O
batismo com o Espírito Santo |
A promessa do Espírito feita pelo Pai e
confirmada pelo Filho |
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Jesus Cristo depois de ser ressuscitado dos mortos apareceu aos seus
discípulos, e se fez ver por eles por quarenta dias. E pouco antes de ter
subido ao céu para a direita de Deus, ordenou aos apóstolos "que não se
ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse
ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós
sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias"
(Actos 1:4,5). Portanto Ele por promessa do Pai
entende o batismo com o Espírito Santo. Vamos portanto explicar o que
tinha prometido Deus, qual era esta sua promessa, a fim de compreender bem o
batismo com o Espírito Santo. Deus, debaixo do antigo concerto, tinha dito
que viriam dias nos quais Ele derramaria o Espírito Santo sobre a casa de
Israel, de facto Ele disse por Isaías a Israel:
"Ouve...ó Israel, a quem escolhi!...derramarei o meu Espírito sobre a
tua posteridade " (Is. 44:1,3). Esta promessa, Deus a confirmou através
de Ezequiel (cfr. Ez. 39:28,29), e também através do profeta Zacarias (cfr. Zac. 12:10).
Então o Senhor tinha prometido de abençoar o povo que antes
conheceu, derramando sobre ele o seu Santo Espírito. Mas o Senhor não
disse que derramaria o seu Espírito só sobre Israel, mas também sobre nós
Gentios de nascença, de facto Ele disse através do profeta Joel: "E nos
últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda
a carne; e os vossos filhos a as vossas filhas
profetizarão..." (Actos 2:17; Joel 2:28). Como
podeis ver, Deus, dizendo: "Sobre toda a carne" (Actos 2:17), anunciou que Ele não faria quaisquer acepção de
pessoas, mas daria o Espírito Santo a todos, tanto Judeus como Gentios. Vimos pois que Deus pelos profetas prometeu que enviaria o
Espírito Santo sobre toda a carne. Vejamos agora em que circunstâncias
e de que forma Jesus confirmou e anunciou o derramamento do Espírito Santo,
porque como dissemos os seus discípulos ouviram a promessa
do Pai por ele. |
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Jesus confirmou e anunciou o
derramamento do Espírito um dia em Jerusalém, durante a
festa dos Tabernáculos, quando exclamou: "Se alguém tem sede, venha a
mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura,
rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que
haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora
dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado" (João 7:37-39). Como podeis ver a
expressão "como diz a Escritura" (João 7:38) demonstra como já nos
oráculos que receberam os antigos profetas estava a promessa do Espírito
Santo; coisa esta que vimos pouco atrás. Mas porque é que Jesus falou de rios de água viva em relação ao Espírito
Santo que seria dado? Porque os profetas falaram do derramamento do
Espírito também sob a forma de derramamento de água sobre solo seco e árido. Isaías por exemplo disse da parte de Deus:
"Derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca... porei um
caminho no deserto, e rios no ermo. Os animais do campo me
servirão, os chacais e os filhos do avestruz: porque porei águas no deserto,
e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu eleito... Os aflitos e
necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas
eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus de Israel os não desampararei. Abrirei rios em lugares altos e fontes no meio dos vales;
tornarei o deserto em tanques de águas, e a terra seca em mananciais... Então
os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas
arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a terra seca se
transformará em tanques, e a terra sedenta em mananciais de águas... E serás
como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam"
(Is. 44:3; 43:19,20; 41:17,18; 35:6,7; 58:11). Como
podeis ver, Deus prometeu que derramaria águas sobre o deserto e que faria
abrir rios e fontes no meio de terra árida e
sedenta. E qual é a água que pode matar a sede à alma sedenta, senão a viva
que dá o nosso Senhor Jesus Cristo aos que vão a ele
e que é o Espírito Santo que quando entra no coração do crente se torna um
manancial de água que jorra para a vida eterna? Mas como é necessário que
primeiro chova sobre um deserto, para ver rios e mananciais surgir no meio dele, assim era necessário que o Espírito Santo
fosse derramado para que rios de água viva corressem do ventre dos crentes em
Cristo Jesus. Os rios de água viva de que falou a
Escritura são pois o Espírito Santo que recebem todos os que crêem nele; sim,
porque, para receber o Espírito Santo é indespensável crer em Jesus Cristo.
