Se façam deprecações, orações,
intercessões, e acções de graças, por todos os homens |
Devemos
orar pelos incrédulos e por aqueles que nos perseguem |
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Paulo disse a Timóteo: "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se
façam deprecações, orações, intercessões, e acções de graças, por todos os
homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos
uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é
bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens
se salvem, e venham ao conhecimento da verdade" (1 Tim. 2:1-4). |
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Irmãos, nós que conhecemos Deus mediante Cristo Jesus estamos em
obrigação de orar pelos que ainda não conhecem a verdade, para que Deus os
salve pela sua graça. O apóstolo Paulo, falando dos Judeus de nascença, disse
aos santos de Roma: "Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a
Deus por Israel é para sua salvação" (Rom. 10:1); destas suas palavras
se compreende claramente que Paulo tinha um desejo em seu coração, um bom
desejo devemos dizer, que era o de os Judeus serem salvos. A Escritura diz
que "o desejo dos justos é tão somente para o bem" (Prov. 11:23), e
de facto os que foram justificados pela graça de Deus desejam o bem dos
incrédulos, porque desejam que eles sejam salvos; eles têm no seu coração o
mesmo desejo que tinha Paulo pelos Judeus. Mas Paulo, além de dizer que tinha
este desejo, disse também que ele orava a Deus pelos Judeus para a sua
salvação. Ora, os Judeus pelos quais orava Paulo eram sim aqueles Judeus que
tinham "a forma da ciência e da verdade na lei" (Rom. 2:20), mas
tinham também sobre os seus corações um véu que os impedia de reconhecer que
Jesus de Nazaré era aquele do qual tinham falado Moisés e os profetas, isto
é, o Cristo. O Evangelho, para aqueles Judeus que estavam sobre o caminho da
perdição, estava encoberto porque o deus deste século lhes tinha cegado os
entendimentos; Paulo, isto o sabia bem, e como ele também sabia que aquele
véu seria removido de cima dos seus corações só quando eles se convertessem
ao Senhor, assim ele orava ardentemente por eles para que Deus revelasse
também a eles o seu Filho. Paulo, nisto, nos deixou o exemplo, para que nós
também oremos pelos incrédulos, por aqueles que estão sobre o caminho da
perdição, para que eles sejam libertados do poder de Satanás. O clamor que
nós crentes devemos fazer chegar aos ouvidos do nosso Deus em favor dos
incrédulos deve ser este: ‘Senhor, salva-os!’. |
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Jesus Cristo disse: "Orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem" (Mat. 5:44); mas quem são os que nos maltratam e nos
perseguem? Eles são todos os que não conhecem Deus e que na sua ignorância
nos ultrajam e nos fazem mal, por causa do bom nome de Jesus Cristo que é
invocado sobre nós. Ora, quero dizer-vos antes de tudo que os que creram não
podem não sofrer perseguições por parte dos incrédulos, porque Jesus disse:
"Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós" (João
15:20), e porque Paulo disse a Timóteo que "todos os que piamente querem
viver em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2 Tim. 3:12). Disse
anteriormente que os nossos perseguidores nos perseguem na sua ignorância,
porque Jesus disse aos seus discípulos: "Vem mesmo a hora em que
qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão,
porque não conheceram ao Pai nem a mim" (João 16:2,3); dizei-me: ‘Saulo
de Tarso não perseguia porventura os santos em Jerusalém e até nas cidades
estrangeiras porque não conhecia ainda nem Deus e nem o seu Filho?’ Certo,
por esta razão ele encerrou nas prisões muitos dos santos e quando os matavam
(pensando estar a fazer um serviço a Deus), ele dava o seu voto. Ele mesmo
disse a Timóteo: "Dantes fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas
alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade" (1
Tim. 1:13), isto significa que Saulo de Tarso antes de o Senhor lhe aparecer
no caminho de Damasco, era também ele um incrédulo e por isso não conhecia
Deus. Ele era um Fariseu que embora fosse irrepreensível quanto à justiça que
está na lei e embora fosse extremamente zeloso pela causa de Deus, era cego e
sem vida porque não cria no nome do Filho de Deus; mas chegou o dia em que
Aquele que o tinha separado desde o ventre de sua mãe o chamou pela sua graça
e o justificou. Eu estou convencido que enquanto Saulo de Tarso era ainda um
perseguidor da Igreja e um opressor, haviam os que oravam também por ele para
que o Senhor o salvasse, e isto o digo por esta razão; Jesus, antes de
ascender ao céu, tinha dito aos apóstolos: "Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu
vos tenho mandado" (Mat. 28:19,20), portanto os apóstolos deviam
ensinar aos crentes também a orar por aqueles que os perseguiam, e sabendo
que eles o fizeram, cheguei à conclusão que os crentes que atendiam aos seus
ensinamentos, obedeceram também a esta ordem do Senhor. Eis o que Paulo diz
que aconteceu, quando ele se converteu ao Senhor: "Mas somente tinham
ouvido dizer (a igreja da Judeia): Aquele que já nos perseguiu anuncia agora
a fé que antes destruía. E glorificavam a Deus a respeito de mim" (Gal.
1:23,24). Como podeis ver a conversão de Saulo produziu abundância de acções
de graças a Deus por parte de muitos crentes; ainda hoje, quando é atendida
uma oração feita a Deus por um perseguidor da Igreja o nome de Deus é
glorificado pelos santos, por isso oremos pelos nossos perseguidores, para
que o nome de Deus seja glorificado quando eles se converterem. Jesus Cristo
orou por aqueles que o perseguiram até à morte (dando-nos assim o exemplo),
de facto enquanto estava pendurado
na cruz disse: "Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34); Jesus invocou
o perdão de Deus sobre os que o perseguiram e o levaram à morte na sua ignorância
(isto é, sem saber o que faziam). Nós, algumas vezes, somos tentados a pensar
que os Judeus sabiam o que faziam contra Jesus, mas nós sabemos que não é
assim, porque também Pedro confirmou o que disse Jesus, quando disse aos
Judeus: "Vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um
homem homicida. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou
dentre os mortos.... E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância,
como também os vossos príncipes" (Actos 3:14,15,17). Como podeis ver,
sejam as palavras de Jesus como as de Pedro confirmam que os nossos inimigos
nos perseguem por causa da ignorância que está neles. Nós filhos de Deus devemos orar a Deus pelos
nossos inimigos que nos perseguem, para que Deus lhes deia a vida e não para
que Deus os faça morrer. Alguém dirá: ‘Mas então porque é que debaixo da lei
houveram homens, como Davi por exemplo, que oraram a Deus para que destruisse
os seus inimigos?’; vede, debaixo da lei, vigorava o preceito que dizia:
Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo; isto o confirmou Jesus mesmo,
quando disse aos seus discípulos: "Ouvistes
que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo"
(Mat. 5:43; Lev. 19:18), portanto não há porque nos maravilharmos se Davi,
sendo contudo um homem segundo o coração de Deus, quando orava a Deus pelos
seus inimigos, dizia: "Sobrevenha-lhe destruição sem o saber. Derrama
sobre eles a tua indignação. Emudeçam na sepultura" (Sal. 35:8; 69:24;
31:17). Mas agora, debaixo da graça,
vigora o mandamento que diz: "Amai os vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e
vos perseguem" (Mat. 5:44), portanto não é admissível que um filho de
Deus peça a Deus a morte dos seus inimigos. Contudo, também debaixo da lei houveram homens que oraram pelos
seus adversários; um destes foi Moisés. A Escritura diz que depois que
tornaram ao arraial os doze espiões que Moisés tinha enviado a espiar a terra de Canaã, os Israelitas, ouvindo
dizer, os doze dela: "A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é
terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são
homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque,
descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim
também éramos aos seus olhos... Não poderemos subir contra aquele povo,
porque é mais forte do que nós" (Num. 13:32,33,31), murmuraram contra
Moisés e Arão e falaram em apedrejá-los. Quando Deus ouviu proferir aquelas
murmurações disse a Moisés: "Com pestilência o (o povo de Israel)
ferirei, e o destruirei... " (Num. 14:12), mas Moisés orou a Deus por
aqueles incrédulos que o queriam apedrejar (conforme está escrito:
"Moisés, seu escolhido, ficado perante ele na brecha, para desviar a sua
indignação, a fim de os não destruir" [Sal. 106:23]); ele dirigiu esta
súplica a Deus em favor do povo de Israel: "Perdoa, pois, a iniquidade
deste povo, segundo a grandeza da tua benignidade; e como também perdoaste a
este povo desde a terra do Egipto até aqui" (Num. 14:19), e Deus o
ouviu, de facto lhe disse: "Conforme à tua palavra lhe perdoei"
(Num. 14:20). O que fez Moisés nos ensina quanto é útil a oração dirigida a
Deus em favor dos que nos perseguem; a gente que não conhece Deus diz: ‘Que
ganharemos em orar a Deus?’, mas nós que conhecemos Deus sabemos que é útil
orar a Deus também por aqueles que nos perseguem porque está escrito: "O
que teme o mandamento (neste caso, aquele que diz: "Orai pelos que vos
perseguem" [Mat. 5:44] será galardoado" (Prov. 13:13). |
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Devemos orar pelas autoridades ordenadas por Deus |
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Entre todos os homens pelos quais nós crentes devemos orar, estão também
as autoridades que Deus ordenou. Deus disse aos Israelitas que tinham ido em
cativeiro para a Babilónia: "Procurai a paz da cidade, para onde vos fiz
transportar e orai por ela ao Senhor porque na sua paz vós tereis paz"
(Jer. 29:7); destas palavras se compreende que nós crentes devemos procurar a
paz e o bem das nações nas quais Deus nos faz viver. Alguém dirá: ‘De que
maneira o se pode fazer?’ O podemos fazer nos submetendo às ordens das
autoridades e orando pelas autoridades que Deus constituiu na nação em que
vivemos. Nós desejamos viver uma vida tranquila e sossegada no meio desta
nação, e que as autoridades façam boas e justas reformas em prol dos países
em que vivemos (das quais, também nós, ainda que peregrinos e forasteiros,
possamos receber o bem), mas sabemos que para ver este nosso desejo cumprido
devemos orar pelas autoridades. |
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No livro de Esdras está transcrito a ordem que o rei Dario deu ao
governador de além rio e aos seus companheiros relativamente ao seu modo de
proceder com os anciãos dos Judeus que reconstruiam o templo em Jerusalém;
ele dizia entre outras coisas: "E o que for necessário como bezerros, e
carneiros, e cordeiros, para holocausto ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e
azeite, segundo o rito dos sacerdotes que estão em Jerusalém, dê-se-lhes, de
dia em dia, para que não haja falta; para que ofereçam sacrifícios de cheiro
suave ao Deus dos céus, e orem pela vida do rei e de seus filhos" (Esd.
6:9,10); este rei, como podeis ver, queria que os sacerdotes orassem pela sua
vida e pela dos seus filhos, e eu estou convicto que também nesta geração os
reis e todas as autoridades ordenadas por Deus necessitam das nossas orações.
Nós podemos ajudar as autoridades a cumprir o seu trabalho de modo justo com
as nossas súplicas em seu favor, portanto oremos por eles, antes de tudo para
que sejam salvos por Deus, mas também para que Deus os proteja e lhes conceda
sabedoria para governar. |
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Oremos
uns pelos outros, aprendendo com Cristo e com os apóstolos |
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Além de orar a Deus por aqueles que ainda são escravos do pecado, e por
aqueles que nos perseguem, e pelos reis e pelas autoridades, nós devemos
interceder junto do trono de Deus pelos nossos irmãos porque Deus quer que
façamos também isto. Alguém dirá: ‘Mas o que devo pedir a Deus pelos meus
irmãos?’ Dirijamo-nos à sagrada Escritura que é divinamente inspirada, porque
ela nos instrui também sobre isto. |
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Jesus Cristo, o nosso Senhor, na noite em que foi traido orou a seu Pai
pelos seus discípulos (os seus irmãos, conforme está escrito: "Não se
envergonha de lhes chamar irmãos" [Hebr. 2:11]), e entre as palavras que
Ele dirigiu a Deus por eles, estão estas: "Pai santo, guarda em teu nome
aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós...Não peço que os
tires do mundo, mas que os livres do mal... Santifica-os na verdade"
(João 17:11,15,17). Jesus pediu a Deus para fazer coisas que eram segundo a
sua vontade para com os seus irmãos; ora, Deus quer livrar-nos do mal. Ele
quer santificar-nos na verdade, e quer também guardar-nos em seu nome para
que sejamos perfeitos na unidade tendo um mesmo parecer e um mesmo falar,
portanto faremos bem também nós em pedir a Deus estas coisas pelos nossos
irmãos. A Escritura diz que "se pedirmos alguma coisa, segundo a sua
vontade, ele nos ouve" (1 João 5:14) e a oração feita pela unidade da
irmandade é feita segundo a vontade de Deus e é ouvida, e para confirmar-vos
isso vos recordo que a oração que Jesus fez por aqueles que creriam nele por
meio da palavra dos apóstolos, para que fossem um (conforme está escrito:
"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra
hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e
eu em ti; que também eles sejam um em nós" [João 17:20,21]) foi ouvida,
porque no livro dos actos dos apóstolos lêmos que "era um o coração e a
alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que
possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns" (Actos
4:32). |
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O Senhor Jesus na noite em que foi traido, disse a Pedro: "Simão,
Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei
por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres,
confirma teus irmãos" (Lucas 22:31,32); o Senhor sabia o que aconteceria
dali a pouco; ele sabia que quando o pastor fosse ferido, as ovelhas se
dispersariam, ele sabia que os seus discípulos seriam provados, e por isso
tinha orado por Simão Pedro, para que a sua fé não desfalecesse. Foi ouvida
esta oração? Sim, de facto, apesar de Pedro pouco depois ter negado o Senhor,
por bem três vezes, a sua fé não desfaleceu, porque ele se converteu e foi
capaz de confirmar os seus irmãos. Nós também devemos orar pelos nossos
irmãos que são provados no crisol das aflições, para que a sua fé não
desfaleça. Vejamos agora como oraram os apóstolos pelas igrejas, porque eles
nos deixaram um exemplo também nisto. Paulo escreveu aos santos que estavam em
Éfeso: "Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas
minhas orações; para que Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo
iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança
da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e
qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos"
(Ef. 1:16-19); Paulo, nesta oração, orava a Deus para que concedesse aos
fiéis daquela cidade, um espírito de sabedoria e de revelação por meio do
qual podiam conhecer melhor Deus; para que iluminasse os olhos dos seus
corações (o nosso coração tem olhos espirituais que quando são iluminados por
Deus nos levam a um conhecimento mais profundo do desígnio benévolo que Deus
antes dos séculos formou e que cumpriu na plenitude dos tempos, e das coisas
que Deus preparou para nós que o amamos), para que eles soubessem estas três
coisas; a qual esperança Deus os tinha chamado, quanto era gloriosa a herança
que Deus preparou para eles e que estava guardada também para eles nos
lugares celestiais, e quanto era imenso o poder de Deus para conosco que
cremos. |
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Na mesma epístola aos Efésios Paulo escreveu: "Me ponho de joelhos
perante o Pai... para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que
sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que
Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e
fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos,
qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e
conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais
cheios de toda a plenitude de Deus" (Ef. 3:14,16-19); nesta oração,
Paulo orava a Deus para fortalecer aqueles santos no seu homem interior (cada
um de nós tem um homem interior, além de um homem exterior), e para fazer que
Cristo habitasse pela fé nos seus corações, e logo depois, diz as razões
pelas quais pedia a Deus aquelas coisas, escrevendo: "a fim de.. poderdes
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de
Deus" (Ef. 3:18,19). Irmãos, será bom que ponhamos muita atenção em
todos estes ‘a fim de’ presentes nas orações de Paulo porque eles nos fazem
perceber o que Paulo desejava que os irmãos soubessem e fizessem. |
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Vede, o desejo de Paulo era o
de apresentar todo o homem perfeito em Cristo, e este ardente desejo que
estava nele o impulsionava a levantar estas orações a Deus em favor dos
crentes. Hoje, é muito raro ouvir crentes orar por outros crentes da maneira
em que orava Paulo, porque muitos preferem apenas ler e estudar estas
orações, em vez de fazê-las; eu considero que se Paulo considerava útil pedir
a Deus aquelas coisas, também nós devemos ter em nós o mesmo sentimento que
estava nele. |
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Paulo escreveu aos santos de
Colossos o que ele e os seus cooperadores pediam a Deus por eles. Eis o que
ele escreveu: "Não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais
cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência
espiritual; para que possais andar como dignos do Senhor, agradando-lhe em
tudo, frutificando em toda a boa obra e crescendo no conhecimento de Deus;
corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da sua glória, em toda a
paciência, e longanimidade com gozo; dando graças ao Pai que nos fez idóneos
para participar da herança dos santos na luz" (Col. 1:9-12). Irmãos,
sabei que também nós, necessitamos de ser cheios do profundo conhecimento da
vontade de Deus a fim de andarmos como dignos do Senhor, portanto oremos uns
pelos outros desta maneira. Ora, Jesus Cristo disse: "A vontade daquele
que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a
vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6:40), e nós
tendo crido no Filho de Deus fizemos a vontade de Deus, mas a vontade de Deus
para conosco não acaba aqui porque existem muitas outras coisas que fazem
parte da vontade de Deus, que nós devemos fazer para agradar a Deus. Mas para
fazê-las, devemos primeiro conhecê-las, e para conhecê-las devemos orar a
Deus; esta é a razão pela qual devemos pedir a Deus de nos encher e de encher os nossos irmãos do conhecimento da
vontade de Deus. Alguém dirá: ‘Mas é mesmo necessário?’ Sim, irmão, é
necessário, doutra forma Paulo e os seus cooperadores não teriam orado por
aqueles irmãos desta maneira. Algum outro dirá: ‘Mas porque devo ser cheio do
conhecimento da vontade de Deus?’; pois bem, a razão é para que tu andes de
modo digno do Senhor, para agradar-lhe em todas as coisas. Nós devemos
agradar a Deus e não aos homens, e é por isso que devemos procurar andar como
dignos do Evangelho de Cristo, não dando motivo de escândalo em coisa alguma,
para que o nome do Senhor Jesus Cristo não seja vituperado e a sua doutrina
não seja blasfemada; nós não queremos que a gente do mundo, ao vêr-nos andar
como loucos (privados do conhecimento da vontade de Deus), diga: ‘No fundo no
fundo não sois diferentes de nós’, ou até: ‘Vós dizeis ser Cristãos, mas sois
piores do que nós’. Nós, portanto, para agradar a Deus devemos entender qual
seja a sua vontade para conosco; mas se não entendemos qual seja a sua
vontade, se não conseguimos distinguir o bem e o mal, e participamos nas
obras infrutuosas das trevas, como faremos para agradar a Deus? Irmãos, sabei
que se andais segundo a carne, vós não podereis agradar a Deus, porque está
escrito: "Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não
é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto os que estão
na carne não podem agradar a Deus" (Rom. 8:7,8). Nós não podemos agradar
a Deus se nos tornamos amigos do mundo e amantes do mundo. Se ao invés
estamos prontos para fazer toda a boa
obra, se crescemos no conhecimento de Deus, se nos fortalecemos na sua graça,
se mostramos aos homens a mansidão de Cristo, se somos pacientes nas
aflições, dando continuamente graças a Deus por nos ter feito idóneos para
participar da herança dos santos na luz, então agradaremos a Deus e o seu
nome será glorificado em nós. |
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O apóstolo Paulo, ainda na
carta aos Colossenses, escreveu: "Porque quero que saibais quão grande
combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e por quantos não
viram o meu rosto em carne; para que os seus corações sejam consolados, e
estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para
chegar ao completo conhecimento do mistério de Deus-Cristo, em quem estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Col. 2:1-3);
estas palavras nos fazem perceber que quando se ora pelos irmãos se luta por
eles, e que não se deve orar só por aqueles irmãos que se conhece pessoalmente,
mas também por aqueles de que nunca vimos o rosto. Mas porque é que Paulo combatia nas suas orações
pelos santos? Ele combatia por eles para que os seus corações fossem
consolados, para chegar ao completo conhecimento do mistério de Deus; notai
que também nesta oração, Paulo pedia a Deus pelos santos alguma coisa que os
levaria ao pleno conhecimento de alguma coisa de particular. |
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Também Epafras, cooperador de Paulo, orava pelos Colossenses, e Paulo deu
testemunho disso na epístola que lhes escreveu, dizendo: "Saúda-vos
Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em
orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e completos em toda a
vontade de Deus" (Col. 4:12); estas palavras confirmam que quando se ora
pelos irmãos se combate por eles. Epafras lutava nas suas orações para que os
santos de Colossos permanecessem firmes em toda a vontade de Deus. O que
fazia este cooperador de Paulo por aqueles irmãos nos serve de exemplo,
portanto irmãos, combatei também vós pelos santos empunhando a arma da
oração. |
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Paulo disse aos Coríntios: "Eu rogo a Deus que não façais mal
algum" (2 Cor. 13:7); desta oração que Paulo e os seus cooperadores
faziam pelos fiéis se percebe como os apóstolos desejavam que os santos se
santificassem e se abstivessem de toda a espécie de mal. Também nós devemos
