O
nosso bom combate |
Introdução |
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Nós crentes em Cristo Jesus
somos soldados do Senhor sobre esta terra e como soldados estamos
continuamente em guerra. Nós devemos guerrear aquela que é chamada pela
Escritura "a boa guerra" (1Tim. 1:18), e a devemos guerrear contra
os nossos inimigos. Sim, porque nós temos inimigos que são em grande número e
impiedosos; mas não me refiro aos nossos inimigos de carne e osso (que
devemos amar conforme está escrito: "Amai os vossos inimigos"
[Lucas 6:27]) porque o nosso combate não é contra eles. Os inimigos que nós
filhos de Deus devemos enfrentar nesta guerra são seres espirituais maus cuja
existência é real como são reais também as suas diabólicas maquinações contra
nós crentes. Mas Deus, sabendo que nós deveriamos enfrentar esta guerra nos
forneceu uma armadura; as armas são suas, mas elas não são carnais justamente
porque o nosso combate não é contra a carne e o sangue, mas de qualquer modo
são "poderosas em Deus para destruição das fortalezas" (2 Cor.
10:4) do inimigo. |
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Paulo escreveu : "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que
lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, que estão nos lugares celestiais. Portanto,
tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e,
havendo feito tudo, ficar firmes" (Ef. 6:11-13). |
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O diabo é o nosso adversário e
é o príncipe deste mundo mau que ele domina servindo-se de criaturas
espirituais que estão ao seu serviço, e elas são os principados, as
potestades, os dominadores deste mundo de trevas e as forças espirituais do
mal que estão nos lugares celestiais. Ora, todos estes são nossos inimigos,
sabei-o; eles não nos amam, não procuram de todo o nosso bem, não procuram a
nossa edificação, não nos protegem, não mostram nenhuma piedade para conosco
porque são impiedosos, e aquilo a que se propõem fazer é isto: querem
fazer-nos negar o Senhor, para nos fazer voltar às imundas concupiscências da
carne e portanto ao charco de lodo, do qual
(também eles sabem isto) Jesus Cristo nos tirou pelo seu precioso
sangue. Eles, com as suas maquinações, tentam nos fazer desviar da fé e da
verdade procurando manter-nos longe da irmandade, da leitura e da meditação
da Palavra de Deus; procurando fazer-nos crer em alguma heresia de perdição;
procurando fazer com que não oremos e que não nos santifiquemos porque eles
sabem que está escrito que sem a santificação ninguém verá o Senhor;
procurando que não perdoemos quem deve ser por nós perdoado; procurando
fazer-nos duvidar da fidelidade de Deus; procurando fazer-nos esquecer dos
pobres dentre os santos para não suprir às suas necessidades, em suma eles
tentam impedir-nos tanto de conhecer a vontade de Deus como de cumpri-la.
Eles são verdadeiramente nossos inimigos, porque não querem absolutamente que
nós façamos o bem mas querem que façamos o mal, precisamente aquilo que nós
devemos odiar conforme está escrito: "Aborrecei o mal" (Rom. 12:9).
Mas quero que saibais também que
todas as maquinações de Satanás e dos seus ministros não são desconhecidas de
Deus porque elas estão todas diante dos seus olhos. Deus sabe como nos fazer
opôr de modo eficaz às ciladas do diabo e é por isso que Ele nos deu a sua
armadura e nos mandou revestirmo-nos com ela. |
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Como Jesus
foi tentado pelo diabo e como Ele se opôs ao tentador |
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Antes de falar de maneira
detalhada da armadura de Deus citada por Paulo aos Éfesios, quero debruçar-me
sobre a tentação que o nosso Senhor teve que enfrentar; sim, porque também
Jesus Cristo "como nós, em tudo foi tentado,
mas sem pecado" (Heb. 4:15). Reflecti sobre isto: Satanás tentou
Jesus, o Filho de Deus, para fazê-lo pecar para que Ele não pudesse mais nos
salvar! O diabo não queria que Jesus morresse sobre a cruz levando todos os
nossos pecados sobre o seu corpo porque sabia que assim fazendo Ele
condenaria o pecado na sua carne e resgataria muitos homens e muitas mulheres
das suas mãos com o seu precioso sangue. |
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Como Satanás tentou Jesus assim
tenta igualmente a nós, por isso devemos saber como Satanás tentou Jesus, mas
sobretudo devemos saber como Jesus se opôs a Satanás, para que nós, seguindo
as suas pisadas, possamos opôr-nos a Satánas de maneira eficaz e induzi-lo a
deixar-nos e a fugir de nós. Falo de oposição a Satanás, porque esta é a
coisa que todos nós devemos ter sempre em mente ou seja que ao diabo deve-se
resistir sem lhe dar nenhum espaço e nenhuma confiança. Isto foi o que nos
deixaram escrito os apóstolos a tal respeito: Tiago escreveu:
"Sujeitai-vos pois a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós"
(Tiago 4:7); Paulo escreveu: "Não deis lugar ao diabo" (Ef. 4:27);
e Pedro escreveu: "Sede sóbrios, vigiai; porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar; ao qual resisti firmes na fé..." (1Ped. 5:8,9). |
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Vejamos agora as ciladas do
tentador contra Jesus e como Jesus se opôs a elas vitoriosamente. Jesus
Cristo, depois que foi batizado nas águas do Jordão foi ungido por Deus com o
Espírito Santo e com poder, depois foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto
para ser tentado pelo diabo (era necessário que Jesus fosse tentado em todas
as coisas como nós para que ele mesmo fosse capaz de socorrer-nos quando
também nós fossemos tentados, e na verdade isto é o que Jesus pode fazer
conforme está escrito: "Porque naquilo que ele
mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados"
[Heb. 2:18]). |
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Está escrito:
"E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta
noites, depois teve fome. E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és
Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém,
respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que sai da boca de Deus" (Mat. 4:2-4). Notai que o diabo
esperou o fim dos quarenta dias do jejum de Jesus para tentá-lo; ele se
aproximou dele precisamente quando teve fome, isto é, quando se encontrou na
necessidade, neste caso de comer. Ora, no deserto não havia pão mas haviam
pedras e o tentador disse a Jesus para dizer às pedras para se tornarem pães.
O facto de Satanás começar a tentá-lo com o dizer-lhe: "Se tu és Filho
de Deus.." (Mat. 4:3), nos faz
compreender como o diabo sabia que Jesus Cristo era o Filho de Deus mas com
as suas palavras procurou fazer perceber ao Senhor que dado que ele
proclamava ser o Filho de Deus podia, em virtude do seu poder, transformar
também pedras em pães, mas também que
ele reconheceria que ele era o Filho de Deus se o visse transformar as pedras
em pães. Também quando Jesus Cristo foi crucificado foi tentado de uma
maneira semelhante, de facto, enquanto ele estava pendurado na cruz, os que passavam alí, "blasfemavam dele,
meneando as cabeças, e dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz!"
(Mat. 27:39,40), e os escribas e os sacerdotes diziam: "Se é o Rei de
Israel, desça agora da cruz, e creremos nele" (Mat. 27:42); como podeis
ver também na cruz Jesus foi tentado a rebelar-se a Deus porque os seus
inimigos desejavam que ele lhes mostrasse que era o Filho de Deus descendo da
cruz; mas Jesus não lhes mostrou ser o Filho de Deus descendo da cruz mas
ressuscitando da morte, porque esta era a ordem que ele tinha recebido de seu
Pai. No caso da tentação no deserto, o diabo não disse a Jesus para dizer às
pedras se tornarem pães para o ver operar um milagre e para reconhecer que
ele era o Filho de Deus porque ele não queria que Jesus fizesse aquele
milagre para crer nele mas para o fazer cair em pecado porque sabia que se
Jesus lhe tivesse obedecido desobedeceria a Deus; mas o tentador também não
disse a Jesus para transformar as pedras em pães para que pudesse comer alguma
coisa e recuperar forças porque ao inimigo a sua necessidade e a sua fraqueza
fisica não lhe importava nada ("ele foi homicida desde o princípio"
[João 8:44], portanto se tivesse podido o teria até morto naquela ocasião),
mas usou o seu desejo de comer pão para levá-lo a fazer coisas da sua cabeça
e não de acordo com a vontade de Deus. Jesus se opôs ao tentador com a
Palavra de Deus, citando-lhe o versículo da Escritura que diz que o homem não
vive somente de pão mas de toda a palavra que procede da boca de Deus,
fazendo claramente perceber que não só não era ainda chegado o tempo para ele
comer pão, mas também que não era aquela a maneira de sair daquela angústia
em que se encontrava, porque Deus tinha estabelecido outra forma para ele
sair dela. O adversário ainda hoje tenta da mesma maneira, na verdade procura
induzir-nos a pensar que o fim justifica os meios ilícitos e desonestos, mas
cuidemos de nós mesmos porque o facto de haver necessidade de alguma coisa
não nos deve levar a agir da nossa cabeça ou com engano e com a astúcia para
obter aquilo que temos o direito de ter; antes, nós devemos a todos os
custos, sofrendo e aguardando com paciência, obter aquilo de que necessitamos
atendendo às leis divinas, ou seja, continuando a caminhar na justiça e na santidade;
se sofre, é verdade, mas é melhor sofrer lutando segundo as leis de Deus que
nos impacientarmos e cair assim em tentação (recordai-vos que "o que se apressa com seus pés erra o caminho"
[Prov. 19:2]). Sabei que em todas as nossas angústias e aflições, Satanás
tenta fazer-nos cair em tentação porque vê a nossa fraqueza, vê a necessidade
em que nos encontramos e nos sugere sempre sair das nossas angústias
desobedecendo a Deus e nunca obedecendo-lhe em tudo. Jesus, aquele que em
Caná da Galileia transformou a água em vinho, poderia também transformar as
pedras em pães porque tinha o poder de fazê-lo; mas ele não fez o que lhe
propôs Satanás porque também na fome o seu alimento principal era o de fazer
a vontade d`Aquele que o tinha enviado e de fazer a sua obra. Também para nós
na fome e na sede, o nosso alimento preferido deve permanecer sempre o de
fazer a vontade de Deus. "Os manjares são para o ventre e o ventre para
os manjares; Deus, porém, aniquilará, tanto um como os outros" (1Cor. 6:13),
portanto seja o pão que comemos para viver seja o estômago que possuimos
neste corpo são coisas que passarão. Mas quem nunca passará é quem faz a
vontade de Deus conforme está escrito: "Mas aquele que faz a vontade de
Deus permanece para sempre" (1João. 2:17), por isso também nas nossas
necessidades devemos antepor a
todas as coisas o fazer a vontade de Deus para evitar deixar de temer a Deus
e de observar os seus mandamentos no meio delas, porque o homem não vive
somente de pão. Certo, também o pão nos foi fornecido por Deus para o nosso
bem mas não devemos pensar que basta apenas ter as coisas materiais
necessárias ao corpo para ser feliz porque isso não é verdade, de facto Jesus
definiu felizes não os que estão saciados mas os que ouvem a palavra de Deus
e a guardam conforme está escrito: "Bem-aventurados os que ouvem a
palavra de Deus e a guardam" (Lucas 11:28). Os que ao invés pensam de
poder viver somente de pão e que não compreendem a necessidade de observar os
mandamentos de Deus são pessoas que não só são infelizes como também não
podem agradar a Deus porque caminham segundo a carne conforme o que está
escrito: "Os que estão na carne não podem agradar a Deus" (Rom.