Paulo confirma isto quando diz aos Efésios: "Em quem também vós estais,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa" (Ef. 1:13), e aos Gálatas:
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós...
para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito" (Gal. 3:13,14). As palavras de Paulo confirmam pois plenamente as
de Cristo: "Quem crê em mim, como diz a
Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (João 7:38). Uma outra coisa importante por dizer em relação às referidas
palavras de Jesus é que quando Jesus pronunciou aquelas palavras, o Espírito
Santo não tinha sido ainda dado, porque Jesus não tinha ainda subido
ao céu. Em outras palavras para que fosse dado o
Espírito Santo era necessário que Jesus fosse primeiro glorificado, isto é,
para que o Espírito Santo fosse derramado, era necessário que Jesus morresse,
ressuscitasse, e deixa-se este mundo para voltar a seu Pai que o tinha
enviado (portanto a promessa do Pai não se podia cumprir enquanto Jesus
estava ainda sobre a terra). |
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Jesus
confirmou e anunciou o derramamento do Espírito também na noite em que foi
traido, naquela noite de facto mencionou muitas vezes a vinda do
Espírito Santo. Ele disse por exemplo: "E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre, o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê
nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em
vós" (João 14:16-17), e: "Mas, quando vier o Consolador, que eu da
parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do
Pai, ele testificará de mim. E vós também testeficareis, pois estivestes
comigo desde o princípio" (João 15:26-27), e
ainda: "Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se
eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, enviar-vo-lo-ei.
E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do
juízo" (João 16:7-8). Estas últimas palavras
confirmam aquilo que dissemos antes, isto é,
para que o Espírito Santo fosse dado era
necessário que Jesus fosse glorificado. E de facto a promessa do Espírito se
cumpriu dias depois da assunção de Jesus, mais precisamente no dia de Pentecostes. |
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Alguém a
este ponto dirá: ‘Mas se o Espírito Santo não tinha sido ainda dado, e os
seus discípulos não o receberam até que Jesus não subiu ao céu, e até que não
chegou o dia de Pentecostes, porque é que está escrito que quando Jesus
apareceu aos seus discípulos, disse-lhes: Recebei o Espírito Santo? ’ Porque
quando Jesus disse aos seus discípulos, no dia em
que ele ressuscitou: "Recebei o Espírito Santo" (João 20:22), os
discípulos receberam uma certa medida (ou porção) do Espírito Santo, mas não
a plenitude do Espírito Santo (isto é, não foram cheios dele), porque a
plenitude do Espírito se obtém quando se é batizado com o Espírito Santo, e
os discípulos quando Jesus lhes disse aquelas palavras não foram batizados
com o Espírito Santo. Tu dirás então: ‘Mas porque é
que os discípulos não foram batizados com o Espirito Santo naquela ocasião?’
