A Igreja

O que é a Igreja

A palavra portuguesa igreja deriva do grego ekklesia que significa 'assembleia' e indica o conjunto de pessoas que foram resgatadas do presente século mau e transportadas para o reino do Filho de Deus. Naturalmente este termo indica tanto a Igreja universal que compreende os resgatados de toda a tribo, língua, povo e nação; como a Igreja local como a de uma cidade ou país que compreende os resgatados presentes só naquela cidade ou país (o que não exclui que da Igreja daquele lugar façam parte pessoas de diversas étnias e raças). A Igreja universal portanto é composta por muitas igrejas locais.

Na Escritura o termo Igreja empregue como assembleia universal é usado por exemplo nestas passagens: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja…" (Mat. 16:18); "Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela …." (Ef. 5:25); "Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém. " (Ef. 3:20-21). O mesmo termo empregue ao invés como Igreja local é usado por exemplo nestas outras passagens: "Saudai também a igreja que está em sua casa" (Rom. 16:5); "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus, que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia" (2 Cor. 1:1).

Sendo este o significado da palavra 'igreja', é errado chamar 'igreja' ao local de culto. Mas reflecti: 'Como se pode chamar 'igreja' a um local de culto quando Paulo dizia para saudar a igreja que se reunia em casa de Áquila e Priscila?

Quem é a cabeça (o chefe) da Igreja

A cabeça suprema da Igreja é Cristo: o apóstolo Paulo explica claramente e de várias maneiras que a cabeça (o chefe) da Igreja, tanto no céu como na terra, é Cristo Jesus:

Ÿ Ele diz aos Efésios que Deus ressuscitou o seu Filho e o fez assentar à sua direita acima de todo o principado e autoridade e potestade e domínio, e de todo o nome que se nomeia não só neste mundo, mas também naquele que há-de vir e que Ele "sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef. 1:22,23); e também: "Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef. 4:15), e: "Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo" (Ef. 5:23). Portanto, como a cabeça da mulher é uma só, o seu marido, assim também a cabeça da Igreja (que é a esposa do Cordeiro) é uma só, Cristo, o seu esposo, e nenhum outro.

Ÿ Aos Colossenses Paulo diz: "E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o príncipio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência" (Col. 1:17,18). Por isso a Igreja de Deus não tem duas cabeças, das quais uma está no céu e outra está na terra; ou uma invisível e outra visível, mas uma só e Ela está no céu à direita de Deus, e pela fé no coração de todos aqueles que o receberam como seu pessoal Senhor e Salvador.

Quando se entra a fazer parte da Igreja

Na base do próprio significado da palavra igreja está implícito que da Igreja se começa a fazer parte quando se é liberto do pecado, porque o que tem ligado os homens a este presente século mau é o pecado a que eles servem; então quando se é salvo. E quando se é salvo? Quando se crê com o próprio coração em Jesus Cristo porque a salvação se obtém pela fé em Cristo. Paulo de facto diz claramente que se com a boca confessares Jesus como Senhor e creres com o coração que Deus o ressuscitou dos mortos serás salvo (cfr. Rom. 10:9). Pode-se também dizer que o indivíduo começa a fazer parte da Igreja de Deus quando nasce de novo, porque mediante o seu novo nascimento deixa de estar espiritualmente morto porque é vivificado por Deus pela sua Palavra e o seu Espírito. Esta entrada na Igreja é representada e sancionada com o rito do batismo, pelo qual o novo salvo ou novo nascido anuncia de estar morto para o pecado pela sua fé no Cristo de Deus. Mas sobre o batismo e sobre o seu significado voltaremos proximamente.

Nomes dados à Igreja

A Igreja está definida de várias maneiras na Escritura, agora veremos estas definições tendo presente que elas podem ser aplicadas indistintamente tanto à igreja universal como às igrejas locais.

