóstolos, hoje não há a necessidade deles, as almas crêem mesmo sem ver milagres e curas. Vai-te Satanás, porque está escrito: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil" (1 Cor. 12:7), e ainda que Jesus disse: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (João 5:17).

Poderia prosseguir com os exemplos mas me fico por aqui confiante no Senhor que haveis compreendido de que maneira enganadora o maligno procura levar-vos a não crer na Palavra de Deus. Mas qual é o motivo pelo qual o diabo procura não fazer-vos tomar Deus em palavra? Porque ele sabe que sem fé é impossível agradar a Deus (cfr. Heb. 11:6). Tende bem em mente isto porque é muito importante. Ele sabe muito bem que se o crente deixasse de crer ou na justificação só pela fé, ou na divindade de Cristo, ou no facto de a santificação dever ser ardentemente seguida examinando todas as coisas e retendo só o que edifica e é útil e é conforme à vontade de Deus, ou na promessa do batismo com o Espírito Santo, ou no facto de Deus falar ainda hoje em visões e sonhos revelando os segredos da sua ciência e da sua sabedoria, ou no facto de Deus curar e operar milagres ainda hoje porque ele não mudou e que portanto a cura é necessária pedi-la a Deus, digo, ele sabe que se algum dos crentes deixasse de crer em um destes ensinamentos (mas repito há muitos outros que ele procura fazer deixar de crer neles) teria o mal disso, maior em certos casos e menor noutros mas sempre o mal. Portanto irmãos cuidai de vós mesmos e quando à porta do vosso coração se debruça a dúvida ou a incredulidade tomai o escudo da fé com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus e oponde-vos às ciladas do diabo. Tende fé na Palavra de Deus; no meio de qualquer circunstância continuai a crer que ela é verdade e nunca poderá falhar. Recordai-vos que Deus é veraz e é impossível que ele tenha mentido e que o diabo ao invés é mentiroso (e pai da mentira) também quando se usa das Escrituras. Sede vigilantes irmãos.

 

Repor a confiança no homem

 

Haveis perdido o emprego; sentis o desejo de casar; caistes doentes; recebestes a carta de despejo; não podeis ter filhos; eis algumas situações em que algum de vós se pode encontrar. O que fazer? Há duas possibilidades diante de vós confiar no homem ou em Deus. Se confiardes no homem sucederá que fareis o que o homem vos disser para sair da vossa necessidade; e por isso conforme as circunstâncias vos poreis a dar dinheiro por baixo da mesa, a dar presentes, a cortejar os homens com a toda a espécie de lisonjas, a tomar os medicamentos que vos serão receitados etc., e a esperar a vossa ajuda do homem porque para ele sempre procurareis virar-vos e dele procurareis esperar a vossa libertação. E no agir desta maneira não experimentareis a paz de Deus, a sua alegria, e não tereis comunhão com Ele porque vo-lo fareis inimigo.

Se, ao contrário, confiardes com todo o coração em Deus não sucederá nada disto, porque estareis tranquilos e confiantes n`Ele esperando que seja Ele de maneira gloriosa a dar-vos aquilo que vós desejais e de que tendes necessidade. Orareis, chorareis, jejuareis, sereis ultrajados e desencorajados por incrédulos e crentes, mas gozareis abundância de paz e de gozo à espera da libertação e no fim Deus premiará a vossa fé e a vossa firmeza e mostrará a todos que é grande a bondade que ele estende em prol daqueles que o temem e confiam nele com todo o coração. E vós tereis modo de contar como o Senhor vos ouviu sem que tenhais confiado minimamente no homem, e Ele será altamente glorificado através de vós.

Eu vos conjuro a escolher o segundo caminho; porque é o caminho melhor, é o caminho que Deus nos ordena seguir. Certamente, é um caminho cheio de dores e de aflições e por vezes também de longa espera, mas também um caminho sobre o qual se experimentam poderosas e grandes libertações que maravilham os protagonistas e os espectadores.

Termino esta minha exortação com as palavras do profeta Jeremias que ilustram perfeitamente a diferença entre quem confia no homem e quem confia em Deus: "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto" (Jer. 17:5-8). As coisas são assim irmãos: tende plena confiança em Deus, ele se compraz naqueles que se apoiam totalmente , e repito totalmente, nele. Mas ele não se compraz apenas, mas lembrai-vos que ele é capaz de vos ajudar a sair de todas as vossas angústias. Ele é o Todo-Poderoso, lembrai-lhe isto.

 

As divisões

 

Há um só Deus, um só Senhor, Jesus Cristo, um só Espírito, o de Deus, uma só fé e uma só igreja a de Deus cuja cabeça é Jesus Cristo. E todos os que fazem parte desta santa assembleia são chamados a seguir a paz com todos e a ter no Senhor um mesmo sentimento, um mesmo amor, um mesmo falar e um mesmo parecer; e a não ter divisões no seu meio. (cfr. 1 Cor. 1:10; Fil. 2:2) Deve ser dito porém que embora as divisões sejam de rejeitar elas devem haver no seio da igreja de Deus. Paulo diz de facto aos Coríntios, no meio dos quais se tinham criado divisões: "Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais em assembleia, há entre vós divisões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós seitas, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós" (1 Cor. 11:18-19). Notai que as divisões são também chamadas seitas pelo apóstolo e que elas servem para fazer ver quem são aqueles que no meio da igreja se conduzem de maneira digna do Evangelho e são aprovados por Deus. Mas o que entende a Escritura por divisões e por que deveis fugir delas? Para compreender isto basta ver no que consistiam as divisões na igreja de Corinto e como Paulo as reprovou. Paulo enquanto se encontrava fora de Corinto ouviu dizer pelos da casa de Cloé que entre os santos daquela cidade se tinham vindo a criar divisões porque eles diziam: "Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo" (1Cor. 1:12). Portanto entre eles tinha vindo a faltar o mesmo falar e o mesmo parecer porque alguns diziam pertencer a Paulo, outros a Apolo e outros ainda a Cefas. E outros diziam pertencer a Cristo. Esta notícia fez indignar e entristecer Paulo que os admoestou dizendo: "Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?" (1 Cor. 1:13) e ainda: "... ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento..... nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus... Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus" (1 Cor. 3:2-7,9; 21-23). Com estas palavras Paulo explicou aos Coríntios que eles pecavam dizendo serem de Paulo ou de Apolo porque eles eram apenas cooperadores de Deus que trabalhavam na lavoura de Deus segundo a graça que Deus lhes tinha dado, e não tinham sido eles a fazer crescer a palavra no seu coração mas Deus, não Paulo que a tinha plantado e nem Apolo que a tinha regado, mas só Deus. E portanto o dizer ‘eu sou de Paulo’ ou ‘eu sou de Apolo’, era apenas um comportamento de homens carnais movidos pela inveja e pela contenda (como se pode bem ver às divisões estão associadas as invejas e as contendas e isto porque é a inveja para com um particular ministro do Evangelho e o querer exaltá-lo acima de um outro ministro do Evangelho que leva os crentes a se dividirem entre eles e a contender) que tinham esquecido que foi Deus a operar neles o que agradava a ele e não Paulo ou Apolo. A que conclusão chegou então Paulo? À de dizer aos Coríntios que eles não deviam gloriar-se nem de Paulo, nem de Apolo, e nem ainda de Cefas, porque estes ministros do Evangelho pertenciam a eles porque lhes tinham sido todos dados por Deus, enquanto eles pertenciam a Cristo que os tinha comprado por preço e Cristo pertencia a Deus.

Como pois vistes vós não deveis dizer ser deste ou daquele outro ministro do Evangelho porque isso não é mais que um agir segundo a carne, um andar segundo o homem, e não um andar pelo Espírito. Vós sois de Cristo, e portanto não deveis gloriar-vos dos homens mas de Cristo. Olhai sempre para ele, recordai-vos sempre daquilo que ele fez por vós, e evitareis de vos pordes a dizer ‘eu sou deste’ ou ‘eu sou daquele’.

 

As seitas

 

Entre as obras da carne estão também as seitas (cfr. Gal. 5:20). O que é uma seita? Uma seita é um grupo de pessoas que se separa da igreja de Deus e se proclama o único grupo de verdadeiros crentes existentes sobre a terra. Muitas vezes a chefe da seita se põe alguém que se proclama ser alguém muito importante. Um dos apelativos que muitas vezes tomam estes chefes é ‘mensageiro de Deus para os últimos dias’; mas há muitos outros que são os mais variados. Uma coisa é evidente e certa, quem governa a seita pretende de uma maneira ou de outra pregar só Ele o verdadeiro Evangelho excluindo os outros que se dizem Cristãos, e isto porque geralmente ele diz ter sido escolhido por Deus para restaurar o Evangelho ou a Igreja. Ele pretende a máxima obediência, uma obediência cega, sob pena de perdição eterna. As revelações ou as profecias ou as mensagens do ‘chefe’ são Palavra de Deus, mesmo se anulam abertamente e descaradamente a Escritura. Dentre as revelações ou profecias ou ensinamentos lideram a negação da divindade de Cristo, por vezes também a negação da sua humanidade, a negação da Trindade, a negação da salvação por graça, a abstenção de comidas e bebidas, por vezes também a proibição de casar. Mas podem haver heresias de outros géneros. Uma das características das seitas é depois a da ganância, porque com o pretexto de levarem avante a obra de Deus, os chefes das seitas extorquem muito dinheiro aos seus seguidores; há seitas que para entrar a fazer parte delas pretendem que se lhes entregue todos os haveres. A vida nas seitas é uma escravidão: é-se na verdade escravo de impostores que se tornam os donos e os condutores da vida dos novos adeptos.

Irmãos, se entre vós surge alguém que proclama ser o ‘profeta dos últimos dias’ com especiais revelações (que podem também respeitar à data da volta de Cristo) que quem quer ser salvo deve seguir para obter a salvação, admoestai-o e expeli-o da igreja porque quer vos enganar e vos levar para longe do Senhor. Àqueles que caiam vítimas deles admoestai-os uma primeira e uma segunda vez, mas depois evitai-os porque estes tais estão pervertidos e pecam e se condenam a eles mesmos (cfr. Tito 3:10-11). Dilectos, recordai-vos que a Igreja de Deus é formada por todos os que sem interessar o grupo a que pertencem, são nascidos de novo, e que por isso estão lavados e santificados pelo sangue do Cordeiro. Atenção portanto para que ninguém se deixe arrastar por sentimentos sectários presentes também entre igrejas pentecostais que de uma maneira ou de outra dizem que se não estás com eles não és de Cristo, porque uma tal persuasão não vem daquele que vos chama. Ninguém vos engane de modo algum.

 

As contendas

 

Também as contendas estão entre as obras da carne (cfr. Gal. 5:20). São pois de evitar e não de buscar contendas como, ao contrário, adoram fazer alguns que são orgulhosos conforme está escrito: "Do orgulho só provém a contenda" (Prov. 13:10). Estes não aceitam conselhos, não gostam que alguém os ensine; sabem tudo. Quando se fala com estes nasce logo a contenda: o ar torna-se pesado, direi pesadíssimo. Na vida dos contenciosos (que são também invejosos) há confusão e toda obra má porque está escrito: "Onde há inveja e contenda, aí há confusão e toda obra má" (Tiago 3:16). Os contenciosos devem ser admoestados como fez Tiago (cfr. Tiago 4:1-10).

Quem serve a Cristo não deve ser contencioso mas manso e sofredor (cfr. 2 Tim. 2:24)

 

As iras

 

Irar-se não é pecado de facto Jesus mesmo se irou conforme está escrito: "E, olhando para eles em redor com indignação..." (Mar. 3:5). Mas é errado facilmente irar-se, de facto está escrito que "quem facilmente se ira fará doidices" (Prov. 14:17) e "o que é de espírito impaciente mostra a sua loucura" (Prov. 14:29). Não deveis ser pois iracundos irmãos mas tardios em se irarem porque como diz a sabedoria: "Quem é tardio em irar-se é grande em entendimento" (Prov. 14:29). E estais atentos quando vos irais contra alguém que não vos saiam da boca palavras desonestas ou não lhes ponhais as mãos em cima ou não lhes façais gestos ameaçadores porque se vos é permitido irar-vos não vos é permitido pecar, de facto está escrito: "Irai-vos, e não pequeis..." (Ef. 4:26). Dominai-vos para que permaneçais irrepreensíveis também no meio da ira.

 

Vingar-se

 

A Escritura diz: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Rom. 12:19-21) e ainda: "Vede que ninguém dê a outrem mal por mal" (1 Tess. 5:15). O exemplo perfeito de alguém que não deu mal por mal é o de Jesus do qual Pedro diz que "quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente" (1 Ped. 2:23).

Portanto irmãos, quando fordes injustiçados seja por um de fora ou por um de dentro não lhe respondais com o mal para vos vingardes porque neste caso vos carregareis de um pecado por causa do vosso próximo. Em outras palavras se vós pagais o mal com o mal pecareis por procurar fazer-vos justiça sozinhos porque o mal não é lícito fazê-lo também a quem nos faz mal e não só a quem nos faz somente bem. Certamente, a tentação é grande quando se recebe uma qualquer injustiça de nos vingarmos de qualquer maneira; mas vigiando e orando a se pode suportar. Mas por que é que nós não nos devemos vingar? Porque a vingança pertence a Deus. Portanto só a ele é lícito vingar-se e vingar quem recebe a injustiça, e isso ele faz. Ninguém se iluda; o nosso Deus é um vingador e o mal que alguém faz ao próximo lhe o faz colher tudo a seu tempo porque, como disse Jeremias, "o Senhor é Deus das recompensas, ele certamente retribuirá" (Jer. 51:56). A Deus seja a glória eternamente. Amen.

 

Alegrar-se com o mal alheio

 

A sabedoria diz: "Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira" (Prov. 24:17-18). Cuidai portanto irmãos para não se regozijarem do mal que Deus faz cair sobre a cabeça dos que vos fazem injustiças porque isso não agrada a Deus. Imitai Jó, homem justo, e temente a Deus, que disse não se alegrar da desgraça do seu inimigo e não ter exultado quando o mal o atingiu (cfr. Jó 31:29).

 

O serviço militar e a guerra

 

Alguém que busca a paz com todos e não é pela guerra não pode ser a favor do serviço militar porque ele prepara o homem para a guerra. Os jovens crentes são pois exortados a escolher o serviço cívico no lugar do militar a fim de não pegar em armas e de não aprender a guerrear com armas carnais em vista de uma eventual guerra contra os seus semelhantes que traria apenas morte e destruição. Por conseguinte, vós deveis ser contra a guerra e em caso de guerra recusar de participar nela se a autoridade vos chama às armas.

Nós crentes já somos soldados, mas soldados de Cristo Jesus, e como tais devemos combater uma guerra contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo de trevas, mas não com armas carnais porque os nossos inimigos são seres espirituais e não carnais, e estas armas estão descritas por Paulo na carta aos Éfesios. (cfr. Ef. 6:10-20) A verdade, a justiça, a prontidão, a fé, a palavra de Deus e a oração, e com estas destruamos as fortalezas dos nossos inimigos (cfr. 2 Cor. 10:3-5). Este é um bom combate porque é útil a nós e ao nosso próximo sendo que mediante ele se permanece firme na fé, e se contribui para fazer permanecer firme na fé os irmãos, e para a salvação dos nossos semelhantes das mãos do diabo. E depois é um combate em que se está seguro de ter a vitória porque os nossos inimigos já foram derrotados pelo nosso capitão sendo que Cristo Jesus triunfou sobre eles mediante a cruz.

 

Os maus pensamentos

 

Nós crentes devemos amar a Deus além de com todo o coração, e com toda a alma e com toda a nossa força também com toda a nossa mente; Jesus de facto quando lhe foi perguntado qual era na lei o primeiro mandamento dentre todos, respondeu: "O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças" (Mar. 12:29-30). Pelo que também o nosso entendimento (ou mente) deve ser posto ao serviço da justiça. Não deveis portanto pensar com a mente coisas más irmãos, de qualquer tipo que elas sejam, porque isso desagrada a Deus. A sabedoria diz de facto que "abomináveis são para o Senhor os pensamentos do mau" (Prov. 15:26). Que deveis fazer então quando espreitam na vossa mente pensamentos iníquos? Deveis capturá-los e trazê-los à obediência de Cristo; Paulo disse de facto que nós "destruindo os raciocínios, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo" (2 Cor. 10:5). Se assim não fazeis esse pensamento mau vos roerá como o cancro e vos levará a agir malvadamente. Procurai pois conservar pura também a vossa mente seguindo o mandamento do apóstolo: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai" (Fil. 4:8). Entre as coisas em que pensar que conferem graça ao crente menciono o vosso novo nascimento, o propósito de Deus segundo a eleição para convosco, o vosso batismo na água, o batismo com o Espírito Santo (seja se o já recebeste ou seja se o deveis ainda receber), o paraíso assim como o descreve a Palavra de Deus e o dia da vossa morte em que finalmente, se tiverdes perseverado na fé até ao fim, entrareis nesse lugar maravilhoso, os juízos de Deus para que sejais tomados pelo temor de Deus, como Deus vos guiou até este dia, como vos protegeu de tantos perigos, como vos ouviu quando o invocastes, a história de Jesus de Nazaré, sobretudo a sua morte e a sua ressurreição, mas também a sua volta gloriosa assim como a descreve a Escritura. Pensai em como Deus de um momento para o outro, de dia ou de noite, se pode manifestar a vós dando-vos um sonho ou uma visão, ou enviando-vos um seu santo anjo, para vos revelar segredos; nos dons espirituais que confere o Espírito Santo para a edificação da igreja; pensai em fazer bem a todos, seja crentes ou pecadores, seja em palavra ou em obra, pensai no amor de Deus, na sua benignidade, na sua justiça, pensai nas suas perfeições invísiveis que se podem ver através das suas obras, pensai em tudo o que está escrito na Escritura.

 

A ignorância das coisas de Deus

 

Uma das coisas que vós irmãos deveis fugir é da ignorância acerca das coisas de Deus. Porque não é vontade de Deus que vós ignoreis a sua vontade. Algumas expressões do apóstolo Paulo vos farão perceber isto melhor:

Ÿ Aos Romanos Paulo disse: "Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado" (Rom. 11:25).

Ÿ Aos Coríntios ele disse: "Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto" (1 Cor. 10:1-5); e ainda: "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1 Cor. 12:1); e: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo" (1 Cor. 11:3).

Ÿ Aos Tessalonicenses ele disse: "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança" (1 Tess. 4:13).

Ÿ A Timóteo ele disse: "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e base da verdade" (1 Tim. 3:14-15).

Como podeis ver o apóstolo Paulo queria que os santos conhecessem, e não que não conhecessem. Naturalmente ele queria que os crentes conhecessem não só aquelas coisas, mas também todas as outras que estão transcritas nas suas epístolas. Mas nem todos hoje têm o mesmo sentimento de Paulo porque há muitos no meio das igrejas que não querem que os crentes saibam certas coisas; sim, estes vos farão saber que deveis dar o dízimo ou 100 por mil (coisas que se preocupam em fazer saber o mais depressa possível por motivos óbvios), que deveis ir ao culto ao domingo (coisa justa e santa), ou melhor, como eles dizem à casa de Deus (e assim pensareis que as quatro paredes onde ides é a casa de Deus quando pelo contrário a casa de Deus sois vós mesmos), que deveis vos sujeitar ao estatuto da denominação (que naturalmente é um documento que se opõe ao Espírito Santo mas que vós porventura ainda não sabeis), que não deveis portanto ter relações com irmãos de outras igrejas porque é perigoso (quando o perigo o correis vós dando ouvidos a esses discursos diabólicos) e outras coisas; mas sobre muitas coisas do conselho de Deus vos farão estar na ignorância ou procurarão assustar-vos para vos manter longe de certas experiências por eles definidas, com uma ponta de sarcasmo, ‘místicas’. E assim nunca ouvireis falar de visões ou sonhos, de revelações; e quando ouvirdes falar delas ouvireis falar duma maneira particular pelo que percebereis ou que não são importantes hoje ou que Deus não está muito interessado em dá-las hoje como nos tempos antigos ou que mesmo deixou de dá-las; ou vos assustarão citando-vos ainda falsas revelações (que naturalmente existem); dos milagres e das curas da Bíblia ouvireis falar deles mas em muitos casos serão alegorizados pelo que percebereis que hoje os milagres e as curas não são assim tão importantes. Do batismo com o Espírito Santo depois tereis ideia que se trata de uma experiência sim bíblica, mas não marcante como o foi para os primeiros discípulos, pelo que bastará que ouçais alguém que diz: falei em línguas e tereis ideia que foi batizado com o Espírito Santo, quando infelizmente aquelas línguas são fruto da sua esperteza ou da sua ignorância e mais nada, porque ele privado de poder estava e privado de poder ficou depois destas chamadas línguas. E que dizer da santificação? Dela ouvireis falar com certeza, mas da maneira que eles querem. ‘Nada de regras’, dizem eles (mas no entanto o seu estatuto está cheio de regras humanas); e ainda ‘santos sim, mas beatos não’ (querendo dizer com isto que os ‘exageros’ não são admitidos) e muitas outras coisas. De maneira que, tereis um conceito da santificação todo particular. Qual? Este; que Deus olha ao coração e não à maneira de como vos vestis e a muitas outras ‘ninharias’ (ver televisão, ir à praia, ir ao cinema, ir dançar, aos parques de diversão etc.). Pelo que podereis continuar a andar vestidos soberbamente e indecentemente como fazíeis debaixo do poder de Satanás, à praia continuareis a ir até quem sabe com o vosso pastor cego, e a televisão a continuareis a ver como se nada tivesse acontecido na vossa vida, e muitas outras coisas que seria demasiado longo transcrever agora. Como podereis então dizer que as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo? Não podereis, a não ser que queirais enganar-vos a vós mesmos. Mas por que é que estes ‘pastores pentecostais’ têm o interesse em fazer-vos saber certas coisas e em vos dizê-las com franqueza, mas não têm interesse em fazer-vos saber muitas outras coisas (admito que eles as saibam)? Por que é que se alguém não dá o dízimo no domingo arrasam com os seus sermões baseados em Malaquias acusando os crentes de roubar a Deus, mas se uma irmã vai ao culto de mini-saia ou decotada ou adornada com jóias, ou maquiada, ou com roupa justa fingem que nada se passa? Por que é que insistem tanto em dar dinheiro para a obra de Deus, mas não insistem em como se devem adornar as irmãs? Por que é que se se trata de dizer que uma certa igreja não aceita a doutrina do batismo com o Espírito Santo o proclamam com força, mas não denunciam com força os falsos batismos com o Espírito Santo no seu meio e também as falsas interpretações das línguas feitas passar por profecia mas que não são mais que invenções? Por que é que vos dizem com tanta clareza e com tanta força que a um particular local de culto não deveis ir porque lá não ensinam o pleno Evangelho, mas não vos dizem de modo algum que à praia não deveis ir para não contaminar-vos? E poderia prosseguir, mas me fico por aqui. A razão é que eles estas coisas não as querem fazer saber porque têm medo que os que ouvem estas coisas escolham uma outra comunidade onde o pastor estas coisas as admite, e portanto que a ‘sua’ igreja se esvazie por causa disto e por isso as ofertas diminuam e o seu prestígio diminua na denominação porque quem mais almas tem maior é. Mas pelo que me concerne o meu desejo é que vós estas e muitas outras coisas que vos são escondidas vós as saibais para que possais crescer espiritualmente e consagrar-vos a Deus, e tudo farei com a graça de Deus para as vos recordar todas as vezes que tiver ocasião disso. Mas se este é o meu empenho, o vosso deve ser dirigido na mesma direcção, isto é, vós deveis desejar conhecer ardentemente a verdade sobre todas as coisas que concernem ao conselho de Deus e que nos foi dado a conhecer. E por isso deveis investigar as Escrituras todos os dias, meditá-las, devorá-las, assimilá-las, pedindo a Deus luz sobre certas coisas que vós não vedes ainda claramente. Orai, jejuai irmãos, abstei-vos de toda a aparência do mal e vereis que pouco a pouco descobrireis aquilo que alguns querem vos manter escondido ou que não sabem ou não querem saber na sua ignorância. Conjuro-vos a todas as vezes que vos parece que alguma coisa não está bem, a dobrar os joelhos diante de Deus e a pedir-lhe sabedoria e guia e Ele vos ouvirá, ele não vos desiludirá de forma alguma. Não vos deixeis assustar por nada e ninguém porque eu sei que o diabo se instigará contra vós para procurar dissuadir-vos desta busca: vos apercebereis então da assustadora ignorância em que muitos irmãos jazem e têm prazer em jazer, e como muitos não procuram o bem do povo de Deus mas só o seu próprio interesse. E quando obterdes conhecimento sobre esta ou aquela outra coisa fazei participantes da vossa descoberta também os outros para que ouçam e lhes sirvais de testemunho.

 

As falsas doutrinas

 

Um dia Jesus disse aos seus para se guardarem do fermento dos Fariseus e dos Saduceus significando que eles deviam guardar-se da doutrina destas duas seitas judaicas porque ela anulava a Palavra de Deus (cfr. Mat. 16:6,12). Ainda hoje nós crentes devemos guardar-nos de muitas doutrinas que anulam a Palavra de Deus. Para saber quais são estas doutrinas convido-vos a ler os meus escritos confutatórios. As falsas doutrinas, como diz a própria palavra, são falsas e não verdadeiras pelo que não podem trazer bem aos que as aceitam mas só mal. Só as doutrinas verdadeiras e justas podem edificar os crentes. Permanecei pois apegados às doutrinas verdadeiras e reprovai as falsas. Não vos ponhais a professar estranhas doutrinas; vos desviareis da verdade e ficareis confundidos. Se descobrirdes com a ajuda de Deus que estais professando alguma falsa doutrina, abandonai-a e fazei-a abandonar.