orar pelos nossos irmãos para que não façam mal algum. |
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Eis como orava Paulo pelos santos de Filipos: "E isto peço em oração: que o vosso amor aumente mais e
mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento, para que aproveis as
coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e irrepreensíveis até o dia
de Cristo; cheios do fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para
glória e louvor de Deus" (Fil. 1:9-11). Irmãos, o nosso
amor deve abundar em conhecimento e em todo o discernimento, se queremos ser
capazes de distinguir entre o bem e o mal e ser achados sinceros e
irrepreensíveis na vinda do Senhor. Ora, se alguém considera boa esta
específica oração de Paulo, chega à conclusão que também hoje há necessidade
de orar pelos irmãos desta maneira. Porque digo isto? Porque hoje, o amor em
muitos escasseia seja de conhecimento seja de discernimento. Quando se fala
de amor com alguns crentes, apercebemo-nos como o seu amor não abunda nem em conhecimento e nem em
discernimento, por isso é necessário orar a Deus para que supra a esta sua
necessidade. Não é dificil encontrar crentes que pensam que repreender um
irmão quando peca significa ter pouco amor por ele, ou para os quais, tolerar
os maus obreiros e as suas más acções é uma demonstração de amor por eles e
pela a igreja. Mas a Escritura não ensina isto, mas ensina que "a
caridade…não folga com a injustiça" (1 Cor. 13:6) e que Deus que é amor,
repreende e castiga. |
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Aos santos de Tessalónica,
Paulo escreveu: "Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o
nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todos os vossos bons
desejos, e a obra da vossa fé com poder; para que o nome de nosso Senhor
Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nele, segundo a graça de nosso
Deus e do Senhor Jesus Cristo” (2 Tess. 1:11,12); irmãos, oremos também nós
pelos santos para que Deus cumpra com poder todos os seus bons desejos e
opere dentro deles o que a ele é agradável. |
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Aos fiéis da Galácia que tinham
sido perturbados por alguns que queriam que eles fossem circuncidados na
carne e que observassem a lei, Paulo escreveu: "Como tornais outra vez a
esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais
dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em
vão para convosco...Meus filhinhos, por quem de novo sinto dores de parto,
até que Cristo seja formado em vós; eu bem queria agora estar presente
convosco, e mudar a minha voz; porque estou perplexo a vosso respeito"
(Gal. 4:9-11,19,20). Os crentes da Galácia tinham sido gerados em Cristo
Jesus por Paulo, mas na sua ausência tinham começado a observar dias,
meses, tempos e anos de que fala a lei de Moisés, tudo coisas
"que são sombras das coisas futuras" (Col. 2:17), mas que alguns
lhes impunham porque diziam que para
serem salvos precisavam ser circuncidados e observar a lei. Quando Paulo
ouviu que os Gálatas tinham sido conturbados, se pôs a orar por eles para que
caissem em si mesmos e obedecessem à verdade do Evangelho. O apóstolo
disse-lhes que estava de novo em dores de parto por eles, e que o estaria até
que Cristo fosse formado neles; ele se exprimiu assim para dizer aos Gálatas
que combatia em oração por eles. Como uma mulher é colhida por dores antes de dar à luz, assim
também Paulo, quando ouviu que os Gálatas tinham sido fascinados, foi colhido por dores, e tinha
começado a orar por eles com gemidos inexprimíveis (pelo Espírito Santo); e estas suas dores não
acabariam até que Cristo não fosse formado neles. Irmãos, Paulo nos mostrou o
que é necessário fazer no caso de nossos irmãos venham a ser fascinados como
os Gálatas. |
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Porque coisas os apóstolos
exortavam a orar |
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Vejamos agora algumas exortações dos apóstolos que concernem à oração, as
quais nos dizem que coisas nós devemos pedir a Deus. |
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Paulo, falando da completa
armadura de Deus da qual nós nos devemos revestir para combater os nossos
inimigos, disse: "Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica
pelo Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos
os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a
palavra com franqueza, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual
sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me
convém falar" (Ef. 6:18-20). O apóstolo exortava os santos a orar pelo
Espírito Santo em todo o tempo (vos recordo que orar pelo Espírito significa
em outra língua); a vigiar com perseverança e com as orações pelos santos e
também por ele, para que Deus lhe desse de anunciar o Evangelho com
franqueza. Paulo sabia de que maneira ele devia anunciar o Evangelho e
exortava os santos a orar por ele, porque considerava que os fiéis podiam
ajudá-lo nisto com as suas súplicas em seu favor. Alguém dirá: ‘Mas de que
maneira deve ser anunciado o Evangelho?’ O Evangelho deve ser anunciado com
poder, com o Espírito Santo e com plena convicção, e não com excelência de
palavras e com discursos persuasivos de sabedoria humana, para que a cruz de
Cristo não se faça vã. Tu dirás: ‘Portanto a palavra da cruz pode se tornar
ineficaz?’ Sim, ela torna-se ineficaz (porque vem esvaziada do seu poder)
quando é transmitida com excelência de palavras e com discursos persuasivos
de sabedoria humana. Sabei que ainda hoje os que foram chamados por Deus a
pregar necessitam das nossas orações, portanto oremos pelos servos do Senhor
que anunciam o caminho da salvação, para que Deus lhes conceda de anunciar a
Palavra da graça com toda a franqueza. |
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Paulo escreveu aos santos de
Colossos: "Perseverai em oração, velando nela com acção de graças;
orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da Palavra,
a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também
preso..." (Col. 4:2,3). Ora, o apóstolo, quando escreveu estas palavras,
estava em prisões, e exortou os santos a pedir a Deus para abrir a ele e aos
seus cooperadores uma porta para a Palavra; isto nos ensina que, também em
prisões Deus pode abrir uma porta para a Palavra, porque a sua palavra não
pode ser encarcerada por ninguém; podem ser encarcerados os ministros da
Palavra, mas não a Palavra de Deus. Vós sabei que a Palavra de Deus dá fruto
quando é recebida pelos que a ouvem, mas para que quem ouve a palavra, receba
a palavra, é necessário que ele abra o seu coração ao amor pela verdade.
Recordai-vos de Lídia, vendedora de púrpura; Lucas diz que "o Senhor lhe
abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia" (Actos
16:14); foi assim que a palavra de Deus pode entrar no seu coração e dar
fruto. Ainda hoje é necessário que o Senhor abra o coração daqueles que ouvem
o Evangelho, para que a palavra da graça penetre neles e eles sejam salvos
por ela. Vejamos agora o que entende a Escritura por ‘abra a porta da
Palavra’. Enquanto Paulo se encontrava em Éfeso escreveu aos Coríntios:
"Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes, porque uma porta grande e
eficaz se me abriu, e há muitos adversários" (1 Cor. 16:8,9). Ora, para
perceber em que consistia esta ‘porta grande e eficaz que se abriu’, é
necessário referir o que escreveu Lucas a respeito da obra de Paulo na cidade
de Éfeso. Quando Paulo foi a Éfeso pelo Evangelho, aconteceu que encontrou
alguns discípulos aos quais, depois que eles foram batizados em nome do
Senhor Jesus, ele impôs as mãos para que recebessem o Espírito Santo, e
"veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam línguas e
profetizavam" (Actos 19:6). "E, entrando na sinagoga, falou
ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do
reino de Deus. Mas, como alguns deles se endureceram e não obedeceram,
falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles e separou os
discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. E durou
isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na
Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos. E Deus
pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os
lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades
fugiam deles, e os espíritos malignos saíam... E muitos dos que tinham crido
vinham, confessando e publicando os seus feitos. Também muitos dos que
seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram na presença de
todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil
peças de prata. Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e
prevalecia" (Actos 19:8-12,18-20). Na Ásia todos ouviram a palavra do
Senhor, mas nem todos se converteram ao Senhor; de qualquer forma foram
muitos os que aceitaram a palavra pregada por Paulo, de facto isto o
reconheceu também um daqueles que não recebeu a Palavra, um certo Demétrio
(um ourives que fazia miniaturas do templo de Diana em prata), quando disse
para os artífices: "E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até
quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande
multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos" (Actos
19:26). Em Éfeso portanto, através do ministério de Paulo, houveram os que
aceitaram o Evangelho da graça, muitos dos quais vieram a confessar
publicamente as coisas que tinham feito; houveram os que receberam o Espírito
Santo e também o dom de profecia, e os que receberam curas e libertações em
nome do Senhor Jesus; esta é a razão pela qual Paulo escreveu aos Coríntios,
de Éfeso: "Uma porta grande e eficaz se me abriu" (1 Cor. 16:9).
Certo, nem sempre a porta aberta para a Palavra é grande como o foi a de
Éfeso, mas seja como for, todas as vezes que em um país ou em uma cidade se
convertem almas, mesmo se poucas, nós podemos afirmar que aqui o Senhor abriu
aos seus servos uma porta para a Palavra. Mas a este ponto é necessário dizer
que todas as vezes que Deus abre aos seus ministros uma porta para a sua
Palavra, surgem adversários e por consequência as perseguições, que podem ser
tanto verbais como físicas. A tal respeito vos recordo que Paulo disse que em
Éfeso haviam muitos adversários, o que significa que o Evangelho encontrou
muita oposição naquela cidade, e isto é confirmado pelas palavras de Lucas:
"E, naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do
Caminho" (Actos 19:23), e também pelas de Paulo aos Coríntios: "Não
queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois
que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal
que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de
morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os
mortos, o qual nos livrou de tão grande morte, e livrará; em quem esperamos
que também nos livrará ainda, ajudando-nos também vós com orações por nós,
para que pela mercê, que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também
sejam dadas graças a nosso respeito" (2 Cor. 1:8-11). Quero debruçar-me,
a este ponto, sobre estas palavras de Paulo: "Ajudando-nos também vós
com orações por nós, para que pela mercê, que por muitas pessoas nos foi
feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito" (2 Cor.
1:11), para fazer-vos perceber quanto podem fazer as nossas súplicas em favor
dos que anunciam o Evangelho e o que elas produzem. Antes de tudo irmãos, vós
deveis saber que os ministros do Evangelho têm muitos inimigos, entre os
quais estão homens dissolutos e maus que não têm a fé, e por isso nós crentes
devemos orar pelos ministros da Palavra, para que Deus os livre das ciladas
deles. Paulo exortava os santos a orar por ele e seus cooperadores, não só
para que a Palavra por meio deles se expandisse e fosse glorificada (como por
exemplo em Antioquia da Pisídia, conforme
está escrito: "E os Gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e
glorificavam a Palavra do Senhor" [Actos 13:48]), mas também para que
eles fossem livres dos malvados; isto é confirmado por esta exortação de
Paulo aos Tessalonicenses: "No demais, irmãos, rogai por nós, para que a
palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre
vós, e para que sejamos livres de homens dissolutos e maus, porque a fé não é
de todos" (2 Tess. 3:1,2). A tal respeito, vos recordo também a
exortação que Paulo dirigiu aos santos de Roma, enquanto ele estava em viagem
para Jerusalém para lhes levar uma colecta destinada aos pobres dentre os
santos daquela cidade: "E, rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus
Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por
mim a Deus, para que seja livre dos rebeldes que estão na Judéia..."
(Rom. 15:30,31). Por estas exortações do apóstolo Paulo, se percebe como
Paulo considerava muito útil as orações dos santos em seu favor e dos seus
cooperadores. Também ele cria que "a oração feita por um justo pode
muito em seus efeitos" (Tiago 5:16), mas não só o cria, mas também o viu
em muitas ocasiões. Uma das ocasiões em que viu Deus livrá-lo dos homens
maus, em resposta à oração dos santos em seu favor, foi na sua volta a
Jerusalém (depois ter dirigido a exortação acima referida aos santos de
Roma), de facto Paulo em Jerusalém foi agarrado pelos Judeus desobedientes os
quais procuraram matá-lo, mas foi livre por Deus das suas mãos. |
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Eis outras passagens da
Escritura que confirmam como os apóstolos criam que os santos podiam
ajudá-los pelas suas súplicas (tende presente que estas palavras foram
escritas da prisão): |
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"Me regozijarei ainda, porque sei que
disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de
Jesus Cristo... Confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter
convosco " (Fil. 1:19; 2:24). Paulo, da prisão, escreveu aos Filipenses
que pelas suas orações e o socorro do Espírito de Jesus (o Espírito socorre
os santos porque intercede por eles segundo Deus) ele seria libertado, e
expressa esta sua confiança com estas palavras: "E, tendo esta
confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso
e gozo da fé" (Fil. 1:25). |
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"E juntamente prepara-me também pousada,
porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido" (Filem.
22); Paulo, enquanto estava na prisão, disse a Filemom para preparar-lhe
pousada, porque tinha confiança no Senhor que pelas suas orações, estaria de
novo no meio deles. |
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"Orai por nós... E rogo-vos com instância
que assim o façais, para que eu mais depressa vos seja restituído"
(Hebr. 13:18,19); o escritor da epístola aos Hebreus, da prisão, fez saber
aos crentes que pelas suas orações eles apressariam a sua libertação da
prisão. |
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Depois irmãos, quero que
saibais que pela resposta de Deus em favor dos ministros do Evangelho pelos
quais orais, muitos agradecimentos serão dirigidos a Deus por muitos crentes,
portanto as vossas orações em seu favor produzem abundância de acções de graças
para a glória de Deus. Não é maravilhoso saber que nós, pelas nossas orações,
cooperamos para a difusão da Palavra de Deus porque ajudamos os ministros da
Palavra a pregar o Evangelho com toda a franqueza, e fazemos também que eles
sejam livres dos homens maus e dissolutos? Está escrito: "E como
pregarão, se não forem enviados?" (Rom. 10:15); irmãos, para que a
Palavra de Deus se expanda por todo o mundo, é necessário que Deus envie
homens a pregar o Evangelho lá onde ainda Cristo não foi mencionado, por isso
nós crentes devemos suplicar a Deus para que mande ceifeiros para a sua
seara. Cristo Jesus nos deu mandamento disto, de facto ele disse: "Rogai
pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara" (Mat.
9:38). |
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O apóstolo João escreveu:
"Se alguém vir pecar seu irmão pecado que não é para morte, orará, e
Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e
por esse não digo que ore" (1 João 5:16). O crente que cometeu um pecado,
depois de ter praticado o pecado, está perturbado e descontente, e não pode
ser doutra forma porque o pecado, diz Tiago, "sendo consumado, gera a
morte" (Tiago 1:15). Mas não obstante isso, ele pode ser perdoado e
vivificado se confessa o seu pecado ao Senhor. Ora, no caso de nós virmos um
irmão cometer um pecado que não é para morte, devemos orar a Deus para que o
vivifique, e Deus, na sua fidelidade, lhe dará a vida; mas sabei também que,
se um irmão cometeu o pecado que é para morte (isto é, o pecado que conduz,
quem o comete, à segunda morte), não é necessário orar por ele, porque cometeu
o pecado que não pode ser perdoado. |
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O apóstolo Tiago, o irmão do
Senhor, na sua epístola escreveu: "Está alguém entre vós aflito?
Ore" (Tiago 5:13). Ora, nós, quando sofremos por causa da justiça,
devemos orar, porque isto foi aquilo que nos foi mandado fazer. Pedro diz:
"Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe
as suas almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem" (1 Ped. 4:19), e
estas suas palavras concordam com as de Tiago, porque quando alguém ora a
Deus no meio das suas aflições não faz mais que encomendar a sua alma a Deus.
Na Escritura temos diversos exemplos de homens que no meio dos seus
sofrimentos oraram a Deus; eu citarei o do profeta Jeremias, e o do nosso
Senhor Jesus. Assim orou Jeremias numa ocasião: "Tu, ó Senhor, o sabes;
lembra-te de mim, e visita-me, e vinga-me dos meus perseguidores; não me
arrebates, por tua longanimidade; sabe que por amor de ti tenho sofrido
afronta. Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para
mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó Senhor,
Deus dos Exércitos. Nunca me assentei no congresso dos zombadores, não me
regozijei; por causa da tua mão me assentei solitário, pois me encheste de
indignação. Por que dura a minha dor continuamente, e a minha ferida me dói e
não admite cura? Serias tu para mim como ilusório ribeiro e como águas
inconstantes?" (Jer. 15:15-18). Jesus, na noite em que foi traido, antes
que fosse preso, "começou a entristecer-se e a angustiar-se muito"
(Mat. 26:37) e disse aos seus discípulos: "A minha alma está cheia de
tristeza até a morte" (Mat. 26:38), e neste estado de alma ele se lançou
com o rosto por terra e orou que, "se fosse possível, passasse dele
aquela hora" (Mar. 14:35). Assim orou Jesus no Getsêmani: "Aba,
Pai! Todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja,
porém, o que eu quero, mas o que tu queres" (Mar. 14:36). Irmãos, em
verdade, a melhor coisa a fazer quando se padece injustamente é orar, porque
com a oração nós derramamos o nosso coração diante do Senhor, confessando-lhe
as nossas angústias e as nossas perplexidades, confiantes que ele nos ouve e
nos vem em ajuda com as suas poderosas consolações. |
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O mesmo Tiago ordenou aos
anciãos da igreja para orarem pelos enfermos quando estes os chamam, de facto
escreveu: "Está alguém entre vós doente? Chame os anciãos da igreja, e
orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará
o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados"
(Tiago 5:14,15). Notai que é o enfermo que deve chamar os anciãos da igreja e
não o contrário, e além disso que os anciãos devem orar sobre o doente
ungindo-o com azeite em nome do Senhor. "E a oração da fé salvará o
doente" (Tiago 5:15), diz Tiago, portanto, os anciãos devem orar com fé
sobre o doente, sem duvidar, para ver o enfermo restabelecido pelo Senhor. |
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O irmão do Senhor, na sua
epístola diz também: "Orai uns pelos outros, para que sareis"
(Tiago 5:16), por isso nós devemos interceder junto de Deus pelos nossos
irmãos doentes, para que Deus os sare. Quando Miriã, a irmã de Moisés,
murmurou juntamente com Arão contra Moisés, aconteceu que Deus puniu Miriã
com a lepra, mas Moisés orou a Deus por ela, de facto está escrito que
"clamou pois Moisés ao Senhor, dzendo: ó Deus, rogo-te que a
cures!" (Num. 12:13), e Deus ouviu Moisés, porque depois que Miriã
esteve por sete dias fora do arraial porque era leprosa, ela foi readmitida
no arraial porque a lepra tinha desaparecido do seu corpo. Quanto pode fazer
a súplica do justo em favor do doente, o lêmos também na história de Abraão,
de facto a Escritura diz que "orou Abraão a Deus, e sarou Deus a
Abimeleque, e à sua mulher, às suas servas, de maneira que tiveram filhos;
porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de
Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão" (Gên. 20:17,18). Há um
outro exemplo nas Escrituras que nos mostra quanto pode fazer a oração de um
justo por um doente; é o do filho de Abraão, de facto está escrito: "Isaque
orou instantemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril, e o
Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu" (Gên.
25:21). |
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Algumas circunstâncias em que os apóstolos oraram |
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Vejamos agora em quais circunstâncias os apóstolos oraram, para perceber
como a oração tinha uma grande importância para eles. |
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Os
apóstolos, juntamente com outros irmãos, oraram para que Deus os guiasse na
escolha do sucessor de Judas Iscariotes. Lucas, a tal propósito, diz que
(depois que Pedro disse aos irmãos que era necessário que um dos homens que
estiveram em sua companhia todo o tempo que o Senhor Jesus entrou e saiu de
entre eles, desde o batismo de João até ao dia da assunção ao céu de Jesus,
fosse feito testemunha da ressurreição de Cristo) eles "apresentaram
dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. E,
orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual
destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e
apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar. E
lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado
com os onze apóstolos" (Actos 1:23-26). |
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Em Jerusalém, depois que foram eleitos os
sete, isto é, Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, Nicolau,
para que servissem às mesas, os crentes "os apresentaram ante os
apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos" (Actos 6:6). Neste
caso, os apóstolos, antes de encarregar os sete daquela obra assistêncial
quiseram orar. |
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Paulo e Barnabé, durante as suas viagens,
fundaram igrejas, e fizeram eleger "anciãos em cada igreja, orando com
jejuns" (Actos 14:23); os apóstolos atribuiam muita importância à
eleição dos anciãos e de facto antes de elegê-los oravam e jejuavam.