8:8), e isto mesmo se têm o pão necessário e todas as coisas materiais
necessárias. Como depois de Jesus se opôr a Satanás e este o deixar, os anjos
vieram servi-lo, assim também a nós, depois de sofrermos por um pouco de
tempo nas nossas angústias, virão oa anjos de Deus para nos servir por ordem
de Deus para suprir a todas as nossas necessidades (conforme o que está
escrito: "Não são porventura todos eles espíritos ministradores,
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?"
[Heb. 1:14]); sim, porque, também nós, se nas nossas angústias nos
submetermos a Deus e resistirmos ao diabo veremos as poderosas libertações
que Deus concede aos homens retos;
grandes libertações que o Senhor opera em prol dos seus eleitos servindo-se
dos seus anjos. |
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"Então o
diabo o transportou à cidade santa, e o colocou sobre o pináculo do templo, e
disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está
escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e tomar-te-ão nas
mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus" (Mat. 4:5-7). Quando o diabo
recebeu como resposta de Jesus as palavras da lei do Senhor, tentou fazê-lo
cair em pecado desta maneira; ele o levou a Jerusalém e o pôs sobre o
pináculo do templo e lhe disse para atirar-se dali abaixo se ele era o Filho
de Deus porque estava escrito que Deus ordenaria aos seus anjos tomá-lo nas
suas mãos para que não tropeçasse em nenhuma pedra. Certo que aparentemente
parecia que não havia nada de mal naquilo que o tentador disse a Jesus para
fazer, mesmo porque também lhe citou uma das fiéis promessas de Deus que
estão escritas. Parecia que o diabo também cria que Deus socorreria Jesus se
este se lançasse abaixo do pináculo do templo e ele não sofreria algum dano
na sua queda; mas tudo isso é somente uma vã aparência porque por detrás dela
havia uma astuta maquinação do diabo para destruir o plano da salvação que
Deus tinha formado antes da fundação do mundo. Irmãos, vós deveis sempre ter
presente que o diabo, não importa de que maneira age e fala, quer sempre fazer-nos
mal e nunca bem, e além disso quer sempre fazer com que o nome de Deus seja
blasfemado e nunca fazer com que ele seja louvado; não vos deixeis enganar
pelo facto de citar de quando em vez também a Palavra de Deus porque o seu
fim permanece sempre mau. Nesta específica tentação contra Jesus, o diabo
citou uma promessa de Deus, mas não a citou por inteiro mas em parte, de
facto ele não disse: "Aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te
guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos para
que não tropeces com o teu pé em alguma pedra" (Sal. 91:11,12), mas
somente: "Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e tomar-te-ão
nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra" (Mat. 4:6); como
podeis ver na citação feita pelo tentador faltam as palavras "para te
guardarem em todos os teus caminhos" (Sal. 91:11). Porventura o diabo se esqueceu de citá-las? De
modo menhum; seria melhor dizer que não quis citá-las. Mas porquê? Porque
ele, todas as vezes que cita a Palavra de Deus o faz de um modo errado ou
omitindo palavras ou acrescentando palavras suas; por isso é necessário
conhecer bem a Escritura para não ser enganado pelo diabo. Também no jardim
do Éden a antiga serpente não citou de maneira exacta a palavra de Deus à
mulher, na verdade Deus tinha dito ao homem: "De toda a árvore do jardim
comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gen.
2:16,17), enquanto a serpente disse a Eva: "É assim que Deus disse: Não
comereis de toda árvore do jardim?" (Gen. 3:1) Neste caso porém a
mulher não se opôs à serpente como deveria e se deixou enganar e caiu em
trangressão. Jesus sabia que o seu Pai tinha prometido guardá-lo em todos os
seus caminhos, na condição que todos os seus caminhos fossem santos e justos,
e também sabia que se ele se lançasse abaixo do templo não andaria por um
caminho santo; e portanto, como poderia Deus guardá-lo em todos os seus
caminhos se entre os seus caminhos houvesse um iníquo? Se Jesus tivesse
andado por aquele caminho iníquo pecaria e o seu Pai se indignaria contra
ele. Sim, Deus ordenou aos seus anjos de guardar o seu Filho em todos os seus
caminhos nos dias da sua carne, mas lembrai-vos que todos os seus caminhos
foram justos. Jesus sabia que se tivesse feito o que lhe sugeria Satanás se
teria feito culpado para com Deus, por isso respondeu ao diabo dizendo-lhe:
"Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus" (Mat. 4:7).
Aquilo que aconteceu a Jesus nos ensina que o diabo, algumas vezes, quer nos
induzir a tentar Deus fazendo uso da Palavra de Deus citada por ele a
despropósito ou dando-lhe o sentido por ele desejado; mas também que em todas
as citações da Palavra de Deus feita pelo diabo há sempre na Escritura uma
outra passagem que anula o que ele queria que fizessemos ou a razão injusta
pela qual ele queria que fizessemos aquela coisa servindo-se da Escritura.
Irmãos, devemos estar atentos, porque o facto de Deus ter prometido nos
proteger e de nos guardar do maligno não nos deve induzir a pensar que não
importa o que diremos ou faremos ou onde andemos, que Deus nos protegerá; não
tentemos Deus mas andemos nos seus santos caminhos e então teremos a certeza
que Deus nos protegerá de todo o mal. Vejamos agora como o povo de Israel
tentou Deus no deserto porque isto nos serve para compreender o que signica
tentar Deus. Depois que Deus fez brotar da rocha a água como rios para matar
a sede aos Israelitas, eles "ainda
prosseguiram em pecar contra ele, rebelando-se contra o Altíssimo no deserto;
E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo comida
segundo o seu apetite. E falaram contra Deus, e disseram: Poderá Deus
porventura preparar-nos uma mesa no deserto? Eis que feriu a penha, e águas
correram dela; rebentaram ribeiros em abundância. Poderá também dar-nos pão,
ou preparar carne para o seu povo? Pelo que o
Senhor, quando os ouviu, se indignou; e acendeu um fogo contra Jacó, e a sua
ira subiu contra Israel; porque não creram em Deus nem confiaram na sua
salvação..." (Sal. 78:17-22). Os israelitas no deserto, depois de
terem visto Deus fazer brotar rios
da dura rocha e lhes matar a sede, tentaram Deus pedindo comida segundo o seu apetite. Mas como lhe pediram
esta comida? Falando contra Deus pondo em dúvida o poder de Deus e a
fidelidade de Deus da qual eles tinham visto até então evidentes provas.
Agradaram aquelas palavras a Deus? De modo nenhum, porque Ele se viu posto à
prova por um povo de dura cerviz, e por isto se irou gravemente contra
Israel; "ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar as suas
almas" (Sal. 106:15), diz a Escritura. Lembrai-vos que Paulo diz aos
Coríntios que estas coisas aconteceram para servir de exemplo a nós para que
"não tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram.." (1Cor.
10:9); portanto irmãos, não sigamos o mesmo exemplo de desobediência daqueles
que tentaram Deus para não provocar à ira o nosso Deus e não ser punidos por
ele. Dou-vos um exemplo para vos fazer compreender o que significa tentar
Deus utilizando a palavra de Deus: Em Isaías Deus fez esta
promessa: "Quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti" (Is. 43:2), mas se um crente
para se fazer ver decide, tentado pelo diabo, pôr-se a caminhar sobre brasas
ou entre chamas de fogo por certo ele tenta Deus se bem que em Isaías esteja
a referida promessa de Deus. Sadraque, Mesaque e Abednego não foram de sua
espontânea vontade para o forno de fogo (acendido por Nabucodonosor) para fazer ver ao rei quanta fé tinham no seu
Deus ou para conquistar fama, porque eles foram lançados nele contra a sua
vontade. Neste caso não se pode dizer que eles tentaram Deus, mas se deve
dizer que eles por terem obedecido a Deus foram lançados no fogo pelos seus
inimigos e Deus os libertou da fornalha de fogo. Deus efectuou a sua palavra
em favor dos seus servos que tiveram fé nele, de facto eles caminharam no
meio do fogo (porque foram vistos caminhar no meio do fogo pelo rei Nabucodonosor) e não foram queimados em nenhuma maneira pelo fogo conforme está
escrito: "Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo. E
ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, e os presidentes, e os capitães do
rei, contemplando estes homens, e viram que o fogo não tinha tido poder algum
sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem
as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles"
(Dan. 3:26,27). Nesta poderosa libertação de Deus vemos o cumprimento das
palavras escritas em Isaías. No profeta Isaías há também esta promessa:
"Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles
não te submergirão" (Is. 43:2), mas é claro que também neste caso se um
crente decide, instigado pelo diabo, querer passar um rio a pé apoiando-se nestas palavras por
certo ele tenta Deus. |
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"Novamente
o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do
mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me
adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao
Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis
que chegaram os anjos, e o serviram" (Mat. 4:8-11). Nesta tentação, o
tentador fez ver a Jesus todos os reinos do mundo e a sua glória e os lhe
prometeu com esta condição, se Jesus se prostrasse diante dele e o adorasse.