 

Impedir a concepção

 

Não querer filhos ou procurar não fazer muitos é pecado porque a Escritura diz: "Frutificai e multiplicai-vos.." (Gen. 1:28) e em outro lugar que a mulher "salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer na fé, no amor e na santificação com modéstia" (1 Tim. 2:15). Portanto, irmãos, não impeçais a concepção, porque neste caso vos oporeis à vontade de Deus. Sabei que a Escritura fala bem dos filhos e também daqueles que deles têm muitos, de facto nos Salmos está escrito: "Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas na mão de um homem valente, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta" (Sal. 127:3-5).

Dado que estamos em tema de concepção e sei que no meio da irmandade há os que se fazem esterilizar, tanto homens como mulheres, para não terem filhos ou para não terem outros, quero aproveitar a ocasião para dizer que tal prática é abominável a Deus. Quem se submete a tais intervenções sobre o seu corpo levará a pena da sua iniquidade. Quem tem ouvidos para ouvir ouça.

 

Não querer castigar os próprios filhos

 

Há muitos crentes que enganados pelos discursos de homens sábios segundo a carne mas não sábios segundo Deus recusam repreender severamente ou de bater nos seus filhos (conforme a necessidade naturalmente) quando estes desobedecem a eles. Ouve-se eles dizer de facto estes discursos: ‘Mas eles também têm que fazer as suas experiências’, ‘Mas depois pertencerá ao Senhor lhes fazer perceber’, ‘Mas como posso bater em sangue do meu sangue?’ etc. Exorto-vos irmãos a não vos deixardes enganar por estes raciocínios mas a opôr-vos incansavelmente a eles destruindo-os porque eles contrastam nitidamente a palavra de Deus que diz: "O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga" (Prov. 13:24), e: "Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno" (Prov. 23:13-14), e também: "Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar" (Prov. 19:18). Mas por que é que a correcção, e não só a verbal mas também a com a vara, é indispensável? Porque diz ainda a sabedoria: "A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correcção a afugentará dela" (Prov. 22:15). Portanto há só uma maneira para fazer crescer bem os próprios filhos; corrigindo-os. Não vos iludais porque se os deixardes fazer tudo o que querem crescerão como os animais irracionais e serão o vosso lamento e a vossa vergonha.

 

Escandalizar as crianças

 

Irmãos guardai-vos de desprezar as crianças porque Jesus disse: "Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar" (Mat. 18:6) e ainda: "Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus" (Mat. 18:10).

Mas de que maneira se podem escandalizar e desprezar os pequeninos que crêem em Jesus? Batendo-lhes com as mãos ou dando-lhes pontapés, obrigando-os a ir roubar, cometendo diante deles actos obscenos, ou procurando seviciá-los, ou mesmo batendo na própria mulher ou no próprio pai ou na própria mãe diante (mas também não diante) deles. E em muitas outras maneiras. Cuidai de vós mesmos irmãos e fugi destas obras da carne para não atraírem a ira ardente de Deus sobre a vossa cabeça.

 

Desobedecer aos pais

 

Desobedecer aos pais é pecado segundo a Palavra de Deus e de facto segundo a lei o filho rebelde que não queria escutar os seus pais devia ser morto conforme está escrito: "Quando alguém tiver um filho teimoso e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; e dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e teimoso, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá" (Deut. 21:18-21), como é pecado também amaldiçoar pai ou mãe conforme está escrito: "Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá" (Lev. 20:9). Portanto os filhos não devem desobedecer aos seus pais mas devem mostrar-lhes respeito e obediência conforme está escrito: "Honra a teu pai e a tua mãe" (Ex. 20:12) e: "Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor" (Col. 3:20).

 

Os matrimónios com os infiéis

 

A Escritura manda aos crentes para não se casarem com não crentes de facto diz: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (2 Cor. 6:14-16). Portanto irmãos e irmãs que tendes no coração casar não procureis o vosso esposo ou a vossa esposa entre os do mundo mas entre os que não são deste mundo. Mas porventura algum de vós dirá: Mas eu procuro uma boa rapariga ou um bom rapaz não um rapaz mau ou uma rapariga má? Não te iludas, porque não importa quanto doce e afectuoso possa ser contigo esta pessoa, permanece o facto que entre ti crente e ele ou ela infiel não pode haver nenhuma comunhão espiritual, porque tu estás vivo espiritualmente e ele ou ela está morto/a nas suas ofensas. Tu estás debaixo do poder de Deus enquanto ele ou ela está debaixo do poder do diabo. Tu queres servir a justiça mas ele quer servir o pecado. E poderia prosseguir. Sabe que não existem bons pecadores, mas apenas pecadores.

Algum outro dirá: ‘Mas depois pouco a pouco o/a conquistarei para Cristo’. Não te iludas também tu, porque no fim quem está debaixo do poder de Satanás acabará por prevalecer contra ti e tu te desviarás da fé e abandonarás a comum congregação. E chorarás amargamente por te teres apoiado/a no teu discernimento. Sabe que muitos antes de ti disseram as mesmas coisas antes do matrimónio, mas depois não se viram mais no meio do rebanho do Senhor porque se foram para os montes da infidelidade.

O repito ó jovens, desejai sempre casar só com um crente ou uma crente; mesmo se a vossa comunidade é pequena e não tendes a possibilidade de encontrar muitos jovens ou muitas jovens, não vos preocupeis porque Deus do alto da sua morada vê a vossa necessidade e a seu tempo vos fará encontrar o crente ou a crente que é justo para vós. Sede pacientes e confiantes no Senhor; não percais o ânimo. Ele é fiel e mudará o vosso choro em dança, a vossa tristeza em alegria; mas a seu tempo. "Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração" (Sal. 37:4), e: "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará" (Sal. 37:5); estas palavras nunca se apartem dos vossos olhos e do vosso coração porque nos momentos mais tristes vos encherão de paz e de gozo.

 

O pôr-se a ensinar por parte da mulher e o uso por sua parte de autoridade sobre o homem

 

Irmãs em Cristo, vós deveis aprender em silêncio com toda a submissão, portanto sem murmurar e sem interromper, enquanto fala, quem ensina a Palavra. Quando pois a igreja está reunida, não vos ponhais a falar com ninguém, mas estai em silêncio; caladas, "porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja" (1 Cor. 14:35), diz Paulo; e se quereis aprender alguma coisa não vos ponhais a fazer as vossas interrogações na assembleia, mas em casa aos vossos maridos, porque está escrito: "E se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos" (1 Cor. 14:35), portanto, "como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar, mas estejam sujeitas, como também ordena a lei" (1 Cor. 14:34). Sendo pois que vós deveis aprender em silêncio, a vós irmãs não é permitido ensinar a doutrina de Deus, a mesma doutrina que Paulo, Pedro e os outros apóstolos ensinavam aos santos e que o próprio Paulo mandou a Timóteo e a Tito ensinar.

E não só não vos é permitido ensinar, como também não vos é permitido usar de autoridade sobre o vosso marido, porque ele é o vosso cabeça e vós deveis estar sujeitas a ele.

Para resumir pois o quanto foi dito: "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio" (1 Tim. 2:11,12).

 

A proibição de ensinar

 

Pelo que respeita à proibição de ensinar para a mulher, também a lei o confirma, e nós sabemos que a lei é feita para tudo o que for contrário à sã doutrina (cfr. 1 Tim. 1:10). Quando de facto Deus separou os Levitas, debaixo da lei de Moisés, para conferir-lhes o serviço do tabernáculo e para ensinar a Israel a suas leis conforme está escrito: "Ensinarão os teus preceitos a Jacó, e a tua lei a Israel" (Deut. 33:10) escolheu homens para fazer isso e não mulheres.

Uma ulterior confirmação a temos no livro de Neemias, de facto no tempo de Neemias e de Esdras, depois que foram reconstruídos o templo e os muros de Jerusalém, quando foi feita a leitura pública da lei de Deus com a relativa explicação diante do povo reunido, foram homens dentre os Levitas a fazer tudo isso, conforme está escrito: "Jesua, e Baní e Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaias, e os levitas ensinavam o povo na lei, e o povo estava no seu posto. E leram o livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse" (Neem. 8:7,8). Ainda hoje entre os Hebreus (os Ortodoxos) à mulher não é permitido fazer a leitura pública da lei como nem explicar alguma passagem da lei à congregação.

Naturalmente também no Novo Testamento há factos que confirmam esta proibição para a mulher de ensinar, de facto Jesus escolheu doze homens como apóstolos, para enviá-los a pregar (cfr. Mat. 10:1-8); Lucas 6:12-16), e depois dos doze elegeu outros setenta discípulos para enviá-los adiante de si, os quais eram também eles homens (cfr. Lucas 10:1).

Houveram sim mulheres que seguiam Jesus mas o seu papel não era o de ensinar mas de assistir, de facto Lucas diz: "E iam com ele os doze, bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios, e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que os serviam com os seus bens" (Lucas 8:2,3). Como podeis ver as mulheres que estavam com Jesus e com os seus discípulos não estavam de modo nenhum ocupadas a pregar e a ensinar a palavra de Deus, mas estavam ocupadas a prestar-lhes assistência com os seus bens. Não está porventura escrito: "O que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui" (Gal. 6:6)?

 

Respostas às principais objecções.

 

Vamos agora responder às principais objecções que são postas tanto por algumas irmãs como por alguns irmãos à proibição da mulher ensinar.

ŸComo a mulher pode profetizar, pode também ensinar porque quem profetiza ensina’.

Isso não corresponde à verdade porque o dom de profecia e o dom de ensinamento são dois dons diferentes um do outro, e não o mesmo. Isto o testifica Paulo, quando diz: "De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar haja dedicação ao ensino" (Rom. 12:6,7). Vede bem que Paulo não disse: ‘Não permito, porém que a mulher profetize’, porque isso iria contra a Palavra que diz: "Vossas filhas profetizarão" (Joel 2:28), mas disse uma coisa diferente, ou seja: "Não permito, porém que a mulher ensine" (1 Tim. 2:12).

ŸComo a Escritura permite à mulher ser eleita diaconisa isso quer dizer que lhe é permitido também ensinar’.

Também isto não corresponde à verdade; vejamos porquê. A Palavra declara que na igreja de Cencréia havia uma diaconisa, de facto Paulo disse aos santos de Roma: "Recomendo-vos pois Febe, nossa irmã, a qual é diaconisa na igreja que está em Cencréia. Para que a recebais no Senhor, de modo digno dos santos, e prestai-lhe assistência em qualquer coisa que de vós necessitar; porque ela também tem prestado assistência a muitos, como também a mim mesmo" (Rom. 16:1,2); portanto, uma mulher pode ser feita diaconisa numa igreja, se tem os requisitos necessários. Mas os diáconos não estão encarregados de ensinar a doutrina de Deus, mas de desenvolver variados serviços assistenciais em prol dos santos; eis por que entre os requisitos que um diácono deve ter para assumir este ofício não existe o de ‘apto para ensinar’. É evidente pois que dado que os que são eleitos ao diaconato não têm a tarefa de ensinar a doutrina de Deus, implicitamente também as mulheres que são eleitas para ocupar este ofício não são chamadas a ensinar a doutrina de Deus.

ŸA mulher pode ensinar porque Deus na antiguidade constituiu também mulheres no ofício de profeta’.

Isso não corresponde à verdade, de facto, o ministério de profeta é diferente do de doutor, e o facto de alguém ser profeta não significa que por conseguinte seja apto para ensinar. Débora era profetisa, como o eram Hulda, no tempo do rei Josias, e Ana, nos dias em que nasceu Jesus, mas elas não estavam encarregadas por Deus de ensinar a lei ao povo, porque para isso (segundo a lei) estavam encarregados os sacerdotes Levíticos, de facto Deus disse: "Os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca buscarão a lei" (Mal. 2:7).

Também o profeta Miquéias fez uma distinção entre o ofício do sacerdote e o do profeta, de facto Deus, repreendendo o povo por meio dele, disse: "Os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro" (Miq. 3:11); como podeis ver eram os sacerdotes que ensinavam a lei e não os profetas.

Uma mulher, debaixo da graça, pode ser constituída por Deus profetisa, mas ser profeta não significa estar encarregado de ensinar; uma mulher profetisa, profetiza pelo Espírito quando o Espírito vem sobre ela, e refere as visões e as revelações que Deus lhe dá, mas isto não faz dela uma mulher encarregada de ensinar a doutrina de Deus.

ŸA mulher pode ensinar porque Jesus, quando ressuscitou apareceu primeiro a uma mulher, a Maria Madalena, à qual disse: "Vai para meus irmãos e diz-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17).

Ora, segundo o que está escrito "Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto" (João 20:18), mas não foi ensinar a doutrina aos discípulos do Senhor, e não se tornou daquele dia em diante apta para ensinar, porque Jesus não lhe tinha dado a autoridade de ensinar. Jesus deu esta autoridade aos onze, de facto, quando lhes apareceu sobre um monte da Galiléia disse-lhes: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado" (Mat. 28:19,20).

Para confirmação disto recordo-vos que a Escritura diz que (depois que o Espírito foi derramado sobre a igreja) os crentes "eram perseverantes em atender ao ensinamento dos apóstolos" (Actos 2:42); ela não diz de modo nenhum que havia alguma das mulheres a quem tinha aparecido Jesus a ensinar juntamente com os apóstolos.

ŸA mulher pode ensinar porque Ana era profetisa’.

Ora Ana era uma profetisa que "não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia" (Lucas 2:37), portanto esta devota mulher estava sempre no templo, num lugar santo, onde todos os Judeus se reuniam. Mas Ana no templo não instruía os Judeus ensinando-lhes a lei de Moisés, mas servia a Deus orando e jejuando. E depois, quando chegou na mesma hora em que o menino Jesus foi apresentado ao Senhor, a Escritura diz que "dava graças a Deus, e falava dele a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém" (Lucas 2:38). Significa porventura isto que ela se pôs a ensinar a doutrina de Deus? Mas como se pode afirmar uma tal coisa quando é dito apenas que ela falava do menino? Eu estou convencido que se aquelas mulheres que querem a todo o custo ensinar se pusessem a servir a Deus da mesma maneira em que fazia Ana, ou seja, orando e jejuando, e deixassem de querer ensinar, fariam uma coisa agradável a Deus.

ŸA mulher pode ensinar porque houveram algumas mulheres que cooperaram com o apóstolo Paulo que ensinavam a Palavra de Deus’.

Estas mulheres teriam sido Priscila, Evódia e Síntique porque está escrito: "E quando o ouviram [ a Apolo] Priscila e Áquila, o levaram consigo, e lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus" (Actos 18:26), e também: "Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho..." (Fil. 4:2,3). Ora, se estas passagens quisessem dizer que Priscila, Evódia e Síntique ensinavam a Palavra, isso significaria que Paulo lhes permitia ensinar. Mas então, se é assim, Paulo mentiu a Timóteo, porque lhe disse que ele não permitia à mulher ensinar! Mas se é assim então, quem diz a verdade? Aqueles que sustentam que estas passagens significam que estas mulheres ensinavam ou Paulo? Mas porventura, se poderia dizer que Paulo permitia a algumas mulheres ensinar e a outras não! Mas neste caso como poderia dizer a Timóteo: "Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo com parcialidade" (1 Tim. 5:21)? Os factos são que tanto Priscila como Evódia e Síntique não instruíam a irmandade. No máximo de Priscila pode-se dizer que juntamente com o seu marido disse em privado alguma coisa sobre o novo Caminho a Apolo, mas daqui a dizer que ela instruía publicamente os irmãos como faziam Paulo e os outros apóstolos vai uma grande distância.

Eu estou convencido que vós, irmãs, deveis seguir o exemplo de Maria, a irmã de Marta, "a qual, sentando-se aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra" (Lucas 10:39). Jesus disse de Maria que ela tinha escolhido a boa parte que não lhe seria tirada; o que pelo contrário acontece no seio de muitas igrejas é isto; algumas irmãs não escolheram a boa parte que escolheu Maria, isto é, a de ouvir a palavra de Deus e de aprender em silêncio, mas escolheram uma parte que não se adequa de modo nenhum a elas, isto é, a de ensinar.

 

A proibição de usar autoridade sobre o marido

 

Antes disse que à mulher não é permitido também de usar autoridade sobre o marido; vejamos portanto como uma mulher se deve comportar com o seu marido. Paulo escreveu: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja; sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos" (Ef. 5:22-24), e ainda: "A mulher reverencie o marido" (Ef. 5:33). Ora, a Igreja é a esposa do Cordeiro e ela está sujeita ao seu cabeça que é Cristo Jesus, portanto como a Igreja mostra toda a submissão para com Cristo e não ousa usar autoridade sobre o Cristo de Deus, assim, da mesma maneira, a mulher deve estar submissa ao seu marido.

Um exemplo de mulher submissa ao marido o temos em Sara da qual é dito pela Escritura que "obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor" (1 Ped. 3:6). Cuidai que ela estava sim sujeita a seu marido, mas não era uma escrava de seu marido, mas uma mulher livre, de facto está escrito que "Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre" (Gal. 4:22). Por que digo isto? Porque algumas mulheres consideram que antigamente as mulheres dos patriarcas eram tratadas e consideradas como escravas. As santas mulheres que esperavam em Deus estavam sujeitas aos seus maridos, e por este seu respeitoso comportamento foram rotuladas ‘escravas’. A razão pela qual hoje, muitas mulheres reputam que aquelas santas mulheres fossem escravas reside no facto de para elas ser absurdo, nesta era moderna, submeterem-se ao seu marido como fizeram elas. Hoje, aquilo que deve ser normal para uma mulher fazer é feito passar por inadequado aos tempos, e ultrapassado; portanto não é de admirar ao ver tantas mulheres que não querem submeter-se ao seu marido. Aquelas que apelidam de ‘escravidão’ a obediência e a submissão de Sara em relação a Abraão, não são mais que mulheres que se tornaram escravas de um perverso modo de pensar, e que para sair do laço no qual foram presas devem-se arrepender e obedecer à verdade.

Vivemos no meio de uma geração corrupta e perversa que perverteu os caminhos rectos do Senhor, e aquilo a que se assiste é isto: surgiram muitos movimentos chamados ‘feministas’, os quais na prática, não fazem mais que combater contra Deus porque o objectivo a que se propõem se opõe à sã doutrina de Deus. Aquela que é chamada ‘a luta pela emancipação feminina’ não é mais que uma maquinação de Satanás para destruir o núcleo familiar. Algumas mulheres depois não sabem sequer o que significa ‘emancipar’. Ora, emancipar significa "libertar da servidão, da sujeição"; e a mulher, quando diz querer-se emancipar não quer dizer mais que quer subtrair-se à reverência e à obediência que ela deve dar ao marido ou, se não é ainda casada ao homem. Deus disse à mulher, depois que ela foi enganada e caiu em transgressão: "O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará" (Gen. 3:16); isto o disse Deus, o Criador de todas as coisas, e a mulher que é uma criatura pôs na cabeça anular a Palavra de Deus. Porventura será bem sucedida na sua empresa? De modo nenhum.

Porventura esta sua luta trouxe melhoramentos ao seio da sociedade? De modo nenhum, antes as coisas neste mundo estão indo de mal a pior, e por aquilo que se vê, este esforço da mulher de emancipar-se não está fazendo mais que acelerar o processo de destruição da família. Érro porventura se digo que hoje uma mulher submissa e obediente ao seu marido, é considerada uma tola e uma ignorante? Érro porventura se digo que as feministas nutrem um ódio particular para com a Palavra de Deus, porque ela cala todas as suas pretensões? Érro porventura se digo que estão a aumentar os divórcios e as separações precisamente por culpa de todas as ideias perversas que embandeiram estes movimentos que são comandados pelo diabo? Hoje, a antiga serpente, isto é, Satanás, continua a enganar a mulher; ele começou a fazê-lo no jardim do Éden, e tem continuado a fazê-lo no curso dos séculos. Ele sabe como fazer; ele sabe que é suficiente fazer passar Deus por mentiroso, para fazer cair a mulher em transgressão. O que disse Deus a Adão? "No dia em que dela comeres (do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal), certamente morrerás" (Gen. 2:17); mas o que disse a serpente a Eva? "Certamente não morrereis" (Gen. 3:4), e ela creu, e comeu daquele fruto pensando não morrer, e as trágicas consequências da sua desobediência se continuam a ver depois de milhares de anos.

Irmãs, eu vos exorto a obedecer à Palavra de Deus e a não vos iludirdes, pensando que a liberdade que vos propõem as feministas seja mesmo isso que faz por vós e pelas vossas famílias. A verdadeira liberdade está no Senhor, porque está escrito: "Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade" (2 Cor. 3:17); onde não há o Espírito de Deus, mas há o espírito deste mundo não há nenhuma liberdade, mas só sujeição ao pecado. Irmãs, quereis ser verdadeiramente livres? Permanecei na palavra de Cristo, porque Jesus disse: "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:31,32).

Filhas de Sião, sede dadas aos trabalhos domésticos para fazer com que o vosso marido encontre, quando ele volta cansado do trabalho, a casa limpa e em ordem e os seus indumentos lavados e passados, prontos a serem vestidos; fazei-lhe encontrar um prato saboroso, a fim de recrear o seu espírito depois de um fatigante dia de trabalho; fazei-lhe bem e nunca mal, ele necessita de vós, vós sois a ajuda conveniente que Deus lhe fez e deu; respeitai-o e não o desprezeis (não façais como Mical, a mulher de Davi, que desprezou em seu coração Davi, seu marido, quando o viu saltar e a dançar diante do Senhor; a qual depois, "não teve filhos, até ao dia da sua morte" [2 Sam. 6:23]); mostrai-lhe com factos e em verdade que o amais; sede-lhe fiéis, não sejais conflituosas, não levanteis a voz contra ele; quando passar uma prova, permanecei ao seu lado para sustê-lo, e não façais como a mulher de Jó que quando viu seu marido sofrer lhe disse: "Ainda reténs a tua integridade? Blasfema de Deus, e morre!" (Jó 2:8,9); tende filhos e criai-os, porque esta também é uma boa obra da qual vós vos deveis revestir.

 

As razões destas proibições

 

Agora vejamos por que à mulher não é permitido nem de ensinar e nem de usar autoridade sobre o marido mas lhe é ordenado de permanecer em silêncio.

Paulo diz que é "porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (1 Tim. 2:13,14). Antes de tudo vos recordo que "o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem" (1 Cor. 11:9), de facto, depois que Deus formou Adão, primeiro disse: "Não é bom que o homem esteja só" (Gen. 2:18), e depois formou, com uma costela que tirou ao homem, a mulher; o homem veio antes da mulher porque a mulher não foi formada no mesmo momento em que foi formado o homem, mas posteriormente à sua formação. Deus, operando desta maneira, quis demonstrar a prioridade do homem em relação à mulher.

Mas há uma outra coisa a dizer, por amor da verdade; e é que, no jardim do Éden, não foi enganado Adão mas Eva. Paulo, confirma isto aos Coríntios, quando lhes diz: "A serpente enganou Eva com a sua astúcia" (2 Cor. 11:3); por que é que não está escrito que a serpente enganou Adão com a sua astúcia? Porque não é verdade que a serpente enganou Adão. Seja bem claro, Adão pecou quando comeu o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal conforme está escrito: "Mas eles transgrediram o concerto, como Adão; eles se portaram aleivosamente contra mim" (Os. 6:7), e ainda: "Pela ofensa de um morreram muitos" (Rom. 5:15); mas devemos dizer toda a verdade acerca do que aconteceu no jardim do Éden, dizendo que a serpente enganou Eva e não Adão, de facto quando Deus disse à mulher: "Por que fizeste isto?" (Gen. 3:13), a mulher respondeu: "A serpente me enganou, e eu comi" (Gen. 3:13). Como podeis ver, foi a própria mulher a reconhecer ter sido enganada. Eu estou persuadido que ainda hoje no seio da Igreja de Deus, alguns homens desobedecem aos mandamentos de Deus por causa de mulheres enganadas pela antiga serpente que com as suas palavras suaves e lisonjas conseguem levá-los a andar por caminhos tortuosos, e sabeis o que acontece então? Surge a confusão. Por que é que muitas mulheres não querem mais estar em tudo sujeitas aos seus maridos? Por que é que não querem ser mais dadas aos trabalhos domésticos? Por que é que não querem mais ter filhos, ou se o querem, dizem com muita arrogância: ‘Não mais do que um ou dois!’? Por que é que em vez de fazer aquilo que Deus lhes mandou fazer, querem fazer e fazem precisamente aquilo que não lhes é permitido fazer? Porque a serpente com a sua astúcia conseguiu enganá-las.

Então ó mulheres sede sujeitas aos vossos maridos como convém no Senhor, e não tenhais a presunção de vos pordes a ensinar. Sede humildes e respeitosas e sereis honradas por Deus e por todos os que amam a Deus e o temem. Não ponhais na cabeça nenhuma emancipação feminina, vós com efeito a verdadeira liberdade já a obtivestes, e ela está no Senhor.