(Recordai-vos que Jesus, antes de eleger os doze apóstolos, orou também ele,
de facto está escrito que "naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou
a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus
discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de
apóstolos" [Lucas 6:12,13]). |
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Pedro e João oraram pelos Samaritanos que
tinham crido, "para que recebessem o Espírito Santo" (Actos 8:15).
Está de acordo com a Palavra de Deus orar pelos crentes para que recebam o
Espírito Santo. |
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Pedro orou antes de ressuscitar Tabita,
conforme está escrito: "Pedro, fazendo-as sair a todas, pôs-se de
joelhos e orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela
abriu os olhos, e, vendo a Pedro, sentou-se" (Actos 9:40). |
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Paulo orou antes de curar o pai de Públio,
conforme está escrito: "Paulo foi ver, e, havendo orado, pôs as mãos
sobre ele, e o curou " (Actos 28:8). |
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Os apóstolos Paulo e Silas, depois de terem
sido açoitados com varas, oraram na prisão de Filipos, de facto está escrito:
"E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e
os outros presos os escutavam" (Actos 16:25). (O que eles fizeram é o
cumprimento do que diz Tiago: "Está alguém entre vós aflito? Ore"
[Tiago 5:13]). |
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Paulo, em Mileto, orou com os anciãos da
igreja de Éfeso antes de deixá-los, conforme está escrito: "Pôs-se de
joelhos, e orou com todos eles....E acompanharam-no até ao navio" (Actos
20:36,38). Os apóstolos oraram juntamente com os fiéis antes de deixar Tiro,
conforme está escrito: "Saímos, e seguimos nosso caminho,
acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos até fora da cidade; e,
postos de joelhos na praia oramos. E, despedindo-nos uns dos outros, subimos
ao navio, e eles voltaram para suas casas" (Actos 21:5,6). Nós também
fazemos o que é justo quando oramos antes de viajar. Sabei que o pedir a Deus
uma boa viagem é confirmado pela Escritura que diz: "Então apregoei ali
um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face do nosso
Deus, para lhe pedirmos uma boa viagem para nós, e para nossos filhos, e para
toda a nossa fazenda..." (Esd. 8:21). |
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Como a
igreja primitiva orou em duas particulares circunstâncias |
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Voltemo-nos ainda para a
sagrada Escritura para ver como a igreja antiga orou em duas particulares
circunstâncias. |
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Lucas escreveu: "E, soltos
eles (Pedro e João), foram para os seus, e contaram tudo o que lhes disseram
os principais dos sacerdotes e os anciãos. E, ouvindo eles isto, unânimes
levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu,
e a terra, e o mar e tudo o que neles há; que disseste pela boca de David,
teu servo: Por que bramaram as gentes, e os povos pensaram coisas vãs?
Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o
Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu Santo Filho
Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com
os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu
conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora pois,
ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com
toda a franqueza a tua palavra; enquanto estendes a tua mão para curar, e
para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus"
(Actos 4:23-30; Sal. 2:1,2). Examinando cuidadosamente esta oração, notamos
que os crentes, antes de tudo recordaram a Deus quem Ele era (é justo que
também nós recordemos a Deus quem Ele é, porque Deus diz: "Procura
lembrar-me; entremos em juízo juntamente" [Is. 43:26]), depois o que
Deus tinha dito por meio de Davi a respeito do seu Ungido e como o que Ele
tinha dito se cumpriu (portanto é coisa justa, quando se ora, que se citem
também versículos da Escritura). Depois de ter dito isso, pediram a Deus para
conceder aos seus servos de anunciar com franqueza a sua Palavra e de
estender a sua mão para curar e para confirmar a sua palavra com sinais e
prodígios. Alguém dirá: ‘Foi ouvida aquela oração?’ Sim, foi ouvida, porque
está escrito que "tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos,
e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com franqueza a palavra
de Deus" (Actos 4:31), e também que "muitos sinais e prodígios eram
feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos.." (Actos 5:12) e que
"até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém,
conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais todos eram
curados" (Actos 5:16). Irmãos, aquilo que a igreja de Deus pediu naquela
altura, o deve pedir a Deus ainda hoje, porque ainda hoje é necessário que a
sua palavra seja anunciada com franqueza e que o testemunho de Cristo seja
confirmado com curas, sinais e prodígios. Não há necessidade só da franqueza,
mas também da demonstração do Espírito Santo, para que os homens se convertam
ao Senhor, portanto alçai junto conosco a vossa voz a Deus, para que Deus
acrescente o seu testemunho ao dos seus servos com sinais e prodígios, e com
dons do Espírito Santo. O nosso desejo é o de ver o Evangelho pregado com
franqueza como nos tempos antigos, mas não só, também o de ver o nosso grande
Deus confirmar a Boa Nova da paz. Hoje, nesta nação, como em muitas outras, a
fé de muitos está fundada sobre a sabedoria dos homens e não sobre o poder de
Deus, e isto porque o Evangelho, em muitos casos, não é pregado com o poder
que caracterizava as pregações dos apóstolos, mas com discursos persuasivos
de sabedoria humana. Isto, dilectos, nos deve incitar a pedir a Deus para
fazer anunciar a sua palavra com franqueza. Mas quero dizer uma outra coisa,
e é esta: a razão pela qual muitos não temem e não tremem diante da Palavra
de Deus é porque nunca foram testemunhas da verdadeira manifestação do
Espírito Santo. Alguém dirá: ‘Mas porque é que falas de verdadeira
manifestação do Espírito?’ Porque hoje no seio do povo de Deus acontecem coisas que são feitas passar pela
manifestação do Espírito, mas não são mais que uma hábil falsificação da
manifestação do Espírito, feita passar por verdadeira aos olhos dos simples e
dos que são inconstantes nos seus caminhos; muitos confundem a sugestão com a
manifestação do Espírito Santo, e a violência e as provas de força de alguns
que pregam o Evangelho, com o poder de Deus. Não é difícil encontrar
pregadores do Evangelho que dizem às multidões: ‘Concentrai-vos, imaginai
estar curados e não mais doentes’; como se a cura do corpo fosse o fruto de
uma intensa concentração ou das sugestões que alguns sabem perpetrar com os
simples. Mas não é difícil encontrar também aqueles que pregam e dão
bofetadas, socos e empurrões aos doentes deitando-os ao chão e depois dizem
que é o poder de Deus que os fez cair ao chão. E o tempo seria pouco se
falasse de todas as reuniões de evangelização onde o Evangelho é pregado só
com palavras, sem poder, sem plena convicção, e onde a ensurdecedora amplificação
sonora dá a impressão a muitos que quem prega, está pregando com poder. Mas
quero dizer também que é fácil assistir a reuniões onde é dito, ao terminar
delas, que Deus curou muitos doentes quando se orou por eles, mas depois,
quando se vai a ver de perto quem são os que disseram ter sido curados, nos
apercebemos que a maior parte deles, se não todos algumas vezes, têm ainda
aquela maleita. Estamos cansados de ouvir narrar curas que nunca aconteceram,
as quais contadas serve a alguns pregadores sem escrúpulos para fazer acorrer
pessoas às suas reuniões e a se tornarem famosos e ricos; nós queremos ver
verdadeiramente os doentes curados, os cegos recuperar a vista, os surdos
ouvir, os mudos falar, os coxos caminhar, os mortos ressuscitar, os possuidos
libertados dos demónios e os
leprosos limpos, para que os homens, vendo as obras poderosas do nosso Deus,
sejam trazidos à obediência da fé, e os fiéis tornem a caminhar no santo
temor de Deus. |
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Lucas referiu uma outra
circunstância na qual a igreja orou a Deus e foi ouvida e é aquela quando
Pedro foi preso. Ele escreve: "E por aquele mesmo tempo o rei Herodes
estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; e matou à espada
Tiago, o irmão de João. E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou,
mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos asmos. E, havendo-o
prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados,
para que o guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa. Pedro,
pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a
Deus" (Actos 12:1-5). Como podeis ver, a igreja, quando Pedro foi preso,
não se esqueceu dele, antes começou a orar com fervor em favor de Pedro. Ora,
se bem que não venha especificado o que os santos pediram a Deus por Pedro,
também o podemos deduzir por algumas exortações que o apóstolo Paulo dirigiu
aos santos da prisão, que são estas: |
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"Me regozijarei ainda, porque sei que
disto me resultará salvação, pela vossa oração.." (Fil. 1:19) |
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"Espero que pelas vossas orações vos hei
de ser concedido" (Filem. 22). |
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Nós consideramos que os irmãos
da Igreja de Jerusalém oraram por Pedro para que ele fosse libertado da
prisão. A continua oração de que fala a Escritura, foi ouvida porque Deus
enviou um anjo para libertar Pedro das mãos de Herodes e de toda a expectação
do povo dos Judeus. Quereria sublinhar uma coisa que se lê neste relato feito
por Lucas, ou seja, quando Lucas diz que continua oração era feita pela
igreja a Deus por Pedro, quer dizer que os fiéis oravam a Deus pelo apóstolo
Pedro. Isto é confirmado da Escritura que diz que na casa de Maria, mãe de
João que tinha por sobrenome Marcos, "muitos estavam reunidos e
oravam" (Actos 12:12), portanto, podemos dizer que a igreja que estava
reunida em casa de Maria orava por Pedro. Por isso, nós não podemos chamar
“igreja”, ao edifício onde nos reunimos para render o nosso culto ao Senhor,
porque isso não encontra respaldo algum na Palavra de Deus. A casa de Deus
somos nós, conforme está escrito: "A qual casa somos nós, se tão somente
conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim"
(Hebr. 3:6), e não é de modo nenhum o local de culto, ou a habitação do irmão
onde nos reunimos para orar a Deus. Irmãos, nós, a igreja do Deus vivo,
devemos orar pelos nossos irmãos presos como malfeitores, para que Deus os
console, os mantenha firmes em Cristo, e os faça pôr em liberdade. Certo, é
verdade, houveram irmãos que foram presos por causa do Evangelho e na prisão
encontraram a morte, mas isso aconteceu porque Deus quis que morressem na
prisão, e não porque Deus não podia libertá-los das suas prisões. Um dia
saberemos também porque determinadas nossas orações não foram ouvidas por
Deus, mas na espera de vir a saber as coisas que nos estão ocultas, continuemos
a nos lembrar dos presos, também orando continuamente por eles porque Deus
quer que o façamos, conforme está escrito: "Lembrai-vos dos presos, como
se estivésseis presos com eles..." (Hebr. 13:3). |
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A que
condições serão ouvidas as nossas orações |
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O nosso Deus prometeu ouvir as
nossas súplicas com estas condições. |
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Se orarmos com fé. Jesus disse:
"E tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis " (Mat.
21:22). Ora, "a fé é a certeza das coisas que se esperam" (Hebr.
11:1), portanto quando nós oramos com fé, estamos certos de obter aquilo que
pedimos a Deus. Jesus disse: "Tudo o que pedirdes orando, crede que o
recebereis, e te-lo-eis" (Mar. 11:24); também nestas palavras está
presente o facto que quando oramos devemos crer para ser ouvidos. Mas o que
devemos crer? Devemos crer ter recebido isso pelo qual oramos. Dilectos,
sabei que antes de receber se deve crer, de facto primeiro está escrito:
"Crede que o recebereis" (Mar. 11:24), e depois: "E
te-lo-eis" (Mar. 11:24). Tiago, o irmão do Senhor, na sua epístola,
confirmou as palavras de Jesus dizendo: "E, se algum de vós tem falta de
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em
rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que
duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma
para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O
homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos" (Tiago
1:5-8). Notai a ordem em que estão escritas também aqui as coisas; primeiro
está escrito: "Peça-a a Deus " (Tiago 1:5) (com fé), e depois:
"E ser-lhe-á dada" (Tiago 1:5); como podeis ver, para receber
sabedoria de Deus, é preciso pedi-la com fé, sem duvidar. Se por um lado,
quem ora a Deus com fé é ouvido, por outro, quem ora duvidando não é ouvido.
Quem duvida é inconstante em todos os seus caminhos, e é semelhante a uma
onda do mar agitada pelo vento e lançada de uma para outra parte, e Tiago diz
que quem duvida não deve pensar em receber alguma coisa do Senhor. As
palavras do apóstolo são fortes, mas ao mesmo tempo verdadeiras. Jesus, um
dia disse aos seus discípulos: "Tende fé em Deus; porque em verdade vos
digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não
duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que
disser lhe será feito" (Mar. 11:22,23). Quereria debruçar-me sobre estas
palavras do Senhor, para explicar-vos o que significa orar sem duvidar mas
crendo. Notai que Jesus disse: "E não duvidar em seu coração" (Mar.
11:23); ora, do coração procedem as fontes da vida, por isso é necessário
guardá-lo mais do que qualquer outra coisa, porque se nós oramos a Deus, não
crendo com o coração que obteremos aquilo que lhe pedimos (porque pensamos em
nosso coração que a coisa que pedimos é demasiado difícil para o Senhor e Ele
não a pode dar), nós não obteremos nada do Senhor, senão repreensão. Quando nós oramos, o nosso coração
deve estar firme, confiante no Senhor; então obteremos aquilo que pedimos a
Deus. Na oração devemos crer, não só que Deus pode fazer o que lhe pedimos
para fazer, mas também que Ele o fará, porque está escrito: "Crede que o
recebereis" (Mar. 11:24), e também: "E não duvidar em seu coração,
mas crer que se fará aquilo que diz..." (Mar. 11:23). Para explicar-vos
o que significa crer que se fará aquilo que diz, vos citarei um episódio que
aconteceu nos dias de Jesus, em Cafarnaum. Está escrito: "E, entrando
Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, e dizendo:
Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. E
Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. E o centurião, respondendo,
disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas diz
somente uma palavra, e o meu criado sarará; pois também eu sou homem sob
autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai;
e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faz isto, e ele o faz. E
maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos
digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...Então disse Jesus ao
centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu
criado sarou" (Mat. 8:5-10,13). Aquele centurião romano, tendo ouvido
falar de Jesus, foi a ele rogando-lhe pelo seu criado que era paralítico, e
Jesus lhe disse que iria e o curaria, mas o centurião lhe respondeu para não
se dar àquele incómodo, porque ele não se reputava digno que ele entrasse
debaixo do seu telhado. Ele disse a Jesus para dizer somente uma palavra, e o
seu criado seria curado. A fé daquele homem foi admirável, porque não só creu
que Jesus podia curar o seu servo, mas também que o seu servo seria curado à
palavra de Cristo. Jesus viu a fé que estava nele e satisfez o seu pedido.
Notai a expressão do centurião: "Diz somente uma palavra, e o meu criado
sarará" (Mat. 8:8), porque ela está a demonstrar que ele não
duvidou em seu coração, mas creu que o
Senhor curaria o seu criado só com uma palavra. Mas notai também a resposta
que lhe deu Jesus, porque ela mostra
como ao centurião foi feito como tinha dito e crido. Não está porventura
escrito: "E não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que
diz, tudo o que disser lhe será feito" (Mar. 11:23)? A oração do justo
feita com fé não agrada ao nosso adversário, por isso, quando se ora, é
necessário resistir ao diabo, estando firme na fé. Sabei que o diabo tenta de
todas as maneiras nos fazer duvidar das promessas do Senhor para não nos
fazer ver o seu cumprimento na nossa vida; vos asseguro que quando se dobram
os joelhos diante do Deus Omnipotente e o se ora com fé, os nossos inimigos
não ficam indiferentes. Deles o diabo se usa para nos atemorizar e nos induzir a pensar que Deus não pode
ouvir-nos, que aquilo que pedimos não é mais para nós hoje, e outras coisas
nocivas; mas vós dilectos, não vos atemorizeis, porque Jesus disse:
"Tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei" (João 14:13); tende
fé nestas palavras de nosso Senhor e vereis as vossas orações ouvidas...no
tempo fixado por Deus. |
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Se guardarmos os seus mandamentos.
Jesus disse: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem
em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7).
Também nestas palavras de nosso Senhor, há um ‘se’ no qual devemos pôr muita
atenção, porque ele nos faz perceber a que condições Deus nos dará o que lhe
pedimos. Ora, mas o que significa estar em Cristo? Estar em Cristo significa
guardar os seus mandamentos, conforme está escrito: "Aquele que guarda
os seus mandamentos nele está, e Ele nele" (1 João 3:24). Jesus disse
também: "Se... as minhas palavras estiverem em vós" (João 15:7),
portanto é necessário também que as palavras de Jesus habitem em nós para
sermos ouvidos por Deus. A tal respeito vos recordo que fazer habitar as
palavras de Cristo em nós, é um mandamento de Deus, de facto Paulo escreveu:
"A palavra de Cristo habite em vós abundantemente" (Col. 3:16);
portanto, quem não quer colocar as palavras de Cristo no seu peito não
respeita o mandamento divino, e por consequência, quando ora não será ouvido.
Alguns dizem que para que as nossas orações sejam ouvidas é necessário apenas
ter fé, mas a Escritura ensina que para obter aquilo que se pede a Deus, é
necessário também ter uma conduta justa, de facto João escreveu: "E qualquer
coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus
mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista" (1 João 3:22).
Quem pensa que também tendo uma conduta ímpia, as suas orações serão ouvidas
confia na ilusão. Hoje, são muitos aqueles que se iludem e iludem os outros
fazendo-lhes pensar que não importa como se comportam, Deus ouvirá as suas
orações, mas eu vos demonstro com as Escrituras como os que caminham segundo
a teimosia do seu coração, sem dar
ouvidos ao Senhor não são ouvidos por Deus quando oram a Deus. O apóstolo
Pedro diz: "Igualmente, vós, maridos, coabitai com elas com
entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os
seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas
orações" (1 Ped. 3:7). Que significa isto? Significa que se um marido
crente despreza a sua mulher, lhe é infiel, e não lhe mostra verdadeiro amor,
maltratando-a e ferindo-a, quando ele
orar, Deus não lhe responderá por causa da sua conduta indigna. Dilectos,
Deus não nos lisonjeia com as suas palavras; podem nos lisonjear os homens, mas não
Deus, porque Ele é santo e justo. Recordai-vos do que aconteceu a Saúl, rei
de Israel; a Escritura diz que quando os Felisteus se acamparam em Suném para
mover-lhe guerra, "consultou Saul ao Senhor,
porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por
profetas." (1 Sam. 28:6). Sabeis porque Deus não lhe respondeu?