Deste episódio tiramos os seguintes ensinamentos: |
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O diabo, como disse o Senhor
Jesus, "é mentiroso, e pai da mentira" (João 8:44), porque quando
disse a Jesus: "Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória, porque a
mim me foi entregue, e dou-o a quem quero" (Lucas 4:6) mentiu-lhe. Ora,
é verdade que o diabo é o príncipe deste mundo mas não é de modo nenhum
verdade que está em seu poder dar os reinos das nações e a sua glória a quem
ele quer; porquê? Porque está escrito no livro de Daniel que "o
Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer..e até
ao mais baixo dos homens constitui sobre eles" (Dan. 4:32,17), e porque,
quando Deus falou ao profeta Jeremias (enquanto Nabucodonozor reinava em
Babilónia) disse: "Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre
a face da terra, pelo meu grande poder, e com o meu braço estendido, e a dou
àquele que me apraz. E agora eu entreguei todas
estas terras na mão de Nabucodonozor, rei de Babilônia, meu servo"
(Jer. 27:5,6); e ainda porque no livro dos salmos Davi diz: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles
que nele habitam" (Sal. 24:1). Amados, é Deus, o Omnipotente, que
dá os reinos das nações e a sua glória a quem ele quer e não o diabo, isto é
o que testifica a Escritura. O diabo também a Jesus falou falsamente, de
facto prometeu-lhe dar aquilo que só Deus lhe poderia dar, e que, é bom
recordar, Deus tinha já prometido dar ao seu Filho, (mas primeiro ele deveria
sofrer muitas coisas). O Pai tinha dito ao Filho: "Pede-me, e eu te
darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os
esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de
oleiro" (Sal. 2:8,9); e este poder sobre as nações da terra, o Filho o recebeu
de seu Pai depois que fez a expiação dos nossos pecados, de facto depois que
foi ressuscitado ele disse aos seus: "Foi-me dado todo o poder no céu e
na terra" (Mat. 28:18), e quando apareceu a João na ilha de Patmos lhe
disse: "E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe
darei poder sobre as nações. E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas
como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai" (Ap. 2:26,27). Recordai-vos que durante o Milénio,
Jesus Cristo reinará na terra sobre todas as nações por decreto de Deus. |
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O diabo para nos fazer cair em tentação usa a concupiscência dos olhos de
facto procurou fazer cair o Senhor fazendo-lhe ver todos os reinos do mundo;
portanto estejamos atentos para não nos deixarmos vencer pela concupiscência
dos olhos que jaz também ela no diabo. |
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Jesus não desejou possuir um reino na terra nos seus dias, se bem que ele
fosse rei, porque o seu reino não era deste mundo. Por isso também nós não
devemos querer nos tornar homens poderosos e ricos segundo o mundo porque nós
também não somos deste mundo como não era Jesus. O nosso constante
desejo deve ser o de herdar o Reino dos céus e não o de herdar algum alto
cargo terreno ou de termos um reino neste mundo. |
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O diabo não dá nada
gratuitamente porque quer sempre alguma coisa em troca; quando ele dá poderes
sobrenaturais ou bens materiais aos que os lhe pedem pretende a adoração. Não
obstante ele não seja digno de ser adorado, consegue se fazer adorar por
muitos sobre terra em troca de poderes e de ‘sucessos’ comerciais. Todos os
que aceitam as suas ofertas por um lado conseguem ganhar fama e dinheiro, mas
por outro perdem a sua alma; porque este é o fim a que se propõe o inimigo,
de fazer ir em perdição o maior número de pessoas possiveis cegando-as com as vaidades mentirosas e distraindo-as de todas as maneiras
para não as fazer procurar Deus. Jesus Cristo se recusou a se prostrar diante
do diabo e de adorá-lo citando-lhe a Escritura. Está escrito na lei: "Ao
Senhor teu Deus temerás, a ele servirás.. Ele é o
teu louvor" (Deut. 10:20,21); portanto só Deus é digno de ser
adorado. |
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Da tentação que enfrentou o
nosso Senhor e da maneira em que ele se opôs ao diabo nós crentes tiramos
diversos ensinamentos úteis. Antes de tudo o diabo é um ser espiritual que
existe verdadeiramente e não uma lenda, como alguns pensam iludindo-se. A sagrada
Escritura também fala do diabo e das suas obras e do fim que o espera no fim
dos dias e nós aceitamos tudo o que ela nos diz acerca dele porque
consideramos que a Palavra de Deus é verdadeira e não mente a respeito de
ninguém e de nada. |
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Em segundo lugar, da forma como
o tentador tentou Jesus aprendemos que ele se serve da concupiscência da
carne, da soberba da vida e da concupiscência dos olhos para fazer cair no
pecado os filhos de Deus, de facto ele, primeiro procurou induzir a pecar Jesus
por meio do desejo de comer, depois o tentou procurando induzi-lo a
exaltar-se lançando-se do pináculo do templo, e por fim procurou seduzi-lo
fazendo-lhe ver os reinos do mundo e a sua glória para fazer nascer nele o
desejo de possui-los. |
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Também conosco o tentador age
da mesma maneira de facto se usa da concupiscência da carne, da
concupiscência dos olhos e da soberba da vida para nos afastar do Senhor;
todas estas coisas estão no mundo e como todo o mundo jaz no maligno assim
também estas coisas estão imersas no diabo, por isso nos é mandado para não
amar o mundo e as coisas que estão no mundo, porque nos pondo a amá-las nós
nos poremos a amar o que jaz no diabo. O mundo e as coisas que estão no mundo
se opõem à Palavra de Deus e aos desejos do Espírito Santo porque jazem
naquele que é o inimigo de Deus e por isso os crentes que se põem a amar as
concupiscências mundanas e a soberba da vida se constituem automaticamente
inimigos de Deus conforme está escrito: "Portanto qualquer que quiser
ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). Portanto,
como nós filhos de Deus vivemos neste mundo e estamos rodeados pelas coisas
deste mundo devemos vigiar e orar continuamente para não sermos vencidos
pelas concupiscências mundanas e pela soberba da vida que Satanás usa para
nos fazer cair na cova. Sabei que se há alguém que quer que nós filhos de
Deus caminhemos segundo a carne, ele é Satanás, que sabe perfeitamente que a
Palavra diz para nós filhos de Deus: "Se viverdes segundo a carne,
morrereis" (Rom. 8:13), e por isso procura seduzir-nos com a sua astúcia
dizendo-nos, como disse a Eva: "Certamente não
morrereis" (Gen. 3:4). Ele procura com o fascínio exterior que
emanam os prazeres da vida, as riquezas, as mulheres corruptas, a moda deste
século, a filosofia, a música moderna e tantas outras coisas nos atrair a
estas coisas e a nos fazer errar nelas, porque ele sabe que o crente, uma vez
atraído e vencido por estas funestas concupiscências, deixa de observar os
mandamentos de Deus e de dar fruto para a glória de Deus, e morre. |
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Nós não ignoramos as
maquinações de Satanás e sabemos como lhe resistir quando ele nos ataca
porque Jesus também nisto nos deixou o exemplo a seguir. Nós devemos fazer
uso da Palavra de Deus para nos opormos ao diabo de facto Jesus respondeu ao
diabo com passagens da Escritura. |
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Irmãos, sabei que "a
Escritura não pode ser anulada" (João 10:35), e que quando nós crentes
nos opomos ao tentador com ela ele não pode fazer vã a Palavra de Deus e não
pode demonstrar que ela é falsa e por isso é constrangido a deixar-nos. |
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Mas há uma outra coisa a dizer,
ou seja, que quando se responde ao diabo é necessário responder-lhe sempre de
maneira justa porque ele permanece sempre uma dignidade, de facto é o
príncipe deste mundo. Quando Jesus
respondeu ao diabo disse-lhe: "Vai-te, Satanás..." (Mat. 4:10); ora
Satanás significa adversário, e Jesus o chamou com este nome; Jesus não se
pôs a injuriá-lo embora conhecendo bem o carácter e as obras do diabo e isto
nos serve de ensinamento a nós seus discípulos para que nós não nos ponhamos
a sobrenomear o diabo com apelidos
injuriosos para zombarmos dele como fazem alguns homens corruptos que também
pregam o Evangelho. |
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A armadura de Deus |
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Nós crentes não temos por nós mesmos nenhuma arma eficaz com a qual nos
opormos ao diabo, disto estamos plenamente conscientes porque em nós, vale a
dizer na nossa carne, não habita algum bem; mas graças sejam dadas a Deus por
meio de Jesus Cristo porque Ele na sua bondade e na sua sabedoria nos
forneceu uma armadura completa e poderosa. Completa porque não permite ao
diabo fazer brecha no crente por nenhuma parte porque ela protege o crente
por todos os lados; poderosa, porque é tão poderosa que com ela nos conseguimos
opôr ao diabo, e destruir as suas fortalezas e os raciocínios e toda a
altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus. A armadura de
Deus serve-nos tanto para nos defendermos como para atacar os nossos inimigos
portanto faremos bem em nos revestirmos dela para viver uma vida vitoriosa
sobre a terra à espera da aparição de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo disse
que nós devemos nos revestir da completa armadura de Deus para podermos estar
firmes contra as ciladas do diabo e para que possamos resistir no dia mau e
ficar em pé. O apóstolo falou do ‘dia
mau’ porque sabia que o dia em que o diabo nos arma ciladas para nos fazer
cair em tentação é um dia cativo. Portanto tendo presente a razão pela qual
temos necessidade de vestir a armadura de Deus, vejamos estas armas que Deus
tirou do seu armamento para
equipar o seu exército de soldados que se encontra no meio deste mundo de
trevas. |
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"Estai pois firmes, tendo cingidos
os vossos lombos com a verdade" (Ef. 6:14). Como bons soldados do Senhor
nós devemos prender a verdade à cintura dos lombos, isso significa que nós
crentes devemos dizer a verdade e não devemos nem amar a mentira e nem
tampouco praticá-la porque está escrito: "Deixai a mentira, e falai a
verdade cada um com o seu próximo porque somos membros uns dos outros"
(Ef. 4:25). Amados, dizei a verdade; a mentira oferece um refúgio
fraco e temporário aos que a fazem a sua cidade de refúgio e a sua fortaleza
porque Deus a seu tempo destrói esta sua fortaleza num momento e os confunde
para lhes mostrar que d`Ele não se pode escarnecer. Jesus disse que
"nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não
haja de ser sabido" (Lucas 12:2), por isso também as mentiras que são
ditas para cobrir as más acções, a hipocrisia e a falsidade, a seu tempo
serão tornadas públicas pelo nosso Deus. |
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Tomemos este episódio
acontecido na vida de Abraão que nos faz compreender como a verdade mesmo
sendo astutamente escondida vem a ser conhecida. Está escrito: "Ora, havia fome naquela terra; Abrão, pois, desceu ao
Egito, para peregrinar ali, porquanto era grande a fome na terra. Quando ele
estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que
és mulher formosa à vista; e acontecerá que, quando os egípcios te virem,
dirão: Esta é sua mulher. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em
vida. Diz, peço-te, que és minha irmã,
para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti. E
aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios que a mulher era
mui formosa. E viram-na os príncipes de Faraó e gabaram-na diante de Faraó; e
foi levada a mulher para a casa de Faraó. E ele fez bem a Abrão por amor
dela; e ele teve ovelhas, bois e jumentos, servos e servas, jumentas e
camelos. Feriu, porém, o Senhor a Faraó e a sua casa com grandes pragas, por
causa de Sarai, mulher de Abrão. Então chamou Faraó a Abrão, e disse: Que é
isto que me fizeste? por que não me disseste que ela era tua mulher? Por que
disseste: É minha irmã? de maneira que a tomei para ser minha mulher. Agora,
pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te!.." (Gen. 12:10-19).
