7. Por que é que vós Evangélicos não reconheceis no papa a Cabeça (ou o Chefe) da Igreja universal como sucessor do apóstolo Pedro?


Porque o apóstolo Pedro não foi de modo nenhum constituído chefe da Igreja por Jesus Cristo e portanto Ele não pôde transmitir a nenhum sucessor este cargo.

Se se lerem atentamente os Escritos do Novo Testamento se verá que o chefe da Igreja é um só, a saber, Jesus Cristo que agora está à direita de Deus Pai. Este conceito é algo que é testificado por Paulo. Eis as suas declarações em mérito.

Ele diz aos Efésios que Deus ressuscitou o seu Filho e o fez assentar à sua direita acima de todo o principado e autoridade e potestade e domínio, e de todo outro nome que se nomeia não só neste mundo, mas também no vindouro e que Ele "sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef. 1:22,23); e também: "Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef. 4:15), e: "Cristo é a cabeça da Igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo" (Ef. 5:23). Portanto, como a cabeça da mulher é uma só, a saber, o seu marido, assim a cabeça da Igreja (que é mulher do Cordeiro) é uma só, a saber, Cristo, o seu esposo, e nenhum outro.

Aos Colossenses Paulo diz: "E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência" (Col. 1:17,18). Por isso a Igreja de Deus não tem duas cabeças, das quais uma está no céu e outra está na terra; ou uma invisível e outra visível, mas uma só e Ela está no céu à direita de Deus e pela fé no coração de todos aqueles que o receberam como seu pessoal Senhor e Salvador.

Aquele pois que vós chamais papa, peca de presunção proclamando-se Chefe da Igreja, não tendo recebido de Deus este título tão excelso. 'Chefe da Igreja' é um título que o actual papa herdou do seu predecessor que por sua vez o tinha herdado do seu predecessor e assim por diante.

O primeiro presumido sucessor de Pedro que se arrogou este título ou, seja como for, o cargo de pastor de todas as igrejas foi Leão I dito Magno (440-461) - que muitos chamam o primeiro 'papa' - o qual sustentava abertamente e com grande força que Jesus concedeu a Pedro o primado (ou a preeminência) da dignidade apostólica, que passou depois ao bispo de Roma ao qual compete o cuidado de todas as igrejas. Este título se reforçou notavelmente no século sétimo quando o imperador Focas, em 607, para retribuir a amizade e as adulações que lhe dirigia o bispo de Roma reconheceu a supremacia da ‘sede apostólica de Pedro sobre todas as igrejas’ (caput omnium ecclesiarum) e proibiu ao patriarca de Constantinopla usar o título de ‘universal’ (de facto este patriarca se tinha arrogado este título) que desde aquele momento devia ser reservado só ao bispo de Roma, que então era Bonifácio III e que à diferença de Gregório Magno (o predecessor de Bonifácio III), e esquecendo o que o seu predecessor tinha declarado a tal propósito (Gregório Magno tinha dito que o bispo que se arrogava o título de 'bispo universal' era precursor do anticristo e que nenhum cristão deve ter este nome de blasfémia), não recusou fazer-se chamar ‘bispo universal’. Este reconhecimento Focas o concedeu porque se encontrava em polémica com o patriarca bizantino Ciríaco e quis desta maneira desacreditá-lo em Roma, e dado que era odiado em Bizâncio procurava ser amado em Roma. Era tido em tão grande honra Focas pelos Romanos que estes em 608 elevaram aos pés do Campidoglio uma coluna montando em cima uma estátua de Focas em bronze dourado, tendo na base uma inscrição em honra do 'clementíssimo e piíssimo imperador, triunfador perpétuo, coroado por Deus sempre Augusto'.



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