 

Uma ulterior palavra sobre a emancipação feminina

 

A emancipação feminina é uma coisa muito amada pelas mulheres deste mundo, porque ela tende a pô-las sobre o mesmo plano do homem tanto na sociedade como no seio da família. Infelizmente porém esta chamada emancipação é amada também por muitas irmãs que querem a todo o custo ser consideradas iguais ao homem e de modo algum inferiores, e por isso não submissas ao homem. Pelo que além de terem também elas querido ir trabalhar para ganhar o seu ordenado mensal (porque só o do marido era reputado não só insuficiente mas também humilhante para elas), quiseram também o púlpito em certas comunidades e de facto estão lá a ensinar e a repreender a irmandade no lugar do homem. Aliás, elas dizem, se em Cristo não há macho nem fêmea por que o ministério de pastor ou o ofício de ancião deve ser reservado só aos homens?!

Antes de tudo me dirijo a vós irmãs que ainda vos atendes à Palavra de Deus: cuidai que este sentimento diabólico não penetre em vós porque é um cancro que leva destruição tanto a vós mesmas, como à família, como à comunidade de que fazeis parte. Sabei que o vosso cabeça é o homem, e sendo casadas ou não sendo casadas vós deveis ser submissas ao homem e como sinal desta submissão quando orais ou profetizais deveis ter a vossa cabeça coberta por um véu. Na família sede sujeitas ao vosso marido e respeitai-o; amai-o e tomai conta dele. Sabei que ele tem necessidade de vós e lhe sois de grande ajuda fazendo os trabalhos domésticos.

E agora para vós irmãs ‘emancipadas’; até quando ireis atrás da vaidade e amareis a mentira? Não é hora de cairdes em vós mesmas e lançardes para longe de vós a soberba deixando de vos sentir iguais ao homem com os mesmos direitos? Mas não vos dais conta que desde que destes ouvidos a esta emancipação vós e as vossas famílias começastes a deteriorar-vos espiritualmente? Mas não vedes como estais nervosas, agitadas, cheias de preocupações e ansiosas? Mas não vedes como descurais o vosso marido e como ele é obrigado a sofrer as funestas consequências desta vossa emancipação? E que dizer dos vossos filhos? Não vedes que crescem mal porque durante o dia não estais com eles mas os vedes só à noite pelo jantar? Deixai pois de vos iludir e sede como diz a Palavra, isto é, sujeitas aos vossos maridos e dadas aos trabalhos domésticos. Licenciai-vos portanto do vosso posto de trabalho e ponde-vos a trabalhar em vossa casa onde há já muito trabalho para vós por fazer. Vereis então que o único dinheiro que vosso marido leva para casa é suficiente para viver, e em nada humilhante para vós.

Uma palavra agora aos irmãos que não estão de acordo com a emancipação feminina. Continuai a aborrecê-la; não importa se sereis etiquetados machistas, anti-feministas, egoístas, etc. para o bem das vossas mulheres e das vossas famílias.

Aos que pelo contrário estão de acordo digo antes: deixai de apoiá-la. Mas não vos dais conta do mal que ela trouxe à sociedade e à vossa família? Mas não vedes o mal que trouxe para a igreja?

 

Orar ou profetizar por parte da mulher com a cabeça descoberta

 

Paulo diz aos Coríntios: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas toda a mulher que ora ou profetiza sem ter a cabeça coberta por um véu, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Porque se a mulher não se cobre com véu, corte os cabelos também. Mas, se para a mulher é coisa indecente cortar os cabelos ou rapar-se, que ponha o véu. O homem pois não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Por isso, a mulher, por causa dos anjos, deve ter sobre a cabeça um sinal da autoridade da qual depende. Todavia, no Senhor, nem a mulher é sem o homem, nem o homem sem a mulher. Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem existe por meio da mulher, e todas as coisas são por Deus. Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus" (1 Cor. 11:3-16).

Irmã, sabe que a tua cabeça, a autoridade da qual tu dependes é o homem. Seja se és uma jovem ainda não casada, seja se és casada, ou seja se és viúva, sabe que tu dependes de uma autoridade, de um cabeça, que é o homem. Tu deves ter pois sobre a cabeça, quando oras ou quando profetizas, um sinal da autoridade da qual tu dependes e isto por causa dos anjos; e este sinal que tu deves ter sobre a tua cabeça é o véu que te aconselho a prendê-lo bem à frente para impedir que te caia. Tu me dirás: ‘Mas o que faço de mal se não o ponho?’ Te respondo. Se tu não tens a tua cabeça coberta com um véu, quando oras ou profetizas, desonras a tua cabeça, ou seja, o homem, (em outras palavras o privas da honra que ele é digno de receber de ti). Reconhece pois que algo de mal tu fazes em não cobrir a tua cabeça quando oras ou profetizas, e não só no local de culto naturalmente mas também quando oras ou profetizas num outro lugar que não é o local de culto, porque o teu cabeça continua a ser o homem e os anjos continuam a observar-te, também fora do local de culto.

 

Respostas às mais frequentes objecções

 

ŸAs palavras de Paulo sobre o véu são um conselho’.

As palavras de Paulo sobre o véu não são um conselho. Paulo diz de facto: "A mulher, por causa dos anjos, deve ter sobre a cabeça um sinal da autoridade da qual depende" (1 Cor. 11:10). Aquele "deve" não sugere de modo nenhum a ideia do conselho. Paulo dá um conselho quando diz ainda aos Coríntios: "E nisto dou o meu parecer; pois isto convém a vós que, desde o ano passado, começastes; e não foi só praticar, mas também querer. Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes" (2 Cor. 8:10-11), mas não certamente quando fala do véu. Eu estou convencido que muitas irmãs se no posto de trabalho onde estão, o patrão lhes dissesse que devem vir trabalhar com um véu sobre a cabeça ou com um particular chapéu então seguiriam logo a ordem por medo de criar inimizade com o patrão. Mas neste caso, Deus deu-lhes através de Paulo a ordem de cobrir a cabeça com um véu quando oram ou profetizam e elas não querem obedecer. É um conselho, dizem elas, quando pelo contrário é uma ordem, e não de um homem mas do Patrão dos céus e da terra e da sua vida. Isto significa que elas temem mais os homens que a Deus; têm mais medo da punição de um empregador do que da punição d`Aquele que lhes dá a vida e a respiração e todas as coisas. Fica-se verdadeiramente maravilhado e indignado ao ver isto. Estou também convencido que muitas irmãs que não querem pôr o véu, se amanhã saísse a moda de cobrir a cabeça com um véu o iriam logo comprar e a correr para não parecerem anticonformistas. Mas vendo bem ainda o caso, pôr um véu sobre a cabeça é um santo costume que encontra fundamento no Novo Testamento que é Palavra de Deus, e que até a igreja existir sobre a terra deverá ser seguido, e elas se mostram indiferentes a ele. Não querem parecer arcaicas, não querem parecer mulheres que se conformam à letra com o que Paulo diz. Portanto elas querem parecer anticonformistas em relação à Palavra de Deus mas não anticonformistas em relação à moda deste mundo mau! Quantos paradoxos somos obrigados a ver com os nossos olhos!

ŸA ordem de Paulo sobre o véu tinha apenas uma aplicação local e temporária’.

Isso não emerge de modo nenhum de uma leitura atenta de todo o contexto. De facto, lê-se nas palavras de Paulo que a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal da autoridade da qual depende, isto é, o véu "por causa dos anjos".

Ora, nós dizemos, os anjos de Deus observavam só os santos de Corinto, ou observavam também os de Éfeso, ou os de Tessalónica, e os de todos os outros lugares daquele tempo? Consideramos que a resposta seja que os anjos observavam todos os santos em qualquer sítio que eles se encontrassem. Assim sendo o véu as irmãs o deviam pôr quando oravam ou quando profetizavam também em Éfeso, em Tessalónica, e em todos os outros lugares, porque também nestes outros lugares deviam mostrar aos anjos de Deus um sinal de autoridade da qual dependiam. E que é assim é confirmado pelo facto de Paulo dizer a respeito do véu que as igrejas de Deus (portanto não apenas a de Corinto) não tinham o costume de fazer orar a mulher com a cabeça descoberta. Mas há uma outra pergunta que queremos fazer: os anjos de Deus com a morte de Paulo ou dos outros apóstolos, deixaram de observar as igrejas de Deus? A resposta é não, então a mulher deve ainda cobrir a cabeça por causa dos anjos, seja quando ora ou quando profetiza (dentro ou fora do local de culto). E se não o faz? A Escritura diz que ela "desonra a sua própria cabeça", ou seja o homem porque Paulo diz que a cabeça da mulher é o homem.

Para confirmar que a ordem do véu para a mulher quando esta ora ou profetiza não tem de modo nenhum uma óbvia aplicação local e temporal, quero fazer-vos notar uma outra ordem transmitida por Paulo ainda no mesmo contexto em que fala do véu da mulher. É a ordem para o homem de não cobrir a cabeça conforme está escrito: "O homem pois não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus", cuja transgressão desonra ainda alguém; neste caso porém é desonrado Cristo Jesus porque Paulo diz que "todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça", que é Cristo. Por que é que esta ordem dada para o homem confirma que a ordem sobre o véu para a mulher não podia ser apenas para aquele lugar e para aquele tempo? Porque ainda hoje os homens que creram, quando se devem pôr a orar, se têm a cabeça coberta por um chapéu, sentem a necessidade de descobrir a cabeça, e se pelo contrário têm a cabeça descoberta não sentem a necessidade de cobri-la. Porquê isto? Porque sentem dentro deles que se se pusessem a orar com a cabeça coberta desonrariam o Senhor o que confirma plenamente o que Paulo diz aos Coríntios. E se orassem ou profetizassem com a cabeça coberta, de certo a consciência os repreenderia logo. Quero contar a tal propósito o que me sucedeu uma vez. Durante o serviço militar (eu fiz o serviço militar quando ainda era um menino em Cristo e não entendia que nós crentes em obediência ao Evangelho não devemos aprender a guerra) eu levava muitas vezes para a caserna a boina que me tinha sido dada; boina que procurava sempre tirar quando tinha que orar antes de comer na cantina. Numa ocasião porém, talvez tomado pela pressa ou porque estava distraído, esqueci-me de a tirar e me pus na mesma a orar. Mas depois que orei, dado que me apercebi que não tinha tirado o chapéu como fazia sempre, senti a minha consciência a repreender-me porque eu sabia que com base nas palavras da Escritura tinha desonrado Cristo. Confessei pois o meu pecado ao Senhor propondo-me a não cair mais no mesmo erro. Se pois nós homens orando ou profetizando com a cabeça coberta desonramos Cristo, devemos nos abster de orar ou profetizar com a cabeça coberta. Recordo-vos que Cristo é digno de toda a honra sendo o Senhor dos senhores, e o Rei dos reis, cabeça suprema da Igreja, e que por isso não lhe deve ser tirada alguma honra. Porventura algum homem crente pensará que no fundo, no fundo, desonrar Cristo não é assim tão grave; pelo que quero recordar a este que Jesus disse aos Judeus: "Quem não honra o Filho, não honra o Pai …" (João 5:23). Numa outra ocasião, precisamente quando os Judeus o injuriaram dizendo: "Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio?" (João 8:48), Jesus disse-lhes: "Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais" (João 8:49). Aquele "vós me desonrais" dito depois daquela injúria indica que também os homens que injuriam Cristo o desonram. Se então Jesus repreendeu os Judeus por tê-lo desonrado, de certo repreenderá também os seus discípulos se o desonrarem orando ou profetizando com a cabeça coberta. Se portanto a ordem dirigida ao homem de não orar ou profetizar com a cabeça coberta, é ainda hoje válida, deve ser ainda hoje válida também a dirigida à mulher de orar ou profetizar com a cabeça coberta para não desonrar o homem. Exorto-vos pois no Senhor ó mulheres a cobrirem a cabeça com um véu quando orais ou profetizais. Não sejais contenciosas ó filhas de Sião.

ŸO cabelo crescido que a mulher tem lhe foi dado em lugar de véu, portanto tendo os cabelos compridos ela não tem necessidade de cobrir a cabeça com um véu’.

Ter o cabelo crescido é certamente uma honra para uma mulher, mas não é o sinal da autoridade da qual ela depende e que os anjos devem ver, porque o cabelo crescido lhe foi "dado em lugar de véu" (1 Cor. 11:15) - ‘em lugar’ significa ‘em semelhança’ -. Por isso à pergunta de Paulo: "É decente que a mulher ore a Deus descoberta?" (1 Cor. 11:13) nós respondemos que não é uma coisa decente para uma mulher orar a Deus descoberta [mesmo se ela tem o cabelo crescido].

ŸMas então as irmãs devem andar sempre cobertas com um véu como as mulheres árabes, fazendo ver só os olhos ou só a cara?’

Não é isto que diz a Palavra de Deus. Antes de tudo ela diz que a mulher deve cobrir a cabeça apenas quando ora ou profetiza e não sempre. Certo é porém que se uma irmã ora continuamente ou muitas vezes é justo que tenha o véu sobre a cabeça também quando faz os trabalhos domésticos etc. E depois deve ser dito que Paulo não diz que a mulher deve cobrir a cara como é dito às mulheres árabes, mas apenas a cabeça pelo que o importante é que a cabeça seja coberta, quanto ao resto os olhos e a cara podem permanecer tranquilamente descobertos.

ŸMas então uma irmã que não põe o véu vai para o inferno? Não é mais uma irmã?

Não, de modo nenhum, uma mulher em Cristo permanece uma irmã mesmo se ora ou profetiza com a cabeça descoberta, mas permanece o facto que agindo assim mostra não querer obedecer à Palavra de Deus a respeito desta particular ordem que lhe diz respeito pelo que ela se mostra uma rebelde para com Deus. E Deus não se compraz em nenhuma forma de rebelião porque Ele é justo. Portanto há a punição? Sim, por certo também esta rebelião Deus não a deixa impune.

Concluo a respeito deste assunto com as palavras de Paulo: "Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus" (1 Cor. 11:16).

 

Orar ou profetizar por parte do homem com a cabeça coberta

 

Como disse pouco atrás, enquanto para a mulher há a ordem de orar ou profetizar com a cabeça coberta para não desonrar a sua cabeça, ou seja, o homem, para o homem há a ordem de não cobrir a cabeça quando ora ou profetiza, de facto Paulo diz que "o homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus" (1 Cor. 11:7) e ainda que "todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça" (1 Cor. 11:4), ou seja, Cristo. Portanto irmãos, lembrai-vos de tirar o chapéu ou qualquer outra coisa que tendes sobre a cabeça antes de orar ou quando profetizais para não desonrar Cristo Jesus.

 

A falta de afecto e de respeito para com a própria mulher

 

Cada um deve amar a sua própria mulher como a si mesmo e respeitá-la, de facto Pedro diz aos maridos: "Vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações" (1 Ped. 3:7) e Paulo: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela..." (Ef. 5:25). Por conseguinte, irmãos, não deveis levantar as mãos sobre a vossa mulher para lhe bater, não deveis atirar contra ela objectos, não deveis dizer-lhe palavrões ou falar para ela como se fosse um animal, não deveis difamá-la, não deveis desprezá-la porque é uma mulher, e não deveis pensar que ela tenha só deveres para convosco, porque ela tem também direitos segundo a Escritura. E ai daqueles maridos que pisam os direitos da sua mulher; levarão a pena da sua soberba!

 

A falta de respeito para com os anciãos

 

Está escrito: "Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do velho.." (Lev. 19:32), por isso irmãos jovens não falteis ao respeito aos anciãos. O apóstolo Pedro diz aos mais jovens para estarem sujeitos aos anciãos (cfr. 1 Ped. 5:5). A vida é uma roda; quem hoje é ancião um dia foi jovem, e quem hoje é jovem um dia será também ele ancião. Os mais jovens pois devem considerar que como eles quererão ser respeitados pelos mais jovens quando forem anciãos, assim devem fazer agora com os que já são anciãos. E se recordem das palavras do profeta: "Como tu fizeste, assim se fará contigo" (Oba. 15).

 

A falta de respeito para com as autoridades

 

Não é nada difícil encontrar pessoas do mundo que dizem mal das autoridades escarnecendo delas ou ultrajando-as; e que queriam que vós vos juntásseis a eles nesta obra difamatória contra as autoridades. Eu vos exorto a não vos unirdes a tais pessoas nas suas maldições porque não é justo diante de Deus. A Escritura diz de facto que devemos dar "a quem honra, honra" (Rom. 13:7) e as autoridades são dignas de serem honradas porque foi Deus que as estabeleceu para o nosso bem. Também quando sucedem escândalos por seu meio nos devemos guardar de ultrajá-las porque ultrajar o próximo não se adequa aos santos. Considerai que a Escritura repreende aqueles que dizem mal da/das dignidades, isto é, o diabo e todos os seus ministros invisíveis dizendo: "..Vituperam as dignidades. Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda" (Judas 8-9) e ainda: "Atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades; enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor" (2 Ped. 2:10-11). Se portanto a Escritura repreende aqueles que ultrajam o diabo que é o maligno e o inimigo dos crentes; não é de admirar se ela repreende também aqueles que dizem mal das autoridades terrenas mesmo quando elas erram. Cuidai de vós mesmos e resplandecei como luminares no meio desta geração de maldizentes. Lembrai-vos que com quem se diz irmão mas é um maldizente não deveis nem sequer comer (cfr. 1 Cor. 5: 11).

 

Pôr à venda coisas que concernem ao reino de Deus

 

Jesus quando enviou os seus doze apóstolos a pregar o reino de Deus com o poder de expulsar os espíritos malignos e de curar os doentes e de ressuscitar os mortos disse-lhes entre ouras coisas: "De graça recebestes, de graça dai" (Mat. 10:8). Que significam estas palavras? Que Jesus disse aos seus discípulos que dado que eles tinham recebido gratuitamente o Evangelho e o poder de curar deviam também dar gratuitamente aos outros o que eles tinham recebido, e portanto sem pedir compensações ou estabelecer tarifas para uma sua pregação, uma cura, uma ressurreição de um morto, uma libertação de um endemoninhado e por aí fora. Com base nestas palavras de Jesus é portanto pecado pôr à venda a Bíblia, livros de cânticos espirituais, livros de ensinamentos, como também (para quem as faz) cassetes com gravações de pregações ou cânticos a Deus. Não pode ser doutra forma; porque se não se aceita que um pastor diga que quer 30 € ou 60 € por uma hora de pregação, ou 15 € para orar por um doente, ou 10 € por cada sua visita a um crente doente, da mesma maneira não se pode aceitar que crentes ponham à venda a Bíblia, e tudo o que possa contribuir à edificação espiritual da igreja. Exorto portanto todos aqueles que ainda põem à venda Bíblias ou outro material de edificação espiritual para a igreja de deixar de fazer este comércio: dai todas as coisas de graça tendo confiança que Deus vos proverá tudo o que necessitais para viver junto às vossas famílias e para difundir a sua palavra. Encorajo pelo contrário aqueles que já dão de graça a continuar a agir desta maneira porque isso é agradável a Deus. Sede fortes e não vos deixeis assustar por nada nem por ninguém.

 

A passagem do cestinho das ofertas

 

Em quase todas as comunidades ou pouco depois do início do culto ou antes de terminar é feito passar o cestinho ou em algumas o prato das ofertas. Este modo de recolher as ofertas dos santos não é confirmado por nenhuma passagem da Escritura, nem do Antigo Testamento, e nem do Novo e por isso eu vos exorto a não utilizar este método que se assemelha mais a um peditório que a uma recolha das ofertas dos santos, e que deve ser dito tem escandalizado não poucas pessoas do mundo que vão ao local de culto para ouvir a pregação do Evangelho. ‘Eles também pedem dinheiro como os padres!’, dizem alguns; outros dizem antes: ‘Sim a entrada é gratuita mas só em palavras porque depois metem o cestinho das ofertas diante de ti para que tu lhes pagues’. Mas vejamos agora qual é a maneira justa para recolher as ofertas das mãos dos crentes, segundo a Escritura.

Quando Deus mandou aos Israelitas para que lhe construíssem um santuário disse a Moisés: "Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. E esta é a oferta alçada que recebereis deles: ouro, e prata, e cobre, e azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabras, e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso, pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral. E me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Ex. 25:1-8). Depois de ter recebido esta ordem Moisés a comunicou ao povo, de facto está escrito que lhe disse: "Falou mais Moisés a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo: Tomai do que tendes, uma oferta para o Senhor; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao Senhor:...." (Ex. 35:4-5). E o povo assim fez, de facto está escrito pouco depois: "Então toda a congregação dos filhos de Israel saiu da presença de Moisés, e veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes santas... Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse pela mão de Moisés; assim os filhos de Israel trouxeram por oferta voluntária ao Senhor" (Ex. 35:20,29). E se tenha presente que o povo trouxe muito mais do que aquilo que era necessário tanto que Moisés teve que ordenar para não trazerem mais conforme está escrito: "Então mandou Moisés que proclamassem por todo o arraial, dizendo: Nenhum homem, nem mulher, faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais, porque tinham material bastante para toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava" (Ex. 36:6,7).

Quando o rei Ezequias restabeleceu as classes dos sacerdotes e dos Levitas nas suas funções "ordenou ao povo, que morava em Jerusalém, que desse a parte dos sacerdotes e levitas, para que eles pudessem se dedicar à lei do Senhor. E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram muitas primícias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo o produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância. E os filhos de Israel e de Judá, que habitavam nas cidades de Judá, também trouxeram dízimos dos bois e das ovelhas, e dízimos das coisas dedicadas que foram consagradas ao Senhor seu Deus; e fizeram muitos montões" (2 Cron. 31:4-6). Citei este facto não para apoiar o pagamento do dízimo debaixo da graça, que não é obrigatório, mas apenas para explicar qual é a maneira justa para recolher as ofertas dos crentes.

Em Jerusalém está escrito que todos "os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos...." (Actos 4:34-35).

Quando Paulo ordenou a colecta para os pobres dentre os santos disse aos Coríntios: "No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar" (1 Cor. 16:1-2). Por quanto respeita a esta última passagem aos Coríntios que é tomada para sustentar a passagem do cestinho no local de culto, faço notar que a oferta devia ser posta de parte na própria casa dos santos para depois ser recolhida pelos apóstolos e não devia ser posta num cestinho que passava no local de culto.

Como se pode bem ver em nenhum destes casos está escrito que era feito passar um cestinho ou um bidão ou algum outro contentor entre as pessoas que eram chamadas a dar para a obra de Deus.

E se não bastassem todas estas escrituras para perceber que é errado fazer passar o cestinho das ofertas entre os santos ou entre as pessoas do mundo depois de ter pregado o Evangelho, vos recordo irmãos do modo de agir de Jesus o nosso Senhor. Ele andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia anunciando a boa nova do reino de Deus, ensinando, expulsando demónios e curando as doenças, mas nunca pediu dinheiro depois ou antes de ter pregado fazendo passar os seus discípulos com um cesto entre as milhares de pessoas que se aglomeravam junto dele para ouvir a palavra de Deus. Porventura as pessoas não deram ofertas para sustentá-lo?’ Certamente que lhe fizeram ofertas tanto é verdade que muitas mulheres o assistiam com os seus bens, e entre os seus discípulos Judas tinha a bolsa (cfr. João 12:6) onde eram postas as ofertas voluntárias dos seus discípulos. E o mesmo comportamento o tiveram também os seus apóstolos porque também eles depois de ter pregado não faziam passar o cestinho das ofertas entre os ouvintes fossem eles crentes ou não crentes. Se leiam atentamente o livro dos actos dos apóstolos e todas as epístolas e não se encontrará uma só passagem que fale a favor de uma passagem do cestinho das ofertas no local de culto ou em ocasião de evangelizações com a tenda. Quem tem ouvidos para ouvir ouça.

Mas por que motivo a passagem do cestinho não é uma maneira correcta de recolher as ofertas no local de culto (que pode ser também a habitação de um irmão)?

Ÿ Porque alguns se sentem forçados a dar e segundo a Escritura o crente não deve dar por necessidade mas voluntariamente com um coração alegre conforme o que Paulo diz: ".. não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria" (2 Cor. 9:7) e não é justo forçar ninguém porque doutra forma a oferta não é mais feita voluntariamente mas de má vontade com tristeza e se há uma coisa fastidiosa e desgostosa de ver no meio da irmandade são aqueles crentes avarentos que dão só para se fazerem ver pelos outros que dão voluntariamente (e portanto com tristeza), mas é tudo apenas um acto de hipocrisia e mais nada. Estes que mantenham o seu dinheiro no bolso para que não possam ser ouvidos a se lamentarem fora do local de culto como se se tivessem privado de alguma coisa para sustentar a obra de um homem ou uma obra inútil e não a obra de Deus útil aos homens.

Ÿ Porque fazendo passar o cestinho não se pode pôr à prova o amor dos crentes para ver se têm verdadeiramente no coração a obra de Deus porque se pode sempre pensar que alguns as ofertas as fazem só porque não querem ser vistos que não as fazem.

Ÿ Porque se assemelha a uma forma de peditório; semelhante ao daqueles que no metro se põem a tocar uma flauta ou um violino ou um acordeão e que depois de terem tocado por algum tempo a sua peça musical passam com um contentor para recolher a esmola.

Ÿ Porque é como se o pastor dissesse depois de ter pregado: ‘Fiz-te a pregação? Agora, paga-me’. Em outras palavras a pregação se assemelha mais a uma missa à venda que a um serviço oferecido desinteressadamente aos homens.