Porque Saul não tinha observado os mandamentos que Deus lhe tinha dado pelo
profeta Samuel; Deus tinha se lhe tornado adversário e quando ele se
encontrou na angústia e consultou Deus, Ele não lhe respondeu. Ouvi agora as
palavras que Deus dirigiu aos chefes da casa de Israel através do profeta
Miquéias: "Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de
Israel: não é a vós que pertence saber o direito? A vós que aborreceis o bem,
e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a sua carne de cima dos
seus ossos, e que comeis a carne do meu povo e lhes arrancais a pele, e lhes
esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne no meio do
caldeirão. Então clamarão ao Senhor, mas não os ouvirá, antes esconderá deles
a sua face naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras"
(Miq. 3:1-4). Também por estas palavras se compreende claramente que Deus não
responde aos que fazem más acções e clamam a ele nas suas angústias. Eis o
que diz a sabedoria aos escarnecedores: "Então clamarão a mim (nas suas
angústias), mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me
acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento; e não preferiram o temor do
Senhor: Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha
repreensão" (Prov. 1:28-30). Dilectos, o repito: Guardai que se nós não
damos ouvidos a Deus, também Ele não nos dará ouvidos a nós. Sabeis como se
conduziam os Israelitas durante o tempo no qual viveram Isaías, Jeremias e
Ezequiel? Desta maneira; eles desprezavam pai e mãe, oprimiam o estrangeiro,
pisavam o orfão e a viúva e o pobre, caluniavam com a sua língua, cometiam
adultérios e incestos, emprestavam dinheiro por interesse e usura, roubavam,
matavam, se prostravam diante dos ídolos das nações e lhes ofereciam perfumes
e sacrificios, e depois de tudo isso encontravam também a coragem de se
apresentarem nos átrios do Senhor para orar. Mas Deus respondeu-lhes:
"Quando multiplicais as vossas orações, não as ouço...porque as vossas
mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade; os vossos
lábios falam falsamente, a vossa língua pronuncia perversidade" (Is. 1:15; 59:3). Os
Israelitas pensaram que também caminhando seguindo o seu coração teimoso,
Deus ouviria as suas orações, mas este seu pensamento resultou vão. Também
hoje, no seio do povo de Deus, alguns entretêm no seu coração o mesmo
pensamento vão, iludindo-se. Vos digo aquilo que sucede: Alguns que dizem ter
crido, pisam o orfão, a viúva e o pobre, roubam o seu irmão nos negócios, exaltam nos seus corações os mais
variados ídolos, ferem impiamente com soco, enganam o seu próximo com
mentiras, vão descobrir a sua nudez sobre a praia, permanecem plantados
diante da televisão por horas e horas apascentando o olhar de vaidade e
obscenidade, vão aos parques de diversão, nas salas de dança e ao cinema
gastar o fruto do seu trabalho no que não sacia; servem Mamom, e depois vão
ao culto e oram a Deus, dizendo-lhe: ‘Senhor, nós te amamos, responde-nos, e
nós daremos a glória devida ao teu nome’. Mas que pensais? Que Deus possa se
negar a si mesmo? Que Deus seja injusto e responda a pessoas que com a boca
fazem mostra de muito amor, mas o seu coração vai atrás da cobiça? A
Escritura diz: "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua
oração será abominável" (Prov. 28:9), e também que "o que tapa o
seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será
ouvido" (Prov. 21:13). Estas palavras nunca se afastem dos vossos olhos,
para que ninguém vos seduza com vãos argumentos. Quando a Escritura diz que
"a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tiago
5:16), quer dizer que pode muito a oração da fé daquele que observa os
mandamentos de Deus, porque o justo é aquele que além de ter sido justificado
pela graça de Deus, faz o que é justo aos olhos de Deus, observando os seus
mandamentos. Ouvi o que disse Deus através de Ezequiel: "Se um é justo e
pratica a equidade e a justiça, se não come sobre os montes e não levanta os
olhos para os ídolos da casa de Israel, se não contamina a mulher do seu
próximo, se não se achega à mulher enquanto é impura, se não oprime ninguém,
se dá ao devedor o seu penhor, se não rouba, se dá o seu pão a quem tem fome
e cobre com vestido o nu, se não empresta por interesse e não dá por usura,
se desvia a sua mão da iniquidade e julga segundo a verdade entre homem e
homem, se segue as minhas leis e observa as minhas pescrições obrando com
fidelidade, o tal é justo.." (Ez. 18:5-9). Lendo estas palavras, nós
chagamos à conclusão que o justo é aquele que está em Cristo, e no qual estão
as palavras de Cristo, portanto as palavras de Tiago: "A oração feita
por um justo pode muito em seus efeitos" (Tiago 5:16) confirmam
plenamente as de Jesus: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras
estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito" (João
15:7). Certo, se por um lado podemos dizer que a oração da fé do justo pode
fazer muito, por outro devemos dizer que a oração de quem recusa obedecer a
Deus não pode fazer nada. Irmãos, examinemos atentamente os nossos caminhos e
"purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando
a santificação no temor de Deus" (2 Cor. 7:1), como diz Paulo; digamos a
verdade ao nosso próximo, façamos o bem atentemos para ele, fortaleçamos a
mão do pobre e do necessitado repartindo com ele dos nossos bens materiais e
amemo-nos uns aos outros sinceramente, lançando para longe de nós as
hipocrisias, e então estaremos seguros de ser ouvidos por Deus e de receber
d`Ele todas as coisas que lhe pedirmos. |
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Se lhe pedirmos coisas para nós que são da
sua vontade. João diz: "E esta é a confiança que temos nele,
que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se
sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos" (1 João 5:14,15). Irmãos, quando Jesus disse:
"Pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7), não
tinha intenção de dizer que, não importa o que pedimos ou porque motivo a
pedimos, porque a receberemos de certo. Sabei que as coisas que queremos
devem ser segundo a vontade de Deus, para que as recebamos. Tiago diz aos que
não são ouvidos por Deus porque nos seus corações têm em mira a iniquidade:
"Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites" (Tiago 4:3). Como podeis ver, quando os pedidos apresentados a
Deus não são de acordo com a vontade de Deus, eles não são satisfeitos por
Deus. Ora, Deus quer que nós peçamos a Ele coisas boas, mas se Ele vê que nós
pedimos mal (isto é, se vê que nós lhe pedimos coisas para utilizar depois
mal), então não nos satisfaz. Estou seguro que se tu temes a Deus e tremes
diante da sua palavra, e procuras governar bem a tua família, criando os teus
filhos na admoestação do Senhor, e um dia um dos teus filhos viesse a ti e
dissesse: ‘Papá, dá-me dinheiro porque
quero ir ao cinema’, tu não lhe darás o que te pede, mas o repreenderás
severamente. Mas porque não lhe darás o que te pede? Porque te pediu mal para
gastar nos seus deleites. Ponhamos o caso que a tua mulher, passando junto de
uma joelharia te diga: ‘Quero começar a usar jóias, para te agradar mais;
peço-te, compra-me um colar de ouro e brincos de ouro?’ Que farás irmão que
temes Deus e sabes que o que ela te está pedindo para comprar, Deus não quer
que se use? Por certo não consentirás ao seu pedido, mas não porque não a
amas, mas exactamente porque a amas, como Cristo amou a Igreja. Ora, se tu
que temes a Deus não consentirás a certos pedidos daqueles da tua casa,
porque é que Deus, que é santo e justo, deveria satisfazer certos pedidos de
alguns da sua família que não são segundo a sua vontade? Os que pedem e não
recebem, porque pedem mal para gastar nos seus deleites, são aqueles que amam
o mundo e as coisas que são do mundo, os quais, indo atrás das
concupiscências da carne e das concupiscências dos olhos e tendo-se
ensoberbecido em seus corações, tornaram-se inimigos de Deus, o qual lhes
resiste na cara. |
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É necessário dizer também que
há algumas orações feitas a Deus que não são ouvidas não porque quem as faz
seja injusto, amante dos deleites e soberbo, mas porque Deus decretou fazer
doutro modo, e aquelas petições não são segundo a sua vontade (embora aquelas
orações sejam feitas com fé e com sinceridade de coração). A Escritura nos
ensina que Jesus Cristo, no Getsêmani, antes de ser preso, orou ao seu Pai e
disse: "Aba, Pai! Todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este
cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres" (Mar.
14:36). Lucas diz que Jesus orou dizendo: "Pai, se queres, passa de mim
este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lucas
22:42). Como poderia Deus afastar aquele cálice de Jesus, quando ele mesmo
tinha antes preestabelecido que o seu Ungido sofresse e fosse crucificado?
Reconhecei irmãos que ‘afastar aquele cálice de Jesus’, não entrava de modo
nenhum no plano de Deus. Seja glorificado Deus porque qualquer que seja a sua
vontade para nós, ela é para o nosso bem e para o dos outros; é verdade, nós
sofremos quando Deus não nos satisfaz em alguma coisa que lhe pedimos porque
não é segundo a sua vontade, mas ao fim devemos sempre reconhecer que se Deus
não nos satisfez quando o queriamos nós ou como queriamos nós, e se não nos
deu aquela coisa particular, mas uma outra, Ele o fez exclusivamente para o
nosso bem. |
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O apóstolo Paulo escreveu:
"E, para que me não exaltasse pela excelência das revelações, foi-me
dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me
esbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor
para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o
meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Cor. 12:7-9). Também neste caso,
como Paulo orou a Deus para fazer uma coisa que Deus não queria fazer, assim
não foi ouvido por Deus; mas tudo isso pelo seu bem, para que permanecesse
humilde e não se exaltasse. Caros irmãos, quando nós dizemos: ‘Seja feita a
vontade do Senhor’ queremos dizer que estamos dispostos a fazer a vontade de
Deus mesmo se ela não corresponde à nossa: portanto quando recebemos do
Senhor uma resposta ‘negativa’ ou uma resposta que não corrresponde às nossas
expectativas, não nos lamentemos, mas aceitemo-la com gratidão e submissão,
sabendo que Deus é mais sábio do que nós e sabe perfeitamente o que é pelo
nosso bem. |
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Moisés um dia, recordando a
Israel as coisas que tinham acontecido durante a viagem no deserto, disse:
"Também eu pedi graça ao Senhor no mesmo tempo (depois que Deus deu em
poder de Israel Siom, rei de Hesbom e Ogue, rei de Basã), dizendo: Ó Senhor,
o Eterno! Já começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e a tua forte
mão; porque, que Deus há nos céus e na terra, que possa obrar segundo as tuas
obras, e segundo a tua fortaleza? Rogo-te que me deixes passar, para que veja
esta boa terra que está dalém do Jordão, esta boa montanha, e o Líbano! Porém
o Senhor indignou-se muito contra mim por causa de vós, e não me ouviu, antes
me disse: Basta; não me fales mais neste negócio. Sobe ao cume de Pisga, e
levanta os teus olhos ao ocidente, e ao norte, e ao sul, e ao oriente, e vê
com os teus olhos; porque não passarás este Jordão...." (Deut. 3:23-27).
Ora, Deus tinha dito a Moisés e a Arão, nas águas de Meribá (depois que
Moisés feriu a rocha duas vezes em vez de falar como Deus lhe tinha
ordenado): "Porquanto não me crestes a mim, para me santificar diante
dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que
lhes tenho dado" (Num. 20:12), portanto Moisés conhecia o decreto de
Deus, mas também quis suplicar-lhe para que lhe fosse concedido passar o
Jordão. Deus, porém, desta vez não o ouviu; no entanto Moisés era um homem
muito manso, um homem com quem
Deus falava face a face, um homem de quem Deus deu este testemunho: "É
fiel em toda a minha casa" (Num. 12:7). |
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Também o profeta Elias numa
ocasião não foi ouvido por Deus, vejamos qual. A Escritura diz: "E Acabe
fez saber a Jezabel tudo quanto Elías havia feito, e como totalmente matara
todos os profetas à espada. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elías, a
dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a
estas horas não puser a tua vida como a de um deles. O que vendo ele, se
levantou, e, para escapar com vida, se foi, e veio a Berseba, que é de Judá,
e deixou ali o seu moço. E ele se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio,
e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte, e disse: Já
basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus
pais!..." (1 Re 19:1-4), mas Deus não lhe arrebatou a sua alma e não o
fez morrer como ele tinha pedido, porque Deus tinha estabelecido transportá-lo para o céu sem lhe fazer ver
a morte, e também porque Elias tinha ainda que cumprir serviços para o
Senhor, de facto quarenta dias depois, no monte Horebe, Deus lhe disse:
"Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e vem, e unge a
Hazael rei sobre a Síria. Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel;
e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu
lugar..." (1 Re 19:15,16). |
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Também o rei Davi, numa ocasião
não foi ouvido por Deus. A Escritura diz que depois que Davi cometeu
adultério com Bate-Seba e lhe fez morrer o marido, Deus enviou Natã a Davi
para anunciar-lhe os seus juízos sobre ele e a sua casa. Natã, entre outras
coisas, disse a Davi: "O filho que te nasceu certamente morrerá" (2
Sam. 12:14). "E o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a
Davi, e adoeceu gravemente. E buscou Davi a Deus pela criança; e jejuou Davi,
e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra" (2 Sam. 12:15,16).
Mas Deus não o ouviu porque "sucedeu que ao sétimo dia morreu a
criança" (2 Sam. 12:18). Também neste caso, Deus poderia se render às
orações de Davi, mas Ele recusou ouvi-lo. Que diremos, depois de ter citado
estes exemplos de orações não ouvidas por Deus? Porventura que Deus é injusto
e impiedoso? Assim não seja. Nós sabemos e proclamamos que Deus é justo e
cheio de compaixão; mas não só quando nos ouve, mas também quando não nos
ouve. |
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Deus quer nos dar coisas boas, disto estamos certos; mas ele quer também
que nós lhe as peçamos, de facto Jesus disse: "Pedi..." (Mat.
7:7) e também: "Se vós pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará coisas boas aos
que lhe pedirem? " (Mat. 7:11). Vede irmãos, o facto de Deus conheçer as
coisas das quais nós temos necessidade, antes de lhe pedirmos, não significa
que não há necessidade de nós lhe as pedirmos, doutra forma Jesus não nos
teria ordenado de pedir. Portanto, também o pedir é uma ordem e não algo de
facultativo. O Senhor ordenou pedir e prometeu dar aos que lhe pedem, de
facto Jesus disse: "Pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se
cumpra" (João 16:24). Nós testificamos a veracidade destas palavras,
porque as experimentamos muitas vezes; todas as vezes que nos encontramos em
necessidade, o nosso coração desfalece, mas depois que pedimos a Deus para
suprir à nossa necessidade e que recebemos o que lhe tinhamos pedido, ele se
encheu de grande alegria, tanto de fazer-nos exclamar a Deus: "Puseste
alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram o trigo
e o vinho deles" (Sal. 4:7). Sim, o Senhor é fiel, e ainda hoje vela
sobre a sua palavra para cumpri-la. Alguem dirá: ‘Mas o que posso e devo
pedir a Deus?’ Tudo aquilo de que tens necessidade, porque está escrito:
"Não estejais inquietos por coisa alguma, antes as vossas petições sejam
em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica.." (Fil. 4:6), e
ainda: "Humilhai-vos pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu
tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem
cuidado de vós" (1 Ped. 5:6,7). Dilectos, sabei que Deus, não só sabe as
coisas de que vós tendes necessidade, mas quer também suprir a todas as
vossas necessidades (segundo as suas riquezas e com glória), porque Ele tem
cuidado de vós. Não penseis que Deus esteja longe de vós e que não lhe
interessa nada de vós, e nem ainda penseis que haja alguma coisa que Ele não
possa fazer por vós. O nosso Deus a quem servimos é grande "e a sua
grandeza inescrutável" (Sal. 145:3); "imenso é o seu poder" (Sal. 147:5), por isso achegai-vos
com plena confiança ao seu trono, recordando que foi Ele que formou e plantou
os ouvidos no homem (portanto não pode não ouvir-vos quando lhe orais), e
também que foi ainda Ele que fez os céus, a terra, o mar e todas as coisas
que há neles (portanto não há alguma coisa demasiado difícil para Ele). Paulo
escreveu que Deus é "Aquele que é poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em
nós opera" (Ef. 3:20); ah!... que Deus ilumine os olhos do nosso
coração, para que saibamos "qual a sobreexcelente grandeza do seu poder
sobre nós, os que cremos" (Ef. 1:19)! Agora quero dizer-vos o que muitos
pediram e receberam. |
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Há os que pediram a Deus o
Espírito Santo e o receberam, e se cumpriu a palavra que diz: "Pois se
vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará
o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (Lucas 11:13);
há os que depois de ter recebido o Espírito Santo oraram a Deus para poder
interpretar o que eles diziam em outra língua (conforme está escrito: "O
que fala em outra língua, ore para que possa interpretar" [1 Cor.
14:13]), e Deus os ouviu; há os que pediram a Deus também outros dons do
Espírito Santo, e Deus os ouviu cumprindo o desejo dos seus corações; há os
que pediram a Deus sabedoria e Deus a lhes deu, conforme está escrito:
"E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos
dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada" (Tiago 1:5);
há os que, no meio da sua doença, oraram a Deus para curá-los (como fez
Jeremias quando disse: "Sara-me, Senhor, e sararei" [Jer. 17:14]),
e pela sua fé foram sarados por Deus, e se cumpriu neles a palavra que diz:
"Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas
necessidades. Enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua
destruição" (Sal. 107:19,20), e também aquela que diz: "Pelas suas
pisaduras fomos sarados" (Is. 53:5); há os que, desejosos de casar,
pediram a Deus uma mulher prudente e a receberam, e se cumpriu neles a
palavra que diz: "Deus faz que o solitário viva em família" (Sal.
68:6); dilectos, sabei que "do Senhor vem a mulher prudente" (Prov.
19:14), e que os que a pediram e receberam, ainda hoje se alegram e dão
graças a Deus por ela. Há os que não podendo ter filhos, os pediram a Deus,
sabendo que "os filhos são herança do Senhor" (Sal. 127:3), e no
tempo fixado por Deus os receberam; há os que depois ter recebido a carta de
despejo, rogaram a Deus uma casa e Deus os ouviu; há os que pediram a Deus
para lhes revelar o ministério a cumprir e Deus os ouviu, confirmando depois
na presença dos fiéis e por meio dos fiéis de os ter chamado para aquele
determinado ministério; há os que pediram a Deus para lhes revelar onde ir
pregar o Evangelho (o lugar preciso, como a nação, a região, a cidade) e Deus
os ouviu, e se cumpriu a palavra que Deus disse a Jeremias: "Clama a
mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e impenetráveis, que
não sabes" (Jer. 33:3). Há muitos e muitos outros exemplos que poderia
citar-vos para confirmar-vos que Deus é fiel e que "todas quantas
promessas há de Deus, são nele sim" (2 Cor. 1:20), mas considero que
estas aqui supracitadas são suficientes por agora. Irmãos, vos exorto a
dobrar os vossos joelhos e a orar a Deus com fé, por qualquer coisa de que
sentis necessidade para vós e para os outros. No curso dos séculos, todos os
que pediram a Deus alguma coisa segundo a sua vontade para com eles foram
ouvidos. É grandíssimo o número daqueles que obedeceram à Palavra de Deus e
receberam o bem abundantemente, mas é grande também o número daqueles que
embora sabendo que Deus dá coisas boas aos que as lhe pedem, não pedem a Deus
e não recebem, e se cumpre neles o que escreveu Tiago: "Nada tendes,
porque não pedis" (Tiago 4:2). |
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Irmão, tu nunca deves dizer,
quando oras a Deus para obter alguma coisa de particular: ‘Esta oração não é
segundo a vontade de Deus porque não conheço ninguém da igreja da qual sou
membro que a tenha alguma vez feito’,
ou: ‘Esta oração não é segundo a vontade de Deus porque o pastor da comunidade
nunca disse de ter alguma vez pedido uma tal coisa a Deus’, ou: ‘Esta oração
que estou fazendo não pode ser segundo a vontade de Deus, porque aquele
evangelista muito famoso nunca disse de tê-la feito a Deus’, ou: ‘Não há nada
de semelhante que me é lícito pedir a Deus no estatuto da minha denominação’.
Não é assim que perceberás se a oração que estas fazendo a Deus é segundo a
vontade de Deus ou não. Antes de tudo, examina cuidadosamente as Escrituras
para ver se outros antes de ti na antiguidade pediram a mesma coisa ou alguma
coisa semelhante, e se assim foi, persevera na tua oração à espera da
resposta de Deus. Além disso, sabe estas coisas; talvez nunca nenhum membro
da comunidade que frequentas tenha tido o mesmo desejo que tu; talvez nenhum membro
da comunidade que frequentas tem a mesma medida de fé que Deus te deu a ti.
Pode ser também que os outros irmãos, não conhecendo as Escrituras julguem
erradamente o teu bom desejo, e te reputam mesmo de estranho; mas tu não
temas irmão, ora a Deus com fé, observando os seus mandamentos, persevera na
oração sem dar ouvidos a todas aquelas vozes que quereriam calar-te.
Recorda-te que quando a Bartimeu, cego mendigo, lhe fizeram saber que passava
Jesus o Nazareno, ele clamou: "Jesus, filho de Davi! Tem misericórdia de
mim!" (Mar. 10:47), mas a multidão se pôs a repreendê-lo para que se
calasse, mas ele se pôs a clamar mais forte. Sabes o que aconteceu então?