Ora, Abrão tinha tomado por mulher Sarai que era filha de seu pai mas não
filha de sua mãe, portanto era verdade que Sarai era sua irmã mas era também
verdade que ela era sua mulher. Ele quando estava para entrar no Egipto teve
medo na verdade pensou que os Egípcios vendo a beleza de Sarai o matariam
para se apropriarem da sua mulher, e portanto disse a Sarai para dizer que
era sua irmã e que ele lhe era irmão, para proteger a sua vida. Faraó
naturalmente ouvindo dizer a Abrão que Sarai era sua irmã a tomou para
mulher, porque creu em Abrão. Mas a Deus não agradou que Faraó tomasse Sarai
por mulher e por isso feriu Faraó e a sua casa com grandes pragas para
induzi-lo a restituir Sarai a Abrão. Nós não sabemos de que maneira Faraó
veio a saber que Sarai era a mulher de Abrão; uma coisa é certa, ele o veio a
saber. E quando o veio a saber repreendeu Abrão por lhe ter dito que era sua
irmã e não sua mulher. Como podeis ver o que Abrão procurou manter escondido
não pôde permanecer escondido a Faraó por muito tempo porque Deus fez vir à
luz a verdade. |
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Os seguintes exemplos mostram como Deus confunde e pune aqueles que
mentem: |
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Ø Geazi, o servo de Eliseu, mentiu a Eliseu
quando este lhe perguntou: "Donde vens, Geazi?" (2Re 5:25), de
facto lhe respondeu: "Teu servo não foi a
parte alguma" (2Re 5:25), enquanto ao invés ele, pouco antes,
inspirado pela sua cobiça, tinha ido ter com Naamã e fez com que lhe desse
vestidos e prata e os escondeu com o desconhecimento de Eliseu. Eliseu
soube que Geazi lhe tinha mentido porque Deus lhe fez saber o que ele tinha
feito de forma escondida, e lhe anunciou o juizo de Deus sobre ele
dizendo-lhe: "Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente
para sempre" (2Re 5:27). Neste caso Geazi disse uma mentira para cobrir
a sua malvada acção mas foi confundido mediante uma revelação divina e punido
por Deus com a lepra. |
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Ø Está escrito:
"Mas um certo homem chamado Ananias, com
Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço,
sabendo-o também sua mulher; e levando uma parte, a depositou aos pés dos
apóstolos. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava o preço em teu poder?
Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a
Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou" (Actos
5:1-5). Ananias foi um crente que mentiu aos apóstolos a respeito da soma de
dinheiro que levou aos seus pés depois de ter vendido uma sua propriedade, e
por ter proferido aquela mentira contra Deus, Deus o matou. Notai que também
aqui um homem de Deus, neste caso um apóstolo, veio a saber de maneira
sobrenatural que alguém tinha dito uma mentira acerca de uma coisa. |
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Ø Os falsos profetas
que surgiram no meio do povo de Israel praticaram a mentira, eles diziam aos
que caminhavam segundo a teimosia dos seus maus corações: "O Senhor disse:
Paz tereis" (Jer. 23:17), quando não havia alguma paz para eles lhes
prometerem por Deus. Deus foi testemunha de todas as mentiras que aqueles
profetas disseram usando o seu nome, e disse que Ele poria a descoberto as suas mentiras diante
de todos aqueles a quem tinham profetizado a paz. Deus disse a Ezequiel:
"E um edifica a parede de lodo, e outros a
rebocam de cal não adubada; diz aos que a rebocam de cal não adubada que ela
cairá. Haverá uma grande pancada de chuva, e vós, ó pedras grandes de saraiva,
caireis, e um vento tempestuoso a fenderá. Ora, eis que, caindo a parede, não
vos dirão: Onde está o reboco de que a rebocaste?" (Ez. 13:10-12)
(a cal não adubada eram as visões vãs que aqueles profetas tinham). Isto, na
realidade foi o que aconteceu quando o exército dos Caldeus assediava
Jerusalém e estava no ponto de a conquistar de facto a Escritura diz que
Jeremias disse ao rei Zedequias que tinha
crido nas mentiras dos profetas: "Onde estão agora os vossos profetas,
que vos profetizam, dizendo: O rei de Babilónia não virá contra vós nem
contra esta terra?" (Jer. 37:19). Como podeis ver aqueles falsos
profetas que diziam mentiras usando o nome do Senhor foram confundidos por
Deus, porque o Senhor manifestou a todos que as suas profecias e os seus
presságios eram mentiras. Mas Deus não fez somente vãos os seus presságios,
mas também os puniu. Temos um exemplo de como Deus puniu um profeta por ter
profetizado ao povo mentiras usando o nome de Deus, no profeta Ananias o qual
foi morto por Deus. |
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Vós deveis sempre ter presente
que o pai da mentira é o diabo, e portanto toda a mentira procede do diabo e
não de Deus; e nós como crentes não devemos dar lugar ao diabo começando a
dizer mentiras, porque isto faria indignar Deus que nos puniria de certo e
nos confundiria. A mentira é mentira; e a mentira dita a sustento da verdade
é também ela mentira, mesmo se é praticada com o objectivo ‘de defender e de
honrar’ o Evangelho. Sabei que o Evangelho não tem necessidade de mentiras
nem para ser defendido, nem para ser crido, e isto o digo porque sei que há
alguns pregadores que incitam crentes doentes a testemunhar que foram curados
pelo Senhor quando ainda estão doentes, para demonstrar a todos que Jesus
cura ainda hoje; mas a mentira se manifesta tal quando os outros se apercebem
que na realidade eles não foram curados daquela doença ou quando sucede que
aquele crente que disse estar curado de uma certa doença morre poucos dias
depois, exactamente daquela doença. Infelizmente, acontecem estes escândalos
no meio da irmandade, escândalos que não levam ninguém a glorificar a Deus,
antes a doutrina de Deus e o caminho da verdade são vituperiados pelos de
fora por causa destas mentiras. E porque acontece isto? Porque faltando os
milagres e as curas verdadeiras, alguns, para atrair as multidões às suas
reuniões decidem fazer uso da mentira para suscitar interesse nos que ouvirem
os seus anúncios publicitários. Mas há uma outra coisa horrenda que acontece
no meio do povo de Deus, que é esta; alguns espalham falsos rumores sobre
histórias de outros crentes para destrui-los moralmente e para lhes fazer
adquirir uma má reputação entre os
outros. Espalhar uma calúnia sobre alguém quer dizer pôr a circular acusações
infundadas contra alguém, infundadas porque não têm nenhum fundamento e
nenhum motivo para serem feitas porque são inventadas. Hoje, alguns têm
prazer para prejuizo da sua vida em calúniar o seu próximo esquecendo
voluntariamente que "o que faz uma cova nela cairá e o que revolve a
pedra, esta sobre ele rolará" (Prov. 26:27). Recordo-vos irmãos antes de
tudo que está escrito: "Não admitirás falso
rumor" (Ex. 23:1) e depois que para receber uma acusação contra
alguém é necessário que a acusação seja confirmada por duas ou três
testemunhas (fidedignas e não falsas) e que não é suficiente uma só
testemunha, portanto se ouvis alguém acusar Fulano esperai que a acusação
seja confirmada por algum outro para aceitá-la ou começai a investigar por
vós mesmos para ver se as coisas são verdadeiramente assim porque hoje alguns
caluniam com a sua língua para arruinar o próximo. O repito irmãos: Não
espalheis nenhuma calúnia e não deis ouvidos à lingua mentirosa por amor da
verdade. Dilectos, quem diz a verdade está seguro e não teme ficar confundido
porque a verdade não confunde os que a amam e a dizem. Para enfrentar os
nossos inimigos é necessário dizer a verdade para não ficarmos nós mesmos
confundidos diante deles; sim, porque se um filho de Deus faz recurso à
mentira, que não é mais que uma arma do inimigo que nós combatemos, certamente
ficará confundido diante do inimigo que lhe a deitará à cara na primeira
ocasião. Aquilo que eu aprendi no curso da minha vida é que é melhor
confessarmos uns aos outros as nossas falhas dizendo a verdade do que cobrir
as nossas transgressões com a mentira. |
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"Estai pois firmes, tendo…vestida a couraça da
justiça"(Ef. 6:14) Nós crentes devemos seguir a justiça porque
está escrito: "Buscai a justiça" (Sof. 2:3). Vejamos agora de que maneira devemos seguir a
justiça de Deus. |
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Nós como filhos de Deus não devemos fazer acepção de pessoas para com
ninguém porque Tiago diz: "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis
pecado, e sois condenados pela lei como transgressores" (Tiago 2:9),
portanto nós não devemos considerar as pessoas de pele branca superiores às
pessoas de pele negra ou amarela ou
vermelha; não devemos considerar o rico mais do que o pobre, e nem tampouco o
sábio segundo a carne (quem é doutorado ou diplomado) superior a quem é
analfabeto ou a quem tem poucos estudos; não devemos também tolerar o mal
quando a fazê-lo são os nossos amigos e não tolerá-lo quando ao invés o fazem
os nossos inimigos, porque se tende a justificar as más acções daqueles que
nos amam e respeitam enquanto se tende a condenar as daqueles que não nos
amam e não nos respeitam. Deus não faz acepção de pessoas e nós como filhos
de Deus devemos imitá-lo; não é fácil, mas não é impossível. Deus nos
ajuda a imitá-lo também nisto para conduzir-nos de modo digno do Evangelho. |
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Além disso também não devemos
nos apropriar de bens alheios de maneira desonesta e devemos dar ouvidos à
sabedoria que diz: "Melhor é o pouco com justiça, do que abundância de
colheita com injustiça" (Prov. 16:8). Segundo aquilo que ensina a
Escritura nós não devemos praticar a usura e nem devemos emprestar aos nossos
irmãos por interesse segundo o que está escrito: "Do teu irmão não exigirás juros; nem de dinheiro, nem de
comida, nem de qualquer outra coisa que se empresta a juros"
(Deut. 23:19). |
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Não devemos também falsificar
as balanças ou qualquer outra unidade de medida porque está escrito:
"Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na
medida. Balanças justas, pesos justos..tereis" (Lev. 19:35,36). A
Escritura ensina que os que pensam que é melhor ter grandes rendimentos sem
equidade, isto é, burlando o próximo, do que pouco com justiça são loucos que
a seu tempo recebem de Deus a condenação merecida pelas suas injustiças
praticadas para prejuízo do seu próximo. No livro do profeta Amós temos uma
evidente prova das injustiças que os Israelitas cometiam naqueles dias, e de
como Deus primeiro os repreendeu e depois lhes disse como os puniria se não
se convertessem dos seus maus caminhos. Os Israelitas tinham desprezado a
justiça, eles oprimiam os humildes, pisavam os pobres exigindo deles
donativos de trigo; não viam a hora que acabasse o sábado para abrirem os
celeiros de trigo e diminuir a efa, aumentar o preço, falsificar as balanças
para roubar, comprar os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de
sapatos; tinham chegado ao ponto de se porem a vender também as cascas do
trigo! Mas o facto é que eles agiam de maneira injusta e depois se dirigiam
para os átrios da casa do Senhor para lhe oferecerem incenso, os seus
holocaustos e os seus sacrifícios de acções de graças; e convocavam também
assembléias solenes nas quais cantavam cânticos acompanhados pela música dos
seus saltérios. Mas Deus não se agradou de modo nenhum do culto daqueles
rebeldes e disse-lhes: "Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas
assembléias solenes não me dão nenhum prazer; e ainda que me ofereçais
holocaustos, e ofertas de manjares, não me agradarei delas; nem atentarei
para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito
dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.