Ÿ Porque podem haver incrédulos no meio dos santos que ficariam escandalizados ao ver aquele cestinho circular e a passar diante deles: como já sucedeu.

Mas então qual é a maneira correcta para recolher as ofertas dos santos? Esta: que se ponha num canto do local de culto uma caixa das ofertas e se diga aos crentes que quem está disposto a fazer uma oferta para a obra de Deus a deve pôr naquela caixa. Alguém porventura dirá: Mas se fazemos assim muitos irmãos se esquecerão de dar! Não creio, porque o Espírito Santo lhes lembrará o preceito de Jesus que diz para dar. Porventura não disse Jesus: "Esse.. vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (João 14:26)? Em que acreditais? Que o Espírito Santo só lembra de ir ao local de culto mas não de dar para a obra de Deus?

 

Chegar tarde às reuniões dos santos

 

Há alguns que têm o hábito de chegar às reuniões dos santos atrasados: é um mau hábito não o imiteis. Antes procurai chegar sempre antecipadamente às santas reuniões lembrando-vos que ides encontrar membros do corpo de Cristo para a edificação comum e para glorificar juntos a Deus. Se a gente do mundo chega horas antes ao estádio ou ao pavilhão para assistir a um jogo, se aqueles que praticam as missas negras procuram chegar antecipadamente para glorificar satanás o seu senhor, se na escola todos procuram estar na sala à hora fixada para o início da aula, quanto mais os santos devem procurar chegar a todos os custos a tempo.

 

Dormir no culto

 

Naquelas comunidades que têm culto aos Domingos à tarde não é raro ver alguém que durante a pregação da Palavra adormece no banco. Esta é uma obra do diabo que não quer que os crentes escutem a Palavra de Deus. Por que não quer? Porque pelo ouvir a palavra vem a fé e mediante a pregação da Palavra a alma é edificada. Reprovai esta obra do inimigo; e cuidai de vós mesmos a fim de não cairdes vítimas desta armadilha diabólica. Eu vos aconselho a comer moderadamente ao almoço a fim de estardes sóbrios pelo horário do culto.

 

Fazer ruídos durante o culto

 

O diabo além de fazer adormecer alguns faz fazer também ruídos durante o culto para distrair quem ouve a palavra de Deus ou quem ora ou quem canta. Há quem gira nas suas mãos um molho de chaves, quem não está quieto no seu banco porque ou se põe a falar com quem está ao lado ou à frente ou atrás, quem se põe a distribuir caramelos aos meninos, e quem com a pastilha elástica na boca faz girar a sua mandíbula como uma roda. Cuidai de vós mesmos irmãos e reprovai estas coisas. Estai concentrados durante o culto.

 

O vestuário inconveniente (tanto feminino como masculino), e outras coisas inconvenientes concernentes ao ornamento exterior e à postura

 

Vós, irmãos e irmãs no Senhor, sendo a luz do mundo e o sal da terra, deveis ser um exemplo também no vestir para os do mundo. E para fazer isso é necessário não se conformarem ao presente século, isto é, não se adequarem à moda, e observar os mandamentos de Deus. E quando se fala da moda deste mundo mau importa ter sempre presente que ela é provocante, custosa, sem pudor, porque assim agrada aos filhos deste século.

Vejamos portanto agora o que uma crente e um crente não deve usar e como se deve vestir para servir de exemplo. Anteponho que este discurso não faz alguma distinção entre como nos devemos vestir quando vamos ao culto ou quando vamos para o trabalho ou para a escola, ou entre como nos devemos vestir no inverno ou no verão. É inconcebível de facto que possa haver uma diferença - quanto ao pudor e à modéstia - entre como nos devemos vestir dentro do local de culto e fora, ou no inverno e no verão. A única diferença admitida é a diferença de peso das roupas, porque é evidente que as roupas que se vestem de inverno não podem ser vestidas de verão. Então neste caso muda só o peso dos vestidos porque muda o tecido com que são feitos. O crente ou a crente é o templo de Deus em qualquer sítio que se encontre sobre a face da terra e em qualquer dia do ano.

 

Para a mulher

 

Por quanto respeita ao adorno de uma mulher o apóstolo Paulo diz: "As mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus" (1 Tim. 2:9-10), e Pedro o confirma dizendo às mulheres: "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito benigno e pacífico, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam antigamente também as santas mulheres que esperavam em Deus...." (1 Ped. 3:3-5).

Começamos agora por falar das principais vestimentas que uma mulher crente não deve vestir. Ela não deve usar camisas aderentes, transparentes, decotadas, com mangas curtas ou sem mangas, ou feitas com tecidos muito custosos; não deve vestir calças (seja de homem ou de mulher) mini-saia, ou saia que chega até ao joelho para evitar que quando se sente mostre as partes do corpo que devem permanecer cobertas, ou saias justas, ou saias com rachas, ou feitas com tecidos muito custosos; além disso não deve usar meias em rede e também sapatos de tacões altos ou prateados e dourados. Todas estas coisas não convêm a uma mulher que faz profissão de servir a Deus porque fazem a mulher provocante e altiva. A mulher use saias longas que cheguem aos tornozelos e que tenham pudor e sejam modestas; camisas que tenham pudor e modestas e também sapatos que sejam modestos.

Por quanto respeita a jóias de ouro ou prata ela não as deve usar nem ao pescoço, nem nas orelhas, nem nos pulsos e nem nos dedos. Entre os anéis naturalmente está também o matrimonial, cujo uso, além de mais, se baseia numa superstição que se pode encontrar mencionada num dos muitos dicionários de superstições. A superstição - como já dito - diz que o quarto dedo da mão esquerda está em directa relação com o coração por uma veia que deste dedo comunica com o próprio coração. Isto explica por que a fé matrimonial se enfia no anelar esquerdo, dedo antecipadamente escolhido para trazer o anel da união. Também as pérolas devem ser banidas do adorno.

Por quanto respeita a maquiagem uma mulher crente a deve banir; por isso não deve pôr Rímel nos olhos, creme colorante na cara, e batom nos lábios. Na Bíblia se diz que Jezabel, a mulher de Acabe, que era uma mulher má pintou-se em volta dos olhos (cfr. 2 Re 9:30). E nem perfume porque distrai grandemente o homem e o atrai a ela.

Pelo que respeita à cabeça, não deve cortar o cabelo, porque é coisa indecente para uma mulher cortar o cabelo como o homem (tende presente que se uma mulher tem o cabelo crescido isso é para ela uma honra), e também não deve pentear o cabelo com tranças ou fazendo a chamada permanente, e não deve também pintar o cabelo. A mulher não use óculos de sol que não fazem mais do que a tornarem altiva. E quando ora ou profetiza tenha a cabeça coberta por um véu, porque doutra forma desonra a sua cabeça, isto é, o homem.

Por quanto respeita à postura, a mulher quando se senta não se ponha com as pernas cruzadas ou abertas, a fim de não provocar o homem. E não ponha na boca pastilha elástica para a mastigar movendo de maneira provocante e sensual os lábios.

 

Para o homem

 

Vejamos agora o homem porque muitos costureiros deste século pensaram em fazer provocante também ele.

Na lei está escrito: "Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus" (Deut. 22:5). Ora, esta é a única passagem da Escritura que faz referência de maneira clara a como o homem não se deve vestir; começaremos portanto por ela. Tempo atrás me ocorreu ler algumas palavras de alguns famosos costureiros a respeito da moda masculina; na substância eles diziam que o homem deste tempo deve parecer mais mulher na sua postura e que por isso a moda masculina deve contribuir para efeminá-lo. É supérfluo dizer que os que falam desta maneira são ou efeminados ou sodomitas. E assim sob o impulso destes famosos costureiros que estão debaixo do poder do diabo, surgiram muitos trajes masculinos que se assemelham a trajes femininos seja no corte, como nas cores. Da palavra de Deus, estes não fazem algum caso dela, antes é necessário dizer que fazem dela abertamente troça. Esta é a razão pela qual os crentes, sobretudo os jovens porque a moda se dirige sobretudo a eles, devem estar muito atentos às coisas que vestem porque diversos principais vestuários masculinos estão contagiados por esta perversa tendência que tem como objectivo este: fazer o homem mais mulher e mais frívolo.

Antes de começar a falar em detalhe de todas aquelas principais vestimentas masculinas que os crentes não devem vestir quero fazer-vos presente que não é só a mulher que procura atrair o homem fazendo uso do seu vestuário, mas também o homem. Lembrai-vos que muitos daqueles que desenham as principais vestimentas masculinas são homens que fazem diligentes pesquisas entre as mulheres a fim de descobrir o que possa num traje masculino chamar mais atenção de uma mulher. Não subvalorizeis estas coisas irmãos: não ignoreis as maquinações do diabo.

Começamos pelas camisas; os homens não devem usar todas as camisas cor-de-rosa ou amarelas ou as camisas que têm estampado sobre elas todos aqueles estranhos e sugestivos desenhos porque elas tendem a atrair o olhar das mulheres. As camisas que os homens devem vestir não devem ser tão aderentes a pôr à mostra os músculos do busto e dos braços; sei que a muitos crentes agrada pôr em evidência a sua musculatura desta maneira; irmãos abstei-vos disto, é inconveniente. Também as camisas do homem não devem ser feitas de tecidos muito custosos; a soberba da vida não é do Pai mas do mundo.

Pelo que respeita à gravata ela representa não só algo de supérfluo mas também algo que faz o homem mais ‘alto’ e por isso não a ponhais. Ponde lado a lado um homem com gravata e um sem gravata e notareis a diferença; ela é muito procurada, em alguns lugares mesmo imposta; mas para que serve? O cinto das calças ao menos serve para manter as calças presas à cintura e para não as deixar cair, mas qual é a utilidade da gravata? A utilidade, se assim a podemos chamar, da gravata, especialmente a da moda, ela tem, e é a de contribuir para fazer o homem atraente. Hoje, não é difícil encontrar crentes que se esquecem em casa da Bíblia mas não se esquecem em casa da sua pomposa e extravagante gravata! Quanta soberba, muitos estão orgulhosos de mostrar com as suas gravatas! As têm verdadeiramente de todas as cores e de todos os tipos; sempre uma nova, sempre uma mais custosa!

Pelo que respeita às calças, elas não devem ser nem demasiado largas nem demasiado estreitas; no primeiro caso porque tendem a efeminar o homem (aquilo a que se propõem muitos costureiros), no segundo põem à mostra todas as curvas de um homem fazendo-o provocante e atraente. Se a mulher não deve usar mini-saia os homens não devem usar mini-calças (calções e bermudas) tão em voga durante o verão, porque é uma coisa inconveniente também para o homem mostrar as suas coxas e as suas pernas.

Pelo que respeita aos sapatos é necessário dizer que eles não devem ser sapatos luxuosos feitos de pele de crocodilo ou de qualquer outro material muito custoso. O homem se vista também ele com pudor e modéstia, a fim de glorificar a Deus também com o seu corpo.

Pelo que respeita a jóias, também os homens não as devem usar; portanto nada de voltas ao pescoço, nada de pulseiras nos pulsos, nada de brincos nas orelhas, nada de anéis nos dedos.

Pelo que respeita ao cabelo, também o homem não deve fazer a permanente, também ele não o deve pintar. E como o cabelo crescido para o homem é uma desonra e não uma honra, ele não deve deixar crescer o cabelo como uma mulher, não deve deixar crescer até fazer rabo de cavalo, e não deve também rapar as partes laterais da cabeça e deixar a parte superior como fazem hoje muitos jovens do mundo. Também o homem não deve usar óculos de sol. E perfume porque distrai a mulher e a atrai a ele. E quando ora ou profetiza não tenha nenhum tipo de chapéu porque doutra forma desonra a sua cabeça, ou seja, Cristo.

Por quanto respeita à postura, o homem não deve ter a sua camisa aberta de maneira a mostrar o peito; deve-se abster de se pôr com as pernas cruzadas tanto no local de culto como fora; quando faz calor não se deve pôr em tronco nu na presença de outros porque isso é um mau costume.

 

Respostas às principais objecções

 

ŸMas Deus olha ao coração!

É verdade, mas é também verdade que ele não olha só ao coração, no sentido que cuida também da forma como nós nos vestimos, e se com o nosso vestuário não honramos o nosso corpo e a sua santa doutrina, ele não se compraz de nós. Se de facto Deus olhasse só ao coração não teria dito pela boca de Paulo como deve vestir-se a mulher, e nem teria dito através de Moisés que a mulher não se deve vestir como um homem, e o homem como uma mulher. Não vos parece? Mas então, se assim é, nós poderemos também ir ao culto ou para o trabalho, completamente nus. O Senhor olha ao coração!!! Mas evidentemente não podemos fazer uma semelhante coisa porque sabemos que isso é abominação para Deus. E depois dizei-me uma coisa vós irmãs: ‘Mas se Deus olha ao coração, os homens para o que olham?’ A mim não me parece que os homens quando vos vêem andar de mini-saia ou decotadas ou com roupa justa olham ao vosso coração! Olharão para tudo menos para o vosso coração! O vosso coração para eles não importa absolutamente nada, e repito absolutamente nada!! Eis pois o ponto, os homens olham o vosso corpo. Portanto, sabendo que os homens se sentem atraídos pela mulher, e que quando vos vêem a primeira coisa sobre a qual pousa os seus olhos é o vosso corpo, deveis estar atentas ao que pondes sobre o vosso corpo porque evidentemente quanto menos cobertas estiverdes mais expostas estareis aos seus descarados comentários e aos seus penetrantes e provocantes olhares. Vós portanto deveis fazer de tudo para não atrair o olhar dos homens a vós mediante o vosso vestuário e qualquer outra coisa que possa contribuir para atrair o seu olhar luxurioso. Olhar que o induz naturalmente a pecar, portanto vós neste caso lhe sois causa de tropeço. Mas não existem só homens que se limitam a olhar-vos mas também homens que ao ver-vos vestidas de maneira provocante procurarão pôr-vos a mão em cima e violentar-vos. E de facto há muitas mulheres que foram violentadas precisamente porque com o seu vestuário eram uma contínua e ostentada provocação. Há alguém do mundo que chegou a dizer que não são os homens que violentam as mulheres mas as mulheres a violentar os homens! E tem uma certa razão porque há mulheres que com o seu vestuário e a sua postura fazem verdadeiramente violência ao homem, porque o obrigam a pecar. Reflecti no que vos estou dizendo e vereis se não é assim. Portanto irmãs vós correis riscos descobrindo-vos e vestindo-vos de maneira indecente.

ŸO hábito não faz o monge!

Estamos de acordo, permanece o facto porém que um monge deve contudo sempre vestir o hábito. Ou verdadeiro ou falso monge portanto ele deve trazer esse vestido. Isto vale também para as monjas naturalmente. Permanece o facto incontroverso porém que a visão de uma monja ou de um monge não estimula os sentidos quanto possa fazer uma irmã ou um irmão vestidos com roupa justa ou provocante. Ah, se tantas irmãs se vestissem como as monjas! De certo não induziriam o seu próximo a cair em tentação.

Deve depois ser dito que na realidade a roupa revela o que a pessoa é interiormente. Isto o afirmaram até sociólogos e psicólogos. E isto diz muito sobre a importância que tem a forma como se veste a pessoa. Os jovens que se rebelam à sociedade fazem notar esta sua tomada de posição vestindo-se de maneira excêntrica. As meretrizes para atrair os homens vestem-se de uma certa maneira. Os travestis para atrair pessoas do mesmo sexo vestem-se ou de homens ou de mulheres conforme a sua perversão. Em suma na nossa sociedade as pessoas falam também com a roupa trazem em cima. E como nós cristãos vivemos no meio do mundo, e temos também nós de que dizer ao mundo com o nosso vestuário - a mensagem que queremos e devemos dar é que Deus é santo, que nós somos chamados a honrar o nosso corpo porque é a morada do Espírito Santo, que nós não fazemos mais parte deste mundo tendo sido resgatados dele - como poderemos transmitir esta mensagem senão vestindo de maneira irrepreensível? Eis pois por que uma crente ou um crente deve parecer no exterior uma pessoa santa. Atenção, com isto não se quer dizer que a santidade a procurar é só a exterior. Mas só que também ela é importante porque o mundo em certos casos verá só isto de nós, escutará só o que lhe diremos com o nosso traje em certos casos. Naturalmente devemos ter além de um traje decente uma mente pura, uma consciência pura, uma conduta pura na nossa vida privada, porque doutra forma seremos hipócritas, seremos como os sepulcros caiados, belos por fora mas cheios de ossos de mortos por dentro. E nós nos devemos guardar de toda a hipocrisia, porque os hipócritas irão para o lago ardente de fogo e enxofre. Todavia o vestuário reveste sempre uma notável importância na vida do cristão. No mundo alguns chegam a dizer: ‘Diz-me o que comes e te direi quem és!, ou: ‘Diz-me com quem andas e te direi quem és!’, mas também: ‘Pela forma como te vestes eu te digo quem és e que intenções tens!’ A respeito das duas últimas expressões devo dizer que não se enganam, porque as companhias que se frequentam e as roupas que se vestem, com efeito, revelam a nossa personalidade.

ŸMuitas coisas que tu dizes não estão escritas!

Estou de acordo convosco que não estão escritas como eu as digo, mas todavia estão escritas de uma outra maneira. Como? Tomemos por exemplo as seguintes palavras de Paulo: "Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo" (1 Cor. 6:19-20), e: "Porque esta é a vontade de Deus... Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra..." (1 Tess. 4:4).

O que se compreende destas palavras? Isto; a saber, que o nosso corpo não é nosso mas de Deus porque ele o comprou, que nele mora o Espírito Santo e por isso é santo conforme está escrito: "Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo" (1 Cor. 3:17), e que portanto devemos cuidar de vesti-lo de maneira adequada e a não adorná-lo nem com ouro nem com prata, e a não descobri-lo como faz a gente do mundo.

Mas dizei-me: ‘Se a Escritura diz que o nosso corpo é a casa de Deus, por isso uma casa santificada, que direito temos nós de profanar esta casa empastando-a com creme colorante, pondo em cima dela jóias de ouro, ou pondo em cima dela vestidos altivos ou indecentes?’ A soberba não é do Pai mas é do mundo que jaz no maligno; portanto se nós usamos um daqueles vestidos altivos o que faremos? Vestiremos o templo de Deus ou adornaremos a casa de Deus com a soberba do mundo. As jóias são vaidade e não coisas necessárias ao corpo; portanto se nós as metemos em cima de nós vestiremos o templo de Deus com a vaidade enganadora como faz a gente do mundo. Descobrir-se diante dos outros não honra quem se descobre e nem honra o seu corpo; portanto se nós nos descobrirmos não honraremos o templo de Deus mas o desonraremos.

Vede irmãos, o que vós deveis ter sempre presente é que se vós vos vestis sem pudor ou com altivez e vos descobris como faz a gente do mundo demonstrareis de não ter em nenhuma estima o vosso corpo que é o templo de Deus; por isso deveis entender bem qual seja a vontade do Senhor para vos conduzirdes como sábios e não como loucos.

ŸMas não há necessidade de dizer estas coisas aos irmãos, porque o Senhor lhes as fará perceber Ele’.

Esta frase a se ouve dizer a muitos pastores. Mas dizei-me só uma coisa: ‘O que me responderíeis se eu vos dissesse que não há necessidade que digais ao vosso menino para não meter as mãos na tomada eléctrica quando o vedes a tocar nela?’ Ou mesmo se vos dissesse que não há necessidade que vós digais aos vossos filhos para não dizerem palavrões quando ouvis eles a dizerem-nos? Ou mesmo que não devem roubar se sabeis que roubaram? Não me direis porventura: ‘E eu o que estou a fazer como pai perto do meu filho?’ E assim também por quanto respeita ao que não deve vestir um crente ou uma crente, quem foi encarregado da sua vigilância DEVE adverti-los e exortá-los a não vestir mais certas coisas, porque são indecentes e uma desonra para a doutrina de Deus. Uma sentinela quando vê o perigo soa o alarme. Mas uma sentinela que vê chegar o perigo e não soa o alarme que sentinela é? Evidentemente é uma sentinela que tem apenas o nome de sentinela porque nos factos dorme também ela. Naturalmente o condutor para fazer isto primeiro deve ser ele um exemplo juntamente com a sua mulher e com os filhos, porque se não é capaz de pôr no lugar as coisas da sua própria casa não pode pôr no lugar as coisas na vida dos outros. A realidade hoje é que a maior parte dos pastores não cuidam da forma como se vestem (em particular fora do local de culto), como não cuidam da forma como se vestem as suas mulheres e os seus filhos. Vê-los na vida de todos os dias parece ver gente do mundo que ainda se deve converter da mundanidade e da vaidade deste mundo mau. Ao culto até podem ir vestidos de maneira decente, mas fora dele são irreconhecíveis.

ŸMas nós somos salvos por graça e não por obras, o teu legalismo mata a espiritualidade’.

É verdade que fomos salvos por graça, mas não nos foi dada a licença de viver como os pagãos que não conhecem a Deus. Pelo menos a Bíblia que eu leio, não me sugere uma semelhante coisa. Não me o diz nem directamente e nem sequer indirectamente. O apóstolo Paulo disse que nós fomos libertados do pecado para servir a justiça, pelo que devemos apresentar os nossos membros ao serviço da justiça e não da iniquidade. Dado portanto que nós somos chamados a servir a justiça com o nosso corpo, nós não devemos mais nos vestir como nos vestíamos quando éramos parte deste mundo ao serviço do pecado. O facto porém é que hoje infelizmente quase todos falam da salvação que obtivemos mas quase nunca falam da escravidão a que nós fomos submetidos quando nos convertemos a Cristo. Quero dizer que nunca se ouve dizer que nós somos escravos de Cristo (cfr. 1 Cor. 7:22), e por isso como escravos devemos obedecer à sua palavra fazendo o que é justo aos seus olhos. Sim, somos escravos de Cristo; Ele é o nosso Senhor e Patrão que nos comprou com o seu sangue, e portanto nós temos o dever de lhe obedecer, de honrá-lo, de não provocá-lo nem com actos e nem com palavras injustas. Parece que alguns se esqueceram disto, porque se vestem nada mais nada menos como os pagãos. Porventura se me dirá: ‘Mas não disse porventura Jesus que nós somos seus amigos?’ Sim, mas também disse em que condições nós somos seus amigos. Eis as suas palavras: "Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando" (João 15:14). Parece antes – pela forma como falam estes rebeldes - que Jesus tenha dito que nós somos seus amigos mesmo se não lhe obedecemos, isto é, mesmo se amamos o mundo e todas ou parte das suas concupiscências. Não, Jesus de Nazaré, não ensinou de forma alguma que nós somos seus amigos não importa como nos comportamos. Antes, Tiago diz que aqueles que amam o mundo são inimigos de Deus, e por isso inimigos também de Cristo Jesus porque o Pai e o Filho são um. Atenção pois a este facto de nós sermos amigos de Deus, porque há uma condição para sê-lo e ela é muito clara.

Outra coisa a dizer é que dizer a uma irmã ou a um irmão para não se vestir indecentemente mas com pudor e modéstia não é legalismo que mata a espiritualidade. Os preceitos que sufocam o Espírito, que anulam a graça são o da circuncisão, o do sábado, o das festas e de luas novas, o de não comer as carnes impuras da lei, como também o do dízimo, para citar só alguns deles. Sim, também este preceito mata porque faz parte da lei mosaica, do velho pacto. No entanto parece que ninguém se aperceba disso no seio da irmandade. O dízimo mata, eis o legalismo que mata. Não, pelo contrário, o dízimo para estes pastores que amam mais o dinheiro que o Senhor, não mata mas faz bem, um montão de bem, aos fiéis que o dão, mas sobretudo a eles que embolsam os seus dízimos. Mas hipócritas, esqueceste-vos que segundo a lei quem devia cobrar os dízimos eram os Levitas? Sois Levitas vós? O sacerdócio Levítico foi abolido em Cristo, pelo que o dízimo não pode ser mais imposto no seio do povo de Deus. Não se percebe por que é que em Cristo foi abolido o sacerdócio levítico e os sacrifícios expiatórios que os sacerdotes deviam oferecer e não também o dízimo que eles deviam cobrar! Mas vós aproveitando-vos da ignorância das Escrituras dos crentes impondes o dízimo. Não vos importa nada se as irmãs vão vestidas como as prostitutas ao culto ou andam assim durante a semana. Porém vos importa se dão ou não o dízimo. Não, vos enganais grandemente, ordenar um são vestuário seja a irmãs como a irmãos não é legalismo; os preceitos que induzem os irmãos a conservar o seu corpo em santidade e honra não são preceitos que fazem cair de novo quem os observa debaixo da lei e o fazem cair da graça. Mas é a vossa indiferença que mata os irmãos porque os induz a se vestirem como querem e a profanar o seu próprio corpo. São as vossas anedotas que matam, é a vossa ânsia de poder, a vossa audácia, as vossas perversidades que matam!! Vós confundis a salvação com a santificação. Lembro-vos pois que o fim da nossa fé é a salvação da nossa alma, enquanto o fruto da nossa fé é a santificação. A salvação se obtém por graça, crendo em Jesus; mas a santificação (a progressiva) se obtém observando os mandamentos do Senhor e os dos apóstolos. Portanto se não se ordena aos crentes para se vestirem com pudor e com modéstia não se quer que eles se santifiquem. Grave, muito grave isto; isso quer dizer que as palavras que dizem que sem a santificação ninguém verá o Senhor (cfr. Heb. 12:14) não têm nenhum significado para vós. Vós não honrais pois a palavra de Deus e induzis os outros a fazer o mesmo. Mas não vos iludais: ceifareis a seu tempo os frutos da vossa rebelião.