O Corpo de Cristo. A Igreja de Deus é o corpo de Cristo porque Paulo, escrevendo à Igreja de Deus que estava em Corinto, disse-lhes: "Ora vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular" (1 Cor. 12:27). E como as pessoas começam a fazer parte dele por obra do Espírito Santo conforme está escrito: "Todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito" (1 Cor. 12:13), porque é Ele que primeiro as convence quanto ao pecado, à justiça e ao juízo e depois as vivifica, assim não se podem chamar membros do corpo de Cristo pessoas que ainda não foram vivificadas pelo Espírito Santo. E dado que a Igreja é o Corpo de Cristo, nós sendo membros dele, sentimo-nos parte uns dos outros. Eis porque Paulo diz que "se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" (1 Cor. 12:26). Sucede um pouco como quando um dos nossos membros físicos sofre, todos os outros membros sofrem com ele, nenhum excluído exactamente porque fazem parte também eles do mesmo corpo. E como quando recebemos um elogio a respeito de uma parte do nosso corpo, por exemplo: 'Que belos olhos que tens!', todo o nosso ser se sente invadido de alegria, em outras palavras o facto de o elogio o ter recebido aquele membro do corpo leva todos os outros membros a alegrarem-se. E ainda porque a Igreja é comparada a um corpo humano os membros necessitam uns dos outros; não importa qual a função que desempenham no corpo, eles não podem dizer que não necessitam de um outro membro. Por exemplo, como os olhos não podem dizer aos pés: 'Eu não necessito de ti', assim também quem recebeu o poder de fazer milagres e curas não pode dizer que não necessita do irmão que recebeu o dom de interpretação de línguas ou o de profecia, e assim por diante. Quem pensa que não precisa de um outro membro do corpo de Cristo, mostra um comportamento insensato. Graças sejam pois dadas a Deus por ter construído o corpo desta maneira, isto é, de maneira a impedir a um qualquer membro de dizer não necessitar de um qualquer outro membro. O nosso Deus é sábio e sabendo que o orgulho estaria sempre a espreitar à porta do coração dos crentes, organizou a Igreja de maneira tal a fazer surgir no coração dos crentes a necessidade de uns dos outros. Então a maneira na qual Deus estruturou a sua Igreja é uma demonstração da infinita sabedoria de Deus o qual para evitar divisões na sua assembleia confiou vários e numerosos cargos a crentes diversos e de sexo diferente. Não há crentes que tenham todos os dons, doutra forma eles poderiam dizer não necessitar dos outros seus irmãos, mas cada um tem apenas a capacidade que Deus decidiu dar-lhe, pelo que será inevitável que cada um procure quem tem a capacidade que ele não possui. O profeta portanto procurará, quando a sua mulher está doente quem tem os dons de curar; e quem tem os dons de curar procurará o profeta na esperança de receber uma palavra da parte do seu Deus. E destes exemplos se poderiam fazer muitos outros.

A Esposa do Cordeiro. O apóstolo Paulo escrevendo aos santos de Corinto disse: "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (2 Cor. 11:2), o que faz entender que a Igreja foi preparada para Cristo ou melhor é a sua prometida Esposa. E de facto virá o dia no qual serão celebradas as bodas do Cordeiro; eis aquilo que João diz ter ouvido na visão que teve na ilha de Patmos: "E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas àguas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor Deus Todo-poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as obras justas dos santos" (Ap. 19:6-8). Naturalmente como acontece no campo humano, em que o esposo deseja que a sua noiva chegue imaculada à boda, assim também acontece no campo espiritual, de facto Cristo quer apresentar a si mesmo a Igreja santa e irrepreensível; isto é o que diz Paulo aos Efésios quando diz: "… Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Ef. 5:25-27). Quando a Igreja se alia com os inimigos de Cristo, ou começa a amar o mundo, espiritualmente comete adultério porque se invade de estranhos e trai o seu esposo. Tiago chama de facto aqueles crentes que se puseram a amar o mundo "Adúlteros e adúlteras" (Tiago 4:4).