Corra porém o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro
impetuoso!" (Amós 5:21-24). Irmãos, a sabedoria diz que "fazer
justiça e julgar com retidão é mais aceitável ao Senhor do que oferecer-lhe
sacrifício" (Prov. 21:3), portanto guardemo-nos de pensar que mesmo se não seguimos a justiça o nosso
culto será aceite por Deus, para não nos lisonjearmos a nós mesmos e para não
ser julgados por Deus como o foram os Israelitas que não quiseram ouvir o
profeta Amós. Deus anunciou aos Israelitas os juizos que Ele exercitaria
contra eles e disse-lhes entre outras coisas: "Por
causa disso não estremecerá a terra? e não
chorará todo aquele que nela habita? Certamente
se levantará ela toda como o grande rio, e será agitada, e submergirá como o
rio do Egipto... Eis que eu vos apertarei no
vosso lugar como se aperta um carro cheio de manolhos.. E tornarei as vossas festas em luto, e todos os vossos
cânticos em lamentações; porei saco sobre todos os lombos, e calva sobre toda
cabeça; e farei que isso seja como o luto de filho único, e o seu fim como
dia de amarguras" (Amós 8:8; 2:13; 8:10). E como Deus disse,
assim aconteceu de facto Deus primeiro enviou um forte terramoto e depois
enviou contra Israel o exército Assiro que destruiu a terra e levou em
cativeiro os habitantes. Deus, depois de ter suportado com paciência muitos
anos, derramou o seu furor sobre os Israelitas injustos. Irmãos, Deus não
tolera a injustiça e derrama a sua ardente ira sobre os injustos ainda nesta
geração porque Ele não muda, portanto examinemos atentamente os nossos
caminhos. |
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Uma coisa que nós crentes
devemos fazer, quando surgem litígios no seio da irmandade é esta, chamar os
irmãos que façam a injustiça a outros irmãos em juízo perante os santos e não
perante os infiéis. Isto significa que um crente que sofre uma injustiça de
um outro crente nunca deve levá-lo a juízo perante os tribunais acusando-o e
denunciando-o. Quero recordar-vos que na igreja de Corinto havia toda a sorte
de litígios entre os irmãos e que Paulo os admoestou por terem levado os
crentes a juízo perante os infiéis em vez de perante os santos. Eis como
Paulo os admoestou : "Ousa algum de vós, tendo
uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os
santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo
há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas
mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas
pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes
a esta vida, constituís como juízes deles os que são de menos estima na
igreja? Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um
sábio, que possa julgar entre seus irmãos? Mas vai um irmão a juízo contra
outro irmão, e isto perante inféis? Na verdade já é uma completa derrota para
vós o terdes demandadas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a
injustiça? Por que não sofreis antes o dano? Mas vós mesmos fazeis injustiça
e fazeis o dano; e isto a irmãos. Não sabeis que os injustos não herdarão o
reino de Deus?" (1Cor. 6:1-9). Nós sabemos que também levar um
irmão a juizo perante os incrédulos não é conforme a justiça e que os que o
fazem são injustos. Os juizos entre irmãos e irmãos a respeito das coisas
desta vida devem ser expressos sempre pelos outros irmãos e nunca pelos
incrédulos porque em tal caso se fariam injustiças e danos aos santos.
Irmãos, tende presente que nós um dia julgaremos o mundo porque está escrito
nos salmos: "Exultem de glória os santos,
cantem de alegria nos seus leitos. Estejam na sua garganta os altos louvores
de Deus, e na sua mão espada de dois gumes, para exercerem vingança sobre as
nações, e castigos sobre os povos; para prenderem os seus reis com cadeias, e
os seus nobres com grilhões de ferro; para executarem neles o juízo escrito;
esta honra tê-la-ão todos os santos" (Sal. 149:5-9); portanto,
sobre a terra, quando temos que julgar coisas desta vida podemos fazê-lo
muito bem por nós sem a ajuda dos infiéis que não conhecem Deus. Nós também
julgaremos os anjos que deixaram a sua primeira dignidade para cometer fornicação
com as filhas dos homens, os quais estão por agora guardados nas cadeias da
escuridão, portanto não devemos levar a juizo perante os incrédulos nenhum
dos santos por amor da justiça porque nós temos a autoridade e a sabedoria
necessária para julgar com justiça as causas entre os irmãos em litígio. |
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Uma outra coisa que nós devemos
fazer para seguir a justiça é a de repartir os nossos bens com os que estão
necessitados, conforme está escrito: "Não vos esqueçais da beneficiência
e de repartir com outros os vossos bens" (Heb. 13:16). Isto o devemos
fazer por princípio de igualdade e para que haja igualdade no povo de Deus
"como está escrito: Ao que muito colheu, não
sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou" (2Cor. 8:15). Jesus
nos deixou o exemplo nisto porque "sendo rico, se fez pobre" (2Cor.
8:9) por amor de nós, para que pela sua pobreza, nós nos tornassemos ricos. |
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Lembrai-vos que "a justiça guarda ao que é reto no seu caminho"
(Prov. 13:6), exactamente como a couraça protege o soldado, e que Deus ama os
justos. |
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"E calçados os pés na preparação do evangelho da paz" (Ef. 6:15).
Nós, como convém aos santos, devemos estar prontos para fazer toda a boa obra e além disso
devemos estar sempre prontos a responder para nossa defesa a todo aquele que
nos pergunta a razão da esperança que está em nós, mas com doçura e respeito
tendo uma boa consciência como nos deixou escrito o apóstolo Pedro. A
sabedoria diz que Deus odeia os "pés que se
apressam a correr para o mal" (Prov. 6:18); por isso se
compreende que alguns têm os pés preparados e velozes para fazer o mal. Mas o
bom soldado de Cristo Jesus tem os seus pés calçados com a prontidão que lhe
dá a Boa Nova da paz para se apressar a fazer o bem toda a vez que tem a
oportunidade. Ele não está impreparado, mas bem preparado para fazer boas
obras e para evangelizar e não diz ao seu próximo: ‘Te ajudarei uma outra
vez, não agora’, e nem ainda: ‘Agora não saberei responder-te àquilo que me
perguntas acerca da minha
esperança’. |
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"Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os
dardos inflamados do maligno" (Ef. 6:16). "A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que não se vêem" (Heb. 11:1), e nós que cremos em Cristo
temos cada um uma certa medida de fé nos entregue por Deus. Ora, a fé é
comparada ao escudo que o soldado romano tinha para se proteger das setas que o inimigo lhe lançava
em batalha; e esta comparação é apropriada, porque para nós a fé em Deus é
verdadeiramente o escudo com o qual podemos apagar todas as flechas
inflamadas do diabo. Sim porque o nosso adversário atira contra nós setas inflamadas
que nós só podemos apagar com o escudo da fé. Uma das setas inflamadas pelo
diabo está representada pela dúvida; parece uma coisa de nada a dúvida mas
não o é, porque quem dá lugar à dúvida no seu coração não pode receber o
cumprimento das fiéis promessas de Deus na sua vida. Duvidando não se pode
receber nada do Senhor, mas crendo ao invés se podem ver as promessas de Deus
cumprirem-se na nossa vida. Nas nossas angústias, no meio das variadas
aflições com as quais a nossa fé é posta à prova devemos continuar a ter
confiança em Deus e na sua Palavra; então sim veremos a glória de Deus
aparecer sobre nós. |
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Vejamos agora alguns exemplos
de homens que na angústia com o escudo da fé em Deus obtiveram o cumprimento
de promessas e apagaram os dardos inflamados do diabo. |
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Ø Deus tinha
prometido a Abraão um filho e que
faria a sua descendência numerosa como as estrelas do céu. A Escritura diz:
"E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já
amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento
do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas
foi fortificado na fé, dando glória a Deus; e estando certíssimo de que o que
ele tinha prometido também era poderoso para o fazer" (Rom. 4:19-21).
Como podeis ver Abraão era velho e se bem que não tivesse mais algum vigor
para gerar um filho, também, diante da promessa de Deus não duvidou nem da
fidelidade de Deus e nem ainda do seu poder; certo, a sua fé foi posta à
prova, mas no fim ele obteve o cumprimento da promessa porque creu firmemente
que Deus faria Sara dar à luz na sua velhice, mesmo se esta não tinha mais os
períodos habituais das mulheres e não estava mais capaz de ser mãe. Isto nos
ensina que diante das promessas de Deus não há nada demasiado dificil para o
Senhor; que não há angústia ou necessidade da qual o nosso Deus não nos possa
tirar, mas por nossa parte deve haver uma atitude de plena confiança em Deus
para ver Deus operar em nosso favor. |
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Ø Sadraque, Mesaque e Abednego disseram ao rei
Nabucodonozor, quando este os ameaçou deitá-los no forno do fogo se eles não
adorassem a estátua que ele tinha feito: "Eis que o nosso Deus, a quem
nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo
ardente, e da tua mão, ó rei" (Dan. 3:17); e pouco depois de terem sido
lançados no forno do fogo sairam ilesos porque eles, pela fé "apagaram a
força do fogo" (Heb. 11:34). Este é um outro exemplo de como com a fé em
Deus se pode olhar face a qualquer angústia com a certeza que a libertação do
Senhor está próxima. Na angústia, o justo espera no Senhor contra a
esperança; ele vê que as circunstâncias lhe são todas adversas e sabe que
nenhum homem pode libertá-lo dela porque o socorro do homem é vão, mas possui
as promessas de Deus nas quais põe a sua confiança e invoca Deus para que o
livre. E Deus, na sua fidelidade, o liberta demonstrando a ele e aos seus
adversários de ser em verdade "um Deus de
libertação" (Sal. 68:20) e que quem crê n`Ele não é envergonhado. |
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Ø Vejamos agora como
Daniel e os seus três companheiros pela fé "escaparam do fio da
espada" (Heb. 11:34). No segundo ano do reinado de Nabucodonozor,
Nabucodonozor teve sonhos que o perturbaram, e ele chamou os magos, os
astrólogos, os encantadores e os Caldeus para que lhe explicassem os seus
sonhos. Mas o rei não lhes contou o sonho porque quis que fossem eles a lhe
fazerem conhecer com a sua interpretação. A esta indagação os Caldeus lhe
responderam: "Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra
ao rei; pois nenhum rei há, senhor ou dominador, que requeira coisa
semelhante de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu. Porquanto a coisa que o
rei requer é dificil, e ninguém há que possa declarar diante do rei, senão os
deuses, cuja morada não é com a carne. Então o rei muito se irou e enfureceu,
e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia. E saiu o decreto,
segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus
companheiros, para que fossem mortos. Então Daniel falou avisada e
prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar
os sábios de Babilônia. Respondeu, e disse a Arioque, prefeito do rei: Por
que se apressa tanto o mandado da parte do rei? Então Arioque explicou o caso
a Daniel. E Daniel entrou e pediu ao rei que lhe desse tempo, para que
pudesse dar a interpretação do sonho" (Dan. 2:10-16). Daniel creu que
Deus lhe faria conhecer este segredo para podê-lo referir ao rei, mas não
somente creu, mas também o confessou porque disse ao rei para lhe dar tempo
que lhe o faria conhecer. Também Daniel tinha "o mesmo espírito de fé,
como está escrito: Cri, por isso falei" (2 Cor. 4:13), de facto ele creu
e falou ainda antes de receber o conhecimento daquele segredo. Pelo falar de
Daniel ao rei compreendemos o que significa "a
fé é o firme fundamento das coisas que se esperam" (Heb. 11:1).
Ora, Daniel depois de ter falado ao rei "foi para sua casa, e fez saber
o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, para que pedissem
misericórdia ao Deus do céu, sobre este segredo, a fim de que Daniel e seus
companheiros não perecessem, com o resto dos sábios de Babilônia" (Dan.