Chegais até a dizer que estas exortações são causa de tropeço para os incrédulos. As vossas exortações para dar o dízimo, para dar muito dinheiro para a obra do Senhor, essas pelo contrário não são causa de tropeço para os incrédulos que vos ouvem, verdade? Não, não são estes preceitos sãos que têm como fim o de honrar a doutrina de Deus que são causa de tropeço para os incrédulos, mas a vossa ganância, o vosso amor pelo dinheiro de que estais cheios. É a passagem do cestinho das ofertas – quando vos basta uma vez só - diante da má cara de crentes e de incrédulos, acompanhada por exortações e por benções de todo o género sobre aqueles que dão muito, as coisas que são causa de tropeço para os incrédulos que se encontram a ouvir-vos.

Termino dizendo isto: a sabedoria diz que "o fazer justiça é alegria para o justo" (Prov. 21:15), e é mesmo assim. Fazer o que agrada a Deus não é algo que faz enfurecer ou que mata ou que entristece mas algo que faz alegrar. A respeito do vestir com pudor e modéstia não há crente que ao fazê-lo não sinta gozo porque desta maneira o nome do Senhor é glorificado através dele ou dela. É uma alegria para o justo de facto ver o nome do Senhor glorificado nele. Mas é uma alegria para o justo vestir-se de maneira santa também porque ele está consciente que será recompensado com o bem por Deus também por este seu esforço feito para seguir a santificação. Deus é justo e não fica devedor de ninguém.

Portanto, irmãos, suportai esta minha breve palavra de exortação escrita para proveito vosso e não para vos enlaçar. A minha boca vos falou abertamente irmãos. Quem tem ouvidos para ouvir ouça.

 

Os golpes na carne e as marcas sobre o corpo

 

A lei diz: "Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós" (Lev. 19:28). Portanto é pecado tanto o costume de alguns povos de fazer golpes na sua carne em caso de luto, como o de fazer tatuagens sobre a carne coisa que a muitos agrada de maneira particular. Nós crentes somos chamados a fugir destes vãos costumes porque o nosso corpo é o templo de Deus e não nos pertence tendo sido comprado por preço.

 

Não lavar-se

 

Há alguns crentes que pensam que ser humilde significa também não lavarem-se ou lavarem-se raramente pelo que por toda a parte onde se encontram (também no culto) estão porcos e mal cheirosos. Este comportamento de se manterem fisicamente porcos é do diabo porque não traz honra à casa de Deus que é o próprio corpo quando é a vontade de Deus que nós conservemos o nosso corpo em santidade e honra (1 Tess. 4:4), e depois leva as pessoas a blasfemar a doutrina de Deus porque nós seremos a causa do seu tropeço. Como poderão de facto as pessoas do mundo honrar a doutrina do nosso Deus se nós lhes dizemos que Deus não quer que tiremos a sujidade que se acumula no nosso corpo de uma maneira ou de outra? De nenhum modo o farão porque pensarão que nós temos um Deus que nos quer fétidos e que ganhemos piolhos sobre nós ou outros animaizinhos com o risco de transmiti-los também aos que nos estão próximo.

A lei era contra a sujidade no meio do arraial de Deus, de facto Deus disse: "Também terás um lugar fora do arraial, para onde sairás. E entre as tuas armas terás uma pá; e será que, quando estiveres assentado, fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o que defecaste. Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio de teu arraial, para te livrar, e entregar a ti os teus inimigos; pelo que o teu arraial será santo, para que ele não veja coisa feia em ti, e se aparte de ti" (Deut. 23:12-14). E dado que agora nós somos o arraial de Deus (cfr. 1 Cor. 3:9) no meio do qual Deus anda e mora devemos nos conservar limpos também do ponto de vista físico e não só do ponto de vista espiritual porque a Deus não dá de maneira nenhuma prazer ver a sujidade no meio do seu arraial; sujidade que recordo faz sempre um mau odor.

De maneira que irmãos vos exorto a vos lavardes quando vos sujais para manter o vosso corpo limpo e para não ficardes a cheirar mal o que manteria as pessoas longe de vós; lembrai-vos que o vosso corpo não é vossa propriedade mas é propriedade do Senhor porque foi por ele comprado por preço (cfr. 1 Cor. 6:19-20). É a sua casa e nós devemos cuidar da sua casa porque ela é uma casa santa. Se os servidores de um rei da terra procuram conservar limpa e em ordem a casa do seu senhor para que o rei não seja desonrado, não devereis vós servos do Rei dos reis e do Senhor do céu e da terra procurar manter limpa a sua casa que é o vosso corpo? Se já o lugar de culto, que não é a casa de Deus, é limpo e mantido em ordem porque nele se reúnem os santos, quanto mais o vosso corpo que é a casa de Deus deverá ser mantido limpo porque nele habita, e o repito, nele habita o Deus da glória.

 

O uso impróprio das mãos e dos pés

 

Infelizmente no seio da irmandade há alguns homens violentos que usam as mãos e os pés contra as crianças dos outros, e também contra os irmãos e também contra a própria mulher e contra os próprios pais. Estes são homens corruptos que não temem a Deus que a seu tempo ceifarão todo o mal que fazem aos outros. Vem o dia que como fizeram aos outros será feito a eles porque Deus enviará contra eles homens violentos e cruéis. Não imiteis os seus caminhos e não façais amizade com eles porque está escrito: "Não faças amizade com o iracundo; nem andes com o homem violento, para que não aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma" (Prov. 22:24). Reprovai qualquer acto voluntário feito ou com as mãos ou com os pés contra o corpo do próximo para fazer-lhe mal; porque vós deveis apresentar os vossos membros ao serviço da justiça e não mais da iniquidade; da mansidão e não mais da arrogância. Naturalmente deste discurso estão excluídos os açoites que um pai dá com uma vara aos seus filhos para afastar a loucura do seu coração.

Entre os actos das mãos que não deveis fazer estão também aqueles gestos que faz a gente do mundo para ultrajar os outros ou para esconjurar um perigo.

 

Piscar os olhos

 

Dilectos não pisqueis os olhos a ninguém porque está escrito: "O homem vil, o homem iníquo.... pisca os olhos..." (Prov. 6:12-13) e também que "o que acena com os olhos causa dores" (Prov. 10:10)

 

A fiança

 

A fiança é o compromisso que alguém toma em prover ou pagar por outros no caso destes não proverem ou não pagarem o que prometeram. Vós irmãos deveis fugir dela para não sofrer conforme está escrito: "Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que evita a fiança estará seguro" (Prov. 11:15).

 

Contrair dívidas

 

Irmãos, a Escritura diz: "Não estejas entre os que se comprometem, e entre os que ficam por fiadores de dívidas, pois se não tens com que pagar, deixarias que te tirassem até a tua cama de debaixo de ti?" (Prov. 22:26-27), e também: "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros.." (Rom. 13:8), e ainda: "O que toma emprestado é servo do que empresta" (Prov. 22:7). Portanto, vos exorto a não contrair dívidas com ninguém; se tendes com que pagar tudo bem, mas doutra forma não façais compras contraindo dívidas porque ficareis escravos de quem vos emprestou o dinheiro e perdereis a vossa tranquilidade. As dores, as ansiedades e as preocupações dos que vivem contraindo dívidas são muitas; basta falar um pouco com quem contrai dívidas para se dar conta disso. Sede sábios para o bem da vossa alma.

 

Pôr as fotografias dos mortos e o ir ter com os próprios mortos

 

Como se deve comportar um crente depois de lhe ter morrido alguém e o ter sepultado a respeito das fotografias do morto e do túmulo? Por quanto respeita às fotografias não deve expô-las em casa, e por quanto respeita ao túmulo não deve ir visitá-lo periodicamente como fazem os católicos romanos pensando que estão a fazer uma boa obra. O morto está ou com o Senhor ou no inferno; ele não sabe nada, ele não pode receber mais algum bem de nós, como nós não podemos receber algum bem em olhar a sua foto (antes recebemos o mal porque vendo a foto a dor aumenta). Se portanto tendes ainda expostas em vossa casa fotografias de pessoas falecidas talvez até com flores diante delas ou pior ainda com lumes diante delas, vos exorto a tirar do vosso meio esta espécie de nicho doméstico que contrista o Espírito Santo e atrai os demónios. E se tendes o hábito de ir visitar o túmulo ao cemitério deixai de fazê-lo porque é uma coisa inútil que perturba, e faz perder tempo. Fazei bem aos vivos, visitai os vivos.

 

Fingir de não ver os irmãos

 

Dilectos, vos exorto, quando encontrais algum irmão que conheceis na praça ou no comboio (trem) ou no bus ou pela rua, a não fingirdes que não o vedes como fazem alguns pela vergonha de saudá-lo com a paz ou com um ósculo santo diante da gente do mundo. Antes, ide ao seu encontro felizes e saudai-o fraternamente, informai-vos de como está e falai das coisas de Deus. Não finjais que não o vedes, isto entristece o irmão e desonra a Palavra de Deus.

 

Não querer dar um ósculo santo

 

Infelizmente, no seio da irmandade há alguns irmãos que não dão um ósculo santo quando saúdam um outro irmão (este discurso vale também para algumas irmãs), ou porque se envergonham ou porque se esquivam. Este é um comportamento reprovável porque vai contra a Escritura que diz: "Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor" (1 Ped. 5:14) e ainda: "Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo" (2 Cor. 13:12). Não imiteis este seu modo de proceder procurando esquivar a quem vos saúda, mas dai-lhe um ósculo de amor.

 

Sair sozinho com a namorada

 

Os jovens do mundo, se sabe, saem sozinhos com a sua namorada. A vão buscar a casa com o seu carro ou mesmo sem carro e vão para a praia ou para o monte ou para outros lugares para estarem sozinhos. Este é um comportamento que não convém aos santos, pelo que vós irmãos que namorais cuidai para não sair com a vossa namorada sozinhos mas procurai estar com ela sempre na presença de outras pessoas que vos conhecem, seja em vossa casa ou em casa dela ou na casa de outros ou ao ar livre. Isto o deveis fazer porque está escrito em Timóteo: "Foge também das paixões da mocidade" (2 Tim. 2:22) e ainda: "Sê o exemplo dos fiéis, no falar, na conduta, no amor, na fé, na castidade" (1 Tim. 4:12), ordens estas que vós não podereis observar se fizerdes como faz a gente do mundo porque dareis ocasião de maledicência às pessoas, fareis nascer suspeitas de todo o tipo, e correreis o grave risco de perder a vossa pureza fazendo o que vos é lícito fazer só quando casados e que vos recordo antes do matrimónio constitui pecado de fornicação e por isso pecado contra o próprio corpo.

 

Ir dançar e aos parques de diversão

 

Aqueles que se converteram ao Senhor devem cessar de ir dançar e aos parques de diversão.

Por quanto respeita a ir dançar à discoteca é necessário dizer que é um mau costume muito difundido sobretudo entre os jovens. São eles de facto principalmente que falam dela e que mais frequentam as discotecas. Basta ver como quando chega o sábado à noite milhões de jovens transbordam nas discotecas para compreender como este divertimento exerce uma grande atracção sobre os jovens que já não podem passar sem ele. São escravos dele, de facto são denominados ‘discotecómanos’; para eles é tudo, para eles é a vida. Mas o que é que vão fazer para a discoteca? Vão lá para ouvir música, para dançar e para seduzir as raparigas se são homens, e os rapazes se são mulheres. Mas muitos vão para a discoteca também para vender droga e alucinogénios, outros para se abastecerem da sua dose, outros para se embriagarem e outros para usar violência contra o seu próximo. Em suma, a discoteca é um lugar onde se abrigam pecadores escravos de várias concupiscências carnais, um lugar cheio de perversidade do qual um filho de Deus se deve manter longe para o bem da sua alma. Mas por que é que um crente não deve ir dançar à discoteca? Porque antes de tudo a música que lá se ouve é diabólica; a música rock, a disco music, e o rap, para citar só algumas delas, são géneros musicais que excitam aqueles que as ouvem e os estimulam a agir mal (não esqueçais de facto que muitos destes famosos cantores que fazem estas canções com estes ritmos têm a ver com a magia). Os textos destas canções depois estão cheios de vaidades, de obscenidades e de perversidades por isso o crente não os deve ouvir para não se contaminar. Mas depois um crente não deve pôr-se a dançar sensualmente ao som da música mundana porque ele deve apresentar os seus membros ao serviço da justiça e não mais ao serviço da iniquidade conforme está escrito: "Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça" (Rom. 6:13). Quem se une ao Senhor é um só espírito com ele; como pode portanto um crente usar os membros de Cristo para contorcer-se, para fazer gestos estranhos, e para mover-se de maneira sensual no meio de gente que não tem nenhum temor de Deus? E depois a discoteca, como vimos é também um lugar perigoso porque nela rebentam rixas, nela se vende droga e está cheio de sedutores e sedutoras; portanto como pode um crente ir passar o tempo num tal ambiente? Nos salmos está escrito: "Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios" (Sal. 84:10), e também: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores...." (Sal. 1:1). Por isso nós crentes não queremos ir à discoteca ou a alguma sala de dança, porque elas são as tendas dos pecadores onde eles ao som de música se divertem. Não é um lugar feito para nós; não se é bem-aventurado em frequentar estes lugares.

Por quanto respeita aos parques de diversão, o próprio nome indica que lugares são. São lugares onde quem quer divertir-se encontra tudo aquilo que deseja; as montanhas russas, as salas com espelhos que deformam a figura de quem se espelha neles, túneis do horror, carros de choque, a roda gigante, e muitas e muitas outras coisas. Mas por que é que o crente não deve frequentar estes lugares? Porque iria para lá gastar dinheiro inutilmente; em outras palavras iria gastar dinheiro no que não sacia e não edifica. Dizei-me, vós que ides ainda a estes lugares: ‘Mas que proveito tirais disso? Que graça vos conferem as diversões a que vos dais? Porventura vos fortalecem na fé? Vos edificam?’ Mas não vos dais conta de gastar o tempo e o dinheiro que Deus vos provê de maneira iníqua? Não vos dais conta que poderíeis dedicar o mesmo tempo e o mesmo dinheiro em vez de ao serviço da vaidade ao serviço da justiça, orando, lendo a Palavra de Deus, testemunhando do Senhor, fazendo alguma boa obra? A Palavra de Deus diz: "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá..." (Is. 55:2-3). Portanto irmãos deixai de ir a estes lugares para vos dardes aos prazeres da vida, e consagrai-vos ao Senhor não de palavra mas por obras e em verdade. Mas não sabeis que os prazeres da vida, que são comparados aos espinhos, sufocam a Palavra? Caí em vós mesmos; despertai-vos porque o inimigo conseguiu fazer brecha na vossa vida. Eu sei, também o vosso pastor vai ao parque de diversão, na verdade é ele que toma a iniciativa de vos levar lá, não o sigais para não corremper-vos. Ah, parte-se-me o coração ao ouvir dizer que pastores, anciãos de igreja se organizam com os fiéis para ir ao Disneyland ou a algum outro parque de diversão. Eles, justamente eles que deveriam guiar as ovelhas por veredas direitas e ser um exemplo ao rebanho, tomam as ovelhas e as conduzem por veredas tortuosas, para se divertirem. As trevas lhes cegaram os olhos, foram derrotados pelos prazeres da vida! E depois cantam: ‘Os meus anos mais belos quero gastar por ti, por ti meu Senhor que morreste por mim...’, belas e verazes palavras, certamente, mas que destoam na boca dos que querem gastar a sua vida e o seu dinheiro ao serviço da vaidade.

 

Ouvir música mundana e ir aos concertos mundanos

 

Um filho de Deus quando se converte deve cessar de ouvir a música mundana e de ir aos concertos dos cantores deste mundo. Portanto ele deve pegar em todas as audiocassetes e os discos de música mundana que ouvia e deitá-los fora. Seria melhor que os rompesse primeiro, para evitar que alguém os encontre e os tome para si. E depois, como disse, deve deixar de ir aos concertos dos seus ex-ídolos. A razão pela qual deve fazer tudo isto é porque sendo uma nova criatura em Cristo não deve e não pode mais pôr os seus ouvidos ao serviço da iniquidade ouvindo músicas e textos de gente que não conhece a Deus que exalta a vaidade, a obscenidade e a perversidade. A Escritura diz que "se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Cor. 5:17); por isso o crente sente a necessidade quando vem ao conhecimento de Deus de desembaraçar-se de toda a música mundana que ouvia porque sabe de não ser mais o mesmo, de ter gostos totalmente diferentes dos de antes. O que antes para ele era uma delícia agora é uma abominação; o que antes era para ele um prazer ouvir agora o perturba e o aflige. Tudo isto vale também para os concertos porque se antes se informava onde seria o concerto do cantautor Fulano, agora não lhe interessa mais onde será porque não sente mais o desejo de lá ir. Ele sabe que iria gastar dinheiro inutilmente, e iria para contaminar-se. Mas alguns crentes ainda não se desembaraçaram das suas cassetes e dos seus discos mundanos; com efeito os mantêm seja nos seus carros como nas suas casas e de tanto em tanto os ouvem. A estes digo: ‘É hora de acabar com esta música mundana! Ide até aos concertos do mundo, mas que edificação encontrais neles? Despertai-vos do sono em que estais caídos. Deixai de amar a música deste mundo’. Irmãos, sabei que as melodias e os textos das canções mundanas se alguém se põe a ouvi-las com prazer, a pouco e pouco entram na mente e no coração; é assim, de facto, facilmente a nossa mente memoriza uma melodia ou palavras tocadas. Por isso é necessário vigiar, para não nos deixarmos arrastar após as melodias e as palavras vãs destas canções que por vezes se ouvem mesmo sem querê-lo.

 

Ir à praia

 

Nesta nação, para o fim da primavera, mal os dias começam a aquecer, acontece isto; as praias se começam a popular de banhistas quer nacionais quer estrangeiros. E permanecem populadas de banhistas por toda a estação do verão, para depois esvaziarem-se e ficarem desertas nos meses frios. Mas o que leva milhões de pessoas todos os anos, durante o verão, a ir para as praias? O desejo de tomar banho e de se bronzearem, além do de se divertirem porque junto das praias se encontram divertimentos de todos os géneros. Quando chega o verão sobretudo quem vive próximo da praia ouve falar muito de praia, do mar, de banhos, e de bronzeado; muitas pessoas que trabalham até às duas ou às cinco da tarde não vêem a hora de acabar de trabalhar para irem para a praia, quem tem antes um horário que o obriga a trabalhar até às oito da noite espera com ânsia o sábado ou o domingo para ir para a praia; e todos em conjunto esperam as suas férias para ir para a praia. Sem depois falar de todas aquelas multidões de pessoas que do interior fazem horas e horas de carro, ou de comboio ou de autocarro para vir passar pelo menos um dia da semana à praia. É suficiente irmos a alguma estação ferroviária nos arredores de uma praia para notar um enorme e contínuo fluxo de pessoas vestidas de maneira indecente que com alegria se dirigem para a praia. Mas o que é que acontece na praia? As pessoas se despem e se põem seminuas, quando não se põem nuas, debaixo do sol escaldante e resplandecente para se bronzearem. De tanto em tanto lançam-se na água para se banharem; ouvem música, jogam à bola e voleibol ou basquetebol onde há os equipamentos necessários, comem e bebem o que trouxeram de casa ou vão comer ao restaurante ou à pizzaria da estância balnear. Sem depois falar de todas as coisas torpes que acontecem na praia à luz do sol e debaixo dos olhos de todos; e de todos os discursos vulgares e indecentes, de todas as piadas que lá se podem ouvir que têm como objecto quase sempre a mulher. Este é o ambiente que alguém encontra numa qualquer estância balnear durante o verão.

Vós dilectos não deveis ir à praia para tomar banho e vos bronzeardes pelas seguintes razões. Porque o vosso corpo é o templo de Deus e é santo conforme está escrito: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?…o templo de Deus, que sois vós, é santo" (1 Cor. 3:16,17) e porque como ele deve ser conservado em santidade e honra (cfr. 1 Tess. 4:4) para a vinda do Senhor conforme está escrito: "E todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Tess. 5:23), vós indo vos pôr seminus diante dos outros o profanareis, isto é, o ofendereis e o usareis de modo indigno, atraindo por isso a ira de Deus. Para vos fazer compreender o que fareis indo vos pôr meios nus para a praia, vos faço um exemplo tomando como termo de comparação o templo de Deus construído debaixo do Antigo Pacto. É como se vós fôsseis sacerdotes encarregados de fazer o serviço no templo e désseis uma parte do edifício como habitação a meretrizes, ou fizésseis dele uma espécie de lugar de diversão ou o enchêsseis de ídolos, profanando assim aquele santo lugar. Não pensais vós que desta maneira atrairíeis a ira de Deus?

O que vós irmãos e irmãs deveis sempre ter presente quando considerais o vosso corpo é que ele não vos pertence porque é propriedade do Senhor tendo-o ele comprado, de facto Paulo chama os membros do nosso corpo "membros de Cristo" (1 Cor. 6:15) e diz aos santos de Corinto: "Fostes comprados por bom preço…" (1 Cor. 6:20). E não só o comprou mas o também santificou mediante o seu Espírito que veio morar em vós. Ele pois além de não ser vosso é santo, e uma coisa santa não pode ser usada indignamente. Por isso o apóstolo exorta de várias maneiras nas suas epístolas a pôr os membros ao serviço da justiça em vez de ao serviço da iniquidade, como quando por exemplo diz aos santos: "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça" (Rom. 6:12-13). Porque Paulo sabia muito bem que o corpo dos crentes é santo e deve ser usado santamente. Portanto irmãos, como o templo de Deus é santo e este templo sois vós, vós deveis santificar-vos a vós mesmos, isto é, abster-vos de todas as coisas que possam contaminar-vos e entre as quais está este mau costume. Alguém dirá: ‘Por que é que indo à praia nos contaminamos?’ Porque antes de mais se é obrigado a ver pessoas seminuas e por vezes também pessoas nuas; depois porque nos vamos meter voluntariamente no meio de pessoas que não conhecendo a Deus falam e agem malvadamente e se abandonam à dissolução diante dos outros. E ao ver este espectáculo indecente o corpo se contamina. Ele entra nas trevas porque a candeia que o deveria iluminar que são os olhos se apaga. Jesus de facto disse que a candeia do corpo são os olhos e que se os nossos olhos estão viciados todo o nosso corpo estará nas trevas (cfr. Mat. 6:22-23).

Agora demonstraremos quanto são vãos e pretextuosos os motivos que alegam aqueles que ainda infelizmente vão à praia se divertir como faz a gente do mundo.

ŸO ar do mar é bom e o doutor o aconselhou sobretudo para as crianças’.

É verdade que o ar do mar é bom, e que faz bem respirá-lo; mas não é bom só de dia ao meio-dia ou à tarde mas também de manhã cedo antes de o sol se levantar, e à noite depois do pôr do sol quando as praias estão desertas, ou também estando afastado da praia. Mas da forma como falam alguns parece que o ar do mar só faz bem quando o se respira seminu no meio da gente do mundo! Mas depois vos pergunto: ‘Mas por que é que quase todos dizem que o ar do mar faz bem às crianças, mas quase nunca dizem que também o ar da montanha é também ele salutar?’ Utilizar as crianças para ir à praia e cobrir a própria malícia é algo que muitos crentes que têm crianças pequenas sabem fazer muito bem. Na realidade são os pais dominados pela vontade de praia, e para não parecer aos olhos de certos crentes pessoas mundanas, dizem que vão para a praia pelas crianças. Além disso a Escritura diz aos pais para criarem os seus filhos na disciplina e na admoestação do Senhor (cfr. Ef. 6:4), portanto os pais devem renunciar a levar os seus filhos à praia porque levando-os lá não significa criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor. Se se habituam os filhos pequenos à praia, ou ao lago ou à piscina de certo, quando eles forem maiores continuarão a ir lá, e então como não necessitarão que os pais os levem e não quererão que os pais vão com eles, irão com os seus amigos de escola ou com os seus colegas de trabalho ou até com a sua namorada. Que fareis então quando os vossos filhos forem para a praia não para respirar o ar do mar mas para se divertirem e se abandonarem à dissolução proporcionando-vos dores sem fim? Que lhes respondereis quando vos disserem: ‘Eu vou lá porque o ar é bom’ ou: ‘Fostes vós a levar-me lá desde pequeno; que quereis agora?’ Irmãos, a sabedoria diz: "Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele" (Prov. 22:6), portanto vede bem para onde levais os vossos filhos porque quando forem grandes procurarão ir para os mesmos lugares onde os haveis levado quando eram pequenos.

ŸMas eu vou para a praia para lá bronzear um pouco a minha pele, dado que sou de côr de pele clara’.