O rebanho de Deus. O apóstolo Pedro escrevendo aos santos diz aos anciãos: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado com ele, não por força, mas voluntariamente" (1 Ped. 5:2). Então a igreja de Deus é chamada também rebanho de Deus. Os seus membros portanto são comparados às ovelhas (a animais mansos portanto, mas também facilmente influenciáveis). A confirmação de tudo isso é o facto de Jesus ter chamado a si mesmo "o bom Pastor" (João 10:11) e aqueles que o seguiam 'as suas ovelhas' segundo o que disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem. E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai … Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor" (João 10:27-29,16). Jesus Cristo pois é o pastor das suas ovelhas (que são ao mesmo tempo também ovelhas de seu Pai) conforme o que diz também Pedro: "Éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas" (1 Ped. 2:25), e como o chama ainda Pedro "o Sumo Pastor" (1 Ped. 5:4) e isto porque sobre a terra há pastores que são por Deus encarregados de apascentar o seu rebanho que um dia deverão prestar contas do seu trabalho de pastor Àquele que é o Sumo Pastor.

A família de Deus. O apóstolo Paulo disse aos Efésios: "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus …." (Ef. 2:19). A Igreja então é a família de Deus; por isso os seus membros se chamam uns aos outros com o termo “irmão” ou “irmã”, porque estão cientes de fazerem parte desta grande família. Jesus mesmo chamou os seus discípulos irmãos quando depois de ter ressuscitado disse às mulheres: "Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galileia, e lá me verão" (Mat. 28:10), e isto porque Ele é "o primogénito entre muitos irmãos" (Rom. 8:29). O apóstolo Paulo chamava os santos também irmãos; aos santos de Corinto disse por exemplo: "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa …." (1 Cor. 1:10).

Casa espiritual ou templo de Deus. A Igreja é uma casa espiritual formada por pedras vivas, isto é, por homens e mulheres que estavam um dia mortos nos seus pecados e depois foram vivificados pelo Espírito Santo; e nós pela graça de Deus somos parte destas pedras vivas. Isto é o que ensina Paulo quando diz aos Efésios: "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados... Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra angular; no qual todo o edíficio, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito" (Ef. 2:1,19-22). O apóstolo Pedro o confirma na sua primeira epístola, de facto primeiro diz aos eleitos: "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre...desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite espiritual, não falsificado..." (1 Ped. 1:23; 2:2), e depois afirma: "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual..." (1 Ped. 2:5). Estando então assim as coisas é evidente que é errado chamar “casa de Deus” ao lugar de culto onde nos reunimos para adorar e orar a Deus, coisa que porém é infelizmente comum hoje ouvir-se dizer a muitíssimos irmãos. Muitos condutores dizem claramente do púlpito que o lugar onde estão reunidos é a casa de Deus; uma das expressões mais frequentes que se ouve é “bem-vindos à casa de Deus”. Mas eu digo: 'Mas nunca leram que está escrito que "a qual casa somos nós" (Heb. 3:6)? Este edíficio espiritual que é a casa de Deus tem Cristo Jesus como pedra angular e de facto Jesus a Pedro disse que edificaria a sua Igreja sobre Ele mesmo (cfr. Mat. 16:18). Logo depois de Jesus, neste edíficio, o fundamento é formado pelos apóstolos e pelos profetas; entre os apóstolos está Pedro, como está também Paulo.

A videira com as varas. Jesus Cristo comparou a Igreja a uma videira; ele disse aos seus discípulos: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesmo não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas" (João 15:1-5). Ora, nós nos unimos ao Senhor e nos tornámos um só espírito com ele quando nos arrependemos dos nossos pecados e cremos no seu nome; por isso dizemos de ter entrado a fazer parte da videira, isto é, da casa de Deus. Portanto aqueles que ainda não se arrependeram e não crêem no Filho de Deus não são um conosco em Cristo Jesus, não importa de que Igreja eles digam fazer parte, porque não são varas da vinha de Deus. Como se faz então para reconhecer se uma pessoa é uma vara desta videira? Antes de tudo, pelo facto de possuir a certeza de ter obtido a remissão dos pecados (porque se arrependeu e creu em Cristo); e depois pelos frutos dignos de arrependimento que ela dá observando os mandamentos de Cristo. Em outras palavras pelo facto de ela estar em Cristo e de Cristo estar nela.