2:17,18). Eles oraram a Deus para que lhes fizesse conhecer o que o rei
queria saber e Deus os ouviu. Assim Daniel foi ao rei a dizer-lhe o sonho e a
sua interpretação, e ele, os seus companheiros e todos os sábios de Babilônia
não foram mortos. O nosso Deus ainda é o revelador dos segredos; nós o cremos
firmemente e o proclamamos. Ele com fé pode ser invocado ainda hoje a
propósito de um segredo porque Ele diz: "Clama a mim, e responder-te-ei,
e anunciar-te-ei coisas grandes e impenetráveis, que não sabes" (Jer.
33:3); amados, o que necessitais conhecer acerca da específica vontade de
Deus para vós? Que ministério
cumprir, onde ir pregar o Evangelho, a irmã ou o irmão com quem vos deveis
casar, ou outras coisas particulares? Há no céu um grande Deus que revela os
segredos, invocai-o e obtereis de Deus a revelação da qual necessitais, mas
invocai-o com fé sem duvidar doutra forma não recebereis nada do Senhor. Eu
que vos escrevo o invoquei diversas vezes acerca de coisas específicas que
diziam respeito à especifica vontade de Deus para comigo e Deus me ouviu; Ele
não me desiludiu, porque é fiel. |
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Ø "No ano décimo quarto do rei Ezequias
subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortes de Judá, e
as tomou" (2Re 18:13), e se propôs conquistar também Jerusalém. E
enquanto se encontrava em Laquis enviou os seus servos a Jerusalém para dizer
aos habitantes da cidade santa para se renderem a ele. Os servos de
Senaqueribe falaram "contra o Senhor Deus, e contra Ezequias, o seu
servo" (2Cron. 32:16), e o mesmo rei d’Assiria escreveu também cartas
insultando o Deus de Ezequias dizendo que Ele não poderia libertar o seu povo
da sua mão. Ezequias se encontrou em grande angústia, mas ele não se deixou
atemorizar pelas palavras de Senaqueribe; repousou a sua confiança em Deus e
exortou o povo a não se atemorizar porque Deus estava com eles para combater
as suas batalhas. Ele entrou na casa de Deus e orou a Deus com fé para que
libertasse a cidade da mão do rei da Assíria. Esta é a oração que Ezequias
dirigiu a Deus: "Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas
entre os querubins; tu és o Deus, tu somente, de todos os reinos da terra; tu
fizeste os céus e a terra. Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre,
Senhor, os teus olhos, e olha; e ouve todas as palavras de Senaqueribe, as
quais ele mandou para afrontar o Deus vivo. Verdade é, Senhor, que os reis da
Assíria assolaram todos os países, e suas terras. E lançaram no fogo os seus
deuses; porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e
pedra; por isso os destruíram. Agora pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da
sua mão, para que todos os reinos da terra conheçam que só tu és o
Senhor!" (Is. 37:16-20). Deus respondeu a esta oração feita com fé de
facto "enviou um anjo que destruiu no arraial
do rei da Assíria todos os guerreiros valentes, e os príncipes, e os chefes.
E o rei envergonhado voltou para a sua terra" (2Cron. 32:21). O
rei Ezequias venceu pela fé o exército do rei da Assíria. Também neste caso
um homem experimentou uma grande libertação de Deus pela a sua fé;
simplesmente porque confiou com todo o seu coração em Deus. Na verdade pela
fé que Deus nos deu se podem experimentar poderosas libertações, digo se
podem, porque a fé é necessária exercitá-la no meio da angústia para ver Deus
operar em nosso favor. O soldado pode também ter o escudo mas permanece o
facto que se não o usa quando o inimigo lhe lança as suas setas não lhe será
de nenhuma utilidade. Assim nós, se em necessidade confiamos no braço do
homem e não no braço do Senhor não podemos afirmar que nos estamos opondo ao
diabo com o escudo da fé e isto porque
recusamos colocar a nossa confiança em Deus; podemos dizer ter fé em Deus
com a boca, mas na verdade os homens vendo os factos que testificam o
contrário não poderão afirmar que somos daqueles que têm plena confiança no
seu Deus. Se se diz ter confiança em Deus é necessário também demonstrar com
a própria vida que se confia em Deus; palavras fingidas a gente do mundo
ouvem muitas e por muitas pessoas; procuremos que não as ouçam também de nós! |
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Ø Um outro exemplo de fé que me parece grande é
aquele daquela mulher do fluxo de sangue que pela sua fé no Senhor foi curada
do seu flagelo depois de doze anos de sofrimento. Está escrito: "E certa
mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de sangue, e que havia padecido
muito com muitos médicos, e dispendido tudo quanto tinha, nada lhe
aproveitando isso, antes indo a pior; ouvindo falar de Jesus, veio por
detrás, entre a multidão, e tocou no seu vestido. Porque dizia: Se
tão-somente tocar nos seus vestidos, sararei. E logo se lhe secou a fonte do
seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. E Jesus,
voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou"
(Mar. 5:25-29; Mat. 9:22). Também neste caso uma pessoa que estava em
necessidade e que ninguém podia ajudar
repousou a sua confiança no
Senhor e por meio da sua fé obteve o que desejava. Aquela mulher não duvidou
nem sequer por um instante; tinha ouvido falar de Jesus e das suas obras
poderosas em favor dos enfermos e estava convicta que se tocasse a orla do
seu vestido seria curada. Avançou entre a multidão que apertava Jesus e lhe
tocou no vestido e foi curada no instante; neste caso o escudo da fé se
revelou uma arma poderosa contra a doença. A fé no Senhor se revelou ainda
uma arma invencível contra a qual todas as setas do diabo foram quebradas sem
poder impedir ao crente de receber o cumprimento das promessas de Deus. |
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Ø Por cima de todos os exemplos de fé se ergue
aquele que nos deixou o nosso Senhor Jesus Cristo. A Escritura diz:
"Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem
de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos
rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando
para Jesus, capitão e perfeito exemplo da fé, o qual
pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta, e
assentou-se à destra do trono de Deus" (Heb. 12:1,2). No livro do
profeta Isaías está escrito: "Depois de ter
dado a sua vida em sacrifício pela culpa, ele verá a sua posteridade,
prolongará os seus dias, e a obra do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele
verá o fruto do tormento da sua alma, e ficará satisfeito; pelo seu
conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos" (Is.
53:10,11). Ora, o Senhor sabia que para fazer justos muitos devia primeiro
oferecer-se a si mesmo pelas nossas iniquidades, e portanto devia primeiro
sofrer e depois ressuscitar (de facto Paulo diz que Cristo "ressuscitou
para nossa justificação" [Rom. 4:25]). Ele, sabendo isto
antecipadamente, isto é, tendo este grande gozo diante dele, que muitos pelos
seus sofrimentos seriam conduzidos à glória, pela fé, suportou a cruz
desprezando a afronta. O nosso Senhor não recuou perante a morte mas a
enfrentou pela fé, certo de que o seu Pai não deixaria a sua alma no Hades e
que Ele não lhe faria ver a corrupção. Recordai-vos que também Jesus deveria
ter fé em Deus para cumprir a vontade do Pai e que se nós hoje jubilamos no
Senhor por ter obtido a libertação dos nossos pecados o devemos à fé
inabalável que o Filho de Deus, nos dias da sua carne, teve em Deus seu Pai.
Deus é grande irmãos, tende fé n`Ele no meio das vossas angústias; não deis
lugar à dúvida que o diabo procura pôr-vos na mente porque ela vos
destruiria. |
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Para vos fazer perceber como
duvidando as promessas de Deus resultam ineficazes lembro-vos um episódio que
aconteceu no mar de Tiberíades aos dias de Jesus. Está escrito: "E o
barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era
contrário; mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles;
caminhando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o caminhar sobre o mar,
assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém,
lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E
respondeu-lhe Pedro e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por
cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as
águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e,
começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me. E logo Jesus,
estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que
duvidaste?..." (Mat. 14:24-31). Neste caso o apóstolo Pedro recebeu de
Cristo a ordem de ir a ele sobre as águas e quando ouviu proferir-lhe a
palavra: "Vem" (Mat. 14:29), desceu logo do barco e se pôs a andar
sobre as águas em direcção a Jesus. Mas que sucedeu pouco depois? Sucedeu que
Pedro vendo o vento teve medo e este medo o levou a dúvidar da ordem de
Cristo, e a dúvida o fez afundar nas águas tanto que clamou ao Senhor para
salvá-lo. Como podeis ver Pedro, inicialmente creu e por meio da sua fé andou
sobre as águas mas a seguir duvidou e começou
a submergir. O vento soprava também quando ele cheio de fé começou a
andar sobre as águas, portanto o facto de ele a um certo ponto começar a
submergir na água está a indicar que ele não perseverou na fé até ao fundo
mas se deixou tomar pelo medo de não conseguir. Deste episódio acontecido na
vida de Pedro aprendemos que o escudo da fé durante a nossa vida o devemos
ter sempre à mão para opô-lo aos
nossos inimigos quando estes tentam nos fazer duvidar das promessas de Deus
pelo medo. Sim, porque se é levado a duvidar da fidelidade e do poder de Deus
exactamente pelo medo de não conseguir, de ficar envergonhado ou pelo medo de
ficar sozinho contra todos. Vos recordais dos Israelitas no deserto? Não foi
porventura pelo medo que tiveram dos gigantes, que eles se rebelaram a Deus e
não tiveram confiança no seu nome? Certo, foi exactamente pelo medo que
tiveram que não creram na palavra de Deus e não puderam herdar a terra que
Deus lhes tinha prometido dar. Tende-os presentes diante de vós estes
episódios porque eles fazem entender como à nossa fé em Deus, o diabo opõe a
dúvida destruidora. |
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Amados, nas vossas angústias,
mantei-vos firmes na fé até ao fim, a custo de ficarem sozinhos contra todos,
e vereis as grandes libertações que Deus operará para vós, para a glória do
seu nome; sim, porque Deus vos liberta de todas as vossas angústias para que
o seu nome seja glorificado por meio de vós, conforme está escrito:
"Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me
glorificarás" (Sal. 50:15). |
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"Tomai também o capacete da salvação" (Ef. 6:17). Como o capacete,
o soldado o põe na cabeça, e Paulo diz que devemos tomar "por capacete a
esperança da salvação" (1Tess. 5:8), assim nós nos devemos armar deste pensamento, a saber: que nós
fomos salvos em esperança. Ora, nós que cremos fomos salvos dos nossos pecados
e temos a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor porém permanece o facto
que ainda não obtivemos "a redenção do nosso corpo" (Rom. 8:23);
esta é a razão pela qual nós dizemos de esperar aquela que Paulo chama
"a plena redenção da possessão adquirida" (Ef. 1:14), a qual será
manifestada quando o nosso Senhor Jesus aparecer do céu. É mesmo assim