E para que vos serve este tão exaltado bronzeado? Porventura para vos fazer notar mais, ou para não vos fazer sentir inferiores aos que o têm? Mas não vedes que ele como vem se vai? Mas não vedes como ele passa num curto tempo? E ainda por cima vos custou dinheiro porque tivestes que gastar dinheiro nos cremes. Ah, como se tornou preciosa a vaidade para vós! Puseste-vos a correr atrás do vento como faz a gente do mundo! Contentai-vos com a côr da pele que Deus vos deu! Mas não vos dais conta que vós falando desta maneira é como se acusásseis Deus de não vos ter feito um pouco mais escuros? Glorificai a Deus por vos ter feito de maneira admirável e maravilhosa, como fazia Davi (cfr. Sal. 139:14), em vez de vos lamentardes da côr clara da vossa pele! Sois como aqueles que pintam o cabelo preto porque querem parecer loiros ou loiras. Ou como aqueles que retocam a face ou parte do rosto porque não estão contentes com o seu aspecto exterior. Ah! Como raciocinais mal, como raciocinais mal.

ŸA praia a fez Deus’.

É verdade, Deus fez também a praia e o mar e tudo o que está nele. Mas o que significa isso? Porventura que eu tenho o direito de me ir pôr seminu para a praia porque foi Deus que a fez? Mas se pomos a questão sobre este plano o calor também o faz vir Deus; portanto segundo vós deveremos despir-nos como faz a gente do mundo e andar vestidos de maneira indecente? Mas isto é loucura! Para vos fazer compreender como esta expressão é completamente pretextuosa e fora do lugar recordo-vos que também os drogados que têm prazer em drogar-se dizem que a planta de que se extrai a heroína a fez Deus; também aqueles que olham as mulheres para cobiçá-las afirmam que foi Deus que as fez; também os fornicadores e os adúlteros afirmam que foi Deus que fez o sexo; também os bêbados dizem que foi Deus que fez a uva da qual se faz o vinho! Como podeis ver também as pessoas dadas ao mal, para justificar as suas paixões infames e enganadoras, afirmam que no fundo, no fundo, eles fazem uso de algo feito por Deus! Mas quando vos dareis conta que é errado justificar uma paixão enganadora do velho homem como é a de ir à praia dizendo que no fundo, no fundo, tem-se o direito a este prazer porque Deus fez a praia?

ŸTudo é puro para os que são puros’.

Estas palavras encontram-se escritas na epístola de Paulo a Tito e são tomadas por muitos crentes que estão dominados por esta paixão enganadora de ir para a praia para sustentar que para eles que são puros ir para a praia é uma coisa pura. Mas as coisas não são de modo nenhum assim como dizem eles porque as palavras de Paulo tomadas no seu contexto e interpretadas rectamente não têm de modo nenhum o significado que lhes dão os contenciosos. O apóstolo Paulo diz: "Tudo é puro para os que são puros, mas para os contaminados e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas" (Tito 1:15). Como podeis ver Paulo diz que para os contaminados e incrédulos nada é puro; que diremos então? Que para os incrédulos e contaminados ir para a praia é algo de impuro? Não podemos dizê-lo porque sabemos que para eles é algo de bom em que não há nada de mal. Mas então o que é que não é puro para os incrédulos e os contaminados? Não é pura tanto a sua consciência como a sua mente. Portanto é necessário concluir que para aqueles que antes são puros tanto a consciência como a mente deles são puras. E de facto é assim. Tomemos por exemplo a consciência daqueles que creram: Não é porventura verdade que está escrito: "Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os contaminados, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (Heb. 9:13-14) e também que Paulo diz: "Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura...." (2 Tim. 1:3)? Dai-vos conta de como não se pode definir um divertimento ou uma concupiscência mundana uma ‘coisa pura’; se assim fosse, queria dizer que as contaminações deste mundo, como as chama a Escritura, não são mais tais, porque são puras. Então desta passagem resultaria que deveríamos dizer que as contaminações do mundo não contaminam mais porque são coisas ‘purificadas’ para os puros! Ah, quantos crentes foram enganados por esta má interpretação dada a estas palavras de Paulo!

ŸE’ verdade que na praia há mulheres seminuas ou nuas mas tudo depende como se olha uma mulher em ou sem fato de banho!

Esta frase se encontra na boca de não poucas mulheres tanto casadas como solteiras como também em muitos irmãos casados e solteiros. Mas eu digo: ‘Mas se já nós homens lutamos com dificuldade contra a carne ao andar pelas ruas de uma povoação ou de uma cidade durante todas as quatro estações, porque as ruas e as praças estão cheias de mulheres vestidas como as meretrizes que aparecem de todos os lados e que é impossível não ver, que será se nos vamos deitar no meio de mulheres que se pode dizer não têm nada em cima?’ Como se pode permanecer puro nos pensamentos em semelhantes circunstâncias? Mas se a carne é fraca como se poderá impedi-la de cair em tentação no meio de mulheres seminuas? Queria dizer às irmãs que raciocinam desta maneira: ‘Mas se eu vos dissesse que uma vez caídas num buraco de lama vós podeis continuar a manter as vossas vestes limpas, tudo depende de como olhais a lama em que vós estais enterradas até ao pescoço, o que me respondereis?’ A mim parece que o raciocínio que vós fazeis é semelhante aquele que fazem os superiores aos padres quando estes assumem o ofício de sacerdote, isto é, dizem-lhes para tomar todas as precauções possíveis no confessionário para não cair em pecado quando confessam mulheres. Mas eu digo: ‘Como é possível para estas pobres almas a quem ainda por cima é imposto o celibato não cair num pecado de impureza mental ou física durante ou depois da confissão quando ao padre é ordenado fazer perguntas às mulheres que nem sequer os seus próprios maridos teriam a coragem de lhes fazer?’ Na realidade, a mim parece que vós não sabeis o que dizeis, o repito, não sabeis o que dizeis. Provavelmente vos esquecestes ou não sabeis de todo que o rei Davi que era um homem temente a Deus que amava Deus, tanto que lhe foi dado o belo testemunho que tinha um coração segundo Deus, caiu no pecado de adultério justamente por ter visto a mulher de um seu guerreiro a tomar banho durante a noite. Escutai o que diz a Escritura: "E aconteceu que numa tarde Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. E mandou Davi indagar quem era aquela mulher; e disseram: Porventura não é esta Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu? Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la; e ela veio, e ele se deitou com ela (pois já estava purificada da sua imundícia); então voltou ela para sua casa" (2 Sam. 11:2-4). Ora, nós não sabemos se Bate-Seba tinha alguma roupa vestida ou não; uma coisa é certa, não estava coberta como o estava normalmente porque se estava banhando. De qualquer modo é mais provável que estivesse sem nenhuma roupa do que com alguma roupa. Eis pois como se iniciou a queda de Davi, pelo olhar uma mulher que se banhava. E quantos homens – entre os quais também crentes - nas praias cairam justamente depois de ter olhado na praia uma mulher a banhar-se ou a despir-se? Só Deus o sabe. O facto é que muitos homens vão à praia exactamente para olhar as mulheres, como também muitas mulheres vão lá para olhar os homens. E a triste realidade é que justamente nas praias começou a ruína de muitos casais casados. As traições, tanto por parte dos maridos como das mulheres, em muitíssimos casos começam justamente na praia; sabei isto. E depois há as causas de separação, os divórcios, e em alguns casos o delito passional que é chamado assim porque o cônjuge infiel é surpreendido em flagrante pelo outro e é morto, muitas vezes juntamente com o amante. E as crianças depois? Quem as ouve? Quantas lágrimas derramam por culpa dos pais que se dividiram porque buscaram a infidelidade? E onde? Olha por acaso justamente na praia. Ó irmãs, mas quando caireis em vós mesmas? Mas quando é que percebereis que vós indo vos meter em fato de banho diante dos outros homens induzis em tentação os homens que vos vêem? Mas quando é que percebereis que assim fazendo vós sois culpadas porque fazeis cair em pecado de luxúria aqueles que vos olham? Mas não vos chega descobrir-vos diante daquele que tem poder sobre o vosso corpo, isto é, o vosso marido? Porque quereis ir descobrir-vos diante dos olhos de outros homens? Ó mulheres sem juízo, mas quando começareis a perceber o que é o pudor? Quando? E agora também para vós irmãos casados e solteiros que raciocinais da mesma maneira que estas mulheres: ‘Mas quando é que percebereis que também vós pondo-vos seminus induzis em tentação as outras mulheres? Quando é que caireis em vós mesmos e percebereis que também vós sois causa de tropeço para alguém indo-vos pôr seminus na praia?.

ŸO dinheiro que gasto para ir à praia não és tu que me o dás, mas fui eu que o ganhei, e eu sou livre de gastá-lo como quero’.

É verdade, perfeitamente verdade que o dinheiro não te o dei eu, e que tu o ganhaste com o teu suor, mas é também verdade que te o deu Deus. Dado pois que é um bem que te foi dado por Ele tu és chamado a administrá-lo com equidade e não a gastá-lo para satisfazer as tuas concupiscências carnais como faz a gente do mundo. A sabedoria diz que "o trabalho do justo conduz à vida; a renda do ímpio, para o pecado" (Prov. 10:16); portanto como ir para a praia não é uma coisa nacessária para o teu corpo de que não podes passar sem ela, mas somente um prazer da vida, se tu pões a tua renda ao serviço desta concupiscência mundana te conduzes de maneira indigna da vocação a que foste chamado.

ŸMas eu para a praia levo também a Bíblia para lê-la e também evangelizo’.

Esta afirmação é a enésima frase pretextuosa que se ouve proferir àqueles que quando ouvem alguém falar contra este prazer da vida são repreendidos pela sua consciência e não sabem como responder. Ora, é uma boa coisa em si mesma trazer-se consigo a Bíblia para lê-la, mas o facto é que na praia no meio de tanta gente seminua e no meio de tanta confusão não é possível ter concentração para lê-la: quanto depois ao evangelizar na praia é um contra-senso que um crente diga que vai à praia evangelizar dado que quem evangeliza deve antes de tudo demonstrar ter-se convertido ele dos prazeres do mundo a Cristo para dizer a um outro para fazer o mesmo. Mas do que é que se deve pois converter a gente do mundo que frequenta a praia de verão se também quem lhe diz para se converter ainda é escravo desta paixão enganadora? Mas depois queria perguntar a estes: ‘Mas como podeis falar de Jesus Cristo em fato de banho a homens e mulheres seminus?’ E depois quando voltam das férias da praia, estes todos bronzeados se levantam na sala de culto para agradecer a Deus que os enviou à praia para evangelizar em fato de banho a gente seminua! Em suma hoje alguns para justificar esta sua paixão enganadora chegam a dizer de tudo! Mas aquilo que entristece mais é o constatar que a grande maioria dos pastores nunca falam contra esta paixão enganadora de que muitos fiéis são agitados; antes, se podem, dão até a sua palavra de aprovação (até mesmo mudando o horário do culto dominical para permitir aos irmãos ‘gozarem o mais possível a praia que Deus fez’) porque eles mesmos são ainda escravos desta concupiscência. E é justamente por muitos condutores calarem sobre tudo isto (porque ainda não conseguem discernir o mal que há em ir à praia), e por as ovelhas ouvirem e verem que os seus pastores lá vão, que as ovelhas são encorajadas a continuar a lá ir. São justamente muitos pastores de nome mas não de facto, que dizem: ‘Mas que mal há?’ O mal há, só que eles, tendo sido cegados pelas trevas não o vêem ou fingem não o ver.

Irmãos que ainda ides para a praia corromper-vos, deixai de lá ir; também vós que estais encarregados de apascentar o rebanho e que ainda ides para a praia, deixai de lá ir e ponde-vos a reprovar este mau costume com toda a franqueza. A vós que antes não ides lá – que sois a minoria - porque estais plenamente convictos que este costume é um mau costume das nações, digo, continuai a resistir ao inimigo quando chegando o forte calor vos tentar para que vos agregueis à gente do mundo e às comunidades que lá vão, resistindo-lhe estando firmes na fé e ele fugirá de vós; sabei que vos estais abstendo do mal e que Deus se compraz nesta vossa tomada de posição.

Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios recusando entre outras coisas ir à praia divertir-se como antes eles fazem e recomendam.

 

A televisão

 

A televisão é ainda hoje considerada como uma das maiores descobertas tecnológicas no campo das comunicações alguma vez feita pelo homem. Por meio deste meio de comunicação, desde que foi inventado, mudaram para pior os hábitos das pessoas; este é um dado de facto reconhecido por todos. Quais foram estas mudanças? Antes de tudo reduziu consideravelmente o falar em família, de facto hoje todas as vezes que as famílias se encontram reunidas à mesa para comer quase nunca falam entre elas dos seus problemas porque estão atentas a ver e a ouvir a televisão; depois contribuiu para aumentar a obscenidade, a perversão e a violência entre as pessoas, além de muitas e muitas outras coisas. Mas como pôde a televisão operar estas mudanças? Pôde fazê-lo em virtude do seu poder que é enorme; ainda hoje aqueles que estudam ‘o fenómeno televisão’ reconhecem que a televisão exerce um poder sobre o homem que supera a inteligência humana porque este seu poder o exerce no subconsciente do homem.

Agora demonstraremos como ver televisão é prejudicial para aquele que creu no Evangelho; o faremos usando as sagradas Escrituras e tirando delas os nossos raciocínios.

Ÿ O apóstolo João diz: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo" (1 João 2:15-16).

E se alguém considera bem o que é transmitido na televisão chegará à conclusão que a televisão transmite tudo o que há no mundo, vale dizer, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Por isso não nos admiramos de modo nenhum do ‘sucesso’ que tem tido este meio de comunicação no mundo inteiro, porque ele transmite o que pertence a este mundo, e como o mundo ama o que é seu, a televisão entrou nas suas graças até a tal ponto de as pessoas do mundo não poderem passar sem ela. Ver televisão para as pessoas do mundo é como respirar o ar, é como comer o pão, é como beber a água; em suma algo de irrenunciável. Se ela avaria chamam logo o técnico para consertá-la, como se se tivesse rompido uma conduta da água ou do gás. Dizêmo-lo claramente; o mundo ama a televisão porque nela encontra toda a imundícia de que lhe agrada alimentar-se.

Mas ai de mim, a televisão é amada também por muitos e muitos crentes; os quais por ela nutrem o mesmo amor que nutrem por uma passoa querida. Guardam-se bem de falar contra ela, e quando ouvem alguém que fala contra ela, é como se alguém lhes tocasse a pupila dos olhos! Começam a estremecer por dentro, a ranger os dentes, a mudar o aspecto do rosto; não conseguem suportar que alguém fale mal do seu ídolo doméstico. Sim, ídolo, porque a televisão entrou no seu coração; mas não entrou sem a sua permissão, porque foram eles que a tomaram e a puseram no seu próprio coração. O adoram, o exaltam, dobraram os joelhos diante dele; tornou-se o seu senhor, tornaram-se escravos dele! Palavras duras, mas que reflectem a triste realidade no meio do povo de Deus. Agrada-lhes vê-la, antes é melhor dizer que adoram vê-la de maneira apaixonada porque nela encontram forragem para os seus insaciáveis olhos e ouvidos. Querem fixar o olhar no que desaparece, na vaidade deste mundo, nas vaidades mentirosas; ei-los a ver os desfiles de moda, ei-los a ver o festival, ei-los a ver o espectáculo em que os bobos lançam os seus ultrajes contra tudo e todos, ei-los a ver os vários filmes, há deles para todos os gostos na verdade! ‘Mas que estás dizendo?’ alguém dirá! Estou dizendo o que acontece nas casas de muitos crentes e de muitos pastores. Por que razão portanto ficar admirado desta alastrante mundanidade no seio das igrejas? Os crentes falam como fala a televisão, os crentes vestem como vêem vestir na televisão, conduzem-se como vêem conduzir-se na televisão; em suma têm os mesmos gostos e costumes que são embandeirados e ostentados pela televisão (quando digo pela televisão, é como se dissesse pelo príncipe deste mundo através dos seus filhos e das suas filhas que aparecem no ecrã televisivo). O que portanto se pode esperar de crentes e de pastores dominados pela televisão? Santidade porventura? De modo nenhum. Justiça porventura? De modo nenhum! Zelo pelas coisas de Deus? Não! Amor pela irmandade? Tampouco! Apenas indiferença, superficialidade, e ligeireza para com tudo o que concerne ao reino de Deus. Por que é que hoje as reuniões de oração são desprezadas pela maior parte dos fiéis? A razão é porque quando os fiéis regressam a casa à noite do trabalho, a primeira coisa em que pensam é ir acender a televisão (se já não esta acesa), e ver tudo o que de interessante e de belo transmitirá. Há o festival! Há quem o faz morrer de risadas! Há a partida da equipa do seu coração! Há o último filme de Fulano em estreia televisiva! Não têm pois tempo para ir orar a Deus junto com os fiéis! Por que é que depois do culto se assiste a um foge foge geral? Ainda por causa da televisão, porque a maior parte quer estar no horário fixado diante da televisão para ver o seu programa preferido. E por que é que pelo contrário ao culto muitos chegam atrasados? Ainda por causa da televisão, porque eles tiveram que ver até ao fim ou até que puderam o seu programa televisivo. Mostram mais zelo muitas pessoas do mundo quando têm que ir ao estádio para ver uma partida de futebol, que muitos fiéis quando tem que ir ao culto. Os primeiros chegam lá mesmo quatro cinco horas antes do início da partida, os segundos sempre alguns minutos ou sempre meia hora depois que começou o culto. Por que é que quase ninguém deseja os dons espirituais? Porque hoje quase todos estão tão apegados à televisão, que não pensam minimamente nos dons do Espírito Santo. Por que é que há uma grande falta de conhecimento da Palavra de Deus? Porque o tempo que os fiéis deveriam investir em ler a Palavra de Deus, em meditá-la e estudá-la, é usado para ver e ouvir televisão. E depois são justamente aqueles que estão dia e noite diante da televisão que se zangam quando ouvem algum irmão citar mais versículos da Bíblia do que a média geral. ‘Irmão, a letra mata mas o espírito vivifica’, isto sabem dizer para te contristar, para te desencorajar de estudar as Escrituras. Mas vós sabei que o significado destas palavras não é o que lhe deram estes, porque o apóstolo Paulo com estas palavras quis dizer aos Coríntios que o antigo pacto (a letra) mata, enquanto o novo pacto (o Espírito) vivifica. Mas eu quereria dizer a estes que não é o estudar as Escrituras e assimilá-las que mata, mas são as suas amadas séries, as abominações das suas amadas telenovelas, os seus amados festivais, as piadas e as graçolas indecentes dos seus cómicos preferidos e as obscenidades e as violências que vêem que matam. E de facto eles estão mortos se bem que tenham nome de que vivem; porque toda aquela imundícia televisiva que introduziram no seu coração sufocou a Palavra que assim ficou infrutífera. Por que é que quando falam não falam com a Palavra de Deus, mas manifestando grandes e terríveis vazios de memória; ou uma ignorância das Escrituras que parece estar a falar com pessoas convertidas há um dia? Procuram o livro dos Salmos entre o Gênesis e o Deuteronómio, a Bíblia para eles é um livro desconhecido que levam ao culto só para parecer cristãos, mas que nas suas casas quase nunca é aberto. Conhecem de memória os horários dos filmes, os títulos dos filmes, os actores dos filmes e tantas e tantas outras coisas; mas não conhecem a Palavra de Deus. Em sua casa encontras à mão as revistas com os programas, enquanto a Bíblia está escondida ou impossível de encontrar. Sem falar depois da oração; quando oram dizem as mesmas coisas, não oram com fé, porque recitam; tudo gramaticalmente no seu lugar, mas morto, sem vida, sem zelo. Eu sei, tudo isto é desolador é desencorajante para os que querem santificar-se e que buscam continuamente a face do Senhor; mas aliás este é o resultado que produz o amor pelo mundo e pelas coisas que há no mundo quando penetra no coração dos crentes.

Portanto como ver televisão tende a fazer nascer nos crentes o amor pelo mundo e pelos prazeres do mundo, e a fazer-lhes descurar a leitura da Palavra de Deus, a oração e a irmandade tanto nos dias das reuniões oficiais como nos outros dias, e a fazer-lhes esquecer de observar a Palavra de Deus, vós irmãos não a deveis mais ver porque vos pondes a gastar tempo e dinheiro inutilmente, sem dar algum fruto para a glória de Deus. Mas depois a televisão é um poderoso instrumento nas mãos de Satanás para gravar as imagens perversas e violentas que nela passam na mente dos crentes, os quais depois quando apagarem o ecrã televisivo voltarão a pensar nelas. E portanto em vez de pensar coisas boas, justas e verdadeiras, como diz para fazer o apóstolo Paulo (cfr. Fil. 4:8), pensarão coisas perversas, desobedecendo a Deus. Um análogo discurso tem de ser feito para as crianças, as quais com extrema facilidade memorizam na mente tudo aquilo que vêem e ouvem na televisão; elas hoje são ‘criadas’ pela televisão, e não mais pelos pais em toda a disciplina e em admoestação do Senhor; por isso crescem violentas, apegadas à vaidade, separadas da família, por isso respondem mal e vulgarmente e se dão a muitos vícios desde a sua tenra idade.

Alguns se perguntarão porque falo da televisão desta maneira; a razão é porque eu pessoalmente experimentei tanto o prejuízo que ela me proporcionou em muitos anos que a vi, como a paz e o gozo que se provam quando se é libertado do seu domínio. Obviamente haverão aqueles que lendo estas minhas afirmações sobre a televisão dirão que eu sou exagerado ou demasiado exagerado; posso-vos assegurar porém que se vós tomais a decisão de entender bem qual seja a vontade do Senhor, de compreender se o que eu vos estou dizendo é verdade ou não, e orardes a Deus a tal respeito Deus vos fará entender quanto maléfico é a influência da televisão em vós e nas vossas famílias e vos libertará deste jugo do qual são escravas milhares de pessoas no mundo. Quando acontecer tudo isto, desembaraçai-vos da vossa ou das vossas televisões. A vossa vida sofrerá uma mudança para melhor, porque começareis a dedicar-vos principalmente ao serviço do Senhor como nunca o tinheis feito antes.

Ÿ Jesus disse: "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem sãos, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem viciados, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" (Mat. 6:22-23).

O nosso corpo tem uma candeia que são os olhos; notai que Jesus não disse que a candeia do nosso corpo é um outro membro do nosso corpo mas os olhos. Ora, esta candeia se acesa iluminará o nosso corpo; se apagada não o iluminará mas o fará jazer nas trevas. Portanto se nós queremos manter a nossa candeia acesa de maneira a iluminar o nosso corpo devemos ver coisas justas, verdadeiras e honráveis; apenas nesta condição cumpriremos as palavras de Jesus: "Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias..." (Lucas 12:35). Por outro lado porém se nós nos pomos a fixar o olhar na vaidade, na obscenidade e na violência a nossa candeia se apagará. Em outras palavras os nossos olhos serão olhos apagados e não olhos vivos e luzentes que emanam a luz do Senhor. Considerando por isso que no ecrã televisivo passam continuamente imagens perversas e violentas de todo o tipo, deve-se concluir que vendo-as os olhos se viciam e viciando-se fazem cair nas trevas o corpo; por isso é melhor não ver televisão. Alguém se perguntará: ‘O que significa que o nosso corpo estará nas trevas se os nossos olhos estão viciados?’ Significa por exemplo que ao ver na televisão uma cena sensual ou uma pessoa vestida sem pudor o corpo do homem se corrompe porque aquela imagem estimula ou faz nascer de repente a concupiscência. Mas isto pode-se dizer para qualquer imagem televisiva perversa; porquanto também ver magos ou bruxas exercitar as suas artes mágicas ou pessoas a matarem-se ou a espancarem-se faz cair o corpo nas trevas. Recordai-vos que em Isaías está escrito que o justo "fecha os seus olhos para não ver o mal" (Is. 33:15), exactamente porque ele sabe qual é o efeito que produz uma imagem má sobre si.

Ÿ Em Isaías está escrito que o que anda pelos caminhos da justiça "tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue" (Is. 33:15).

Ora, no telejornal, que parece tão inócuo aos olhos de muitos ouvem-se muitas vezes notícias de homicídios, de guerras, de atrocidades, de todo o género de injustiças, de falsidade, de fraude, de perversidade e por aí fora: vos pergunto: ‘Que graça vos conferem estas notícias? Vos edifica ouvi-las? Fazem-vos bem espiritualmente?’ Eu vi telejornais de todo o tipo e de diversas nações por muitos anos e posso dizer não ter recebido nenhum benefício espiritual deles, antes só perturbação, desconforto, e por vezes raiva por certas notícias dadas. E depois sabe-se que quotidianamente o telejornal não faz mais que dar uma série de más notícias; por que então nos precipitarmos a ouvi-lo? Oh, se muitos crentes a mesma urgência que têm para ouvir o telejornal a tivessem para ouvir a Palavra de Deus! Se eles fossem apegados à palavra de Deus como o são ao telejornal creio firmemente que se veria um notável progresso espiritual na sua vida. Se tivessem a mesma sede de ouvir a Palavra de Deus que é eterna como têm para ouvir as coisas que são ditas no telejornal creio verdadeiramente que seriam diferentes. Porém a realidade é triste; os crentes sabem aquilo que diz o telejornal mas não sabem aquilo que diz Deus na sua Palavra; recordam-se bem do que disse no telejornal, mas esquecem-se num instante do que ouvem pregar do púlpito; estão horas e horas diante da televisão para ouvir telejornais e programas da actualidade de vários géneros e se aborrecem no culto a ouvir pregar ou ensinar a Palavra além do limite habitual, de facto a um certo ponto começam a olhar para o relógio e a dizer para eles mesmos: ‘Mas quando é que isto acaba?’.