Aconteceu que Jesus, parando, mandou que o trouxessem a ele, e quando ele
chegou por perto lhe deu a vista, aquilo que ele desejava receber. Um cego
queria que Jesus tivesse misericórdia dele; não queria vestidos luxuosos, não
queria riquezas e nem tampouco queria se tornar famoso, mas queria ver com os
seus olhos, um desejo lícito para um cego,
no entanto houveram aqueles que quando o ouviram clamar: "Jesus,
filho de Davi! Tem misericórdia de mim!" (Mar. 10:47), se puseram a
repreendê-lo para fazê-lo calar. Irmão, também tu começarás a ser repreendido
e reputado como alguém que perturba a comunidade, quando começares a clamar a
Deus para que faça sinais e prodígios para trazer à obediência da fé os
pecadores, ou quando começares a desejar ardentemente os dons espirituais
como fizeram os antigos discípulos do Senhor, mas sabe que não estás de modo
nenhum perturbando Deus, mas somente crentes que dormem e não querem acordar
ou alguém que quer ter o primado como Diótrefes. Te posso dizer por
experiência que se tu te humilhas diante de Deus e buscas a sua face, e com
fé começas a pedir a Deus coisas espirituais necessárias para a edificação da
igreja, terás todos os que no seio da irmandade caminham segundo as
concupiscências mundanas contra ti; eles te entristecerão com as suas
palavras amargas e com a sua indiferença para com as coisas espirituais, mas
tu não desistas, não te rendas, não te resignes, recorda-te que para o nosso
Deus não há nada demasiado difícil, e que não és o primeiro crente que faz
aquele específico pedido a Deus porque outros que tu não conheces o fizeram a
Deus e foram a seu tempo ouvidos. Recorda-te, tu que temes a Deus e o amas e
o buscas continuamente com todo o coração, que há os que não tendo nunca
querido conhecer o poder de Deus e o poder das suas obras e não tendo nunca
desejado os dons do Espírito Santo e nem que o Senhor lhes revelasse alguma
coisa de útil, não querem também que outros desejem estas coisas, e assim
sucede que os que não receberam porque não pediram desprezam e querem calar
os que querem receber as coisas "que Deus preparou para os que o
amam" (1 Cor. 2:9; Is. 64:4). |
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Vejamos agora algumas petições
que poderiam parecer ‘não segundo a vontade de Deus’ a alguém que se
encontrasse alí a ouvi-las enquanto eram feitas, mas que foram ouvidas por
Deus porque feitas com plena certeza de fé e de acordo com a sua vontade. |
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Está escrito: "Elias era
um homem sujeito às mesmas paixões que nós, e, orando, pediu que não
chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra"
(Tiago 5:17). Alguem dirá: ‘Como! Um homem orou para que não chovesse e Deus
o ouviu? Mas como é possivel uma tal coisa? Certo, é mais fácil ouvir que
alguém tenha orado para que chovesse do que ouvir que alguém tenha orado para
que não chovesse; mas isto nada diminui à oração de Elias, homem de Deus.
Para perceber porque Elias orou daquela maneira, é preciso examinar qual era
a conduta do rei que reinava sobre Israel no seu tempo e a do povo de Israel
no meio do qual vivia Elias. A Escritura nos ensina que nos dias de Elias, o
povo d´Isreal tinha abandonado Deus e tinha dobrado os seus joelhos diante de
Baal e a sua boca o tinha beijado, excepto um resíduo de sete mil pessoas.
Além disso os filhos de Israel tinham demolido os altares do Senhor e tinham
morto os profetas de Deus. Também Acabe e sua mulher eram blasfemadores, de
facto está escrito: "Porém ninguem fora como Acabe, que se vendera para
fazer o que era mau aos olhos do Senhor, porque Jezabel, sua mulher o
incitava. E fez grandes abominações, seguindo os ídolos, conforme a tudo o
que fizeram os amorreus, os quais o Senhor lançou fora da sua possessão, de
diante dos filhos de Israel" (1 Re 21:25,26). Como podeis ver os pecados
do povo de Israel eram graves e mereciam uma punição. Deus tinha avisado os
Israelitas na lei, dizendo-lhes: "Mas se me não ouvirdes, e não fizerdes
todos estes mandamentos, e se rejeitardes os meus estatutos...quebrantarei a
soberba da vossa força, e farei que os vossos céus sejam como ferro e a vossa
terra como cobre" (Lev. 26:14,15,19). Elias conhecia este aviso de Deus,
portanto não é de admirar se orou ardentemente para que não chovesse e Deus o
ouviu. Cuidai que não estou a dizer-vos para orar para que não chova sobre os
ímpios, mas só que por alguns particulares motivos e necessidades, alguém,
também hoje, pode ser inspirado pelo Espírito a orar para que não chova por
um determinado tempo num determinado lugar e Deus o ouça. |
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Houve um outro profeta que
pediu a Deus para fazer coisas particulares numa específica circunstância:
Eliseu. A Escritura diz que o rei da Síria, quando soube por um dos seus
servos que Eliseu fazia saber ao rei de Israel até as palavras que ele dizia
no quarto onde dormia, mandou prender Eliseu. O rei enviou a Dotã (onde tinha ouvido que estava Eliseu)
cavalos, carros e grande numero de soldados, os quais chegaram de noite e
cercaram a cidade. "Tendo o servo do homem de Deus se levantado muito
cedo, saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e
carros. Então o servo disse ao homem de Deus: Ai, meu senhor! que faremos?
Respondeu ele: Não temas; porque os que estão conosco são mais do que os que
estão com eles. E Eliseu orou, e disse: Ó senhor, peço-te que lhe abras os
olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do servo, e ele viu; e eis
que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu.
Quando os sírios desceram a ele, Eliseu orou ao Senhor, e disse: Fere de
cegueira esta gente, peço-te. E o Senhor os feriu de cegueira, conforme o
pedido de Eliseu. Então Eliseu lhes disse: Não é este o caminho, nem é esta a
cidade; segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais. E os guiou a Samária.
E sucedeu que, chegando eles a Samária, disse Eliseu: Ó Senhor, abre a estes
os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, e viram; e eis que
estavam no meio de Samária" (2 Re 6:15-20). Depois que Eliseu pôs diante
daqueles soldados pão e água, o rei de Israel os despediu, "e foram para
seu senhor. E as tropas dos sírios desistiram de invadir a terra de
Israel" (2 Re 6:23), diz a Escritura. Como podeis ver, Eliseu orou a
Deus para fazer uma coisa de particular tanto para com o seu servo como para
com os Sírios. Alguém dirá: ‘Para que serviram estas orações de Eliseu? Elas
serviram, para que o seu servo, ao ver o monte cheio da cavalos e de carros
de fogo, ficar descansado,
enquanto aquilo que aconteceu aos Sírios fez que "as tropas dos sírios
desistiram de invadir a terra de Israel" (2 Re 6:23). Nós, do nosso
canto, não podemos não reconhecer, ainda uma vez, que "a oração feita
por um justo pode muito em seus efeitos" (Tiago 5:16). |
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E vejamos agora o que pediu
Gedeão a Deus. A Escritura diz: "Disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a
Israel por minha mão, como disseste, eis que eu porei um velo de lã na eira;
se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar enxuta, então
conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim
foi; pois, levantando-se de madrugada no dia seguinte, apertou o velo, e
espremeu dele o orvalho, que encheu uma taça. Disse mais Gideão a Deus: Não
se acenda contra mim a tua ira se ainda falar só esta vez. Permite que só
mais esta vez eu faça prova com o velo; rogo-te que só o velo fique enxuto, e
em toda a terra haja orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo
estava enxuto, e sobre toda a terra havia orvalho" (Juízes 6:36-40).
Alguém dirá: Deus tinha já falado a Gedeão dizendo-lhe: "Vai nesta tua
força, e livra a Israel da mão de Midiã... Porquanto eu hei de ser contigo,
tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem" (Juízes 6:14,16),
porque pois Gedeão pediu aqueles sinais a Deus? Gedeão viu que tinha
necessidade de pedi-los a Deus, e eu não me sinto de criticar de modo algum
Gedeão pelo seu comportamento. Quero recordar-vos porém que Gedeão dalí a
pouco teria que ir combater contra um exército de cerca de cento e trinta e
cinco mil Medianitas com unicamente trezentos homens. Dai-vos conta que ele
devia ter as suas mãos bem fortalecidas e que aqueles sinais que ele pediu a
Deus lhes as fortaleceram. Ninguém pode dizer que Gedeão tentou Deus,
pedindo-lhe aqueles sinais, porque Gedeão não pediu aqueles sinais para
tentar Deus, mas para que Deus lhe confirmasse que queria salvar Israel pela
sua mão. Alguns definiram o de Gedeão ‘um pobre exemplo a imitar’; mas eu me
pergunto: ‘O que teriam feito os que acharam culpa também no comportamento de
Gedeão, ao ver toda aquela multidão de Medianitas? Alguns falam ter fé em
Deus, e depois, em vez de pedir o dinheiro de que necessitam a Deus no seu
quarto, esperando que ele proveja, o extorquem aos crentes com astúcia (eles
sabem como fazer), e depois ouves justamente eles dizer que pedir sinais a
Deus não se adequa a nós que cremos em Cristo, porque é
uma falta de confiança em Deus. No entanto, Deus ouviu Gedeão, e o que ele
pediu a Deus e fez por Israel está escrito, e nos serve de ensinamento.
Quereria que notasseis além disso que Deus, depois que concedeu aqueles
sinais a Gedeão, o enviou ao arraial de Midiã para ouvir um sonho que um
Midianita tinha tido e a sua interpretação. Porque é que Deus quis que Gedeão
ouvi-se aquele sonho divino e a sua interpretação que anunciavam a destruição
de Midiã? Para fortalecer as suas mãos de facto lhe tinha dito: "Ouvirás
o que dizem, e serão fortalecidas as tuas mãos para desceres contra o
arraial" (Juízes 7:11). E depois o que dizer? Gedeão, na epístola aos
Hebreus, esta incluido entre aqueles que tiveram "um bom testemunho pela
sua fé" (Hebr. 11:39); ele está entre aqueles que pela fé "tornaram-se poderosos na guerra" (Hebr.
11:34) e "puseram em fuga exércitos
estrangeiros" (Hebr. 11:34). Agradaria a Deus que no seu povo
houvessem muitos mais homens valorosos como Gedeão, dispostos (também depois
de ter pedido sinais a Deus) a servi-lo num determinado ministério com
consciência pura, renunciando às coisas ocultas e vergonhosas; sim,
precisamente aquelas coisas das quais os corruptos se gloriam mas que se tornam a sua vergonha. Irmãos, não é
pecado pedir sinais a Deus para sermos confirmados numa determinada obra que
nos preparamos para fazer para a glória de Deus. Há um modo de falar por
parte de alguns que ensinam a palavra de Deus que além de não ser claro,
deixa perceber a sua incredulidade em determinadas coisas e a sua aversão a
elas. Parece mesmo que não querem falar de visões, sonhos, sinais, como se a
Escritura as definisse ‘coisas sem importância’, ou ‘coisas de não ousar
pedir a Deus’, ou ‘coisas más das quais nos devemos guardar’. A verdade é que
muitos nunca experimentaram muitas coisas, porque também nunca deram a
importância que têm, e por isso falam contra elas e querem fazer perceber que
para os antigos aquelas coisas iam bem, mas para nós que somos ‘modernos’
não. Muitos julgam erradamente os pedidos particulares de alguns irmãos e
irmãs sinceros e fiéis a Deus, porque não têm a mesma fé ou porque consideram
que Deus não seja capaz de ouvi-los ou que tenha deixado de agir como fazia
antigamente. É sempre Deus depois, a demonstrar a sua imutabilidade e que
"o desejo dos justos será concedido" (Prov. 10:24) e que
"assim é o seu andar desde a eternidade" (Hab. 3:6). Houveram
crentes que pensavam que Deus tivesse cessado de comunicar o dom do Espírito
Santo e depois se arrependeram; houveram aqueles que pensavam que Deus não
curasse mais como outrora e depois se arrependeram; houveram aqueles que
pensavam que o Espírito Santo tivesse deixado de distribuir os seus dons com
a morte dos apóstolos e depois se arrependeram; houveram aqueles que pensavam
que Deus tivesse deixado de falar por via de sonhos e de visões nos nossos
dias e depois se arrependeram; houveram aqueles que pensavam que pedir sinais
a Deus como fizeram os antigos não era mais para nós e depois se
arrependeram. Não é a primeira vez que aqueles que eram reputados ‘crentes
que tinham perdido a razão’ (por causa da sua fé em Deus) ou ‘sonhadores e
visionários’ (por causa das palavras que Deus lhes revelava), depois foram
declarados sãos na mente e na fé (ainda que não tivessem necessidade, porque
já o eram). Dilectos, crede nas sagradas e fiéis promessas de Deus, e não nos
vãos raciocínios de alguns que não caminham segundo o Espírito. |
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Como Jesus
ensinou a orar |
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Vejamos agora como Jesus
ensinou orar aos seus discípulos: Ele disse: "E, orando, não useis de
vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão
ouvidos. Não vos assemelheis,
pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho
pedirdes " (Mat. 6:7,8). |
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Antes de tudo, Jesus nos ordenou de não usar, quando oramos, excessivas
palavras, como fazem os que não conhecem Deus. Uma das características das
orações dos que não conhecem Deus é o de serem excessivamente longas; eles
oram por horas inteiras repetindo mecanicamente as variadas orações que estão
escritas nos seus livros, e isto pode-se ver também nesta nação. Mas o
que leva assim tantas pessoas a orar desta maneira? O pensamento de serem
ouvidos por causa das suas muitas palavras. Ora, Jesus nos disse: "Tudo
o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis" (Mat. 21:22), e não ‘se orais com muitas palavras’; isto vo-lo
digo para que nenhum entre vós pense que quanto mais são as palavras que se
dirigem a Deus mais possibilidades existem de sermos ouvidos. "Vosso Pai
sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes" (Mat. 6:8),
disse Jesus, portanto não é preciso muitas palavras quando nos dirigimos ao
Senhor nas nossas angústias. Davi disse a Deus nos salmos: "Não havendo
ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo
conheces" (Sal. 139:4); isto demonstra que o nosso Deus sabe
perfeitamente o que lhe pediremos em oração, ainda antes que formulemos a
nossa oração. Se por um lado Jesus disse como não devemos orar, por outro
disse também como ao invés nós devemos orar. Ele disse: "Portanto, vós
orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o
pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como
nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos induzas à tentação; mas
livra-nos do maligno" (Mat. 6:9-13). Irmãos, tende presente que esta
oração a ensinou Aquele que antes de vir a este mundo estava junto do Pai.
Nós sabemos que o Filho de Deus deu testemunho daquilo que ouviu junto de seu
Pai, portanto também estas palavras por ele nos ensinadas são Palavra de
Deus. Não subavalieis esta oração porque a sua eficácia, quando é dirigida a
Deus com um coração puro e com fé, não foi minimamente diminuida no curso dos
séculos, por que a ensinou Jesus. |
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Quero dizer-vos a respeito
desta oração algumas coisas, a primeira das quais é que nós quando nos
dirigimos a Deus em oração, o devemos
chamar ‘Pai nosso’, e não ‘papá’. Digo isto porque alguns no meio de nós
começaram a exprimir-se com Deus de maneira confidencial, até a chamá-lo
exactamente ‘papá’. Não é chamando Deus ‘papá’ que se mostra reverência e
temor para com ele. Vede, hoje, alguns pensam que porque nós somos filhos de
Deus, nós temos o direito de chamar a Deus ‘papá’. Eu considero que nós não
devemos tomar-nos de confidencias com Deus, se bem que Ele seja o nosso Pai
celestial, Aquele que nos gerou pela sua palavra. Jesus, na noite em que foi
traido, quando se dirigiu ao Pai, o chamou ‘Pai santo’ e ‘Pai justo’. É
verdadeiramente entristecedor ver como alguns se permitem esta excessiva
familiaridade com Deus, mas também disto não há por que ficar perplexo,
porque hoje muitos esqueceram-se de quem é Deus, e a palavra que diz:
"Sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade; porque o nosso
Deus é um fogo consumidor" (Hebr. 12:28,29). Jacó chamou Deus ‘o Temor
de Isaque’; Asafe o chamou ‘o Tremendo’, enquanto alguns hoje o chamam
‘papá’. Mas destas passagens estes se esqueceram como as crianças que chamam
o seu pai ‘paizinho’ e se põem a brincar com ele, pensando poder também
escarnecer dele! Chamam a Deus ‘papá’, e andam vestidos de maneira
extravagante e indecente; mas não só, quando se põem a orar, alguns deles se
põem a orar com as mãos no bolso, e recusam ajoelhar-se diante de Deus. Mas
dizei-me: ‘Que atitudes são estas? Não são porventura atitudes que são
próprias daqueles que não querem cumprir a sua salvação com temor e tremor?
Me doi em constatar que os pagãos que se prostam diante dos seus ídolos mudos
mostram mais reverência e mais temor para com as suas obras mortas que adoram
e oram, do que quanto mostram alguns crentes com o Deus vivo e verdadeiro.
Julgai por vós mesmos aquilo que digo. |
|
Nós, como filhos de Deus,
queremos que o nome de Deus seja santificado por meio de nós. Deus, na lei,
disse: "Serei santificado naqueles que se cheguem a mim, e serei
glorificado diante de todo o povo" (Lev. 10:3); ora, para que o nome de
Deus seja santificado, nós que agora estamos perto a Ele (nós estávamos longe
de Deus, mas agora, em Cristo Jesus chegamos perto de Deus) devemos observar
os seus mandamentos, portanto, dizer a Deus: "Seja santificado o teu
nome" (Mat. 6:9), mas recusar ao mesmo tempo de obedecer-lhe, significa
mentir-lhe. |
|
Segundo aquilo que ensina a
Escritura, o reino do mundo, um dia, virá a ser de nosso Senhor e do seu
Cristo, e nós reinaremos sobre a terra. Ainda tudo isso não se cumpriu, mas
nós sabemos que esse dia se está aproximando rapidamente; sim, este é o nosso
desejo, que o Reino de Deus venha, por isso dizemos a Deus: ‘Venha o teu
reino’. |
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Além disso desejamos também que
a vontade de Deus seja feita na terra como é feita no céu. Que fazem os
santos anjos no céu? Que fazem os justos no céu? Eles cumprem a vontade de
Deus, porque louvam a Deus e o servem. Não é porventura o que nós crentes devemos
fazer na terra? Nós dizemos a Deus: ‘Seja feita a tua vontade’, porque
queremos que Ele cumpra a sua vontade em nós. |
|
"O homem não viverá só de
pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor" (Deut. 8:3; Mat. 4:4);
isto significa que nós não devemos só alimentar-nos de pão, mas também da
Palavra de Deus, ouvindo-a e observando-a. Ora, o pão é necessário comê-lo para
viver, Deus o sabe, e quer que nós lhe o
peçamos. Jesus disse: "Pedi, e dar-se-vos-á " (Mat. 7:7),
portanto, ao nosso pedido de alimento Deus nos responde dando-nos o alimento
necessário. O salmista disse a Deus: "Todos esperam de ti, que lhes dês
o seu sustento em tempo oportuno. Dando-lho tu, eles o recolhem " (Sal.
104:27,28); considerai quanto é grande a bondade de Deus! Ele toma conta de
todas as aves da floresta e de todos os peixes do mar, dando também a eles o
sustento que necessitam. Se Deus não descura na assistência quotidiana os
animais que fez, como poderemos pensar que Ele nos descure a nós que somos
seus filhos? Nós valemos "mais do que muitos passarinhos" (Mat.
10:31), e valemos mais que qualquer animal que Deus fez, por isso temos nele a
firme confiança que Ele não nos fará faltar o pão de cada dia. |
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Dilectos, "todos
tropeçamos em muitas coisas" (Tiago 3:2), por esta razão devemos pedir a
Deus para nos perdoar as nossas dívidas. As nossas faltas que cometemos são
chamadas dívidas porque infringir a palavra de Deus significa constituir-se
diante dela devedor. Mas graças damos a Deus porque quando nós vamos a ele
para confessar-lhe as nossas dívidas pedindo-lhe para perdoá-las, obtemos a
remissão delas. Porventura não é esta uma clara demonstração da fidelidade de
Deus? Mas Deus não é só fiel mas também justo, porque se nós não perdoarmos
as dívidas aos nossos devedores (isto é, se não perdoamos aos homens as suas
faltas), tambem Ele não nos perdoará as nossas, portanto cuidemos de nós mesmos
e perdoemos aos homens as suas faltas, se não queremos que Deus nos faça
pagar as nossas dívidas até ao último centavo! |
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Nós sabemos que o diabo é o
tentador e que como tentou o Filho de Deus nos dias da sua carne, assim tenta
a nós. É impossível não ser tentado pelo diabo, mas não é impossível não cair
em tentação, por isso devemos pedir a Deus para não nos expor à tentação e de
libertar-nos do maligno. Vede, Deus permite que nós sejamos tentados
(considerai que Deus permitiu que também o seu Filho fosse tentado), mas não
permitirá que nós sejamos tentados para lá das nossas forças, de facto Paulo
diz: "Mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis,
antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar"
(1 Cor. 10:13). Portanto, Deus prometeu dar-nos o caminho de escape para não
cair em tentação. Cuidai porém que o facto de Deus nos dar o escape para
suportar a tentação não significa que da nossa parte, Deus não peça nenhum
esforço para não cair nela, doutra forma Jesus não teria dito: "Vigiai e
orai, para que não entreis em tentação " (Mar. 14:38), e também:
"Orai, para que não entreis em tentação" (Lucas 22:40). Nós muitas
vezes não nos recordamos que para não cair em tentação, não só devemos vigiar,
mas devemos também orar, pedindo a Deus para não entrar em tentação. |
|
Devemos orar em vez de estarmos ansiosos |
|
Irmãos, há uma exortação do apóstolo Paulo na sua epístola aos
Filipenses, à qual faremos bem dar atenção, se queremos viver uma vida
tranquila. |
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Paulo escreveu: "Perto
está o Senhor. Não estejais ansiosos por coisa alguma; antes as vossas
petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com
acção de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os
vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Fil. 4:6,7).