Porque Jesus, quarenta dias depois de ter ressuscitado, disse-lhes: "Vós
sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias"
(Actos 1:5). Como podiam de facto os seus discípulos terem sido batizados com
o Espírito naquele dia em que lhes apareceu Jesus, se o próprio Jesus
quarenta dias depois lhes disse que seriam batizados
com o Espírito não muito depois daqueles dias? Que sentido teria tido as suas
palavras? Nenhum. |
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O
cumprimento da promessa no dia de Pentecostes |
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Jesus pois disse aos seus
discípulos que eles seriam batizados com o Espírito Santo não muito depois
daqueles dias (repito, ele disse isto quarenta dias depois da Páscoa). E
assim aconteceu: no dia de Pentecostes, que segundo
a lei vem sete semanas depois da Páscoa, os discípulos enquanto se encontravam
reunidos a orar foram batizados com o Espírito Santo. Mas o que aconteceu
naquele dia? Aconteceu que enquanto todos estavam juntos no
mesmo lugar, às nove da manhã, "de repente veio do céu um som, como de
um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam
assentados. E foram vistas por
eles línguas rapartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um
deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar
noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem"
(Actos 2:2-4). Debrucemo-nos agora
sobre o que aconteceu no momento em que os discípulos foram cheios de
Espírito Santo. Lucas diz que quando todos os discípulos foram cheios
do Espírito, "começaram a falar noutras línguas" (Actos 2:4). Cerca das nove da manhã daquele dia de Pentecostes,
os discípulos receberam o Espírito Santo, e dos seus ventres começaram a
correr ‘rios de palavras santas’ em línguas a eles
desconhecidas. |
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O sinal das línguas |
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Um fenómeno
novo, aquele de falar em novas línguas que nunca se tinha verificado antes
daquele dia. Debaixo do antigo concerto, é verdade, quando o Espírito
Santo vinha sobre alguém ou se pousava sobre alguém, acontecia alguma coisa
de particular. No caso de Sansão, por exemplo, todas as
vezes que o Espírito vinha sobre ele, lhe conferia uma força sobrenatural, no
caso dos setenta anciãos de Israel eles profetizaram (cfr. Num. 11:25), no caso de Saúl o Espírito o fez profetizar junto
com os profetas (cfr. 1 Sam. 10:10), no caso de
Zacarias, filho do sacerdote Jeoiada, o fez profetizar contra o povo (cfr. 2
Cron. 24:20). Mas nunca ninguém se
tinha posto a falar em outras línguas quando o Espírito pousava sobre ele.
Isto começou a verificar-se só a partir daquele dia de Pentecostes em diante,
e só sobre aqueles (nenhum excluido) sobre os quais descia o Espírito Santo. Eles começavam no momento em que o Espírito descia sobre eles a
falar em novas línguas. Isto é confirmado por estes factos transcritos
por Lucas no seu segundo livro a Teófilo. "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito
Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os
fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também
sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus"
(Actos 10:44-46); o apóstolo Pedro, nesta
circunstância se encontrava em casa de Cornélio, um centurião romano, e
estava falando para um grupo de Gentios, e enquanto lhes anunciava o
Evangelho, o Espírito caiu sobre aqueles Gentios, e eles começaram a falar em
outras línguas. Os Judeus crentes que tinham ido com Pedro a casa de
Cornélio, ficaram maravilhados ao ver que o Espírito Santo também era
derramado por Deus sobre os Gentios, porque pensavam que a promessa do Espírito fosse só para os Judeus de nascença, e não
também para os Gentios. Mas como é que aqueles crentes da circuncisão
perceberam que Deus tinha dado o Espírito Santo também àqueles Gentios? O perceberam porque de repente, enquanto Pedro falava, os ouviram
falar em outras línguas. Eis invés o que aconteceu em Éfeso; Paulo
"chegou a Éfeso; e achando ali alguns
discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja
Espírito Santo. Perguntou-lhes
então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. Mas
Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo
ao povo que cresse no que após ele havia de vir,
isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre
eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam" (Actos 19:1-6). Aqueles que Paulo encontrou em Éfeso eram
discípulos do Senhor, portanto crentes, e Paulo perguntou-lhes se tinham
recebido o Espírito Santo quando tinham crido; ora, alguém dirá: ‘Mas quando se crê se recebe o Espírito Santo, porque é
que então Paulo fez esta pergunta àqueles discípulos?’ Porque ‘Ter recebido o
Espírito Santo’, segundo aquilo que ensina a Escritura, significa ter sido
cheio de Espírito Santo, ou, dito em outras palavras, ter sido batizado com o
Espírito Santo. Se se recebesse o Espírito Santo quando se
crê, Paulo não teria feito aquela pergunta àqueles crentes. Quando se crê se recebe a remissão dos pecados e a vida eterna,
mas não se recebe automaticamente o Espírito Santo, isto é, não se é batizado