Ouve-se falar de avivamento: é justo que se fale dele; mas eu creio que o avivamento chegará quando os crentes começarem a desembaraçar-se também da televisão e a empregar todo o tempo que empregam a vê-la de joelhos a orar com a comunidade ou a investigar as Escrituras ou a fazer boas obras. Mas enquanto a televisão TAMBÉM ocupar esta importância na vida dos crentes o avivamento se manterá longe e não chegará; e tudo isto porque na raiz deste apegamento à televisão está o amor pelo mundo e pelas suas mundanas concupiscências. E nós sabemos que se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele. Sem o amor pelo mundo, sem o amor pelas coisas deste mundo; então sim começará a despontar a luz para muitas igrejas; então sim voltará o zelo e o fervor de outrora; o poder de outrora; o amor de outrora. Se começarão a ver manifestados os verdadeiros dons do Espírito Santo, e o mundo reconhecerá que Deus está verdadeiramente entre nós; se começará a ver o intenso amor fraterno pelo qual o mundo perceberá que nós somos discípulos de Cristo; então sim dos púlpitos se começará de novo a ouvir reprovar as mundanas concupiscências que hoje são aceitadas e consequentemente se começará a ver o rebanho a santificar-se porque se sentirá repreendido e ralhado pelos seus condutores. O nosso vivo desejo é que os crentes tornem a santificar-se no temor de Deus e que o Senhor opere poderosamente no seio das suas igrejas como nos dias de outrora.

Irmãos, vos conjuro em nome do Senhor a não ver mais televisão e a tirá-la da vossa habitação. Não tenhais em vossa casa este instrumento que o diabo usa para introduzir discórdia em vossa casa, para vos desencorajar de fazer o bem, para vos fazer voltar às contaminações do mundo de que um dia fugistes, numa palavra para vos destruir espiritualmente, e pelo qual – talvez disto estais esquecidos – vós pagais às estações de tv anualmente muito dinheiro! Imitai aquele irmão que quando viu na caixa da televisão que tinha comprado e que lhe estavam levando a casa escrito ‘O MUNDO EM CASA’ decidiu não querê-la mais na sua casa porque disse para si: ‘Como! Eu que fui libertado do mundo agora trago o mundo para minha casa?’. Sabei-o; jamais vos arrependereis de ter tirado o televisor da vossa casa, o repito JAMAIS, porque disso só vos virá o bem, muito bem. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações.

 

O carnaval

 

Todos os anos também nesta nação é festejada a festa dita de carnaval. Durante esta festa muitas pessoas se travestem usando toda a sorte de vestidos e de máscaras; são organizados muitos ‘bailes de máscaras’e muitos desfiles de carros alegóricos um pouco por toda a parte; em relação a estas coisas fazem-se muitos concursos para eleger a máscara mais bonita, o carro mais bonito e por aí fora. Além de tudo isto as pessoas deste mundo se abandonam a toda a brincadeira de mau gosto porque como dizem eles: ‘No carnaval toda a brincadeira vale’; e a glutonarias e a bebedeiras.

Os filhos de Deus não devem festejar a festa de carnaval de nenhuma maneira porque ela é uma obra infrutuosa das trevas em que os filhos da luz não devem participar conforme está escrito: "Portanto, não sejais seus companheiros. Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor... E não participeis nas obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.." (Ef. 5:7-8,11). Tende presente que por obra infrutuosa das trevas a Escritura entende qualquer coisa que não dá fruto para a glória de Deus. Consideremos de facto o carnaval; pode-se dizer porventura que festejando-o nos santificamos? Ou que festejando-o extraímos dele alguma coisa útil? Ou que festejando-o o nome de Deus é glorificado em nós? De modo nenhum. Eis por que nos devemos abster dele e o devemos reprovar. Mas infelizmente nem todos são deste sentimento entre o povo de Deus, com efeito, alguns crentes adultos para agradar às suas crianças no carnaval as vestem com os vestidos de carnaval e lhes põem na cara as relativas máscaras. Eles dizem: ‘Mas fazemos isto pelas crianças!’, e não por nós; mas a Escritura que diz? Ela diz: "A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela" (Prov. 22:15); portanto eles no carnaval concedendo às crianças aquilo que elas desejam na sua ignorância em vez de afugentar a estultícia do seu coração lhe a fazem ficar apegada, o que quer o diabo para que os filhos dos crentes cresçam rebeldes e viciados. E depois a Escritura diz: "Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação" (Rom. 15:2), e não para agradar ao próximo no que é mau; por isso nós não devemos agradar às crianças no carnaval vestindo-as de Zorro ou de Superman ou de qualquer outra personagem televisiva em voga nesse período. Tudo isto não serviria mais senão que para viciar os próprios filhos, para gastar muito dinheiro inutilmente, e para fazer com que a doutrina de Deus fosse blasfemada.

Por último quero lembrar-vos irmãos que o diabo usa muito as crianças para levar a corrupção às casas dos crentes; por isso é necessário vigiar para não cair nas suas armadilhas postas no nosso caminho. Um exemplo para todos; muitos crentes atrás das súplicas dos seus filhos compraram a televisão para satisfazer a este seu desejo e para contentá-los e depois eles mesmos se tornaram escravos da televisão. Pensavam estar a fazer um bem aos seus filhos comprando-lhes a televisão, mas depois com o passar do tempo compreenderam tê-los prejudicado grandemente tendo-lhes a comprado.

 

O circo

 

Creio que acontece um pouco a todos ver em certos períodos do ano afixados pelas ruas cartazes que publicitam o circo que plantou as suas tendas na própria terra ou na terra vizinha; ou de ouvir anunciados os horários do circo... por via de megafones enquanto nos encontramos em casa ou de ver atrás do carro com os megafones uma fila de animais tropicais. O que prometem às pessoas aqueles que fazem esta publicidade? Asseguram-lhes que passarão uma tarde ou uma noite diferente ou inesquecível porque verão um espectáculo único cheio de divertimentos e atracções. É necessário reconhecer que o circo consegue atrair sempre muitas pessoas, especialmente crianças; porque debaixo da tenda do circo as pessoas podem ver ao vivo animais provenientes de países longínquos; dromedários, camelos, girafas, hipopótamos, macacos, tigres, leões, e outros; podem assistir às conversas tolas dos palhaços; aos virtuosismos dos trapezistas; aos ‘jogos de prestígio’ dos mágicos (que não são mais que obras do diabo feitas passar por jogos), e a muitas outras coisas.

Nós como filhos de Deus nos devemos abster de ir ao circo porque iremos gastar dinheiro no que não sacia, além de ver o que é inconveniente como conversas tolas, mulheres e homens seminus rebolarem-se sobre os trapézios, pessoas que lançam facas sobre rodas em que estão penduradas mulheres; homens e mulheres que põem grandes serpentes sobre os seus corpos beijando-as e acariciando-as; pessoas que põem na boca benzina e a cospem incendiando-a com o fogo que têm nas mãos; homens e mulheres cheios de demónios que exercitam as suas artes ocultas; animais amestrados a exibirem-se para suscitar a admiração dos presentes; em suma a vaidade.

Notai como o circo, como tantas outras distracções deste mundo, tem na base do seu ‘sucesso’ entre as pessoas a concupiscência dos olhos; ou seja, o insaciável desejo de ver coisas novas, perversas e vãs que é inato no homem. Por isso nós crentes o evitamos porque a concupiscência dos olhos não é de Deus mas do mundo.

Podemos definir a tenda do circo, uma tenda debaixo da qual se reúnem os pecadores para se divertirem, um caminho sobre o qual se detêm os pecadores; não é um lugar portanto que se adequa aos santos. "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores...." (Sal. 1:1), diz o salmista.

 

Fazer desporto

 

Que deve fazer quem dentre vós se converteu enquanto fazia desporto, isto é, enquanto era jogador de uma equipa de futebol, de basquetebol, de voleibol, de baseball etc.? Deve deixar o desporto que faz. Porquê? Se me dirá. Pelos seguintes motivos. Porque o ambiente desportivo é um ambiente perverso. Palavrões, blasfémias, iras, não faltam tanto nos treinos como nas partidas de campeonato e amigáveis. Além disso quem por exemplo joga futebol ou basquetebol tem de usar a astúcia por vezes para fazer certas acções; e esta é uma coisa que não se adequa aos santos. Como não se adequa aos santos também a violência que é necessário usar para com o adversário, ou fazendo-o cair, ou barrando-lhe o caminho, ou dando-lhe alguma joelhada no estômago ou na cara com o risco contínuo de lhe fazer mal e também de fazer mal a si próprio. E depois o ambiente desportivo é um ambiente onde é necessário pôr à mostra o corpo, os músculos, e naturalmente cada um procura embelezar o seu corpo fazendo culturismo por exemplo, ou usando cremes de todos os géneros, e por aí fora; isto vale tanto para os homens como para as mulheres. E isto não é uma coisa justa perante Deus. Além disso nele se abrigam adúlteros e fornicadores e mulheres astutas e insolentes em cujas redes é muito fácil cair seja por casados como não casados. Um outro motivo é porque tanto os treinos como as partidas obrigam a faltar por vezes parcialmente e outras vezes totalmente às reuniões da igreja.

Queria por fim precaver-vos irmãos das partidas de futebol entre igrejas que estão tão em voga nestes tempos. Não participeis delas porque iríeis corromper-vos, dado que sereis obrigados a vos pordes em calções e a vos apresentardes com este ridículo uniforme diante das irmãs que vão fazer claque, e a fazerdes rasteiras e a dardes pontapés nos irmãos, e vos zangareis como em qualquer outra partida com o risco de dizer palavrões. "Não participeis nas obras infrutuosas das trevas" (Ef. 5:11), sede sérios na vossa conduta.

Mas então nenhum exercício gímnico nos é permitido fazer como crentes? Não, isso não se pode dizer. O facto porém, é que embora se possa fazer algum exercício físico a Escritura diz que "o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa" (1 Tim. 4:8). Portanto a escritura não encoraja de modo nenhum com estas palavras a conceder parte do nosso tempo a exercícios físicos.

 

Ir ver uma partida de futebol

 

Por que razão os crentes não devem ir ver uma partida de futebol ao estádio? O motivo é ainda o mesmo: Para não participar nas obras infrutuosas das trevas. Mas consideremos por um instante esta concupiscência mundana; no que consiste? Em ir ver após pagamento duas equipas de jogadores de futebol enfrentarem-se com violência e com muitas incorrecções, com o desejo recíproco de vencer o encontro. Mas o facto é que quem vai ao estádio vai também ouvir as pessoas blasfemar, insultar os adversários da equipa oposta, o árbitro e os adeptos da equipa de fora; e como se isso não bastasse vai também assistir por vezes a violência de todo o tipo entre as pessoas que apoiam as duas equipas. Quem antes de converter-se era um assíduo frequentador do estádio sabe perfeitamente qual é o ambiente que há num estádio durante uma partida de futebol; por isso toma a decisão de não ir lá mais.

O facto é que quando se assiste a uma partida de futebol junto com muitas pessoas acontece que duma maneira ou de outra se é arrastado a fazer comentários sobre a partida, ou sobre o árbitro, sobre as irregularidades e sobre muitas outras coisas; e estes comentários se é levado a fazê-los ou num estado de entusiasmo ou num estado de aflição conforme a própria equipa esteja vencendo ou perdendo. Estado de ânimo que influi sobre o que se diz e sobre como se diz. Quero dizer com isto que quando se está imerso no meio de multidões de pessoas do mundo exultantes ou desiludidas facilmente se é arrastado pelos outros a dizer coisas tortas ou a agir mal contra alguém.

Todas estas coisas nos levam a definir o assistir a uma partida de futebol algo de inútil e de nocivo para a vida espiritual de um crente, e de facto não contribui de modo nenhum para fazer tornar o crente reverente para com o seu próximo ou manso para com todos como a Escritura diz. Antes o corrompe fazendo-o irritar-se e falar mal dos da equipa oposta, e induzindo-o à violência.

A Escritura diz que "o homem violento coage o seu companheiro, e o faz deslizar por caminhos nada bons" (Prov. 16:29); isto é o que faz o encarniçado adepto de uma equipa quando conduz ao estádio algum outro; portanto irmãos, sobretudo vós que sois jovens não aceiteis os convites para ir ao estádio que vos fazem estes homens violentos, a fim de não vos encaminhardes por um caminho nada bom sobre o qual se encontram espinhos e laços.

 

Jogar no totobola, no totoloto, na lotaria e em apostas de corridas de cavalos

 

Ao futebol está ligado o jogo do totobola, que está muito difundido também nesta nação. Mas há outros jogos muito difundidos como o totoloto e a lotaria. Aqueles que jogam no totoloto, no totobola e em corridas de cavalos, dentro dos termos fixados, apresentam aos relativos estabelecimentos públicos os boletins com as suas apostas; para naquilo que concerne ao totobola os resultados das partidas como eles os preveram; para naquilo que concerne ao totoloto os números que segundo eles sairão na extracção, e por fim naquilo que respeita às corridas de cavalos os nomes dos cavalos que segundo eles chegarão em primeiro lugar e em segundo lugar nas diversas corridas. No caso da lotaria compram o bilhete com o número que segundo eles sairá na extracção. Naturalmente tudo isto é a pagamento. Mas o que leva as pessoas semanalmente a gastar dinheiro, alguns mais outros menos, a jogar no totobola, no totoloto e na lotaria ou como eles dizem a tentar a sorte? O pensamento de poder enriquecer sem muito trabalho e num curtíssimo tempo, e de poder ser o próximo ‘afortunado’ jogador.

Mas por que razão os crentes se devem abster de jogar nestas coisas? Porque o tentar a sorte não se adequa de modo nenhum a pessoas que confessam serem estrangeiras e peregrinas neste mundo e que desejam partir e ir habitar com o Senhor no céu. Aqueles que tentam a sorte não estão de modo nenhum contentes com as coisas que possuem; isto é o que se percebe também pela forma como falam. Mas os crentes devem estar contentes com as coisas que têm conforme está escrito: "Contentando-vos com o que tendes" (Heb. 13:5), por isso não sentem a necessidade de jogar no totoloto para fazer seis!

E depois é necessário dizer que jogar no totobola, no totoloto, na lotaria e em apostas de corridas de cavalos tem repercussões negativas sobre as pessoas porque as leva a seguir as partidas, a extracção do totoloto e da lotaria e as corridas de cavalos, as enche de ansiedade à espera dos resultados, de desespero e de raiva quando perdem por pouco, e depois as leva pouco a pouco a se especializarem nas técnicas de jogo e a investir cada vez mais dinheiro nestes jogos; "um abismo chama outro abismo" (Sal. 42:7), e o crente sabendo quais funestas consequências trazem estes jogos na vida das pessoas sabiamente se abstém deles para não se encaminhar por veredas em que não há nem tranquilidade e nem gozo, e nas quais se gasta muito tempo e dinheiro para nada.

Resumindo portanto; os filhos de Deus sendo forasteiros e peregrinos em viagem para o céu devem contentar-se com o que têm e por isso não devem pensar em enriquecer também por meio destes jogos. Além disso não devem jogar nestes jogos porque isso teria graves repercussões na sua vida.

 

Diversos tipos de jogos

 

Exorto-vos irmãos a não vos pordes a jogar cartas porque as cartas têm origens ocultas (sobre quem as tenha inventado as opiniões são discordantes) e de facto, como vós bem sabeis, elas são usadas pelos adivinhos para predizer o futuro (na cartomancia). Não importa se quem quer jogar convosco cartas o quer fazer para apostar dinheiro ou apenas para passar o tempo; não vos ponhais a jogar a este jogo de que o diabo se usou e se usa para destruir famílias inteiras e para levar ao suicídio muitos dos seus jogadores. Se tendes em casa ainda cartas de jogo pegai nelas e queimai-as.

Exorto-vos a não vos pordes a jogar também aqueles videojogos tão em voga hoje, nem nas salas de jogos e nem tampouco em vossa casa. São poderosas armas nas mãos de Satanás para fazer perder aos homens muito tempo e dinheiro. Para não falar depois do facto que em muitos destes videojogos aparecem monstros e outras coisas diabólicas que têm a ver com o mundo do oculto.

Além disso cuidai bem dos jogos que comprais aos vossos filhos porque entre os jogos para crianças há muitos que têm a ver com o ocultismo. São jogos onde a magia é apresentada como uma brincadeira, e onde as crianças são chamadas a fazer amizade com monstros, serpentes, dragões, etc. Se vos convertestes possuindo já estes jogos exorto-vos a destruí-los (não a oferecê-los a alguém) e a deitá-los fora logo.

Outros tipos de jogos a evitar como crentes são aqueles que infelizmente algumas igrejas organizam pelo fim do ano, ou em outras ocasiões. A tômbola, o monopólio, o comer spaghetti sem talher só com a boca para ver quem faz primeiro, e muitas outras coisas. Constituem apenas uma perda de tempo e alguns deles são parvoíces.

Há a evitar depois os jogos de enigmas também eles muito difundidos hoje, não é nada difícil encontrar no autocarro ou no comboio gente que se deleita em fazer estes jogos. São também eles uma perda de tempo que tendem a fazer esforçar a mente do crente na direcção errada, isto é, no procurar as soluções para as perguntas ou para o enigma, e a distraí-lo. Exorto-vos a não vos pordes a fazê-los.

 

Comprar e ler jornais e revistas mundanas

 

A gente do mundo é dominada pelo desejo de ser informada sobre todos os mais recentes acontecimentos; sobre as guerras, sobre os homicídios, sobre as separações entre os actores ou entre as personagens do espectáculo e os seus novos amores, sobre os escândalos de todo o tipo que acontecem em todos os ambientes, além de sobre os campeonatos das diferentes modalidades desportivas; para citar só algumas das coisas de que estão sedentos de ouvir os de fora. Para compreender quanto esteja difundida esta sede é suficiente nos pormos diante de um quiosque e ver quantas pessoas compram continuamente jornais e revistas. Ora, será bom reflectir sobre este comportamento da gente do mundo. Façamo-nos antes de tudo a pergunta: ‘Por que é que os do mundo mostram este mórbido apegamento aos jornais, às revistas? Por que é que não podem passar sem eles?’ A razão é porque estão debaixo do poder do diabo (que é bom recordá-lo é o príncipe deste mundo), o qual os senhoreia fazendo-lhes ler tudo aquilo que não edifica e que é bom recordá-lo passa. É desta maneira que o diabo consegue distrair as pessoas para que não busquem a Deus e não se interessem pelas coisas de Deus; fazendo-lhes ler continuamente jornais e revistas. Esta resposta poderá parecer o enésimo ‘exagero’ a alguns porém certo é que não pode ser demonstrado que não é assim. Dizei-me: ‘Por que é que muitas pessoas do mundo quando se lhes fala do Evangelho, isto é, da Boa Notícia da paz, respondem: ‘É uma história velha!’ e se afastam de nós com pressa e furor dizendo que não têm tempo para nos ouvir, mas quando estão longe de nós gastam horas e horas a ler jornais de todo o tipo e revistas de todo o tipo com todas as suas novas, recentes e sensacionais notícias? Não é porventura porque, como diz Paulo aos Romanos: "Os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne" (Rom. 8:5)? Certamente, que assim é; não pode ser doutra forma. E por que é que muitos deles quando se lhes oferece gratuitamente o Evangelho, fazem de tudo para recusá-lo porque se envergonham em frente aos outros de aceitar gratuitamente a Palavra de Deus escrita, e alguns deles o tomam e pouco depois o deitam fora; enquanto, pelo contrário, gastam mensalmente muito dinheiro a comprar os seus jornais e as suas revistas que falam do que passa e que não pode edificá-los e muito menos salvá-los? Não é porventura porque são dominados pelo diabo que não quer que eles leiam a Palavra de Deus porque não quer que sejam salvos? De certo, o diabo se usa de todos estes jornais e revistas para corromper as pessoas, para distraí-las e para desencorajá-las de crer em Deus. Também esta última coisa, com efeito, provocam os jornais e as revistas, induzem as pessoas a não crer na existência de Deus. Quantas vezes de facto as pessoas dizem: Mas se há um Deus como vós dizeis por que é que neste mundo há assim tanta maldade e injustiça? Não pensais vós que seja inevitável que as pessoas do mundo que se alimentam quotidianamente tanto por meio de jornais como de telejornais da maldade e da injustiça que vêem perpetrar pelos homens por todo o lado sejam induzidas a pôr em dúvida a existência de Deus e a sua soberania? Certo, eles falam assim porque ignoram a existência do diabo e do seu operar; porém permanece o facto que se eles lessem a Palavra de Deus em vez das notícias trágicas neles viria a fé necessária para crer na existência de Deus e para crer que Deus reina neste mundo de trevas. Mas como pode vir a fé em Deus lendo jornais e revistas mundanas? Mas tudo isto diz respeito aos de fora. Mas e quanto aos de dentro o que importa dizer? Importa dizer que também no meio do povo de Deus não são de modo nenhum raros os crentes que quotidianamente ou semanalmente ou mensalmente compram jornais e revistas de crónica, de desporto, de moda, de automóveis ou de tantas outras coisas que não cito particularmente porque são muito numerosas. São dominados por isto; não podem passar sem isto (cuidai que aqui não estou falando de comprar revistas úteis para um determinado trabalho; mas de revistas inúteis porque cheias de perversidades, de obscenidades e de vaidades e de discursos profanos). No seu automóvel, na sua casa não é raro ver de facto jornais de todo o tipo; a Bíblia não há, mas os jornais sim. Naturalmente, como o homem tende a falar do que lê e do que ouve, quando estes crentes falam parece ouvir pessoas do mundo porque demonstram estar bem informados sobre todas as maldades, todas as obscenidades, todas as injustiças, sobre os últimos acontecimentos políticos, desportivos, cinematográficos, e musicais e sobre os últimos automóveis; e falam disto com gosto e com prazer! O tempo para falar do que de vão e passageiro e de perverso lêem nos seus jornais o têm, mas se se trata de ter que falar das coisas de Deus escritas na Palavra, então não só começam a dizer que têm alguma coisa para fazer e por isso não podem demorar-se muito, mas mostram uma assustadora ignorância da Palavra de Deus. Eles quando falam citam com entusiasmo e com uma precisão assombrosa muitas das particulares más notícias que lêem ou os últimos ‘happening’ mundanos, mas se ouvem alguém que cita com outro tanto entusiasmo e com outra tanta precisão as Escrituras então começam a dizer: ‘Irmão, está atento que a letra mata mas o espírito vivifica’, e: ‘Está atento que também o diabo conhece a Escritura e a cita!’. Em suma estão tão corrompidos que têm mais prazer em ler a vaidade que em ler as Escrituras; e em vez de se alegrarem por encontrar crentes que conhecem as Escrituras e falam seriamente, em profundidade e com precisão delas, se desagradam disso; isto é o que se deduz claramente do seu comportamento. É uma coisa triste, muito triste, essa que estou dizendo irmãos; mas ela corresponde à verdade. Parte-se-me o coração em constatar que são mais apegados os incrédulos aos seus jornais, e às suas revistas do que quanto o são tantos crentes à Palavra de Deus; que os incrédulos lêem mais vaidades e obscenidades e perversidades do que quanto muitos crentes lêem a Palavra de verdade.

Mas voltemos ao facto de comprar e de ler estes jornais e revistas a que são apegados a gente do mundo (diários, Caras, TV Guia, Nova Gente, Vip, Lux, semanários e muito e muito mais); por que razão um crente se deve abster de comprá-los e de lê-los? Porque lendo-os se contamina! Eu experimentei o que vos digo; por isso sei o que vos digo. Se eu vos perguntasse? ‘Sentis que vos contaminais lendo a Bíblia? Vós me responderíeis: ‘De maneira nenhuma; antes sentimos em nós de ler e assimilar em nós palavras puras, palavras santas’. Por que é que responderíeis assim?: ‘Porque a Bíblia é a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é pura de toda a escória. "As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes" (Sal. 12:6), diz Davi; por isso não se corre o mínimo risco de contaminação em lê-las porque elas não estão contaminadas. Mas se eu vos perguntasse: ‘Sentis que vos contaminais lendo os artigos dos jornais, ou textos de outras revistas?, ou em outras palavras: ‘Vos sentis espiritualmente da mesma maneira do que quando ledes a Bíblia?’, o que responderíeis? De certo, se fordes sinceros com vós mesmos, e examinardes atentamente qual é a reacção do Espírito Santo que está em vós teríeis que dizer: ‘Com efeito, em ler os artigos do jornal nos contaminamos em uma certa medida; até porque os olhos vão pousar também sobre fotografias más; é como se nos sujássemos com alguma coisa e sentíssemos logo o desejo de nos purificarmos’. Eis aqui uma outra coisa a tratar; as fotografias colocadas nos jornais e nas revistas. É necessário reconhecer que as fotografias, não importa de que género são, contribuem para fazer vender mais ou para atrair as pessoas ao artigo do jornal; isto o sabem bem os redactores. Porém há muitas fotografias que perturbam; fotografias de magos enquanto exercitam as suas artes ocultas, as de feridos e mortos na guerra e as fotografias sedutoras e indecentes que têm como objecto a mulher; todas estas coisas, é necessário dizê-lo, contaminam o nosso espírito e a nossa carne em uma certa medida. Mas depois é necessário nunca esquecer que também o dinheiro gasto para comprar os jornais e as revistas é dinheiro lançado fora; e nós como crentes o dinheiro não o devemos gastar mal mas sabiamente.