Uma geração eleita. A Igreja, segundo as palavras de Pedro, é "uma geração eleita" (1 Ped. 2:9), ou seja, um grupo de pessoas que foram eleitas para salvação pela fé na verdade. Portanto aqueles que são membros dela estão seguros de estar salvos porque experimentaram a salvação de Deus. Não se podem por isso definir Igreja de Deus homens e mulheres que digam ser Cristãos mas admitem abertamente de não terem sido salvos e de serem ainda pecadores, ou que é manifesto que são ainda pecadores escravos das concupiscências carnais e de toda a forma de idolatria e superstição.

Um sacerdócio real. A Igreja, ainda segundo as palavras de Pedro, é "um sacerdócio real" (1 Ped. 2:9), ou seja um reino de sacerdotes que oferecem a Deus sacrifícios espirituais aceitáveis por meio de Jesus Cristo. Estes sacrifícios são o louvor, a oração, a as acções de graças.

Uma nação santa. A Igreja, segundo as palavras de Pedro, é "uma nação santa" (1 Ped. 2:9), ou seja, um povo que foi santificado por Cristo pelo Espírito Santo e que segue a santificação. Em virtude do facto de os membros da Igreja de Deus terem sido santificados por Cristo eles são chamados pela Escritura santos. Eis algumas passagens que o confirmam:

Ÿ Paulo escreve aos Coríntios: "Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos" (1 Cor. 1:1,2), e ainda: "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus " (1 Cor. 6:9-11);

Ÿ Aos Filipenses: "Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos" (Fil. 1:1);

Ÿ Aos Colossenses: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos santos e irmãos fiéis em Cristo, que estão em Colossos.." (Col. 1:1,2);

Ÿ Aos Romanos: "Aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos" (Rom. 8:27), e também: "Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos" (Rom. 15:25).

Então por santos não se deve entender uma certa categoria de crentes que se distinguem pela sua piedade e justiça, mas todos os crentes. Certamente porém nem todos os crentes se santificam na mesma medida.

Coluna e base da verdade. Paulo chama a Igreja do Deus vivo "coluna e base da verdade" (1 Tim. 3:15), o que significa que ela serve de sustentação à verdade que está em Cristo, ou seja, à Palavra de Deus conforme está escrito: "A tua palavra é a verdade" (João 17:17); e que ela se levanta em favor da verdade.

A organização da Igreja

A Igreja de Deus é um organismo bem estruturado no seu interior, não podia ser de outra forma tendo sido fundada por Cristo através do qual foram feitas todas as coisas, tanto as visíveis como as invisíveis.

Na Igreja, Cristo encarregou pastores para apascentar as suas ovelhas; cada igreja tem o seu pastor chamado também o anjo da igreja, coadjuvado por um colégio de anciãos (bispos) e por diáconos que têm a tarefa de assistir o pastor e os anciãos e de ocupar-se da assistência dos pobres, dos orfãos e das viúvas; ou como acontece em certos casos apenas por um colégio de anciãos que têm ao seu lado diáconos. Na Igreja, Cristo também estabeleceu apóstolos que são aqueles que são enviados a fundar outras igrejas; os profetas que são aqueles que têm o dom de profecia e os dons de revelação; os evangelistas que são aqueles que vão de lugar em lugar a evangelizar (pregar o Evangelho), e os doutores que receberam de Deus a capacidade de ensinar com exactidão a doutrina de Deus. Mas sobre todos estes ofícios voltaremos dentro em breve porque queremos falar de forma detalhada a fim de fazer perceber bem, a variedade de ofícios existentes na Igreja de Deus e outras coisas.

