Para onde
vai o pecador quando morre |
A Palavra de Deus ensina que
existe um lugar de tormento no mundo invisível, um lugar terrível e
assustador onde arde continuamente fogo e onde há pranto e ranger de dentes e
no qual descem as almas dos pecadores que não se arrependeram dos seus
pecados e não creram no Evangelho da graça de Deus. Este lugar se chama lugar
dos mortos - em Grego: Hades, enquanto em Hebraico: Sheol - e é mencionado
muitas vezes nas Escrituras. Antes de passar a demonstrar-vos pelas Escrituras
a existência deste lugar quero fazer esta premissa. Antes de tudo tem que se
dizer que a palavra hebraica Sheol significa também ‘sepultura’ e que a mesma
coisa tem que ser dita para a correspondente palavra grega Hades. Isto
explica o porquê de nas traduções da Bíblia a palavra Sheol (Hades em grego)
algumas vezes foi traduzida sepultura ou túmulo. J.F.Almeida por exemplo a
traduziu com sepultura nestes versículos: "E
não permitas que suas cãs desçam à sepultura (Sheol) em paz" (1
Re 2:6); "Tal como a nuvem se desfaz e passa,
aquele que desce à sepultura (Sheol) nunca tornará a subir (Jó 7:9);
"Porque não pode louvar-te a sepultura (Sheol)" (Is. 38:18). Digo
algumas vezes e não todas, porque esta palavra indica também a morada das
almas entre a morte e a ressurreição, e de facto outras vezes foi traduzida
inferno ou lugar dos mortos (porém entenda-se este último não como túmulo).
J.F.Almeida por exemplo em diversos lugares do Antigo Testamento traduziu
Sheol com inferno (cfr. Sal. 9:17; Jó 26:6; Prov. 9:18), e assim também
traduziu Hades com inferno - excepto algumas vezes - no Novo Testamento (cfr. Mat. 11:23; 16:18 Lucas 10:15; Ap.
1:18. Em Actos 2:27 e 2:31 J.F. Almeida optou por manter a palavra grega
Hades no lugar de inferno). Outras versões e outros tradutores, no Antigo
Testamento no lugar de inferno colocaram Sheol ou lugar dos mortos, enquanto
no Novo Testamento no lugar de inferno deixaram a palavra grega Hades.
(Confronta várias versões e traduções da bíblia das supracitadas passagens).
De qualquer modo, seja inferno como lugar dos mortos indicam o mesmo lugar. É
bom precisar pois que a palavra inferno - que nós nunca encontramos no Velho
Testamento na versão revista e actualizada de J.F. Almeida - deriva da
palavra latina infernus que significa ‘lugar que está debaixo, inferior’.
Alguém dirá: ‘Mas porque motivo esta palavra não foi traduzida sempre da
mesma maneira?’ Porque o contexto em tais casos não o permitia. Em outras
palavras a mesma palavra tem um significado diferente em contextos diferentes.
Quando Sheol ou Hades indicam o lugar invisível para onde descem as almas dos
mortos e não a sepultura onde é posto apenas o corpo deduz-se do contexto. Um
exemplo é o de Isaías quando diz: "O inferno
desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda;
despertou por ti os mortos, e todos os príncipes da terra, e fez levantar dos
seus tronos todos os reis das nações. Estes todos responderão, e te dirão: Tu
também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós" (Is.
14:9-10). Aqui a palavra Sheol foi traduzida inferno por J.F. Almeida (Outras
versões colocam Sheol ou lugar dos mortos) porque não significa sepultura
terrena de facto o texto fala de pessoas que moram no Sheol as quais na vinda
ou descida do rei de Babilónia ao Sheol lhe dirigem determinadas palavras.