Dilectos, empreguemos o nosso tempo livre lendo a Palavra de Deus porque ela é verdade, viva e permanente; digamos a Deus junto com o salmista: "Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade… inclina o meu coração aos teus testemunhos..." (Sal. 119:37,36), a fim de continuar a ter o nosso deleite na Palavra de Deus até ao fim, e para que o amor pela Palavra de Deus não venha a ser sufocado pelo amor enganador para com jornais e revistas ou romances que está tão difundido neste mundo. Estamos neste mundo e pedimos a Deus não para que nos tire deste mundo, mas lhe pedimos para que nos preserve do maligno porque sabemos que o nosso adversário anda em derredor de nós rugindo como leão procurando a quem possa tragar e necessitamos da protecção de Deus para permanecer em pé. Nós reconhecemos que todo o mundo jaz no maligno e que o diabo se usa também dos jornais e das revistas, para procurar desviar os filhos da luz da leitura da palavra de Deus e para corrompê-los fazendo-os se conformar ao mundo; por isso é necessário vigiar e orar continuamente a fim de não nos pormos a comprar também nós regularmente jornais e revistas como faz a gente do mundo e a lê-los com aquela paixão que agita os de fora.

 

A árvore de Natal

 

Com o passar do tempo, no presumido dia da natividade de Jesus, ou seja, no natal, apareceu precisamente a árvore chamada de natal. O costume de festejar o Natal com uma árvore é feito remontar ao tempo em que viveu Martinho Lutero (1483-1546); os historiadores dizem que ele se divulgou primeiro ao longo das margens do Reno, depois em toda a Alemanha; por fim atravessou as fronteiras e se difundiu em toda a Europa. A árvore em geral desde os tempos antigos tem representado alguma coisa para os povos; lembramos que a figueira e o carvalho eram consideradas sagradas pelos romanos, que os Assírios e os Fenícios veneravam árvores e que no curso dos séculos muitas tribos selvagens adoraram árvores.

Pelo que respeita à árvore em geral devemos dizer que a Escritura faz referências específicas a árvores porque ela muitas vezes compara os homens a árvores. As seguintes Escrituras explicam isto:

Ÿ "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará" (Sal. 1:1-3).

Ÿ "O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano" (Sal. 92:12).

Ÿ "Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto" (Jer. 17:7-8).

Como podeis ver o justo que faz a vontade de Deus é comparado a uma árvore verde que cresce e floresce e dá o seu fruto.

Mas, segundo a sabedoria, a árvore representa também tanto a própria sabedoria como o desejo atendido, de facto está escrito que a sabedoria "é árvore de vida para os que dela tomam" (Prov. 3:18), e que "o desejo atendido é árvore de vida" (Prov. 13:12).

Se depois a estas Escrituras se acrescentarem também as que dizem que na Jerusalém celestial está a árvore da vida no meio da praça da cidade, então se verá que o facto de alguns começarem a celebrar a natividade de Jesus a 25 de Dezembro com uma árvore sempre verde não foi por acaso, porque ela, segundo eles representava a vida que foi manifestada.

Mas vamos aos factos; a árvore de natal as pessoas a compram, a enfeitam de luzes, em baixo dela colocam presentes, somente porque é um costume que muitos praticam; para eles não tem nenhum significado. Nós não aceitando festejar o nascimento de Jesus a 25 de Dezembro não aceitamos por conseguinte tampouco este costume da árvore de natal. Porém constatamos que o costume da árvore de Natal, infelizmente, e repito infelizmente, foi aceite por muitos crentes, de facto no período natalício ela surge quer nas suas casas quer nos seus locais de culto; a eles não importa se aquilo que fazem não está escrito porque desejam não parecer nisto diferentes dos Católicos romanos. Que contradição porém; estão dispostos a aceitar um costume que não era praticado nas igrejas de Deus ao tempo dos apóstolos, enquanto não estão dispostos a aceitar um costume que havia nas igrejas como por exemplo o relativo ao véu! Isto nos ensina que para muitos é mais importante se conformarem aos costumes estranhos e pagãos, que aos escritos e cristãos. Julgai vós mesmos o que digo, irmãos.

 

O presépio

 

À festa do natal está ligado também o costume de fazer o presépio que consiste numa representação figural feita com estatuetas do evento do nascimento de Jesus Cristo. O Catecismo católico refere a origem do presépio nestes termos: ‘São Francisco de Assis tinha grande devoção ao mistério do Natal do Salvador. Levantava-se muitas vezes à meia-noite para adorar Jesus na hora em que fez a primeira aparição no mundo. Mais tarde, em 1220, pediu e obteve do papa, Honório III, a permissão de fazer o presépio durante a Missa da meia-noite de Natal, e isso no meio de um bosque que havia ao lado do mosteiro de Greccio. Formou uma espécie de caverna com pedras, musgo e ramos de árvores; ali pôs uma manjedoura, introduziu também um boi e um jumento, e ali levantou um altar para a celebração da Missa. Uma grande multidão de povo acorreu à função iluminando a floresta com fachos. Mais tarde fez-se o presépio com estatuetas, em primeiro lugar em Nápoles no século XV, e depois na Sicília e em outras regiões da Itália e do estrangeiro’ (Giuseppe Perardi, Il Nuovo Manuale del Catechista [ O Novo Manual do Catequista] , pag. 143-144).

Fazer o presépio para muitos poderá parecer um sinal de grande devoção para com o Salvador, poderá parecer belo quanto se queira, mas o facto é que se opõe à Escritura porque implica a transgressão do mandamento de Deus de não se fazer imagens e esculturas algumas. Por esta razão este costume deve ser rejeitado. Dilectos, recordai-vos do nascimento de Jesus Cristo, mas fazei-o muitas vezes e não uma vez por ano, e fazei-o na simplicidade do vosso coração meditando sobre todas aquelas passagens da Escritura que falam dele. Se de facto o Espírito Santo inspirou tanto Mateus como Lucas a escrever diversas coisas sobre o nascimento de Jesus é também porque Deus quis desta maneira que nós seus filhos mantivéssemos viva a memória daqueles eventos que caracterizaram o seu nascimento. Mas mais que do seu nascimento, dilectos, recordai-vos da sua morte e da sua ressurreição acontecida para a nossa justificação. E falai destes dois eventos tanto entre vós como àqueles que não conhecem a Deus, para que crendo neles com todo o seu coração sejam libertados do pecado.

 

A destruição do ambiente

 

Como crentes devemos procurar não destruir o ambiente pelo gosto de ver as coisas destruídas porque ele foi feito por Deus e deve ser respeitado. Ai daqueles que têm prazer em destruir a terra; a Escritura diz que vem o dia em que Deus destruirá "os que destroem a terra" (Ap. 11:18). Portanto quando nos encontramos no campo e comemos alguma coisa ou bebemos alguma coisa não devemos pegar nos sacos de plástico ou nas garrafas e deitá-las para o meio da erva, como também não devemos incendiar os bosques, deitar nos rios e no mar substâncias que prejudicariam os peixes e por aí fora. Outra coisa, ao contrário, é se se têm que destruir coisas da natureza por necessidade; então neste caso nos é lícita esta destruição.

 

Matar os animais por divertimento

 

Nós crentes não temos o direito de matar os animais pelo simples gosto de matá-los ou de vê-los sofrer. Certo, nós podemos matá-los para nos alimentarmos, mas esta é uma coisa totalmente diferente de caçá-los por divertimento. "As afeições dos ímpios são cruéis" (Prov. 12:10) diz a sabedoria, mas assim não são e não se devem tornar as dos justos porque eles amam a criação de Deus e dela usam nos limites lhes prescritos por Deus. Eis por que ir à caça ou à pesca só por passatempo para depois tomar a caça ou o peixe e deitá-lo fora é uma injustiça. Nunca nos devemos esquecer que as misericórdias de Deus "são sobre todas as suas obras" (Sal. 145:9) e portanto também sobre os animais da terra e as aves do céu e sobre os peixes do mar e dos rios e dos lagos, e de facto Deus alimenta todas estas criaturas. E por isso se devemos ser imitadores de Deus devemos também nós estender a nossa misericórdia a todos estes animais, não os molestando, não os maltratando, não nos comportando injustamente para com eles e matando-os sem justo motivo. Aliás também na lei Deus tinha dado preceitos em favor dos animais. Por exemplo tinha dito: "Com boi e com jumento não lavrarás juntamente" (Deut. 22:10) e ainda: "Quando encontrares pelo caminho um ninho de ave numa árvore, ou no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhotes; deixarás ir livremente a mãe, e os filhotes tomarás para ti; para que te vá bem e para que prolongues os teus dias" (Deut. 22:6-7).

Tenho a precisar que isto deve ser feito pelo respeito que nós devemos à criação de Deus como obra de Deus, mas que este respeito tem limites bem precisos e não deve transformar-se em luta pelo ambiente e pelos animais porque neste caso se começaria a utilizar dinheiro, tempo e energia da maneira errada e se cairia numa armadilha do inimigo. Por que a chamo armadilha? Porque o diabo teria muito gosto se nós crentes nos puséssemos a gastar o nosso tempo a lutar em favor das plantas e dos animais em vez de gastá-lo a procurar arrancar as almas das suas mãos. A nossa luta deve ser uma só; aquela em favor da fé e do Evangelho para que as almas possam ouvir o evangelho e crer, e os crentes permanecer firmes na fé até ao fim para herdar a coroa da vida. Que isto nunca se aparte dos vossos olhos irmãos.

 

Fazer viagens para conhecer novos lugares

 

Na sociedade em que vivemos hoje somos continuamente bombardeados de uma maneira ou de outra por anúncios publicitários cativantes em que são oferecidas viagens a países de todos os continentes a preços vantajosos para conhecer as maravilhas e as belezas daqueles lugares. E dado que hoje aqui na nossa nação se está bem economicamente muitos empreendem estas viagens.

Eu vos exorto a não vos pordes a fazer estas viagens porque são só um vão dispêndio de energia e de dinheiro. Paulo diz que "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (1 Cor. 10:23), e estas viagens não edificam e nem convêm ao crescimento espiritual.

Se quereis fazer verdadeiramente viagens úteis e convenientes aos países africanos ou do sul da América ou asiáticos então vos podeis dirigir a alguma igreja pobre destes países para suprir as suas necessidades e portanto para socorrer às necessidades das viúvas, dos orfãos, e dos pobres levando-lhes dinheiro ou fazendo algo mais em seu favor. Assim fazendo a vossa viagem resultaria útil e conveniente aos irmãos necessitados daquele lugar e a vós porque faríeis uma obra de caridade. Sede prudentes irmãos e procurai utilizar os abundantes bens que Deus vos concede neste período de abundância por este país de maneira a glorificar a Deus. Cuidai de vós mesmos porque os prazeres da vida sufocam a palavra em vós plantada.

 

Evangelizar com a ajuda de mimos, música rock, etc.

 

Hoje, muitos crentes evangelizam fazendo uso de mimos, de cenas teatrais, de bonecos, de concertos chamados cristãos onde é entoada música moderna. Estes meios são usados para atrair as pessoas à praça ou ao local de culto; e depois evangelizá-las. Estes pensam assim que no reino de Deus o fim justifica os meios. Dilectos, eu vos exorto a evangelizar as pessoas mas não a fazer uso destes meios para atrair as pessoas a vós. Porque são meios humanos, carnais, mundanos, que tanto Jesus primeiro e depois os apóstolos nunca usaram nas suas evangelizações. Não tinham de modo nenhum necessidade destas diabruras, porque eles estavam cheios de Espírito Santo e tinham com eles o poder do Senhor que realizava milagres e curas e as pessoas vendo ou ouvindo os milagres e as curas que eles faziam se sentiam atraídas às suas reuniões; e quando não aconteciam milagres ou curas eram atraídas a eles pela sua autoridade. Também um homem como João Batista que não fez algum milagre não fez recurso a estas astúcias para atrair as pessoas às suas pregações, porque ele era um homem cheio de Espírito Santo. Leiam-se os escritos de Mateus, Marcos, Lucas e João e os actos dos apóstolos e se verá que das evangelizações de Jesus e dos apóstolos estavam ausentes meios carnais. Mas o que sucede antes quando falta a manifestação do Espírito Santo? O que sucede quando falta o poder de Deus na pregação do Evangelho? Sucede aquilo que vemos com os nossos olhos e ouvimos com os nossos ouvidos, que os crentes se tornam actores, que pintam a cara, que começam a usar a música que agrada aos jovens do mundo para atrair o mundo. Não se dando conta infelizmente, que assim fazendo o mundo os atraiu apanhando-os na sua rede. Paulo diz: "E também se um atleta lutar nos jogos públicos, não será coroado se não lutar segundo as leis [ ou legitimamente] " (2 Tim. 2:5); portanto a carreira que nos está proposta a devemos correr nos atendo às leis divinas (e temos exemplos desta carreira corrida segundo as leis divinas nos apóstolos), renunciando por isso a nos conformarmos a este presente século mau, renúncia que não está presente naqueles que decidiram levar o Evangelho ao mundo fazendo uso de bonecos, mimos, cenas teatrais, música diabólica e outras coisas inconvenientes. Ninguém vos engane com os seus sofismas; o Evangelho deve ser pregado com o Espírito Santo, com poder e com grande plenitude de convicção, exactamente como faziam os apóstolos, sem apoio na concupiscência dos olhos ou na da carne ou na soberba da vida. Reprovai com força estas coisas mundanas, e não participeis delas se na vossa comunidade são encorajadas.

 

Fazer política

 

Irmãos, como convém a estrangeiros e peregrinos abstei-vos de fazer política seja propagando as ideias políticas deste ou daquele outro partido político, e seja votando em favor deste ou daquele outro partido político. Alguém porventura dirá: mas porquê? Porque nós embora vivamos neste mundo não somos deste mundo (cfr. João 17: 11, 14) e não nos devemos embaraçar com coisas desta vida como por exemplo a política. Deixemos fazer a política aos políticos e à gente deste mundo; da nossa parte antes façamos o que não faz a gente do mundo: oremos por todas as autoridades estabelecidas por Deus para que Deus as salve, lhes deia sabedoria para governar, as proteja e as abençoe. E além disso lembremo-nos de dar graças a Deus por todo o bem que recebemos através delas, e de não dizer mal delas como faz a gente do mundo que faz zombaria delas, e as ultraja. Que deveis fazer pois quando há eleições políticas ou administrativas? Abstei-vos de votar. Isto não significa que não podeis ir à mesa eleitoral, porque aí podeis ir (com o objectivo naturalmente de anular o boletim). Recordo-vos irmãos que dar o vosso voto a um partido ou a um candidato que é pela liberdade de culto mas ao mesmo tempo é a favor dos homossexuais, dos feiticeiros, dos astrólogos, do aborto, do divórcio, e de tantas outras coisas tortas significa participar nas obras infrutuosas das trevas porque é como se vós dissésseis àquele partido ou àquele candidato que estais de acordo com ele que leva avante essas ideias. Ninguém vos engane com os seus sofismas; a política, ainda que Deus se use dos políticos, jaz no maligno e quem se põe a fazê-la ou de uma maneira ou de outra contamina a sua consciência. Os apóstolos não fizeram política como não a fez a igreja primitiva, porque eles sabiam muito bem que o reino de Deus não é deste mundo conforme disse Jesus: "O meu reino não é deste mundo..." (João 18:36). Mas parece que isto muitos ou não se lembram ou não se querem lembrar. Pior para eles.

 

Participar nas obras infrutuosas das trevas

 

O apóstolo Paulo disse aos Éfesios: "E não participeis nas obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as..." (Ef. 5:11). Portanto vós irmãos não deveis participar em todas as obras que não dão fruto para a glória de Deus sendo obras que dão fruto para a morte. Mas quais são estas obras infrutuosas das trevas? As mais evidentes são estas: concordar com outros para mentir para prejuízo de alguém ou para roubar ou para cometer um homicídio, participar de uma sessão espírita, etc. Mas há outras menos evidentes que aparentemente não parecem obras infrutuosas das trevas. Por exemplo participar na cerimónia religiosa de um matrimónio numa basílica católica romana, ou numa sala das testemunhas de Jeová ou de alguma outra seita; comprar cigarros para alguém que vos pede para que lhe os compreis, vender Bíblias e livros cristãos no local de culto em nome da comunidade, ajudar um drogado a comprar a sua dose de droga, fazer claque pela selecção nacional ou pela equipa da sua cidade, acompanhar alguém ao cinema ou ao estádio, fazer uma mini-saia (se alguém é costureiro) ou uma jóia de ouro (se alguém é capaz de trabalhar ouro) a uma mulher, e muitas outras. Eu vos exorto no Senhor a serem prudentes irmãos e a não condescender em fazer às pessoas ‘favores’ que constituem uma participação em coisas prejudiciais e vãs que não glorificam de maneira nenhuma Deus.

 

Tolerar o mal

 

No seio de muitas igrejas infelizmente se introduziu e enraizou a tolerância do mal e dos malvados. Mas o que se entende por tolerância do mal? Entende-se o admitir com serenidade de ânimo que os outros operem coisas ou ensinem coisas contrárias à sã doutrina. Façamos exemplos para dar uma ideia mais clara. Um divorciado casa-se? Um crente comete fornicação? Um crente rouba? Um crente fuma? Um crente vai à praia divertir-se? As irmãs andam vestidas indecentemente? Os irmãos dizem parvoíces? Há alguém que ensina que o inferno não existe? Ou que o homem não tem uma alma? Ou que não se deve comer carne de porco ou de coelho? Ou que se pode comer sangue, as coisas sacrificadas aos ídolos, e as coisas sufocadas? Ou que os jovens podem ter relações carnais antes do matrimónio? Ou que o batismo com o Espírito Santo é o novo nascimento? Ou que a mulher pode ensinar? e tantas outras coisas? Como reagem aqueles que toleram todas estas coisas? Dizendo: ‘Ninguém bufe, ninguém repreenda, cada um faça os seus feitos e tenha as suas ideias; evitemos disputas, contendas, Deus recebe-nos assim como somos, quem és tu que julgas o teu irmão? Sentes-te porventura mais santo que ele?’ e por aí fora.

Nenhum destes vos engane irmãos porque eles deixaram de amar a justiça e a verdade já há muito tempo e não sabem mais qual é a diferença que há entre suportar o mal e tolerar o mal, entre repreender e julgar o seu próprio irmão. Eu vos exorto no Senhor a não tolerar de todo nenhum pecado e nenhuma heresia porque Deus não se compraz em que vós ajais desta maneira. Em outras palavras Deus quer que o mal seja reprovado e aqueles que o fazem repreendidos, que a heresia seja reprovada e aqueles que a ensinam repreendidos. E não que diante do pecado ou diante da falsa doutrina vos caleis por medo que nasçam discussões ou que sejais afligidos com palavras azedas pelos contenciosos e pelos desordenados. Que assim é temos prova disso na Escritura. O Senhor repreendeu o anjo da igreja de Tiatira porque tolerava Jezabel, de facto está escrito: "Mas tenho contra ti que toleras Jazabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que cometam fornicação e comam dos sacrifícios da idolatria" (Ap. 2:20). Notai que nesta Igreja o pastor permitia a esta mulher ensinar heresias e cometer fornicação e não dizia nada contra ela. Mas o que fez o Senhor? Fechou os olhos como tinha fechado aquele pastor? Não, mas o repreendeu por causa da sua tolerância. Jesus porém não repreendeu o anjo da igreja de Éfeso por causa da sua intolerância para com os falsos apóstolos, de facto está escrito: "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes suportar os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e os achaste mentirosos" (Ap. 2:2).

Por isso aqueles que pecam ou ensinam coisas tortas devem ser repreendidos e não tolerados, coisa que pelo contrário é necessário fazer para com aqueles que têm uma opinião diferente da nossa sobre um dia ou sobre um alimento conforme está escrito: "Quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas" (Rom. 14: 1. Lede todo o capítulo 14 de Romanos).

Paulo disse a Timóteo: "Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor" (1 Tim. 5:20), e: "Admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino" (2 Tim. 4:2), e ainda: "Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis… assim o faço agora" (1 Tim. 1:3-4). Portanto tudo menos tolerância, tudo menos fingir que nada se passa, tudo menos admitir que cada um se comporte como quer e ensine o que quer na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e base da verdade. É necessário tomar uma clara posição, que é a de nos pormos contra toda a forma de mal para que a igreja seja conservada pura e irrepreensível e os crentes saibam que na casa de Deus ninguém é livre de agir mal e de ensinar aquilo que quer. Em outras palavras cada um deve ter um tal zelo pela casa de Deus que quando se apercebe que alguém procura introduzir maus costumes, ou estranhas doutrinas, levanta logo o seu protesto contra tais coisas e contra os que estão empenhados nesta obra do diabo no meio do rebanho do Senhor, para evitar que a coisa alastre e se torne incessante.

Cito agora exemplos que mostram como se manifesta o zelo pela casa de Deus e portanto pela justiça e pela verdade.

Jesus no templo em Jerusalém quando viu que a casa do seu Pai se tinha tornado um covil de ladrões fez um azorrague de cordéis e expulsou do templo ovelhas e bois e derribou as mesas dos cambistas, e ordenou aos que vendiam pombas para tirar dali aquelas coisas (cfr. João 2:13-17).

Paulo quando em Antioquia viu que Cefas obrigava os Gentios a viverem como judeus o repreendeu na presença de todos dizendo-lhe: "Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?" (Gal. 2:14) e outras coisas.

E poderia tomar por exemplo também os profetas os quais por se terem oposto à maldade, à injustiça, à mentira do povo, foram perseguidos e mortos, mas me fico por aqui por agora porque creio vos ter explicado que na casa de Deus o mal e aqueles que o praticam, a mentira e aqueles que a ensinam não devem de modo nenhum ser tolerados. Guardai-vos de todos aqueles que toleram o mal e daqueles que o fazem.

 

O ecumenismo

 

Neste tempo ouve-se falar muito de ecumenismo por parte da Igreja católica e de diversas Igrejas evangélicas (entre as quais também Igrejas pentecostais). Em substância os Católicos romanos nos dizem: ‘Unamo-nos porque somos todos irmãos, não permaneçamos divididos porque estas divisões são um escândalo’ e cada vez mais evangélicos dizem: ‘Mas por que devemos recusar associar-nos aos católicos romanos quando também eles adoram o mesmo Deus e crêem no mesmo Senhor em que nós cremos? Desembaracemo-nos dos velhos preconceitos em relação a eles, porque a igreja católica romana não é mais aquela de outrora’.

Eu vos conjuro irmãos a fugir deste ecumenismo porque não é mais que uma maquinação do diabo que quer fazer com que vos alieis com aqueles que odeiam a Palavra de Deus, isto é, os Católicos romanos a fim de que deixeis de reprovar as heresias da igreja católica e de procurar conquistar para Cristo os católicos romanos.

Está escrito claramente: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Cor. 6:14-18). O ecumenismo não é portanto um jugo para nós porque significaria prendermo-nos com pessoas com quem não há e não pode haver comunhão e consenso porque caminham nas trevas atrás dos ídolos mudos e estão apegadas a toda a sorte de preceitos de homens que se desviam da verdade; refiro-me aos católicos romanos. E isto eu o demonstrei amplamente no meu livro contra a Igreja Católica Romana (que vos exorto a ler para se darem conta disto pessoalmente). A vossa mensagem aos católicos romanos portanto não pode ser de modo nenhum esta: ‘Irmãos, vamos orar juntos, colaborar na evangelização dos pagãos, etc.’ mas deve continuar a ser esta: ‘Arrependei-vos das vossas obras mortas e crede no Evangelho e saí sem demora do meio da igreja católica romana’; pelo vosso bem e pelo deles. Estai firmes na verdade: ninguém vos engane com os seus sofismas nem da parte católica nem da parte evangélica.

 

A organização hierárquica denominacional

 

O sistema de organização hierárquica se opõe à Palavra de Deus e traz por isso, como todas as coisas que se opõem à Palavra de Deus, nefastas consequências ao seio das Igrejas que o aceitam. Por isso irmãos vos exorto a reprová-lo. Naturalmente a minha exortação é dirigida seja aos que já o aceitaram, e seja aos que queriam aceitá-lo porque também eles queriam entrar a fazer parte de uma associação religiosa reconhecida juridicamente pelo Estado para poder usufruir de alguns privilégios e facilidades que ainda não possuem e que só podem usufruir entrando a fazer parte de uma associação existente. Mas por que razão este sistema se opõe à Palavra de Deus? Porque obriga as igrejas a aceitar regulamentos humanos que as fazem desviar da simplicidade e da pureza que há em Cristo, promovem a arrogância e toda a sorte de comportamentos incorrectos. As Igrejas, pois, não se devem confederar numa denominação com um Estatuto, com um Conselho geral, um secretário e um presidente. Tal organização é verticista e piramidal com muitas semelhanças com a do papado, e acaba por atribuir ao presidente enormes poderes sobre as Igrejas que fazem parte dela e sobre os ministros, tanto que o faz tornar-se uma espécie de ‘papa’. As igrejas devem ser guiadas por um pastor coadjuvado por um colégio de anciãos e devem permanecer autónomas e independentes umas das outras, como o eram antigamente. Isto obviamente não exclui uma qualquer forma de colaboração entre elas e a comunhão, mas devem conservar a todos os custos a sua autonomia. Irmãos, se entre vós surge alguém que quer entrar a fazer parte de uma denominação não lhe deis ouvidos. Por agora basta quanto dito: Deus querendo porém voltarei ao assunto tratando-o separadamente num livro

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