4. Quando se fala em línguas quem
é que fala, o crente? E por que fala para
si mesmo? Por que através do falar em línguas se edifica a
si mesmo e o que acontece? |
Certamente quem fala em outras línguas é o crente; as seguintes passagens bíblicas o testificam claramente: "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (Actos 2:4), e também: " … os ouviam falar línguas… " (Actos 10:46), e ainda: "… o que fala em outra língua não fala aos homens, mas a Deus … " (1 Cor. 14:2), para citar algumas das muitas passagens. Deve ser todavia dito que embora seja o crente a falar em outra língua, as palavras são pronunciadas mediante o Espírito Santo que está nele e que o move a proferir essas palavras desconhecidas. Quando por exemplo no dia de Pentecostes os cerca de cento e vinte foram cheios de Espírito Santo está dito que começaram a falar noutras línguas "conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem". Portanto aquelas expressões que eles proferiram vinham do Espírito Santo. Em outras palavras o crente se põe a falar mediante o Espírito de Deus. Que é assim é confirmado pelo facto de Paulo ao exortar a orar em outra língua dizer: " … com toda a oração e súplica pelo Espírito …." (Ef. 6:18), e Judas: "… orando pelo Espírito Santo " (Judas 20). Eis por que o crente cheio de Espírito Santo está seguro de proferir palavras santas e justas quando ora em outra língua, porque sabe que elas são proferidas pelo Espírito de Deus que é santo. Disse ‘pelo Espírito’ porque a Escritura diz também: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis; e Aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos" (Rom. 8:26-27). Como podeis ver nestas palavras está dito que é o Espírito que ora ou intercede. Para sermos completos porém sobre este ponto é preciso dizer também que há também uma parte realizada pelo espírito do homem neste orar, de facto Paulo diz: "Se eu orar em outra língua, bem ora o meu espírito, mas o meu entendimento fica infrutífero" (1 Cor. 14:14). Portanto o Espírito Santo ora juntamente com o nosso espírito. |
Agora, vejamos a segunda questão. Com base em quanto diz Paulo o falar em outra língua é dirigido a Deus e não aos homens, ele diz de facto que quem fala em outra língua não fala aos homens mas a Deus (cfr. 1 Cor. 14:2). Não vimos porventura pouco atrás que quem fala em outra língua ora a Deus? Portanto no caso do falar em outras línguas ser interpretado, a interpretação que resultará dele não consistirá numa exortação dirigida a todos os presentes ou só a algum dos presentes, mas numa oração (ou num cântico espiritual ou numa acção de graças dirigida a Deus). Obviamente também no caso do falar em línguas não ser interpretado a direcção desse falar é ainda para Deus. Naturalmente isto significa implicitamente que o crente que fala noutra língua não fala para si mesmo. |
Como se explica então o facto de Paulo dizer que se na igreja depois que falaram noutra língua dois ou três e não há quem interprete "estejam calados na igreja, e falem para si mesmos, e para Deus" (1 Cor. 14:28)? Se explica assim: esse falar para si mesmos e para Deus não é para se entender como um falar em línguas porque se é verdade que no caso do falar para Deus o falar em línguas poderia também estar contido, não poderia porém estar contido no falar para si mesmos porque doutra forma Paulo se contradiria. O crente pois neste caso deve – em voz baixa - falar na sua língua conhecida tanto para si mesmo como para Deus. |
Vejamos agora a terceira questão. Quem fala em outra língua edifica-se a si mesmo porque faz uma coisa justa, santa, e pura, mediante o Espírito de Deus. Quando dizemos que ele edifica-se a si mesmo queremos dizer que ele se fortifica através desta experiência espiritual, ou seja, ele adquire novas forças. Para usar um termo de comparação terreno (com todos os seus limites naturalmente), é como se o crente nesse momento recarregasse as baterias que estavam um pouco descarregadas. E este ‘recarregamento’ ele o sente de maneira real. Aliás se nos sentimos recarregados, espiritualmente falando, depois de termos orado e cantado para Deus na nossa língua, não nos deve surpreender que este ‘recarregamento’ aconteça também no caso do orar e do cantar para Deus sejam efectuados noutra língua. |