Fizemos este discurso para demonstrar que aqueles que negam que Sheol (e a
correspondente palavra grega Hades) significa também o lugar de tormento para
onde vão os pecadores à espera da ressurreição, erram. |
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Agora, depois de ter feito
estas necessárias explicações passaremos a demonstrar pelas Escrituras que
este lugar de tormento no mundo invisível (o Sheol ou Hades) existe; onde ele
se encontra e que aspecto tem e como para lá descem as almas dos pecadores. |
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Está escrito: "Ora, havia um homem rico, e
vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e
esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que
jazia cheio de chagas à porta daquele;
e desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os
próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. e aconteceu que o mendigo morreu,
e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi
sepultado. E no Ades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe
Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem
misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do dedo e me
refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém,
Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro
somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar
daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. E disse
ele: Rogo-te pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco
irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este
lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não! pai Abraão; mas, se algum dos mortos
fosse ter com eles arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a
Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos
ressuscite" (Lucas 16:19-31). |
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Foi o nosso Senhor Jesus Cristo
a contar esta história que realmente aconteceu. Esta história ensina que com
a morte não acaba tudo, mas que existe uma vida ultraterrena e que a alma do
pecador continua a viver num mundo invisível depois que ele morre. É claro
que a nossa alma nós não a vemos, mas sabemos que ela mora neste nosso corpo
de carne e osso; e como não podemos negar a existência da alma somente porque
não a vemos com os nossos olhos, assim não podemos negar a existência do
Hades só porque não o vemos ou nunca o vimos. O facto é que enquanto a alma
se encontra no nosso corpo, o Hades se encontra nas covas da terra a uma
grande profundidade; é um lugar real segundo a Palavra de Deus, onde a alma
do pecador, depois de ter saído do seu corpo, vai estar à espera do juízo. Em
outras palavras enquanto o pecador vive sobre a terra a sua alma goza dos
prazeres da vida e se deleita em fazer o mal movendo-se livremente num corpo
humano, mas quando o corpo que a alberga temporariamente se desfaz, ela parte
e vai para o Hades onde será atormentada pelo fogo deste lugar e onde não
poderá mais de algum modo divertir-se. A história deste rico diz-nos que este
rico vivia todos os dias regalada e esplendidamente enquanto estava na
terra e que ele, quando morreu, foi sepultado, mas se achou num lugar de
tormento, justamente o Hades. Foi o seu corpo a ser sepultado e não a sua
alma, porque a alma do homem não pode ser agarrada pela mão de nenhum homem
para ser posta num caixão e depois numa cova. É o corpo que torna ao pó
segundo o que disse Deus a Adão: "És pó, e em pó te tornarás" (Gen.
3:19), e não a alma porque ela não é feita de um material dissolúvel. Jesus
um dia disse que nós não devemos temer aqueles "que matam o corpo, e não
podem matar a alma" (Mat. 10:28), significando assim que a alma do homem
não pode ser nem morta e nem tomada por um outro homem, à diferença do seu
corpo. Como se pode ler nesta história, este homem que tinha gozado a vida na
terra, quando se encontrou no Hades podia ainda falar, recordar, e segundo o
que ele disse a Abraão poderia ser também refrescado com água na chama onde
se encontrava. Mas água não há no Hades, dela para aqueles que estão no fogo
do Hades há só a sua memória. Ora, nós não podemos compreender como a alma de
um homem possa continuamente arder (sem minimamente se consumir) no meio do
fogo e chorar e ranger os dentes, mas isto não nos impede de modo algum de
crer que as coisas são mesmo assim. Se nós devessemos crer nas coisas de que
fala a Escritura só quando as compreendemos, acabariamos por não crer em mais
nada daquilo que nos diz a Escritura, a começar pela existência de Deus, mas
graças sejam dadas a Deus em Cristo Jesus pela fé que nos deu mediante a qual
nós aceitamos tudo o que a Palavra de Deus nos ensina sem pô-la minimamente
em discussão. Assim, nós não pomos em dúvida nada desta história contada por
Jesus porque tudo o que diz respeito a esta história é verdade. Como disse
antes, este homem, sem um corpo podia ainda falar e recordar; mas não só, ele
podia também dar sugestões de facto convidou Abraão a mandar a Lázaro molhar
a ponta do dedo na água para refrescar-lhe a língua queimada pelo calor da
chama ardente, mas ele ouviu Abraão responder que isso não era possível.