Antes de tudo, o nosso Senhor está perto de nós e não longe de nós. Isto nos
tranquiliza em todas as nossas angústias e em todas as nossas aflições. Davi
diz que "perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado"
(Sal. 34:18) e "perto de todos os que o invocam em verdade" (Sal.
145:18), portanto, dilectos, no meio de todas as vossas necessidades
recordai-vos destas palavras, porque elas são fonte de consolação para a alma
aflita. Ora, é justamente porque o
Senhor está perto de nós que nós não nos devemos fazer agitar pela ânsia que
queria apoderar-se de nós. Que necessidade há de preocuparmo-nos com o
futuro, quando sabemos que Deus está conosco e é por nós? Vede, quando se
começa a estar com ansiedade solícitos de qualquer coisa, a perturbação e a
angústia descem contra a nossa alma e conseguem a tirar-nos a tranquilidade
que é fruto da nossa absoluta e inabalável confiança em Deus; por esta razão
o adversário procura fazer-nos desobedecer também a este mandamento de não
estarmos ansiosos por coisa alguma. Nós não ignoramos as maquinações de
Satanás, por esta razão nos devemos guardar de nos tornarmos anciosos, para
não dar lugar nem ao medo e nem à dúvida que nos destruiria. |
|
Se por um lado não devemos
estar ansiosos por coisa alguma, pelo outro devemos fazer conhecidas a Deus
em oração todas as nossas petições. Paulo diz: "As vossas petições sejam
em tudo conhecidas diante de Deus" (Fil. 4:6), portanto não existe qualquer
necessidade nossa que não interessa a Deus, ou pela qual é inútil orar. Não importa de que coisa temos
necessidade; Deus quer que nós lancemos sobre ele todas as nossas
solicitudes, e não só uma parte. De que maneira devemos fazer conhecidas a
Deus as nossas petições? "Pela oração e súplica, com acção de
graças" (Fil. 4:6), disse Paulo; isso significa que enquanto oramos a
Deus pelas nossas necessidades devemos também dar-lhe graças por todas as
coisas, sim porque na oração nós devemos velar "com acção de
graças" (Col. 4:2). Se nós obedecermos a esta exortação teremos bem
abundantemente, porque Deus fará reinar a paz nos nossos corações e nas
nossas mentes, e esta paz protegerá os nossos corações e as nossas mentes de
todas as ciladas do inimigo, durante a espera do auxílio divino. |
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Orar de
mútuo consentimento |
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Irmãos, quando nós oramos a
Deus juntos, devemos estar de mútuo consentimento, para ser ouvidos por Deus.
Jesus disse: "Se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer
coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mat. 18:19,20). Jesus
disse que o seu Pai ouvirá os que se põem de acordo em pedir qualquer coisa a
Deus: como podeis ver, nestas suas palavras, o ‘se’ explica qual é a condição
à qual a oração feita com outros será ouvida por Deus. |
|
Há um exemplo de oração feita de mútuo consentimento no livro dos actos
dos apóstolos; é a oração que os antigos discípulos fizeram, quando Pedro e
João vieram junto deles depois que foram
ameaçados pelo Sinédrio, de
facto está escrito que eles "unânimes levantaram a voz a Deus"
(Actos 4:24). Nesta oração eles pediram a Deus para conceder aos seus
servos que anunciassem a sua palavra com franqueza e para estender a sua mão
para curar e para que se fizessem sinais e prodígios pelo nome de Jesus
Cristo, e Deus ouviu aquela oração. |
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A oração feita juntamente com
outros (como também a feita sozinho) deve ser feita a Deus em nome de Jesus
Cristo. As Escrituras que testificam isto são as seguintes: |
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"Na
verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome,
ele vo-lo há de dar. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis,
para que o vosso gozo se cumpra" (João 16:23,24); |
|
"Vos
nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que
tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda" (João 15:16);
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|
"Tudo
quanto pedirdes em meu nome eu o farei " (João 14:13); |
|
"Se
pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei " (João 14:14). |
|
Recordai-vos que Jesus Cristo é
o Sumo Sacerdote da nossa profissão de fé e que ele está à direita de Deus e
intercede por nós. Jesus ora a Deus em nosso favor, porque Ele faz de
mediador entre Deus e nós, esta é a razão pela qual nós devemos orar a Deus
em seu nome. Se nós orassemos a Deus em nome de Paulo ou de Pedro não
obteriamos nenhuma resposta de Deus, porque eles, embora habitem com o Senhor
nos lugares celestiais, não podem mediar entre Deus e nós. Eles não podem
ouvir as nossas orações e transmiti-las a Deus, portanto é absurdo e ilusório
nos apoiarmos nas suas mediações. Muitos homens e muitas mulheres em todo o
mundo pensam que Maria, a mãe de Jesus, intercede por eles junto de Deus: o
diabo os seduziu, fazendo-os crer na mentira. Maria, no céu não pode tomar
nem sequer uma sílaba das orações dos homens e levá-la a Deus, porque está
escrito: "Há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo homem..." (1 Tim. 2:5). Nós, pela graça de Deus, temos o
previlégio de nos achegarmos a Deus, o Omnipotente, em nome do seu Filho, e a
firme confiança que Ele acolhe as nossas súplicas. A Deus seja a glória
eternamente. Amen. |
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Orar pelo
Espírito |
|
Há algumas passagens nas Escrituras que falam de uma particular oração,
que é a feita pelo Espírito; as passagens são estas: |
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"Orando
em todo o tempo com toda a oração e súplica pelo Espírito;..." (Ef.
6:18) |
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"Mas vós,
amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando pelo
Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus..." (Judas
20,21). |
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Quem ora pelo Espírito Santo, ora a Deus em
uma língua estrangeira (nunca aprendida; da qual ele portanto não conhece nem
os verbos nem as palavras, nem a sintaxe e nem sequer a fonética). As Escrituras que testificam aquilo que
vos digo são estas: |
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"E da mesma maneira também o Espírito
ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E
aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele
que segundo Deus intercede pelos santos" (Rom. 8:26,27) |
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"Se eu
orar em língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica
sem fruto... Orarei com o espírito.." (1 Cor. 14:14,15). |
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Ora, há muitas coisas que o
homem não sabe fazer; uma delas é orar, de facto Paulo diz que "não
sabemos o que havemos de pedir como convém" (Rom. 8:26). Qual é a razão
pela qual Paulo fez esta afirmação? A razão é esta: nós, como seres humanos,
quando oramos, não conseguimos com as
nossas palavras exprimirmo-nos de maneira adequada, de facto muitas vezes
queremos dizer tantas coisas a Deus que sentimos interiormente de lhe pedir
por nós, mas por causa da nossa fraqueza (recordai-vos que nós habitamos num
corpo fraco) não conseguimos, porque não sabemos como dizer-lhe. Esta é a
razão pela qual muitas vezes dizemos a Deus em oração: ‘Senhor, eu não sei
como te dizê-lo!’. Além disso, nós não sabemos quais são as coisas de que têm
urgente necessidade, em um determinado tempo e lugar, os irmãos que não
conhecemos. Mas Deus, conhecedor dos limites do nosso corpo e da nossa mente,
(isto é das nossas fraquezas), enviou o Espírito Santo para socorrer a esta
fraqueza humana. Mas de que maneira o Espírito supre a esta falta de conhecimento
e de expressões apropriadas e satisfatórias? Intercedendo Ele mesmo pela boca
daqueles que foram batizados com o Espírito Santo, de facto quando um crente
cheio do Espírito fala em outra língua, o Espírito Santo não está fazendo
mais que orar por ele e pelos santos, pedindo a Deus para fazer coisas que
tanto ele como outros crentes têm necessidade. O Espírito ora a Deus para
suprir tanto as nossas necessidades espirituais como as materiais; Ele
conhece todas as coisas (portanto também todas as necessidades de qualquer um
dos santos que estão sobre a terra), e sabe orar como convém. Somos nós que
não sabemos todas as coisas e não sabemos sequer como nos exprimir com Deus porque nos faltam as palavras, mas o
Espírito tendo um conhecimento ilimitado e não tendo de modo nenhum falta de
palavras, pode orar como convém por todos os santos. Oh, quão maravilhosos
são os caminhos de Deus! |
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Orar e
jejuar |
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Na sagrada Escritura, diversas
vezes a oração vem mencionada juntamente ao jejum (vos recordo que jejuar
significa abster-se de comer e de beber por um determinado tempo). |
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No livro de
Esdras, a propósito da volta dos exilados Israelitas da Babilónia junto com
Esdras, está escrito: "Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava,
para nos humilharmos diante da face do nosso Deus, para lhe pedirmos uma boa
viagem para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazenda... Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus; e ele
atendeu às nossas orações." (Esd. 8:21,23) |
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No livro de
Neemias está escrito que depois que Neemias veio a saber, por alguns Judeus
que tinham chegado junto dele, em que condições se encontravam seja os que
restaram do cativeiro seja o muro de Jerusalém, ele se pôs a jejuar e a orar,
de facto ele mesmo escreveu: "E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras,
assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando
perante o Deus dos céus" (Neem. 1:4). A oração de Neemias foi ouvida por
Deus, porque o rei Artaxerses, junto do qual ele servia, lhe concedeu de
voltar a Jerusalém por um determinado tempo, para reconstruir os muros da
cidade santa. Estes são exemplos tirados das Escrituras do antigo concerto
que mostram como debaixo da lei, em algumas circunstâncias, à oração era
associado o jejum. |
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Também debaixo da graça é justo
orar e jejuar ao mesmo tempo. As Escrituras do novo concerto que confirmam
isso são as seguintes: |
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No livro dos
actos dos apóstolos está escrito: "E na igreja que estava em Antioquia
havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão, chamado Niger, e
Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E
servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e
orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram" (Actos 13:1-3). |
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Dos apóstolos
Paulo e Barnabé é dito que "eleito anciãos em cada igreja, orando com
jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido" (Actos 14:23). |
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Paulo, antes
de receber o Espírito Santo pela imposição das mãos de Ananias, ficou três
dias sem comer e sem beber, e quando recebeu a visão em que viu Ananias
entrar e impor-lhe as mãos para que ele recuperasse a vista, ele estava em
oração. |
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Cornélio,
embora este episódio se refira ao tempo em que ainda não era salvo, estava
orando e jejuando quando teve a visão do anjo que lhe disse para mandar
chamar Pedro. Foi ele mesmo a dizê-lo a Pedro quando este veio ter com ele,
de facto lhe disse: "Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora,
orando em minha casa à hora nona. E eis que diante de mim se apresentou um
varão com vestes resplandecentes" (Actos 10:30). |
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Paulo escreveu
aos Coríntios: "Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento
mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração" (1 Cor.
7:5). |
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Como podeis constatar também
vós, há diversas Escrituras que testificam que é justo jejuar e orar diante
de Deus também hoje debaixo do novo concerto. |
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Podem-se ter
visões enquanto se ora |
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Irmãos, ainda hoje, enquanto
alguém ora a Deus, pode ser visitado por Deus e receber uma visão celestial.
A Escritura ensina-nos que diversos
homens no passado, enquanto oravam, receberam visões. |
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O profeta
Daniel disse: "Enquanto estava eu ainda
falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel,
e lançando a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte
santo do meu Deus, sim enquanto estava eu ainda falando na oração, o varão
Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente,
e tocou-me à hora da oblação da tarde. Ele me instruiu, e falou comigo,
dizendo: Daniel, vim agora para dar-te entendimento. No princípio das tuas
súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, pois és muito amado;
considera, pois, a palavra e entende a visão!" (Dan. 9:20-23).
Neste caso o profeta Daniel, viu o anjo Gabriel, que por ordem de Deus veio a
ele para instruí-lo acerca de certas coisas. |
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Jesus Cristo,
o Filho de Deus, teve uma visão no Getsêmani, enquanto orava, de facto está
escrito: "E pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa
de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E
apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava" (Lucas 22:41-43). Neste
caso Jesus foi consolado por Deus na sua agonia pela visão de um anjo. |
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Saulo de Tarso
teve uma visão enquanto orava em casa de Judas, na rua chamada Direita. A
Escritura que testifica isto é a seguinte: "E havia em Damasco um certo
discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele
respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua
chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado
Saulo; pois eis que ele está orando, e numa visão ele viu que entrava um
homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver"
(Actos 9:10-12). Deus fez ver a Saulo aquilo que aconteceria dalí a pouco;
notai que Saulo quando teve aquela visão ainda não via com os seus olhos
físicos, e que ele recebeu aquela visão ainda antes de ser batizado na água e
com o Espírito Santo. |
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Ainda Paulo
teve uma outra visão enquanto orava; foi ele mesmo a contá-lo aos Judeus. Ele
disse: "E aconteceu que, tornando eu para Jerusalém, quando orava no
templo, fui arrebatado para fora de mim. E vi aquele que me dizia: Dá-te
pressa e sai apressadamente de Jerusalém; porque não receberão o teu
testemunho acerca de mim" (Actos 22:17,18). |
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O apóstolo
Pedro teve também ele uma visão enquanto orava; ele mesmo contou este
particular episódio aos da circuncisão que o interrogaram porque tinha estado
com homens incircuncisos e tinha comido com eles. Ele disse: "Estando eu
orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão;
via um vaso, como um grande lençol que descia do céu e vinha até junto de mim.
E, pondo nele os olhos, considerei, e vi animais da terra, quadrúpedes, e
feras, e répteis e aves do céu" (Actos 11:5,6). |
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Também
Cornélio, o centurião, antes de ser salvo, teve uma visão enquanto orava. Ele
disse a Simão Pedro: "Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora,
orando em minha casa à hora nona. E eis que diante de mim se apresentou um varão com vestes
resplandecentes..." (Actos 10:30). |
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Orar de
joelhos |
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A Palavra de Deus ensina-nos
também acerca da posição a ter quando se ora. Com base no exemplo que nos
deixaram Jesus, os apóstolos e os antigos profetas, a melhor posição a
assumir quando se ora ou se busca a Deus é de joelhos. Agora, vos enumerarei
algumas passagens da Escritura que dizem em que posição oraram os antigos
profetas, Jesus Cristo o nosso Senhor, os apóstolos e os antigos discípulos. |
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Lucas escreveu
que Jesus, enquanto estava no Getsêmani, "pondo-se de joelhos,
orava" (Lucas 22:41). Marcos, sobre a mesma circunstância, diz que Jesus
"prostrou-se em terra e orou..." (Mar. 14:35), e Mateus que
"prostrou-se sobre o seu rosto, orando..." (Mat. 26:39). |
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O profeta
Elias, quando "orou outra vez e o céu deu
chuva, e a terra produziu o seu fruto" (Tiago 5:18), orou de
joelhos, de facto está escrito: "Elias subiu ao cume do Carmelo, e se
inclinou por terra; e meteu o seu rosto entre os seus joelhos..." (1 Re
18:42). |
|
O profeta
Daniel orava a Deus de joelhos porque está escrito: "Havia no seu quarto
janelas abertas da banda de Jerusalém, e três vezes no dia se punha de
joelhos e orava, e dava graças, diante do seu Deus" (Dan. 6:10). |
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O apóstolo
Pedro, antes de ressuscitar Tabita, orou de joelhos, conforme está escrito:
"Pedro, fazendo-as sair todas, pôs-se de joelhos e orou..." (Actos
9:40). |
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O apóstolo
Paulo orava pelos santos de joelhos, de facto escreveu aos santos de Éfeso:
"Me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual
toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas
da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu
Espírito no homem interior" (Ef. 3:14-16); em Mileto, depois que ele
falou aos anciãos da igreja de Éfeso, "pôs-se de joelhos, e orou com
todos eles" (Actos 20:36); em Tiro, antes de partir para continuar a
viagem juntamente com os seus cooperadores, ele e todos os que estavam com
ele se puseram de joelhos e oraram, de facto está escrito: "Saímos, e
seguimos o nosso caminho, acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos
até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos..." (Actos
21:5). |
|
Como podeis constatar por vós
mesmos, Deus quis que fosse escrito também em que posição os antigos oraram.
Eu sei que "tudo o que dantes foi escrito para nosso ensino foi
escrito" (Rom. 15:4), e que "toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para
instruir em justiça" (2 Tim. 3:16), portanto também as passagens da
Escritura que dizem respeito à posição que tiveram os antigos quando oravam
são úteis ao nosso crescimento espiritual. Podeis porventura dizer o
contrário? Eu, não ouso dizê-lo. |
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Alguns, não querendo se pôr de
joelhos para orar quando a igreja está reunida, porque o consideram inútil e
humilhante para eles mesmos, com palavras fingidas e persuasivas cobrem e defendem a sua soberba. Quais são estas
palavras? Estas: ‘Mas nós devemos
dobrar os joelhos do coração e não os das pernas’, e: ‘Mas Deus também nos
ouve se ficamos em pé ou sentados!’. Pelo que respeita à primeira expressão,
digo-vos que se estes dobrassem ‘os joelhos do seu coração’ (como o chamam
eles) dobrariam também os joelhos das suas pernas, mas como não os dobram,
assim consequentemente não dobram tampouco os das pernas. Eu considero que
quem é humilde de coração não tem dificuldade em dobrar os seus joelhos diante
de Deus. Eu, por mim vi que alguns, como não querem humilhar-se diante de
Deus, pondo-se de joelhos, tomam a palavra que Deus revelou a Samuel, que
diz: "O Senhor não vê como vê o homem, pois o
homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o
coração" (1 Sam. 16:7). Mas pensais que Jesus e os apóstolos não
conheciam esta Escritura? Certamente que eles a conheciam, mas eles não a
interpretaram ao seu agrado, como ao invés fazem alguns hoje. Esta Escritura
não significa que para Deus não tem importância se nós não queremos orar de
joelhos, porque doutra forma o Espírito Santo não diria: "Ó, vinde,
adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou"
(Sal. 95:6). Mas considerai isto, por um momento, o Filho de Deus que antes
da fundação do mundo estava no céu junto de seu Pai, quando veio a este
mundo, orou a seu Pai de joelhos. João o Batista, falando do Cristo, disse:
"Aquele que vem do céu é sobre todos" (João 3:31); ora, se aquele
que é sobre todos orou de joelhos, quem somos nós, que vimos da terra e
estamos debaixo dele, para não nos pormos de joelhos? Eu cheguei à conclusão
que Deus para revelar a soberba que há nos corações de alguns que ostentam
uma falsa humildade, quis que fossem escritas diversas coisas (que aparentemente
não parecem ter muita importância), entre as quais justamente a de orar de
joelhos. Hoje, em muitas igrejas se dizes que te agrada ter uma casa com
piscina e um particular carro fora de série, e que estás orando a Deus para
que te o conceda (isto é pedir mal, para gastar nos próprios deleites), és
considerado humilde, cheio de fé em Deus, santo e justo, e és também
respeitado; se ao invés dizes que te agrada orar de joelhos e que é boa coisa
fazê-lo quando a igreja se reune, então és contrariado e contristado com toda
a sorte de vãos e fingidos raciocínios, mal olhado e considerado alguém que
provoca divisões na igreja. Ah! Se
me parte o coração ao ouvir os
soberbos que dos púlpitos falam de modo a fazer perceber que orar de joelhos
é coisa que se adequa só aos crentes ‘beatos’ (assim eles chamam os crentes
que temem a Deus e estremecem diante da sua palavra). Os soberbos nos seus
corações se manifestam mais cedo ou mais tarde; não conseguem ter escondida a
sua soberba nos seus corações, de facto quando chega o momento oportuno a
tiram para fora. Os seus vãos discursos são aplaudidos por multidões de
crentes que perderam o discernimento e que não querem também eles
humilharem-se. Do ‘sucesso’ que conseguem ter estes faladores vãos sobre as
multidões não há razão para nos admirarmos, porque, hoje, os que não querem
mais dobrar os joelhos diante de Deus são um grandíssimo número (a maior
parte). |
|
Vos quero dizer porém, que
muitos daqueles que não querem dobrar os joelhos diante de Deus, dobraram ‘os
joelhos do seu coração’ (como o chamam eles) diante de Mamom e diante do
ídolo, chamado ‘televisão’ que puseram em casa deles. Certo, Deus também nos
ouve quando oramos em pé e sentados (nós já o experimentámos e o
experimentamos ainda agora porque em algumas circunstâncias oramos em pé e
sentados) e não podemos dizer o contrário; mas enquanto quem me o diz é
alguém a quem faltam as pernas e os pés que Deus também o ouve sentado quando
nos reunimos para orar eu o compreendo; mas quando me o diz um soberbo que
tem duas pernas fortes e robustas, mas não quer dobrar os seus joelhos diante
de Deus na presença dos fiéis então me entristeço por causa do seu orgulho. |
|
Vos digo também isto: Há os que
não conhecem Deus que não se envergonham de se pôr de joelhos diante de uma
estátua e de suplicar-lhe, enquanto há alguns que conhecem Deus e se
envergonham de dobrar os seus joelhos diante do Deus vivo e verdadeiro. Àqueles
que não querem dobrar os joelhos quando oram, eu recordo que está escrito:
"Pela minha vida, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará diante de
mim..." (Rom. 14:11; Is. 45:23), e que "debaixo dele se encurvam os
auxiliadores soberbos" (Jó 9:13), portanto não vos iludais, porque vem o
dia que Deus vos fará dobrar os vossos joelhos diante da sua face. |
|
Irmãos, humilhemo-nos debaixo
da poderosa mão de Deus, assumindo também esta posição diante d`Ele; Ele é
digno disso. |
|
Onde orar |
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A tal propósito, é necessário
dizer que nos é permitido orar em todo o lugar, porque está escrito:
"Quero pois que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas,
sem ira nem contenda" (1 Tim. 2:8); porém, guardemo-nos de fazer como os
hipócritas, porque Jesus disse: "E quando orares, não sejas como os
hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão" (Mat. 6:5). Também
os hipócritas oram nos lugares de oração e fora deles, mas com o único fim de
serem vistos e honrados pelos homens. Qual é o seu galardão? O de
serem vistos pelos homens. |
|
Nós, na nossa vida privada,
devemos retirar-nos a orar no nosso quarto porque Jesus disse: "Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a
porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará." (Mat. 6:6). O nosso Deus está em secreto e vê em
secreto, por isso nós sabemos que é suficiente apenas ser vistos e ouvidos
por ele para sermos atendidos. Nós experimentámos muitas vezes a veracidade
das palavras de Cristo, porque depois de ter orado a Deus secretamente (sem
fazer saber a nenhum ser humano o nosso específico pedido), fomos
recompensados por Deus publicamente, obtendo diante dos outros aquilo que lhe
tinhamos pedido apenas diante d`Ele. |
|
Eis o que diz a Escritura a
propósito dos lugares onde oraram Jesus, os antigos profetas, os apóstolos e
os antigos crentes: |
|
Jesus
"retirava-se para os desertos, e ali orava" (Lucas 5:16); em uma
ocasião está dito que "tomou consigo a Pedro, a João, e a Tiago, e subiu
ao monte a orar" (Lucas 9:28). |
|
O profeta
Elias orou tanbém ele no monte. |
|
Moisés orou a
Deus tanto no monte Sinai como também no deserto. |
|
Daniel orava a
Deus na sua casa, tendo "no seu quarto janelas abertas da banda de
Jerusalém" (Dan. 6:10). |
|
Os apóstolos e
os discípulos, enquanto esperavam o cumprimento da promessa do Pai, oraram no
que é chamado o ‘cenáculo’; eles oraram também no templo que
estava em Jerusalém. |
|
Pedro, em
Jope, orou no terraço da casa de Simão curtidor. |
|
Paulo e Silas
oraram a Deus na prisão mais interna do cárcere de Filipos. Paulo várias
vezes orou pelos santos da prisão. |
|
Paulo e os
seus cooperadores, antes de deixar Tiro para continuar a sua viagem, oraram
juntamente com os discípulos de Tiro na praia. |
|
Por último,
irei citar o caso do profeta Jonas. Está escrito: "E orou Jonas ao
Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe" (Jonas 2:2). |
|
Irmãos, todos estes exemplos,
aqui supracitados confirmam que "os olhos do Senhor estão sobre os
justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações" (1 Ped. 3:12; Sal.