A actividade da Igreja

Os membros da Igreja de Deus são chamados a santificar-se no temor de Deus a fim de comparecerem diante de Deus santos e irrepreensíveis, e para fazer isso devem se abster de tudo o que tem o poder de contaminá-los espiritualmente e carnalmente. Além disso eles são chamados a praticar as boas obras, a serem zelosos nelas (esmolas, assistência aos pobres, às viúvas, aos orfãos, etc) (cfr. Ef. 2:10; Tito 2:14). Os santos devem também orar uns pelos outros (cfr. Ef. 6:18; Tiago 5:16), e pelos perdidos para que sejam salvos (cfr. Rom. 10:1; 1 Tim. 2:1-4). Uma outra coisa que devem fazer os santos é desejar ardentemente os dons espirituais que são dados para o bem comum (cfr. 1 Cor. 14:1,12). Os santos sobre a terra são chamados também a evangelizar, isto é, a levar aos homens a mensagem da Boa Nova do Reino de Deus (cfr. Actos 8:4; 11:20). O Evangelho é a mensagem através da qual nós fomos salvos e que cremos pode salvar também os outros sendo o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; por isso o anunciamos aos homens. Isto mesmo se cremos, que nem todos os que o ouvirem serão salvos, porque crerão nele só aqueles que foram ordenados para a vida eterna. A ordem de evangelizar é cumprida seja aos homens que nos escutam ou que não nos escutam, e isto porque todos os homens devem ouvir o Evangelho, também porque o fim não virá sem que primeiro o Evangelho não tenha sido pregado a todas as gentes para que lhes seja dado testemunho dele (cfr. Mat. 24:14; Marcos 13:10). Portanto nós crentes quando temos oportunidade devemos falar do Cristo de Deus àqueles que ainda não o conhecem, exortando-os a se arrependerem e a crer nele para obterem a remissão dos pecados.

Os que entram a fazer parte da Igreja são chamados a frequentar as reuniões de culto da Igreja, reuniões nas quais é ensinada a Palavra de Deus pelos que são chamados a fazê-lo, nas quais se ora e se canta em conjunto a Deus, e nas quais se ora pelos doentes, e durante as quais se participa na ceia do Senhor com a qual se recorda a morte expiatória de Cristo até que ele venha. Há também outras reuniões organizadas pela Igreja que são chamadas 'festas de amor' ou 'agape' em que se come juntos e que é bom que os santos frequentem a fim de intensificar a comunhão com os outros irmãos. Estar junto entre os irmãos é uma boa coisa; aqueles que desejam isto têm um bom desejo. Naturalmente estando junto aos outros irmãos se descobrem os defeitos recíprocos, acontecem mal entendidos, surgem problemas de vários géneros; coisas que acontecem numa qualquer família e que acontecem também na família de Deus. Nada de estranho e nada de novo, basta ler os Actos dos apóstolos e as epístolas para perceber isso. Os santos porém sabem como enfrentar estas coisas porque têm na Palavra de Deus e no Espírito Santo guias infalíveis. O amor a que foram chamados a seguir intensamente para com os outros irmãos os levará a suportar as imperfeições dos outros e a perdoar. Na realidade nós somos chamados a nos suportar uns aos outros com amor e a nos perdoarmos mutuamente como também Cristo nos perdoou. Amarmo-nos porém não significa fechar os olhos à injustiça, à heresia, à falsidade, à hipocrisia, porque todas estas coisas devem ser fortemente reprovadas e sentenciadas sem acepção de pessoas. Tolerar os malvados que estão no meio da irmandade, os falsos ministros de Cristo que vagueiam nas igrejas, as heresias, a falsidade, a hipocrisia, a soberba, e tudo quanto possa destruir o rebanho do Senhor não entra na vontade de Deus para conosco em Cristo Jesus. Jesus e os apóstolos nos deram o exemplo e nos disseram como nos comportar com os falsos ministros e diante das injustiças, hipocrisias e falsidades perpetradas no meio da irmandade.

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