Abraão lhe disse para se lembrar que ele tinha recebido os seus bens na sua
vida, e depois lhe disse que havia um grande abismo entre aquele lugar de
tormento onde ele se encontrava e o lugar de conforto onde, pelo contrário,
se encontrava ele com Lázaro (o seio de Abraão), abismo que impedia aos que
se encontravam neste último lugar de ir socorrer os que estavam em tormento
no Hades. Nenhuma piedade foi mostrada para com aquele homem; como ele se
tinha mostrado impiedoso durante a sua vida terrena assim Deus se mostrou
impiedoso para com ele depois que ele morreu. Nisto vemos a manifestação da
justiça de Deus. Ele, também debaixo do Antigo Pacto, não deixava impunes os
que recusavam dar ouvidos à lei de Moisés e aos profetas. |
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Quando aquele homem ouviu
Abraão responder-lhe daquela maneira, se preocupou com os seus cinco irmãos
que estavam ainda vivos na terra, de facto propôs a Abraão de enviar Lázaro a
casa de seu pai para avisar os seus cinco irmãos da existência deste lugar de
tormento e do facto de ele já lá se encontrar. Ele pensava que desta maneira
eles se arrependeriam ao ouvir Lázaro e não desceriam assim também eles para
lá. Mas também neste caso a resposta de Abraão não foi a que ele esperava,
porque o patriarca lhe fez claramente compreender que os seus irmãos tinham
Moisés e os profetas e que eles deviam ouvi-los para não ir para ali com ele
quando morressem. A resposta de Abraão porém não satisfez aquele homem porque
ele fez perceber a Abraão que segundo ele seria mais eficaz o testemunho de
Lázaro se este ressuscitasse e fosse ter com os seus irmãos, do que o de
Moisés e dos profetas. Não foi porém do mesmo parecer Abraão, de facto ele
lhe disse que se os seus irmãos não queriam ouvir Moisés e os profetas, não
se deixariam persuadir a abandonar os seus maus caminhos, tampouco pelo
testemunho de um morto regressado à vida. (Notai que o rico acreditava depois
de morto que Lázaro pudesse voltar vivo à
terra e falar aos seus irmãos, que não pediu a Abraão para lhe
conceder voltar à terra e que Abraão respondendo confirmou que Lázaro estava
morto) Palavras fortes estas, que mostram como aqueles que não crêem no
testemunho que Deus dá acerca do Hades e dos seus tormentos (testemunho
escrito nas sagradas Escrituras), não crerão tampouco no de um morto que
depois de tê-lo visto volta à vida e fala da sua existência e dos tormentos
que padecem os que lá se encontram. |
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Esta é a verdade irmãos, alguns
não acreditariam na existência do inferno e não se arrependeriam dos seus
pecados nem sequer se um dos seus parentes mortos ressuscitasse por vontade
de Deus e lhes contasse o que viu naquele lugar. Nós, de qualquer modo somos
chamados a advertir os homens da existência deste lugar de tormento, porque
Deus o fez com a sua Palavra. Se Deus não tivesse querido que os homens
soubessem o que os espera se não se arrependem e não crêem nele fazendo obras
dignas de arrependimento não teria feito pôr por escrito assim tantas claras
referências sobre o Hades e sobre o lago ardente de fogo e enxofre que é o
lugar final onde serão lançados os ímpios. |
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Mas vejamos outras Escrituras
que confirmam a existência do Sheol (ou inferno) e que ele se encontra sob a
terra a uma grande profundidade e que para lá descem os ímpios quando morrem. |
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Nos salmos está escrito: "Os ímpios irão para
o Sheol, sim, todas as nações que se esquecem de Deus" (Sal.