34:15), onde quer que eles se encontrem. Nós crentes continuaremos a orar a
Deus em todos os lugares, (sabemos que Ele está em todo o lugar, porque Deus
disse: "Esconder-se-ia alguém em esconderijos,
de modo que eu não o veja?.. Não encho eu o
céu e a terra?" [Jer. 23:24]) levantando mãos puras, sem
contendas e sem iras, porque isto é o que Deus quer de nós. |
|
O homem deve
orar com a cabeça descoberta, enquanto a mulher deve orar com a cabeça
coberta por um véu |
|
Paulo disse aos Coríntios:
"Quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a
cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas toda a
mulher que ora ou profetiza sem ter a cabeça coberta por um véu, desonra a
sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Porque se a mulher não
se cobre com véu, corte os cabelos também. Mas, se para a mulher é coisa
indecente cortar os cabelos ou
rapar-se, que ponha o véu. O homem pois não deve cobrir a cabeça, porque é a
imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não
provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado
por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Por isso, a mulher, por
causa dos anjos, deve ter sobre a cabeça um sinal da autoridade da qual
depende. Todavia, no Senhor, nem a mulher é sem o homem, nem o homem sem a
mulher. Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem existe
por meio da mulher, e todas as coisas são por Deus. Julgai entre vós mesmos:
é decente que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma
natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido? Mas ter a mulher
cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.
Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as
igrejas de Deus" (1 Cor. 11:3-16). Paulo diz que a cabeça de todo o
homem é Cristo e que o homem que ora com a cabeça coberta desonra Cristo, o
que significa que o priva da honra que lhe é devida. Os anjos no céu dizem em
grande voz: "Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e
riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e acções de graças"
(Ap. 5:12); ora, como podeis ver, entre as coisas que Cristo é digno de
receber está também a honra, portanto se um homem ora a Deus com a cabeça
coberta por um chapéu ou por um véu, não dá a Cristo, que é a sua cabeça, a
honra que lhe toca. O motivo pelo qual o homem não deve cobrir a cabeça é
porque ele é a imagem e glória de Deus. Cuidai que Paulo não diz que se o
homem ora com a cabeça coberta não faz nada de mal, porque mal faz; quem
poderia dizer que desonrar Cristo não é mau? Só um homem privado de
discernimento e contencioso poderia dizer uma tal coisa. No que diz respeito à
mulher ao invés, ela deve cobrir a
cabeça porque é a glória do homem, tendo sido tirada do homem. Recordai-vos
que quando Deus formou a mulher e a levou ao homem, Adão disse: "Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne;
ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada" (Gên.
2:23). Ora, a cabeça da mulher (seja da virgem, seja da mulher casada, e seja
da viúva) é o homem; e se ela ora com a cabeça descoberta desonra o seu
cabeça. Se a mulher não quer pôr o véu deve rapar a cabeça ou cortar os
cabelos, mas como nós julgamos ser uma coisa indecente (ou vergonhosa) para
uma mulher cortar os cabelos ou rapar a cabeça, nós lhe dizemos para pôr um
véu sobre a cabeça. Mas o que representa o véu? O véu que a mulher deve pôr sobre
a cabeça é "um sinal da autoridade da qual depende" (1 Cor. 11:10),
que ela deve ter sobre a cabeça por causa dos anjos. Os anjos de Deus nos
observam e devem ver sobre a cabeça da mulher um sinal da autoridade da qual
depende, por isso se a mulher ora sem estar coberta por um véu, desonra o
homem diante dos anjos, porque o priva da honra que lhe é devida. O amor não
se comporta de modo inconveniente, portanto, o homem em cujo coração há
caridade não fingida não cobrirá a sua cabeça quando orar para não desonrar
Cristo; e por seu lado, também a mulher, em cujo coração mora o amor de Deus,
se cobrirá com um véu, quando ora, a fim de não desonrar a sua cabeça, isto
é, o homem. Certamente é, que se a mulher, em vez de amor, tem um espírito de
contenda no seu coração, não quererá pôr sobre a sua cabeça este sinal de
autoridade da qual depende. Hoje, na igreja, algumas mulheres em vez de se
mostrarem submissas ao homem e reverentes para com ele, se mostram rebeldes e
irreverentes, portanto não há porque nos admirarmos se elas não querem de
modo nenhum cobrir a cabeça quando oram. Elas estão dispostas a pintar os
cabelos, a mudar penteados, a pôr sobre a cabeça gel e laca para fixar os
seus extravagantes penteados, mas o véu não estão dispostas de modo nenhum a
pô-lo sobre as suas cabeças. Por qual razão? Pelo orgulho de ser mulher
(assim o chamam aquelas do mundo) pelo qual se deixaram enganar. Hoje, nesta
nação se vêem muitas mulheres, tanto na polícia como entre os militares, e
muitas vezes, quando se encontram em serviço têm sobre as suas cabeças os
seus chapéus. Ele é muito mais pesado que um simples véu, e elas não se
envergonham de usá-lo, e se lhes perguntais porque o põem sobre a cabeça, vos
dirão que o usam porque têm ordem de pô-lo sobre a cabeça. Em algumas igrejas
ao invés sucede que algumas mulheres se envergonham de pôr o véu sobre as
suas cabeças e dizem com muita arrogância que não querem pô-lo, opondo-se
assim à ordem de Deus. Certo, o chapéu de uma polícia ou de uma militar fala de autoridade, enquanto o véu
sobre a cabeça de uma crente fala de submissão à autoridade da qual depende,
mas em ambos os casos é justo para elas pô-lo sobre a cabeça. |
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Algumas irmãs dizem: ‘Mas eu
tenho cabelo crescido, portanto não preciso pôr o véu sobre a cabeça, porque
ele é o meu véu ’. Escutai irmãs, o cabelo crescido que tendes é para vós uma
honra, mas não é o véu com o qual deveis cobrir a cabeça, porque está escrito
que o cabelo crescido à mulher "foi dado em lugar de véu" (1 Cor.
11:15). |
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À pergunta de Paulo: "É
decente que a mulher ore a Deus descoberta?" (1 Cor. 11:13), nós
respondemos que não é uma coisa decente que uma mulher ore a Deus descoberta. |
|
Alguns dizem que a ordem sobre
o véu divide as igrejas; mas se é assim então, precisaria mutilar uma das
epístolas de Paulo! Mas eu sei que os mandamentos dos apóstolos são para a
edificação da igreja e não para a sua destruição, portanto a razão pela qual
acontecem estas chamadas ‘divisões’ nas igrejas não está na ordem relativa ao véu, mas no
coração de alguns homens e mulheres. Sabei que as disputas que nascem acerca
da ordem do véu nascem da inveja e da contenda que albergam os corações
daqueles que não se querem ater a esta ordem. Mas o facto é que falando com
estes nos apercebemos que eles não mentem e não se gloriam só contra este
mandamento, mas mentem e se gloriam também contra outros mandamentos de Deus.
"Onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra
perversa" (Tiago 3:16), diz Tiago, por isso a vida destes é desordenada
e cheia de más acções, porque são contenciosos e contradizem a verdade.
Aquele sobre o véu é só um entre tantos mandamentos que eles não querem
observar porque eles têm sempre algo a dizer contra toda a sã doutrina de
Deus. Nada lhes está bem; teriam preferido que certas coisas os apóstolos não
as tivessem escrito! Certo, este mandamento não é um dos maiores mandamentos,
mas é ainda um mandamento que foi dado pelo mesmo homem que falava em outras
línguas mais do que todos os Coríntios, através do qual Deus fez milagres
extraordinários, e que escreveu a maior parte das epístolas do Novo
Testamento. Vos exorto, ó Filhas de Sara, a orar com a cabeça coberta por um
véu (não só no local de culto, mas em todo o lugar onde orais), e a não serem
contenciosas, porque isso não vos levaria a nada. A alguém agrada ser
contencioso? Saiba esse tal ou essa tal que "nós não temos tal costume,
nem as igrejas de Deus" (1 Cor. 11:16). |
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É lícito
chorar quando se ora |
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Quando, algumas vezes, nós
choramos durante a oração, não fazemos algo que Deus desgosta. Encontro-me
obrigado a escrever-vos também sobre isto, porque alguns dizem que Deus não
quer que nós choremos quando oramos. A Escritura nos fala de diversas orações
feitas chorando. |
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Ana, quando
pediu a Deus um filho macho, "orou ao Senhor, e chorou
abundantemente" (1 Sam. 1:10), porque tinha a sua alma cheia de
amargura. |
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Esdras, quando
ouviu dizer que os filhos de Israel regressados do cativeiro se tinham casado
com mulheres estrangeiras, orou chorando, confessando ao Senhor as iniquidades
do povo. A Escritura diz a propósito desta circunstância: "Enquanto Esdras orava e fazia confissão, chorando e
prostrando-se diante da casa de Deus, ajuntou-se a ele, de Israel, uma grande
congregação de homens, mulheres, e crianças; pois o povo chorava amargamente"
(Esd. 10:1). |
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O rei Ezequias
orou e chorou diante de Deus. A Escritura diz: "Naqueles dias Ezequias
adoeceu duma enfermidade mortal, e veio a ele Isaías, filho de Amoz, o
profeta, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque
morrerás, e não viverás. Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e
orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor, lembra-te, peço-te, de que andei diante
de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus
olhos. E chorou Ezequias muitíssimo. Sucedeu pois que, não havendo Isaías
ainda saído do meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Volta,
e dize a Ezequias, chefe do meu povo: Assim diz o Senhor Deus de teu pai
Davi: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas. Eis que eu te sararei; ao
terceiro dia subirás à casa do Senhor...." (Is. 38:1-3; 2 Re 20:4,5).
Como podeis ver, Deus disse a Ezequias que não só tinha ouvido a sua oração,
mas tinha visto também as suas lágrimas. |
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Jesus, na
terra, orou a Deus chorando, de facto está escrito na epístola aos Hebreus
que Ele, "nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e
lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido
quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que
padeceu.." (Hebr. 5:7,8). |
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Irmãos, é boa coisa derramar o
coração diante de Deus, chorando. Há momentos, enquanto se ora, em que o
Espírito de Deus nos recorda que nada somos, e que tudo o que podemos fazer
para o Senhor o podemos fazer pela graça de Deus que está conosco e não em
virtude de uma qualquer nossa capacidade; o Espírito de Deus nos recorda
também, enquanto oramos, os pecados que nós cometemos para fazê-los confessar
ao Senhor; Ele, na nossa angústia, nos recorda que só Deus pode libertar-nos
dela; por esta razão, nós, algumas vezes, como pequenas crianças recém
nascidas, nos pomos a chorar diante a Deus. Deus faz caso também das
lágrimas, que nas dores, nós derramamos diante de si, de facto está escrito
nos salmos: "Tu contas as minhas vagueações; recolhes as minhas lágrimas
nos teus odres; não estão elas no teu livro?" (Sal. 56:8) Quero
dizer-vos algo a respeito: hoje, no meio do povo de Deus, se vêem gracejos,
zombarias, risadas por coisas de nada (também durante o culto); crentes que
choram quando oram, porque reconhecem as suas falhas e as confessam a Deus,
deles não se vêem com frequência, e os poucos que, movidos pelo Espírito,
choram, são ridicularizados. Porque acontece isto? Porque se vive numa nação
onde abundam muitos bens materiais, e onde existe muita liberdade de
professar a própria fé, que assim muitos, tendo enriquecido e se tendo
inchado de orgulho, se esqueceram do Senhor. Não sentem mais necessidade de
se humilharem diante de Deus, porque pensam ter tudo e de não precisarem de
nada. Tiago diz aos que se tornaram amigos do mundo: "Alimpai as mãos,
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas
misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso
gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará"
(Tiago 4:8-10). Dilectos, é tempo de buscar o Senhor com todo o coração, é
tempo de lançar para longe de vós toda a falsa alegria e todo o falso
sorriso, para afligir as vossas almas perante Deus. Entristecei-vos também vós
por causa da corrupção, da mundanidade e da falsidade que há no meio da
igreja, chorai também vós perante Deus; confessemos a Ele as nossas
iniquidades e abandonemo-las, invoquemo-lo em verdade, e Ele fará aparecer
sobre nós a sua glória, como a fez aparecer antigamente sobre Israel quando
este se humilhou perante a sua face. |
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A
perseverança na oração |
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Paulo disse aos santos de Roma
"perseverai na oração" (Rom. 12:12); aos santos de Colossos, o
mesmo apóstolo, escreveu: "Perseverai em oração" (Col. 4:2), e aos
de Tessalónica: "Orai sem cessar" (1 Tess. 5:17). Ele mesmo nos
deixou o exemplo também nisto porque ele orava dia e noite e porque ele se
lembrava de todos os santos em todas as suas orações. As Escrituras que
confirmam isso são as seguintes: |
|
Aos santos de
Roma ele disse: "Incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em
minhas orações " (Rom. 1:9) |
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Aos santos de
Éfeso ele escreveu: "Não cesso de dar graças a Deus por vós,
lembrando-me de vós nas minhas orações..." (Ef. 1:15,16) |
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Aos santos de
Filipos ele escreveu: "Fazendo sempre com alegria oração por vós em
todas as minhas súplicas..." (Fil. 1:4) |
|
Aos santos de
Colossos que não tinham visto o seu rosto ele escreveu: "Graças damos a
Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós..." (Col.
1:3) |
|
Aos santos de
Tessalónica ele escreveu: "Pelo que também rogamos sempre por
vós..." (2 Tess. 1:11) |
|
A Timóteo ele
escreveu: "Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo
com uma consciência pura, de que sem cessar faço memória de ti nas minhas
orações noite e dia.." (2 Tim. 1:3) |
|
Das exortações de Paulo sobre
orar sempre e do seu exemplo se entende claramente como é necessário orar
continuamente por todos os santos sem parar, por isso façámo-lo, para a
edificação da igreja de Deus. |
|
Jesus Cristo, ainda antes de
Paulo, exortou os seus discípulos a orar continuamente sem parar, e a tal
propósito propôs-lhes uma parábola, que é a seguinte: "Havia numa cidade
um certo juiz, que nem a Deus temia nem respeitava o homem. Havia também
naquela mesma cidade uma certa viúva, e ia ter com ele, dizendo: Faz-me
justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis; mas depois disse
consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como
esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e
me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus
não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite,
será ele tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?"
(Lucas 18:2-8). Esta viúva, embora tendo o direito de receber justiça deste
juíz, por um certo tempo, não viu este seu pedido de justiça atendido, de
facto está escrito que este juiz por um tempo não lhe quis fazer justiça..
Ora, se este juiz lhe tivesse feito justiça no primeiro dia que ela tinha ido
ter com ele, certamente esta viúva não teria continuado a ir a ele e a
dizer-lhe: ‘Faz-me justiça’, mas precisamente porque esta resposta do juíz
não chegava, esta viúva continuou a ir a ele até o seu pedido ser ouvido.
Vede irmãos, apesar de nós sermos os escolhidos de Deus que nos dirigimos nas
nossas súplicas a Deus que "ama a justiça" (Sal. 33:5) e odeia a
iniquidade, e que é irrepreensível quando julga, também, devemos reconhecer
que a resposta a certas nossas orações não chega senão depois de muitos dias,
a outros depois de muitos meses e a outros depois de muitos anos. O facto de
Deus não atender certas nossas orações de imediato, ou no espaço de um curto
tempo não é algo de estranho que nos acontece, portanto, não vos maravilheis
se algumas vossas orações não foram ainda atendidas por Deus. Sabei que Deus
se reserva a responder-vos no tempo estabelecido por Ele, que, devemos
reconhecer por experiência, é sempre o melhor. A Escritura diz:
"Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno" (Hebr. 4:16); isso significa que Deus nos ajuda no meio de
qualquer que seja a nossa necessidade, no tempo oportuno, nunca atrasado e
nunca antecipado. O nosso Deus não é um Deus descuidado, e nenhum evento
terreno ou celestial é capaz de distraí-lo; Ele governa o universo, por isso
todas as coisas que nos acontecem, incluindo todas as variadas angústias nas
quais nos venhamos a encontrar, estão sob o seu controle. Nós, algumas vezes,
vendo prolongar-se os dias, somos tentados a pensar que Deus perdeu o
controle da situação em que nos encontramos, mas de facto está que este
pensamento é vão e nocivo, e não corresponde de modo nenhum à verdade. Nós,
por experiência, podemos dizer que depois que Deus nos ouviu vimos que mesmo
naqueles momentos em que o inimigo queria fazer-nos duvidar da fidelidade de
Deus, digo, mesmo naqueles momentos, Deus tomava conta de nós (como sempre)
não nos respondendo ainda. Alguém dirá: Mas que estás dizendo? Que Deus,
quando não nos responde quando nós queremos nos mostra que Ele toma conta de
nós? Sim, isso mesmo, de facto digo-vos por experiência que Deus no curso dos
anos manifestou o seu amor por mim, não me respondendo no tempo que eu queria
ou que pensava que faria. Eu não blasfemo o meu Deus porque Ele me obriga a
esperá-lo com paciência (derramando muitas lágrimas também), antes o
glorifico por causa de tudo isso. Se Deus nos devesse responder quando
queremos nós, não só resultaria ser um
Deus às nossas ordens, mas também um Deus imprudente. Eu posso dizer que se
Deus respondesse quando queremos nós, destruiria com as suas mãos a sua obra,
mas graças damos ao seu glorioso nome porque Ele, no curso dos séculos não
mudou; Ele continua a dizer-nos: "Os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos...Assim como os céus são
mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos" (Is. 55:8,9). Deus, neste momento está pensando quando nos
responderá; na sua mente Ele sabe qual é o minuto, a hora, o dia, o mês e o
ano em que nós receberemos d`Ele aquilo que lhe estamos pedindo. O facto é
que enquanto ele sabe estas coisas, nós não as sabemos, e todas as vezes que
pensámos que Deus responderia no tempo fixado por nós nos enganámos.