irmãos; por isso nós filhos de Deus neste tabernáculo, que é a nossa morada
terrena, "gememos" (Rom. 8:23), porque desejamos que o que é mortal
(o nosso corpo) seja revestido da nossa habitação que é celestial. Nós
sabemos que este nosso bom desejo será ouvido na ressurreição dos justos,
quando ao soar da trombeta de Deus os mortos em Cristo ressuscitarão e os
santos que estiverem vivos serão transformados num abrir e fechar de olhos
para ir juntamente com os ressuscitados a encontrar o Senhor nos ares. Aquele
é o dia da nossa salvação que nós vemos aproximar-se rapidamente e que
esperamos ver. É verdade que quando falamos da nossa redenção falamos de uma
coisa que não vemos mas por outro lado não pode ser de outra forma porque
"a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o
esperará?" (Rom. 8:24); mas nós temos a fé que Deus nos deu, a qual é a
certeza de coisas que se esperam, e sustentados por esta fé, com a paciência
produzida pelas nossas tribulações e mediante a consolação das Escrituras nós
esperamos o que não vemos, seguros que o Senhor Jesus nos salvará da ira
vindoura quando naquele dia vier com os anjos do seu poder para nos tomar a
nós seus eleitos para levar-nos ao céu. Para entrar no Paraíso com um corpo
devemos possuir um corpo imortal e incorruptível porque "a carne e o
sangue não podem herdar o reino de Deus" (1Cor. 15:50), e para obtê-lo
devemos esperar aquele dia: Deus estabeleceu assim, é a sua vontade, portanto
irmãos continuemos a esperar o Senhor porque de certo, ele, no tempo fixado
por Deus aparecerá do céu "aos que o esperam para salvação [aos
santos]" (Heb. 9:28) e nos dará um corpo glorioso e poderoso com o qual
poderemos herdar o Reino eterno de nosso Senhor Jesus Cristo. |
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"E a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus" (Ef. 6:17). A
Palavra de Deus é chamada "a espada do Espírito" (Ef. 6:17) porque
ela é inspirada pelo Espírito Santo de facto Pedro diz que "nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca
foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2Ped. 1:20,21); também Paulo
confirma isso, quando diz: "Toda Escritura é
divinamente inspirada" (2Tim. 3:16). Sabei que nós crentes com
esta espada metemos medo aos nossos adversários porque com ela conseguimos
destruir as suas fortalezas, isto é, todos aqueles raciocínios que se
levantam contra o conhecimento de Deus. É com a Palavra de Deus que nós
anulamos todas as falsas doutrinas que o diabo conseguiu introduzir no mundo
e mesmo no seio da irmandade; não há uma falsa doutrina que a Palavra de Deus
não possa destruir, isto é o que nós temos e estamos experimentando; somos
consolados em constatar que não há arma do inimigo que possa resistir perante
esta poderosa espada. Para o adversário
são ruinas quando tenta erguer os seus vãos raciocínios contra a sã
doutrina de Deus, porque a Escritura não pode ser anulada por ele; o diabo se
opõe a ela mas não consegue destruí-la. Irmãos, o conhecimento das Escrituras
é necessário no nosso combate porque nós nos encontramos a combater inimigos
que com a sua astúcia procuram fazer-nos passar a mentira por verdade e a
verdade por mentira e devemos por isso
desembainhar a espada do Espírito e afiá-la contra eles para não sermos
enganados e desviados da verdade. Da eficácia da Palavra de Deus no combate
contra o diabo temos uma clara demonstração na tentação que o Senhor
enfrentou, de facto Jesus Cristo a todas as três tentações do tentador lhe
respondeu com a Palavra de Deus porque por bem três vezes lhe disse:
"Está escrito" (Mat. 4:4,7,10). Jesus citou a lei para se defender
dos ataques do adversário; não procurou persuadir o diabo que não tinha razão
com discursos persuasivos de sabedoria humana ou com excelência de palavras
ou com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com a Palavra de Deus.
Isto nos ensina que ao diabo nos devemos opôr com a palavra de Deus não
adulterada para não ser vencido pelas suas maquinações. Digo com a Palavra de
Deus não adulterada porque o exemplo de Eva no jardim do Éden nos ensina que
fazer oposição ao diabo com a palavra de Deus misturada com a mentira não
serve de nada. Quando a serpente disse a Eva: "É assim que Deus disse:
Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gen. 3:1), a mulher lhe
respondeu assim: "Do fruto das árvores do jardim comeremos. Mas, do
fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele,
nem nele tocareis, para que não morrais" (Gen. 3:2,3). A mulher disse
palavras que Deus não tinha de dito de modo nenhum ao homem, de facto Deus
não tinha dito ao homem para não tocar no fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal, mas só para não comê-lo, enquanto a mulher disse que Deus
também tinha dito para não tocá-lo. Também o facto de a mulher dizer:
"Para que não morrais" (Gen. 3:3) em vez de: ‘Certamente morrerás’,
faz-nos perceber como a mulher fez a ameaça do Senhor um pouco mais fraca do
que aquela que Ele tinha dirigido ao homem. As palavras do Senhor são
poderosas e puras mas se nós as adequamos aos gostos dos outros faremos com
que ela perca o seu poder e pureza por isso devemos estar atentos a citar as
palavras de Deus assim como estão escritas sem procurar amaciar o que não
agrada à carne ou aos rebeldes porque é duro. Considerando as especificas
tentações que enfrentou Jesus, podemos ver como também a lei de Moisés, se
usada legitimamente é uma arma eficaz contra o diabo, e isto nos recorda as palavras de Paulo aos
santos de Roma: "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma,
antes estabelecemos a lei" (Rom. 3:31), e aquelas dirigidas a Timóteo:
"Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente.."
(1Tim. 1:8). Digo isto para reiterar que
a lei é a Palavra de Deus a par das palavras de Jesus e das dos apóstolos, e
que nós não devemos desprezar a lei mas conhecê-la para estar apto a
proclamá-la para destruir tudo o que é contrário à sã doutrina. Também nesta geração existem homens como
Janes e Jambres que contrastam Moisés (a lei de Moisés) afirmando que os
mandamentos que Deus deu a Moisés são inadequados aos tempos. Quando falo dos
mandamentos da lei não me refiro aos relativos às festas judaicas ou ao
sábado ou à circuncisão ou aos alimentos, mas aos que condenam a
incredulidade, o adultério, a falsidade, a mentira, os pecados contra a
natureza, a blasfémia, a feitiçaria (não importa se ela é chamada magia
branca ou negra), e tantas outras iniquidades que são perpetradas sobre a terra,
e que uma certa categoria de pessoas reprovadas quanto à fé e privadas da
verdade chamam coisas boas e úteis aos homens. Irmãos, tomai a palavra da
verdade e embandeirai-a a fim de confutar as perversas doutrinas dos de fora;
levantai-vos em favor do Evangelho demonstrando com a lei e os profetas que
Jesus de Nazaré é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Aquele de quem falaram
Moisés e os profetas; "a palavra de Cristo habite em vós
abundantemente" (Col. 3:16) a fim de tê-la pronta sobre os vossos lábios
para vos opordes aos contradizentes e convencê-los. Guardai-a dentro
de vós para a tirar para fora e
edificar a igreja; sim, porque também vós podeis edificar a igreja, mas o
podeis fazer fazendo uso da verdade e não da mentira. O diabo usa as mentiras
para destruir os santos, mas nós nos opomos a ele com a verdade para destruir
as suas fortalezas e ver os remidos edificados, instruidos, corrigidos, e
consolados pelas Sagradas Escrituras. |
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"Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica pelo Espírito, e
vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por
mim, para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com franqueza,
para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em
cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar"
(Ef. 6:18-20). Por estas palavras se compreende claramente como tanto a
oração feita pelo Espírito Santo como a oração feita com a própria
inteligência são armas eficazes contra os nossos inimigos. A oração é uma
arma como podeis ver; por isso nós dizemos lutar em oração pelos santos,
porque estamos conscientes de combater em seu favor quando oramos por eles.
Quando nós oramos a Deus em favor dos nossos irmãos pedimos a Deus para
fazer, de uma maneira ou de outra, sempre o bem aos santos; exactamente
aquilo que o diabo não quer que eles recebam da mão de Deus. Amados, não
subvalorizeis a oração porque por meio dela os irmãos são ajudados,
consolados, corrigidos, e abençoados pelo Senhor; considerai que vós com as
vossas orações podeis fazer bem a irmãos que não conheceis ou que não vedes
perto de vós enquanto vós orais por eles, a fim de perceber como vós também,
no vosso quarto, em secreto, podeis combater a boa guerra. Sabei que não
combatem a boa guerra somente os que anunciam o caminho da salvação aos
incrédulos nos lugares remotos da terra, ou os que pregam a Palavra no local
de culto, mas também os que oram com fervor em prol de todos os santos; estai
entre estes, por amor do Senhor e do seu povo. O amor para com a irmandade
mostra-se também orando pela irmandade; sabei-o. |
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Mas quero agora debruçar-me sobre aquilo que Paulo disse para pedir a Deus por ele. O apóstolo Paulo desejava anunciar o Evangelho com toda a franqueza e considerava que os santos o poderiam ajudar a pregar com franqueza orando a Deus por ele. Nós também cremos ter necessidade das vossas orações para anunciar com franqueza o mistério do Evangelho, por isso vos pedimos de orar por nós para que possamos anunciar a Palavra como convém. Sim, porque é assim que a Palavra deve ser pregada, e não com discursos persuasivos de sabedoria humana ou com excelência de Palavras para não fazer ineficaz a Palavra de Deus. Alguém dirá: ‘Mas como pode ser feita ineficaz a Palavra?’ A Palavra é feita ineficaz exactamente quando é transmitida com discursos persuasivos de sabedoria humana ou com excelência de palavras porque Paulo escreveu: "Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã" (1Cor. 1:17); portanto o diabo tem todo o interesse de fazer com que a Palavra de Cristo seja anunciada com sabedoria de palavras. E este seu interesse o manifesta porque conseguiu introduzir na pregação da palavra da cruz feita por alguns os elementos que ele sabe, que farão vã a cruz de Cristo, e estes elementos danosos ao Evangelho são os discursos persuasivos de sabedoria humana e a excelência de palavras. Por excelência de palavras se entendem todos aqueles verbos e todas aquelas palavras cujo significado é desconhecido da maioria das pessoas e que são usados muitas vezes e voluntariamente nos seus discursos pelos políticos, os cientistas, os economistas, os professores, os filósofos, e ai de mim, também por alguns que pregam a Palavra, e isto me entristece porque desta maneira a palavra da cruz de Cristo é esvaziada da sua eficácia. Para compreender de que maneira deve ser pregado o Evangelho é suficiente ler como Cristo evangelizava e como pregavam os apóstolos dado que estão transcritas também algumas pregações tanto do apóstolo Pedro como do apóstolo Paulo. Lendo as pregações dos apóstolos se chega à inevitável e inequívoca conclusão que hoje muitos não anunciam a Palavra com a mesma franqueza e com a gravidade que caracterizavam as suas pregações. Hoje, muitos pregam o Evangelho com anedotas e piadas, misturando o sagrado com o profano; parte-se-me o coração ao constatar que são mais sérios alguns falsos profetas quando pregam as suas mentiras que muitos pregadores do Evangelho quando pregam a verdade. É vergonhoso e escandaloso ver pregadores que entretêm o seu auditório com as suas piadas e as suas brincadeiras; e se põem a rir também com gosto das coisas inúteis que dizem e que não edificam de maneira nenhuma! Mas há uma outra coisa que entristece, é que muitos falam, falam, sem conseguir dizer o que deveriam com toda a franqueza dizer, porque enchem as suas pregações com a sua tão amada sabedoria humana. Deus disse a Jerusalém: "O teu vinho se misturou com água" (Is. 1:22); ora, nós sabemos que se o vinho é misturado com água perde o seu sabor original e que quanto mais água se põe menos forte se torna. Não é porventura aquilo a que se assiste hoje? Não é porventura verdade que a Palavra de Deus em muitos casos, em vez de ser anunciada com o Espírito é anunciada com discursos persuasivos de sabedoria humana? Não é porventura verdade que algumas pregações não têm quase nenhum sabor justamente porque estão cheias de coisas inconvenientes? A palavra é menos forte do que aquela que anunciavam os apóstolos, irreconhecível algumas vezes, porque está distorcida por discursos inúteis nos quais têm prazer somente aquela gente que cuida mais da estética que da substância. Quase todos procuram amaciar o que não deve ser amaciado, e de falar apenas de coisas agradáveis; para evitar que o auditório seja abalado, para que quem escuta não se ponha a chorar e não se ponha a clamar: ‘Que devo fazer para ser salvo?’ É tudo diferente da forma como a mensagem do Evangelho era proclamada pelos apóstolos porque também muitos tiraram certas expressões fortes das suas pregações e as fizeram menos fortes também com a cumplicidade de alguns tradutores das Escrituras. É raro ouvir pregar a Cristo e ele crucificado e acerca da sua gloriosa ressurreição como falavam disso os apóstolos porque tem feito raiz no seio da irmandade um particular modo de pregar o Evangelho que não edifica e que difere à vista dos olhos do transcrito. Mas por outro lado para satisfazer os gostos da maioria que quer ouvir coisas agradáveis e não palavras que encutem temor ou medo, é necessário forçosamente aprender a pregar desta maneira! Pelo que se vê parece mesmo que os pecadores na congregação dos justos devem-se sentir cómodos, ou como dizem alguns em sua casa; eles não devem ser tomados por tremor ou pelo medo das chamas eternas e nem ainda se devem sentir tão grandes pecadores diante do nosso Deus. Isto é o que alguns conseguem fazer fazendo também com que os crentes aplaudam para dar umas calorosas boas-vindas aos pecadores ao seu meio! Mas por outro lado, porque estes pregadores falam do pecado à sua maneira fazendo-o passar por nada de tão grave, nada de tão pesado para quem é escravo dele; os se ouve muitas vezes dizer: ‘Vinde a Jesus e ele resolverá todos os vossos problemas e encontrareis nele um grande amigo’, mas nunca: "Convertei-vos dos vossos maus caminhos" (Ez. 33:11), ou: "Salvai-vos desta geração perversa" (Actos 2:40), ou ainda: "Arrependei-vos, e crede no Evangelho" (Mar. 1:15); porque eles não querem parecer aos olhos dos demais ‘demasiados sérios’ ou ‘exagerados’ ou ‘antiquados’ (assim são rotulados por alguns os que exortam os pecadores a se arrependerem) e temem fazer sentir em perigo e em culpa os pecadores. Mas eu vos pergunto: ‘Mas segundo vós os pecadores como se devem sentir?’ Como pessoas que têm somente ais e dores porque não querem ouvir a voz de Deus ou também como pessoas escravas do pecado e de Satanás que podem ser libertadas somente pelo Senhor se se arrependerem e crerem no nome de Jesus Cristo? Arrependimento? Mas parece mesmo que esta geração não se tem que arrepender de nenhum pecado porque é santa, justa e irrepreensível, porque é um vocábulo em desuso nas pregações. Um verbo tão usado nas pregações de Jesus e dos apóstolos hoje é tão desprezado, naturalmente sempre pelo medo de atemorizar os pecadores. Segundo alguns, afinal aos pecadores não é necessário fazê-los perceber que arrependerem-se é uma questão de vida eterna ou de tormento e vergonha eterna, porque pensam ganhar as almas sem lhes falar de arrependimento. Mas como se pode pensar uma tal coisa quando Jesus um dia disse: "Se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis" (Lucas 13:3), e quando a Escritura diz que "se o homem se não converter, Deus afiará a sua espada; já tem armado o seu arco, e está aparelhado; e já para ele preparou armas mortais, e porá em acção as suas setas inflamadas" (Sal. 7:12,13)? Dilectos, os pecadores não devem ser lisonjeados porque assim fazendo se lhes estende uma armadilha diante dos seus pés e os se engana; eles estão sobre o caminho da perdição que conduz ao fogo que nunca se apaga, e não sobre qualquer caminho que no final por alguma parte vai dar ao paraíso de Deus. Eles devem ser conjurados a abandonar o caminho no qual estão e não se lhes deve fazer com que se sintam tranquilos sobre este seu caminho. Considero que é necessário que se volte a pregar o arrependimento das obras mortas com força, sem medo de nada e de ninguém; mas que querem fazer perceber aos pecadores? Que unir-se a nós significa mudar de religião, ou significa somente mudar as práticas relativas ao culto? Nós devemos fazer perceber aos pecadores que unir-se a nós significa unir-se ao povo de Deus adquirido por ele com o seu próprio sangue, e que só o podem fazê-lo arrependendo-se das suas obras mortas e crendo em nosso Senhor Jesus Cristo. É hora de levantar a voz e de pregar o arrependimento para ver almas converterem-se verdadeiramente ao Senhor. Judas diz a todos nós: "Salvai-os, arrebatando-os do fogo" (Judas 23), mas parece que alguns com o seu modo de falar não querem salvar os pecadores arrebatando-os do fogo, porque se alegram em vê-los a rir e confortáveis na congregação dos justos e não em vê-los chorar e a se entristecerem ao ouvir o fim que os espera se não se arrependerem. Mas por outro lado hoje o mote que muitos embandeiram é: ‘Quantos mais somos melhor é!’, porque não pensam em mais nada senão em encher a sua denominação para fazê-la parecer grande e sempre mais prestigiosa aos olhos da sociedade e das outras denominações; quanto mais são numericamente mais seguros e mais poderosos alguns se sentem, não lhes importa nada se as almas que vão ouvi-los não se arrependem porque o importante para eles é que o local no domingo esteja cheio em cada lugar para não trazer desonra ao nome prestigioso da sua denominação. E depois pensam, é melhor não falar de arrependimento e ter as ofertas dos rebeldes, que falar e ver as ofertas diminuir. E que dizer do fogo eterno? É tão raro ouvir falar que parece mesmo ou que desapareceu ou que nunca existiu. No entanto o fogo naquele lugar continua a arder, no entanto foi preparado pelo Senhor para o diabo e para os seus anjos e lá serão lançados no dia do juízo todos aqueles que recusaram obedecer ao Evangelho. Mas então porque é esquecido falar dele, quando é um lugar tão real como qualquer lugar sobre esta terra? Irmãos, quem anuncia o Evangelho deve fazê-lo com o Espírito Santo, com poder e grande convicção para que os pecadores se arrependam dos seus pecados e creiam no Evangelho, portanto orai a Deus pelos seus servos para que lhes conceda isto. Mas quero dizer uma outra coisa, é que se os apóstolos vivessem hoje, pregariam como faziam então e não mudariam o modo de falar para agradar ao seu auditório ou a alguma denominação. Agora, alguns para cativar a amizade e o sustento financeiro de alguns grupos denominacionais não falam mais de toda a sã doutrina de Deus mas somente de uma pequena parte para não ferir o ânimo daqueles que recusam aceitar a outra parte; mas então se é assim, cativemos também a amizade dos pecadores, dos bêbados, dos sedomitas, dos ladrões e dos fornicadores dizendo-lhes apenas que Jesus os amou e deu a sua vida também por eles, e não lhes digamos para se arrependerem das suas obras mortas, e não lhes digamos tampouco que se não se arrependem perecerão no fogo eterno, porque isto poderia irritá-los! Longe de nós isto! Paulo disse aos Gálatas: "Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo" (Gal. 1:10), portanto quem procura o favor de Deus não deixa de anunciar nenhuma parte do conselho de Deus porque a ele não importa nada o favor dos homens; quem ao invés o faz demonstra ter o favor dos homens em mais alta consideração do que o favor de Deus e nisto age mal. João o Batista repreendeu Herodes o Tetrarca por causa de Herodias, mulher de seu irmão, com quem ele se tinha casado (e também por todas as maldades que ele tinha cometido), e não lhe disse: ‘Herodes, escuta, Herodias te é licito tê-la se ela deixou o marido porque ele lhe foi infiel’, ou: ‘Te é licito tê-la se ela e Filipe de mútuo consentimento se decidiram divorciar’, mas disse-lhe: "Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão!" (Mar. 6:18), e basta; e por esta razão Herodias lhe guardava rancor e desejava matá-lo. Certamente, se João tivesse procurado o favor dos homens ou o do próprio Herodes que vivia em adultério não repreenderia Herodes daquela maneira. Também Jesus se tivesse procurado o favor dos homens não chamaria Deus seu Pai, e não teria repreendido também os escribas e os Fariseus por causa da sua maldade e hipocrisia. O apóstolo Paulo sabia que os filósofos gregos não criam na ressurreição dos mortos, mas isso não obstante em Atenas, quando teve a oportunidade de falar no Aerópago não procurou não mencioná-la por medo da reacção dos Atenienses e dos forasteiros que o ouviam. Diante de Félix, o governador, quando este o mandou chamar o apóstolo falou com franqueza da justiça, da temperança e do juízo vindouro tanto que Félix todo atemorizado o enviou de volta. Paulo não lisonjeou de modo nenhum Félix porque não foi tomado pelo medo de que lhe falar daquela maneira poderia significar atrair a sua inimizade e até mesmo permanecer na prisão ainda mais tempo do que o previsto. Em Cesaréia, na sala de audiências, diante do rei Agripa e de Berenice e dos tribunos e dos principais da cidade Paulo falou com franqueza da forma como se tinha convertido ao Senhor e como o Senhor Jesus lhe tinha aparecido numa visão e lhe tinha falado não preocupado de qual seria a reacção daqueles que o ouviam. E o tempo não chegaria se falasse de como falaram os profetas ao povo de Israel, aos seus chefes, aos seus sacerdotes, aos seus pastores que tinham abandonado o Senhor e a sua lei. Mas sabeis porque os profetas sofreram escárnios, castigos, cadeias e prisões e muitos deles foram mortos à espada e apedrejados? Porque falaram com franqueza da parte de Deus, sem omitir nada daquilo que Deus lhes mandava dizer ao povo teimoso e rebelde. Se quereis saber o que significa falar com franqueza ide ler aquilo que disseram os antigos profetas aos rebeldes e percebereis como eles exposeram as suas vidas e as arriscaram precisamente porque com toda a franqueza disseram ao povo o que devia fazer e o que devia deixar de fazer para agradar a Deus. Mas que piada alguma vez disseram os profetas aos rebeldes para alegrá-los? |