9:17), e a propósito da sorte dos que confiam nos seus grandes haveres e se
gloriam da grandeza das suas riquezas está escrito: "Como ovelhas são arrebanhados ao Sheol; a morte os
pastoreia" (Sal. 49:14). |
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Jó, falando dos ímpios, disse: "Na
prosperidade passam os seus dias, e num momento descem ao Sheol"
(Jó 21:13). |
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Isaías, falando da sorte daqueles que em Sião não olhavam para a obra do
Senhor, mas se embriagavam de vinho e de bebidas alcoólicas disse: "Por isso o Sheol aumentou o seu apetite, e abriu a sua
boca desmesuradamente; e para lá descem a glória deles, a sua multidão, a sua
pompa, e os que entre eles se exultam" (Is. 5:14). Ainda Isaías,
no oráculo contra o rei da Babilónia, disse a Israel: "Proferirás esta parábola contra o rei de Babilônia, e
dirás:.. O Sheol [ou inferno] desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao
encontro na tua vinda. Já foi derribada no Sheol [ou
inferno]
a tua soberba com o som dos teus alaúdes" (Is. 14:4,9,11). |
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Deus por meio de Ezequiel predisse o que faria a Tiro com estas palavras:
"Então te farei descer com os que descem à cova, ao povo antigo, e te
deitarei nas mais baixas partes da terra, em lugares desertos antigos, com os
que descem à cova..." (Ez. 26:20). |
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Jesus quando repreendeu Cafarnaum lhe disse: "E
tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? Não, até o inferno
descerás" (Mat. 11:23). Quando ele anunciou que estaria no lugar
dos mortos por três dias e três noites disse: "Como Jonas esteve três
dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três
dias e três noites no seio da terra" (Mat. 12:40); e nós sabemos de
facto que a alma de Jesus Cristo, quando ele morreu, desceu ao Hades de onde
Deus a tornou a trazer quando o ressuscitou dos mortos ao terceiro dia,
conforme está escrito: "Não deixarás a minha alma no Hades" (Actos
2:27). |
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Como podeis ver por todas estas
Escrituras se deduz claramente que o sheol (ou o inferno) é um lugar que se
encontra nas profundezas da terra, ou como disse Jesus: "No seio da
terra", e que para lá vão os pecadores que recusam ouvir a voz de Deus. |
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Mas a Escritura diz-nos também
o aspecto que tem o lugar dos mortos: |
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Jó o definiu assim: "Terra da escuridão e da sombra da morte; terra
escuríssima, como a mesma escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem
alguma, e onde a luz é como a escuridão" (Jó 10:21-22). |
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Bildade o suíta, falando da sorte do ímpio disse: "Da luz o lançarão nas
trevas" (Jó 18:18). |
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Zofar o naamatita diz do ímpio: "Um fogo não atiçado pelo homem o consumirá"
(Jó 20:26). A propósito destas últimas palavras elas são claramente
confirmadas pelas palavras que aquele homem que estava no Hades dirigiu a
Abraão: "Estou atormentado nesta chama" (Lucas 16:24). O fogo que
há no Hades não é um fogo atiçado por um homem, mas por Deus, e por isso não
se pode apagar de alguma maneira. |
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O Hades não é mesmo um lugar
agradável de estar; alguns fazem zombaria dele como se ir para lá viver
significasse ir passar umas agradáveis férias, mas vos asseguro que ele é um
lugar assustador e horrível cuja memória está viva e nunca desaparece
naqueles que o viram porque Deus lhes concedeu vê-lo. |
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Sim, porque Deus também nesta
geração permitiu a alguns homens e mulheres ver de perto o Hades. Eles depois
que voltaram à vida procuraram explicar o melhor possível para fazer perceber
os horrores vistos naquele lugar: ainda hoje reconhecem que as melhores
palavras que eles podem usar para descrever o Hades que eles, pela graça de
Deus, viram, são as da sagrada Escritura. Não há melhores palavras para
descrevê-lo do que as que estão escritas na Palavra de Deus. |
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O testemunho
de um homem que morreu nos seus pecados e que regressou à vida |
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Kenneth Hagin conta: ‘Ao fim da
tarde, o meu coração parou de bater e o homem espiritual que vivia no meu
corpo me abandonou’. Quando a morte se apoderou de mim, a avó, o meu irmão
menor e a minha mãe acorreram a casa e tive só tempo de lhes dizer ‘adeus’
porque o homem interior deslizou para fora, deixando o meu corpo morto, os
olhos fixos e a carne gelada. Desci, desci, desci, até ao ponto que vi as
luzes da terra desaparecer. Não é exacto dizer que desmaiei, nem tampouco que
estivesse em coma; posso provar que clinicamente estava morto. Os olhos
estavam fixos, o coração tinha parado de bater e o pulso estava firme. As
Escrituras falam do ‘servo inútil lançado nas trevas exteriores, onde há
pranto e ranger de dentes’ (Matteo 25:30). Quanto mais descia mais se fazia
escuro, até que fiquei na escuridão mais absoluta: não via a minha mão a um palmo dos olhos.