com o Espirito Santo. Aquilo que quero dizer é que o
batismo com o Espírito Santo é uma experiência que se segue ao novo
nascimento, e que o novo nascimento e o batismo com o Espírito Santo são duas
experiências diferentes entre si, porque quando se nasce de novo se é
purificado dos pecados, enquanto quando se é batizado com o Espírito Santo se
recebe poder do alto e se começa a falar em outras línguas. Notai que
aqueles crentes de Éfeso não disseram a Paulo: ‘Não,
não o recebemos ainda’, mas: ‘nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo’. Paulo compreendeu da sua resposta que eles ainda não tinham
recebido o Espírito Santo e depois que ele percebeu que tinham sido batizados
pelo batismo de João, aqueles crentes foram batizados na água em nome
de Jesus; e depois de Paulo ter-lhes imposto as mãos eles receberam o
Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas e a profetizar. No caso
destes cerca de doze discípulos, eles não só falavam em outras línguas,
depois que o Espírito Santo desceu sobre eles, mas profetizavam também; isso nos ensina que quando um crente recebe o Espírito
Santo, começa a falar em outra língua, mas pode também profetizar se o
Espírito lhe concede de profetizar. Alguns sustentam que estas passagens não
são suficientes para testificar que quando se recebe o Espírito Santo se
começa a falar em outra língua; pois bem, nós dizemos ao invés que estas
passagens acabadas de citar, juntamente com aquelas que falam do que
aconteceu no dia de Pentecostes em Jerusalém, são
suficientes para afirmar que se alguém recebeu o Espírito Santo,
necessariamente fala em outra língua, mas também que se alguém não fala em
outra língua pelo Espírito, ainda não recebeu o Espírito Santo (isto é, a
plenitude do Espírito). |
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O Espírito Santo é dado por Deus quando e como Ele quer |
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O Espírito
Santo é dom de Deus, portanto não o se pode ganhar e nem ainda merecer.
As Escrituras que testificam que é dom de Deus são estas:
"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo,
para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo" (Actos 2:38); "E os fiéis que eram da circuncisão, todos
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito
Santo se derramasse também sobre os gentios.." (Actos 10:45); "que nos deu (Deus) também o
dom do seu Santo Espírito" (1 Tess. 4:8). Dado pois que o Espírito Santo
é dom de Deus é lícito pedi-lo a Deus, conforme está escrito: "Pois se
vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará
o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (Lucas
11:13). Alguém dirá: ‘Mas
Deus dá logo o seu Espírito a quem lhe o pede?’; se por logo se entende no
mesmo dia em que pela primeira vez o se pede a Deus, devo responder: ‘Algumas
vezes sim, outras não’. Deus fez todas as coisas belas a
seu tempo, portanto, seja quando Ele o dá logo, seja quando Ele o dá depois
de algum tempo, nós sabemos que o Espírito desce sobre os crentes no
tempo fixado por Deus e não pelos homens. ‘Mas como dá o Espírito Santo?’
Algumas vezes mediante a imposição das mãos e outras
vezes sem. Um pouco em suma como fazia antigamente: da facto os crentes de
Samaria, os cerca de doze discípulos de Éfeso, Timóteo e Saulo de Tarso
receberam o Espírito Santo mediante a imposição das
mãos conforme está escrito: "Então lhes impuseram as mãos, e receberam o
Espírito Santo" (Actos 8:17); "E impondo-lhes Paulo as mãos, veio
sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. E estes eram, ao todo, uns doze varões" (Actos
19:6,7); "Te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela
imposição das minhas mãos" (2 Tim. 1:6);
"E Ananias foi, e entrou em casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão
Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou,
para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo " (Actos 9:17).
Enquanto os cerca de cento e vinte no dia de
Pentecostes o receberam sem a imposição das mãos; e assim também Cornélio e
aqueles de sua casa conforme está escrito: "E, dizendo Pedro ainda estas
palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo
com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também
sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus"
(Actos 10:44-46). |
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A utilidade do batismo com
o Espírito Santo |
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Dissemos até este momento que o
batismo com o Espírito Santo é para todos os crentes, sejam eles Hebreus ou
Gentios, que ele é uma experiência distinta do novo nascimento, que se recebe
de Deus pela fé gratuitamente, que o se pode receber seja com ou sem a imposição das mãos, e que quando o se recebe, o Espírito
concede de falar em outras línguas. Mas vamos agora dizer porque é que o
batismo com o Espírito Santo é necessário a um
crente. |
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Ele é necessário porque confere
poder a quem o recebe conforme o que disse Jesus: "Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós..."