Recordai-vos que Jesus disse para pedir, mas não disse quanto tempo depois
nos será dado o que pedimos; Ele disse: "Pedi, e dar-se-vos-á"
(Mat. 7:7). Nós, o que devemos fazer é pedir; depois, a responder-nos pertence a Deus, Ele sabe
como fazer e quando fazê-lo, melhor do que quanto nós podemos imaginar. Uma
coisa é certa; o que lhe pedimos nos será dado, se não duvidarmos em nosso
coração. Quando? Quando Deus quiser; eu não me preocupo ao ver passar algumas
vezes longos períodos de tempo sem resposta de Deus! Para mostrar-vos como
Deus responde às nossas súplicas quando Ele o considera oportuno vos
mencionarei alguns exemplos tirados das Escrituras. |
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A Escritura
diz: "E era Isaque da idade de quarenta anos, quando tomou a Rebeca,
filha de Betuel, arameu de Padã - Arã, irmã de Labão arameu, por sua mulher.
E Isaque orou instantemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril;
e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu...E
cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis gêmeos no seu ventre... E Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca os deu à luz"
(Gên. 25:20,21,24,26). Quando Isaque se apercebeu que Rebeca era estéril,
orou de pronto a Deus, e lhe orou com insistência (‘instantemente’ significa
com insistência), e Deus o ouviu; mas
quanto tempo depois de Rebeca se ter tornado sua mulher, ela teve os
dois gémeos? A Escritura diz que foi vinte anos depois. Alguém dirá: ‘Mas
porque é que Deus não respondeu antes? Porque isso não entrava na sua
vontade; Ele quis que Rebeca tivesse aqueles dois gémeos vinte anos depois de
estar casada com Isaque e não antes. E quem ousa dizer-lhe: ‘Tu fizeste
mal?’. |
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Depois que
Jerusalém foi dada por Deus nas mãos do exército dos Caldeus, e que muitos
Judeus foram levados em cativeiro para Babilónia, aconteceu este episódio que
está escrito no livro do profeta Jeremias. "Então chegaram todos os
príncipes dos exércitos, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de
Hosaías, e todo o povo, desde o menor até ao maior, e disseram a Jeremias, o
profeta: Caia agora a nossa súplica diante de ti, e roga por nós ao Senhor
teu Deus, por todo este resto; porque de muitos restamos uns poucos, como
vêem os teus olhos; para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde
havemos de andar e aquilo que havemos de fazer. E disse-lhes Jeremias, o
profeta: Eu vos ouvi; eis que orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas
palavras; e seja o que for que o Senhor vos responder, eu vo-lo declararei;
não vos ocultarei nada" (Jer. 42:1-4). Jeremias orou a Deus pelo povo
como tinha dito, e "ao fim de dez dias veio a palavra do Senhor a
Jeremias" (Jer. 42:7), o qual chamou o povo e lhes a referiu. Neste
caso, o profeta Jeremias recebeu a resposta de Deus dez dias depois de ter
começado a orar. Deus tinha dito a Jeremias: "Clama a mim, e
responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e impenetráveis, que não
sabes" (Jer. 33:3), e Jeremias clamou a Deus, e Deus lhe respondeu, mas
no tempo fixado por Ele. |
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No livro do
profeta Daniel é narrado este episódio que nos mostra por que motivo, numa ocasião, a resposta de Deus chegou a
Daniel só depois de um certo número de dias de que ele o invocou. Está
escrito: "Naqueles dias (no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia), eu,
Daniel, estive triste por três semanas completas. Manjar desejável não comi,
nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que
se cumpriram as três semanas. E no dia vinte e quatro do primeiro mês, eu
estava à borda do grande rio Hidequel, e levantei os meus olhos, e olhei, e
vi um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de
Ufaz. E o seu corpo era como turquesa, e o seu rosto parecia um relâmpago, e
os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como cor de
bronze açacalado, e a voz das suas palavras como a voz duma multidão..E me
disse: Daniel, homem mui desejado, está atento às palavras que te vou dizer,
e levanta-te sobre os teus pés; porque eis que te sou enviado. E, falando ele
comigo esta palavra, eu estava tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel,
porque desde o primeiro dia, em que aplicaste o teu coração a compreender e a
humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e eu vim por
causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de
mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para
ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. Agora vim, para fazer-te
entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeios dias; porque a
visão é ainda para muitos dias" (Dan. 10:2-6; 11-14). Como podeis ver
por vós mesmos, o homem vestido de linho que apareceu a Daniel, se lhe
apresentou vinte e um dias depois que ele tinha começado a orar e a se
lamentar diante de Deus. As palavras de Daniel foram escutadas por Deus,
desde o primeiro dia em que ele aplicou o seu coração a compreender e a
humilhar-se perante Deus, mas a resposta chegou vinte e um dias depois. O
motivo? O disse o mesmo homem de Deus a Daniel nestes termos: "Mas o
príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias"
(Dan. 10:13). Ora, mas quem era este príncipe do reino da Pérsia? Ele não era
o rei Ciro que reinava sobre a Pérsia naquele tempo, mas um ser espiritual
mau que vivia nos lugares celestiais e que exercitava um domínio sobre o reino
da Pérsia. Recordai-vos irmãos que quando nós oramos, nos lugares celestiais,
se desencadeiam batalhas entre os santos e poderosos anjos de Deus e todas as
criaturas celestiais que estão debaixo do poder de Satanás, que são os nossos
inimigos. Paulo, falando aos Efésios, disse: "Não temos que lutar contra
a carne e o sangue, mas, sim, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, que estão nos
lugares celestiais" (Ef. 6:12); estes seres nomeados por Paulo são as
diversas categorias de seres maus que exercitam uma influência maléfica sobre
os habitantes da terra. Satanás estabeleceu sobre todas as nações da terra os
seus ministros para impedir aos santos de cumprir a vontade de Deus na terra.
Ele é o príncipe deste mundo e o domina em todo o lugar, e este domínio o
exercita servindo-se destas categorias de maus espíritos que Paulo elencou na
epístola aos Éfesios; esta é a razão pela qual os homens são dados ao mal e
pelo qual o Evangelho e os que o anunciam encontram grande oposição neste
mundo. No caso de Daniel aqui referido, o príncipe do reino da Pérsia opôs-se
a um mensageiro de Deus que Deus tinha enviado a Daniel para lhe levar uma
particular mensagem, mas ele não conseguiu fazer com que o mensageiro de Deus
não chegasse a Daniel porque Miguel (o arcanjo Miguel, o grande príncipe, o
defensor dos filhos de Israel) veio em ajuda do mensageiro de Deus. Quando
nós oramos a Deus, Ele escuta as nossas súplicas, mas não deveis desprezar o
facto de também os nossos inimigos nos escutarem quando falamos a Deus, e
eles não querem nem que Deus nos atenda e nem que nós perseveremos na oração,
por isso tentam de todas as maneiras opor-se a nós e a Deus. Mas Deus disse:
"Operando eu, quem impedirá?" (Is.
43:13); dilectos, o diabo e todos os seus anjos não podem impedir Deus de
cumprir um seu desígnio e de ouvir as fervorosas orações que nós lhe
enviamos, por isso vos encorajo a continuar a orar. |
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Nas Escrituras
do novo concerto irei tomar uma específica oração de Paulo, para vos fazer
compreender como Deus responde a certas orações também alguns anos depois.
Paulo enviou a sua epístola aos Romanos enquanto se encontrava em viagem de
regresso a Jerusalém para levar uma colecta destinada a socorrer os pobres
dentre os santos. Nesta sua epístola, Paulo disse aos santos de Roma:
"Deus, a quem sirvo em meu espírito, anunciando o Evangelho de seu
Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo
sempre em minhas orações que nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me
ofereça boa acasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos
comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados; ou melhor,
para que quando estiver entre vós nos confortemos mutuamente pela fé que
temos em comum, vós e eu" (Rom. 1:9-12). Ora, Paulo não disse
exactamente por quanto tempo orava a Deus neste sentido, porém sabemos que
orava a Deus para lhe dar uma ocasião propícia para poder ver os fiéis de
Roma há muitos anos, porque ainda aos Romanos (perto do fim da carta)
disse-lhes que já há muitos anos tinha grande desejo de ir ter com eles.
Paulo, depois, que dirigiu aos santos de Roma aquelas palavras, teve que
esperar mais de dois anos, antes de ver a sua oração e o seu desejo
atendidos. Isto o dizemos porque quando Paulo chegou a Jerusalém (da viagem
que o tinha levado à Asia, Macedónia e Acaia) foi preso e mantido recluso nas
prisões da autoridade romana por cerca
de dois anos, antes de ser enviado a Roma diante de César. Segundo aquilo que
diz Lucas a respeito destas coisas, Paulo foi preso em Jerusalém enquanto era
governador Félix (cerca de dois anos antes que Félix deixasse o posto a
Pórcio Festo) e mantido na prisão por um certo tempo também pelo governador
Festo, antes de ser enviado a Roma. A passagem da Escritura que confirma isso
é a seguinte: "Mas, passados dois anos, Félix teve por sucessor o Pórcio
Festo; e, querendo Félix comprazer aos judeus, deixou Paulo preso"
(Actos 24:27). Paulo, depois que compareceu diante do rei Agripa em Cesaréia,
foi embarcado num navio juntamente com outros prisioneiros de volta a Itália.
E depois de diversos meses deste embarque chegou a Roma, onde os irmãos,
tendo notícias dele e dos seus cooperadores, vieram ao seu encontro até à
Praça de Ápio e às Três Vendas; "e Paulo, vendo-os, deu graças a Deus e
tomou ânimo" (Actos 28:15). Finalmente, depois de ter orado por anos a
Deus para ver os fiéis de Roma, ele viu esta sua oração atendida, e por isso
deu graças a Deus. |
|
Irmãos, perseverai na oração;
mesmo se estais orando para obter de Deus qualquer coisa há dias, meses ou
anos, não pareis, não penseis que Deus não tenha escutado o vosso clamor,
porque Ele o escutou desde o primeiro dia que o haveis invocado a respeito de
uma determinada coisa; Ele se reserva a responder-vos no momento por Ele
fixado, mas vos responderá. "Ó vós, os que
fazeis lembrar ao Senhor, não descanseis, e não lhe deis a ele descanso..."
(Is. 62:6,7), até que Ele não vos responda; sim, dilectos, continuai a
insistir junto do trono de Deus, sem parar, porque de certo ele, também pela
vossa importunação, se levantará e vos dará o que lhe haveis pedido. A Deus
seja a glória eternamente. Amen. |
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As acções de
graças devidas a Deus |
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Irmãos, quando nós oramos não
devemos nos esquecer de dar graças ao nosso Deus. O apóstolo Paulo nas suas
epístolas exortou diversas vezes a orar a Deus e a dar-lhe graças: |
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Aos Filipenses
escreveu: "As vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus
pela oração e súplicas, com acção de graças " (Fil. 4:6) |
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Aos
Colossenses escreveu: "Perseverai em oração, velando nela com acção de
graças" (Col. 4:2) |
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Aos
Tessalonicenses, logo depois de ter dito: "Orai sem cessar" (1
Tess. 5:17), disse-lhes: "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de
Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Tess. 5:18). |
|
A Timóteo
escreveu que queria que se fizesse "deprecações, orações, intercessões,
e acções de graças, por todos os homens.." (1 Tim. 2:1). |
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Considero dever citar uma coisa
que está escrito a propósito do profeta Daniel, a fim de confirmar como é
coisa aceitável diante de Deus orar e dar graças a Deus ao mesmo tempo. Está
escrito que Daniel tendo "no seu quarto janelas abertas da banda de
Jerusalém, três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava graças,
diante do seu Deus..." (Dan. 6:10). |
|
Também no que diz respeito a
dar graças a Deus, é preciso saber por que coisa devemos fazer acções de
graças a Deus. Antes de tudo quero dizer-vos que cada um de nós tem muitas e
muitas coisas por que dar graças a Deus e que nenhum de nós pode dizer não
saber por que coisa deve dar graças a Deus; e depois que Paulo e os seus
cooperadores nos deixaram um exemplo também nisto para que aprendamos por
eles. Lendo as epístolas de Paulo nos apercebemos que ele e os seus
cooperadores davam graças a Deus sempre e por muitas coisas; agora vos
citarei estas suas palavras de acções de graças que foram transcritas para
nosso ensinamento: |
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Aos Romanos
disse: "Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de
vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé" (Rom. 1:8), e
também: "Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes
de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do
pecado, fostes feitos servos da justiça" (Rom. 6:17,18). |
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Aos Coríntios
escreveu: "Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que
vos foi dada em Jesus Cristo; porque em tudo fostes enriquecidos nele, em
toda a palavra e em todo o conhecimento, (como foi mesmo o testemunho de
Cristo confirmado entre vós...Mas graças a Deus que nos dá a vitória por
nosso Senhor Jesus Cristo...E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em
Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu
conhecimento...Mas, graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração
de Tito..Graças a Deus pois pelo seu dom inefável!" (1 Cor. 1:4-6;
15:57; 2 Cor. 2:14; 8:16; 9:15). |
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Aos Éfesios
escreveu: "Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor
Jesus, e o vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças a
Deus por vós..." (Ef. 1:15) |
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Aos Filipenses
escreveu: "Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de
vós..." (Fil. 1:3) |
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Aos
Colossenses escreveu: "Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, nas continuas orações que fazemos por vós..." (Col. 1:3) |
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Aos
Tessalonicenses escreveu: "Sempre damos graças a Deus por vós todos,
fazendo menção de vós em nossas orações...Sempre devemos, irmãos, dar graças
a Deus por vós, como é de razão, porque a vossa fé cresce muitíssimo e o amor
de cada um de vós aumenta de uns para com os outros...Mas devemos sempre dar
graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido
desde o princípio para a salvação...Pelo que também damos sem cessar graças a
Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a
recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como
palavra de Deus..." (1 Tess. 1:2; 2 Tess. 1:3; 2:13; 1 Tess. 2:13). |
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A Filemom
escreveu: "Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas
orações, já que ouço falar do amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e
para com todos os santos..." (Filem. 4,5) |
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Lendo todas estas palavras de
acções de graças de Paulo e dos seus cooperadores se percebe como eles davam
graças a Deus sempre e não só quando oravam. |
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Ora, irmãos, é necessário que
nós aprendemos a dar sempre graças a Deus como faziam ao apóstolos, portanto
seja quando oramos ou quando não estamos a orar. Mas o que tenho mesmo que dizer é que nós
devemos dar graças a Deus pelas coisas pelas quais davam graças os apóstolos;
nós, algumas vezes, enquanto oramos nos limitamos a dizer a Deus: ‘Senhor,
graças por tudo’, o que é justo fazê-lo, mas segundo o exemplo que temos nos
apóstolos, nós devemos dar graças a Deus especificando as pessoas e as coisas
pelas quais damos graças. Não temos tempo para fazê-lo porventura? De modo
nenhum, porque tempo o temos durante o dia inteiro. Vede, não é o tempo que
falta, mas a vontade de fazê-lo em alguns casos, porque, muitas vezes, ou se
subvaloriza o agradecimento feito a Deus, ou porque o tempo é gasto falando
de coisas que não contribuem para a edificação mútua. Paulo disse: "Como
convém a santos, nem a fornicação, nem alguma impureza, nem avareza, seja nem
ainda nomeada entre vós; nem desonestidade, nem zombaria, nem gracejos
indecentes, que são coisas inconvenientes; mas antes acções de graças"
(Ef. 5:3,4); considerando esta exortação de Paulo, é preciso concluir que (é
triste dizê-lo e constatá-lo) é mais frequente ouvir falar de coisas
inconvenientes que não se devem nem sequer nomiar, que dar graças a Deus em
Cristo por todas as coisas. |
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A carência de acções de graças
é indice de falta de gratidão para com Deus: hoje, muitos dão todas as coisas
por descontadas e por coisas que lhe são devidas, enquanto não é assim,
porque tudo o que temos vem de Deus, conforme está escrito: "Porque tudo
vem de ti..." (1 Crón. 29:14). Não façamos como aqueles nove dentre os
dez leprosos que foram curados por Jesus, que não voltaram ao Senhor para
dar-lhe graças depois que viram que foram curados pela sua palavra. Imitemos
ao invés aquele Samaritano que quando viu que a sua lepra tinha desaparecido,
voltou atrás ao Senhor Jesus, glorificando a Deus em alta voz, "e caiu
aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças" (Lucas 17:16). |
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Nós filhos de Deus devemos dar
graças por tudo; agora vos mencionarei algumas das coisas pelas quais nós
estamos em obrigação de dar graças a Deus: |
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Pelo seu dom
inefável, a vida eterna, que Ele na sua graça nos deu gratuitamente |
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Por ter-nos
feito idóneos de participar da sorte dos santos na luz; façámo-lo com
alegria |
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Por todos os
seus benefícios para conosco; são muitíssimos, mas vale a pena mencioná-los
quando se dá graças |
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Pelo alimento,
antes de começarmos a comer, porque isto é justo fazê-lo diante de Deus.
Jesus o fez, conforme está escrito: "Tomou os cinco pães e os dois
peixes, e, erguendo os olhos ao céu, deu graças; e
partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão"
(Mat. 14:19). Também Paulo deu graças a Deus pelo alimento diante de todos no
navio, de facto está escrito: "Tomando o pão, deu graças a Deus na
presença de todos; e, partindo-o, começou a comer" (Actos 27:35). Alguns
homens privados da verdade e reprovados quanto à fé consideram não dever dar
graças a Deus pelo pão de cada dia, porque eles dizem que o ganham com o seu
suor, e que não é Deus que lhes o providenciou; ora, é verdade que Deus disse
a Adão: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão" (Gên. 3:19), mas
é também verdade que aquele que dá o pão a nós mortais é Deus porque está
escrito: "Faz crescer a erva para os animais, e a verdura para o serviço
do homem para que tire da terra o alimento, e o vinho que alegra o coração do
homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o seu
coração" (Sal. 104:14,15), e ainda: "Os olhos de todos esperam em
ti, e tu lhes dás o seu mantimento a seu tempo" (Sal. 145:15). Paulo
diz: "Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar,
sendo recebido com acção de graças. Porque pela palavra de Deus e pela oração
é santificada" (1 Tim. 4:4,5); estas palavras confirmam que antes de
comer é justo orar a Deus dando-lhe graças, e o que nós comemos é também
santificado pela oração e não só pela palavra de Deus. Não é esta mais uma
confirmação do poder e da utilidade da oração? |
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Pelos nossos
irmãos; porque Ele os elegeu para a salvação desde o princípio; porque eles
aceitaram a palavra de Cristo e a dos apóstolos como palavra de Deus e não
como palavra de homens; pelo zelo que Ele pôs nos seus corações pela causa do
Evangelho; pelos dons do Espírito Santo e pelos dons de ministério que Ele
lhes conferiu; por como cresce a sua fé no Senhor e o seu amor para com os
santos; pela liberdade com que participamos às necessidades dos pobres dentre
os santos; por todos os benefícios que eles recebem das mãos de Deus, entre
as quais estão as poderosas libertações que eles experimentaram nas suas
angústias depois de ter invocado Deus. |
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Termino de escrever a respeito da oração dando graças a Deus em nome de nosso Senhor Jesus Cristo por ter-me dado a graça e a sabedoria necessária para pôr por escrito este ensinamento. A Ele seja a glória, agora e pela eternidade. Amen. |