Quanto mais andava para baixo mais calor sentia à minha volta, a atmosfera se
fazia sufocante. Finalmente por debaixo de mim passavam luzes contorcidas,
refletidas nas paredes das cavernas onde estavam os condenados, causadas pelo
fogo infernal. A imensa esfera flamejante, de brancos contornos, me arrastava
e me atraia como o íman atrai o metal. NÃO QUERIA IR! Não caminhava, era o
meu espírito que se comportava como o metal na presença de um íman. Não podia
tirar os olhos da esfera, sentia o calor no rosto. Passaram muitos anos, mas
consigo rever a cena com a mesma nitidez de então. A recordação é tão límpida,
que tudo isso me parece que aconteceu na noite passada. Agora vós me direis:
‘Como são estas portas do inferno?’ Não poderei descrevê-las, porque para o
fazer, teria que ter um termo de comparação, como alguém que, não tendo visto
uma árvore, não pode descrever como é feita, porque não tem nada ao que a
comparar. Parei no átrio, mas foi
uma paragem momentânea: não queria entrar! Percebi que mais um passo, mais uns poucos metros e acabaria para sempre,
não poderia mais sair daquele horrível lugar. Quando estava no ponto
de alcançar o fundo do abismo, um outro espírito me ladeou: não me voltei
para vê-lo, porque não conseguia
desviar o olhar das chamas do inferno. Aquela criatura infernal tinha pousado
entretanto uma mão sobre o meu braço, para me acompanhar dentro: naquele
preciso instante ouvi uma voz que dominava as trevas, a terra e os céus: era
a voz de Deus. Não O vi e não sei o que disse porque não falou em inglês, mas
numa outra língua e quando o fez, a parte onde estavam os condenados foi
atravessada por uma forte luz e se agitou como uma folha ao vento. Tal brilho
obrigou aquele espírito que me estava próximo a largar-me o braço. Não fui
tomado pelo vórtice, mas uma força invisível me tirou do fogo, longe do
calor, e viajei outra vez sobre as sombras da densa escuridão ao contrário.
Comecei a subida até à saida do abismo
e por fim vi as luzes terrestres. Voltei ao meu quarto, como se dele
tivesse saído apenas por um instante através da porta, com a única diferença
que o meu espírito não necessitava de portas. Deslizei para o meu corpo como
alguém que enfia as calças de manhã, através da boca, do mesmo modo em que
pouco antes tinha saído. Comecei a falar com a avó, a qual exclamou: ‘Filho,
pensava que tu estivesses morto!’ o meu bisavô era médico e ela o ajudava.
Mais tarde disse-me: ’Vesti muitos cadáveres nos meus tempos, tive bastantes
experiências com casos análogos, mas aprendi muito com o que tem a ver
contigo, do que quanto tenha aprendido antes: tu morreste por paragem cardíaca
e tinhas os olhos fixos’. ‘Avó’, respondi, ‘não tinha ainda chegado o
momento, mas desta vez sinto que é verdadeiramente o fim: estou morrendo!
Onde está a mamã?. ‘Tua mãe está lá fora na varanda’, replicou, e de facto a
ouvia orar caminhando para cima e para baixo’. Onde está o meu irmão?’
perguntei. ‘Foi chamar o médico à porta ao lado’. ‘Avó, queria me despedir da
mamã, mas não quero que tu me deixes só, lhe falarás tu’ disse, e lhe deixei
uma mensagem para a minha mãe. Depois continuei: ‘Avó, estimo-te muito;
quando a mamã adoeceu, tu foste para mim como uma segunda mãe. Agora daqui me
vou e desta vez não voltarei mais para trás’. Sabia que estava morrendo e não
estava pronto para encontrar Deus. O meu coração parou novamente no tórax e, pela segunda vez, o meu espírito
deixou o corpo recomeçando a descida no escuro, até que as luzes terrestres
se desvaneceram completamente. Chegado ao fundo, me tocou a mesma
experiência: Deus falou do céu e mais uma vez o meu espírito saiu daquele
lugar, voltou ao quarto e deslizou para a cama onde o meu corpo jazia morto.