(Actos 1:8) e: "E eis que sobre vós envio a
promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto
sejais revestidos de poder" (Lucas 24:49), portanto, não é admissível
que alguém diga ter recebido o Espírito Santo, e ao mesmo tempo diga não ter
recebido poder do alto. Quem recebeu o batismo com o
Espírito Santo recebeu forçosamente
também poder do alto. Mas poder para fazer o quê? Poder para testemunhar o Evangelho, poder para o homem interior para
que se fortifique, poder para enfrentar melhor a luta contra o diabo e
todas as suas maquinações. A propósito disso, é preciso de facto ter presente
que o Espírito Santo "ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o
que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede
pelos santos" (Rom. 8:26,27). Mas de que
maneira acontece isso? Eis a
explicação. Ora, como dissemos antes, quem é batizado com o
Espírito Santo começa a falar em outra língua a Deus, pelo Espírito Santo.
Mas o que diz a Deus? Paulo diz
que "em espírito fala de mistérios" (1 Cor. 14:2). Mas em que
consistem estes mistérios? Por vezes são intercessões que o Espírito faz
pelos santos. Quem ora pelo Espírito, isto é, quem ora em outra língua, fala
em espírito mistérios, e isto porque o Espírito Santo naquele momento
intercede pelos santos, lembrando a Deus para fazer coisas em seu favor que
estão encobertas a quem ora em outra língua. "Não sabemos o que havemos
de pedir como convém" (Rom. 8:26) significa de facto que nós não sabemos
o que pedir a Deus de particular para cada um dos santos de Deus (que
conhecemos ou que não conhecemos, que estão perto de nós ou longe de nós), e
isto porque o nosso conhecimento é limitado (nisto consiste as nossas
fraquezas). Por exemplo, nós não sabemos qual é a específica necessidade na
qual um crente (que conhecemos ou que nunca conhecemos) se está a encontrar
de repente, nos é desconhecido, mas aquilo que não sabemos nós, o sabe o
Espírito de Deus que conhece todas as coisas porque é omnisciente. Que faz
então o Espírito Santo? Nos vem em socorro (ajuda a nossa falta de
conhecimento) fazendo intercessões específicas por aquele crente, pela boca
dos santos; isto é o que acontece quando alguém ora em outra língua. Os
gemidos inexprimíveis são aqueles gemidos que faz fazer o Espírito Santo
enquanto alguém ora em outra língua. Paulo disse que é o Espírito "que
segundo Deus intercede pelos santos" (Rom. 8:27); isso significa que o
Espírito pede a Deus para fazer coisas em nosso favor que são segundo a
vontade de Deus para conosco, em outras palavras Ele pede a Deus coisas de
que nós temos necessidade e que entram no querer de Deus para a nossa vida. João
diz: "E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma
coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em
tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos"
(1 João 5:14,15); uma das circunstâncias em que se pede a Deus alguma coisa
que é segundo a sua vontade, é quando se ora em outra língua (isto é, pelo
Espírito), e isto porque o Espírito intercede por nós segundo Deus. O batismo com o Espírito Santo é necessário pois recebê-lo
também para se poder orar a Deus em outra língua. Porque pois ficar admirado
se a doutrina do batismo com o Espírito Santo é feita passar por alguns como
uma doutrina que não deve ser ensinada à igreja nestes dias? Não é porventura
verdade que o diabo se lança com furor contra qualquer doutrina verdadeira
que ensinada e aceitada contribui à edificação da Igreja de Deus? E porque pois ficar admirado se os que recebem o Espírito
Santo e começam a falar em outra língua, começam a sofrer perseguições e
ultrajes de todo o género (por vezes até de crentes que não conhecem nem as
Escrituras e nem o poder de Deus)? Não é porventura verdade que o diabo
procura desencorajar os filhos de Deus de fazer todas as coisas – neste caso
de falar em outras línguas - que se opõem eficazmente aos principados, às
potestades, aos dominadores deste mundo de trevas e às forças espirituais do
mal que estão nos lugares celestiais? A oração feita
pelo Espírito é uma arma poderosa de que a Igreja foi equipada por Deus para
combater a boa guerra, portanto não vos maravilheis se Satanás com a sua
astúcia seja bem sucedido a privar
alguns crentes desta arma, fazendo-lhes crer que as línguas não são de Deus,
ou que não são úteis, ou que cessaram. Sabei que se a
doutrina do batismo com o Espírito Santo fosse uma doutrina falsa ela se manifestaria
tal e não poderia contribuir à edificação da igreja de Deus e à
salvação de muitas almas, e além disso Deus não confirmaria esta doutrina
desta maneira tão poderosa e tão maravilhosa. O batismo com o Espírito Santo
confere poder e amor aos santos, e lhes abre o caminho para aceder aos dons
do Espírito Santo, por isso os nossos inimigos fazem
de tudo para que ele não seja ensinado e não seja desejado pelos crentes. Mas
graças sejam dadas a Deus porque o batismo com o Espírito Santo, embora tenha
encontrado e encontre ainda uma grande oposição, é
ensinado com zelo ainda hoje por todo o mundo; mas não só, ele é ainda
recebido e o efeito que ele produz é o mesmo daquele que produziu nos antigos
discípulos. Àquele que ainda hoje na sua fidelidade batiza
com o Espírito Santo, seja a glória eternamente. Amen. |
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Um
advertimento |
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Bem conhecendo a situação
existente no meio da Igreja também nesta nação sou obrigado
a dar uma palavra de advertimento
aos que buscam o batismo com o Espírito Santo. |
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Hoje no seio de muitas igrejas se põe tanto ênfase sobre falar em
outras línguas como sinal que acompanha o batismo com o Espírito Santo, que
muitos crentes arrastados por muitos pastores e pregadores se põem por eles
mesmos a falar em outras línguas, ou melhor começam a proferir silabas e
vocábulos para fazer crer aos outros crentes de ter recebido o Espírito
Santo. Evidentemente porém eles não receberam nada. Estão
só enganando ou foram enganados, porque em muitos casos são os condutores que
põem estranhas palavras na boca destes crentes ou lhes dizem mesmo
para começar a dizer uma palavra e depois outra e assim por diante. E assim estes crentes se iludem pensando ter recebido o batismo
com o Espírito Santo. Naturalmente antes deles se
iludiram os seus condutores, porque é evidente que se os condutores ensinam a
seguir esta prática também eles a seguiram. Esta é
uma coisa que se arrasta por décadas e que produziu os seus amargos e
nefastos frutos. |
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Então irmãos,
aquilo que deveis fazer, além de orar com fé a Deus para dar-vos o Espírito
Santo é esperar confiantes sem nenhuma ansiedade que o Espírito Santo
venha sobre vós e vos inspire Ele a
falar em outras línguas. Não vos preocupeis com nada,
porque será o Espírito Santo a fazer-vos falar em outras línguas. Vós tereis apenas que abrir a boca, mas quem vos fará falar é o
Espírito Santo. Para fazer-vos compreender isto com um exemplo,
tomarei o exemplo de um endemoninhado. Ora, há pessoas
agitadas por espíritos malignos que quando são possuidas por um ou mais
espíritos malignos começam a falar e a dizer coisas que elas não sabem
e não querem dizer, e isto porque o espírito maligno se possui da sua boca e
lhe faz dizer aquilo que ele quer. Ora, quando ao invés o
Espírito de Deus que é santo e bom vem sobre uma pessoa acontece uma coisa
semelhante, porque Ele se possui do orgão vocal da pessoa e a faz
falar em outras línguas, e se esta é a sua vontade também profetizar; tudo
depende da sua vontade. Portanto, sabendo isso, é de
todo inútil o esforço para juntar palavras que parecem estrangeiras mas
são só o fruto da própria imaginação; é preciso esperar que seja o Espírito
Santo a fazer-vos falar. |
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Alguém
porventura lendo estas palavras, chegue à incontroversa conclusão de ser um
dos que é vítima deste engano. A este quero
dizer isto: Fazes bem em reconhecer isto, portanto pára de proferir as palavras
absurdas que tens inventado e espera de ser batizado com o Espírito Santo. |