Novamente comecei a falar com a avó e ainda lhe disse: ‘Não voltarei desta
vez, avó!’ E acrescentei algumas
palavras para dizer aos familiares e, pela terceira vez saí do meu corpo e
comecei a descer. Quereria ter palavras apropriadas para descrever os
horrores do inferno e fazer compreender àqueles homens tão satisfeitos de si
mesmos e sem cuidarem de como
conduzem a própria existência sem se preocupar com o depois, que há uma vida
futura ultraterrena; isso me o ensina a Palavra de Deus e a minha experiência
pessoal. Sei o que significa perder os sentidos: parece-te tudo escuro, tudo
obscuro, mas não há escuridão que possa ser comparada à noite interior.
Quando comecei a descer pela terceira vez, o meu espírito exclamou com um
berro: ‘Deus, eu pertenço à igreja, sou também batizado na água’. Esperei
d`Ele uma resposta, que não chegou’. Ouvi somente a minha própria voz que
voltava a ecoar fortemente, como a rodear-me. É necessário muito mais que a
simples pertença a uma igreja e um batismo na água para evitar as penas do
inferno e ganhar o céu! Jesus disse: "...Necessário vos é nascer de
novo" (João 3:7). Eu creio certamente no batismo na água, mas somente
depois de um indivíduo ter sido gerado de novo. Certo, eu creio na comunidade
eclesiástica, nos grupos de cristãos unidos para trabalhar em nome de Deus.
Mas se estiverdes somente unidos à Igreja e tiverdes sido somente batizados
sem porém terdes realmente nascido uma segunda vez, ireis ao inferno. Como
saí uma terceira vez do abismo e reentrei no meu corpo, o meu espírito
começou a orar; me achei a continuar a oração em voz tão alta que toda a
vizinhança me ouviu. As pessoas acorriam a minha casa para ver o que estava
acontecendo; olhei para o relógio e vi que eram precisamente 19:40 era a hora
do meu renascimento graças à providência divina, pela intercessão da minha
mãe. A minha oração não estava ligada ao facto de eu ser batizado ou de
pertencer à igreja, mas, implorando a Deus, lhe pedi de ter piedade de mim
pecador, de me perdoar pelos meus pecados, de me purificar de toda a
iniquidade; O aceitava, O reconhecia como meu Salvador pessoal. Me senti tão
bem, como se um fardo pesado tivesse me saído das costas’ (Kenneth E. Hagin,
Io credo nelle visioni, Aversa 1987, pag. 3-6). Tudo isto aconteceu a Hagin
em abril de 1933, na idade de cerca de dezasseis anos, na cidade de
Mackinney, no Texas (U.S.A). |
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Considerei transcrever o
testemunho de Hagin, apesar de o irmão Hagin se ter posto a seguir, após
diversos anos de ministério, a pregar também ele a mensagem da prosperidade e
a fazer afirmações que não estão em harmonia com o ensinamento da Escritura,
coisa que naturalmente não tem redondado para sua honra e nem tampouco para a
glória de Deus. Considero de facto que as suas experiências como morto acima
citadas não foram minimamente invalidadas, porque são experiências reais por
ele vividas e confirmadas amplamente pela Escritura. |
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Conclusão |
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Irmãos no Senhor, concluo dizendo-vos: alegrai-vos e exultai grandemente porque Cristo Jesus na sua misericórdia vos salvou das chamas do inferno, dos tormentos indizíveis que lá se sofrem por causa das próprias iniquidades; mas adverti também os pecadores sobre este terrível lugar de tormento exortando-os a se arrependerem e a crer em Jesus Cristo, doutra forma quando morrerem para lá descerão. |