5. Por que é que vós Evangélicos não credes nos santos?


Por que dizeis que nós não cremos nos santos? Nós cremos nos santos. É necessário porém que vos explique algumas coisas a tal propósito a fim de vos fazer entender bem a nossa posição sobre os santos.

A primeira é que segundo a Escritura todos aqueles que creram no Senhor Jesus Cristo são santos porque eles foram santificados por Deus pelo Espírito de Deus e pelo corpo de Cristo (cfr. 2 Tess. 2:13; 1 Ped. 1:2; Heb. 9:10). Portanto nós não aceitamos a canonização papal através da qual depois de um longo e laborioso exame da vida e das obras do interessado em questão, e sobretudo depois que o morto fez pelo menos dois milagres, a pessoa morta em odor de santidade é, depois de ter sido proclamada beata, canonizada santa e portanto inscrita no catálogo dos santos que podem ser invocados universalmente por todos. Esta chamada canonização é simplesmente uma invenção humana, uma das muitas invenções humanas presentes na Igreja católica romana. Outra coisa a dizer é que quando nós falamos dos santos já mortos nos referimos apenas a pessoas que morreram em Cristo, portanto que foram habitar no céu com o Senhor. Pelo que não aceitamos todos aqueles vossos santos que sobre a terra eram dados à idolatria, às mais variadas superstições, e que ensinavam que a salvação se merece com as obras, que depois de morto há um purgatório, que Maria é a mãe de Deus etc.; por exemplo os vossos Carlos Borromeu e Afonso Maria de Ligório. Todos eles não eram santos sobre a terra, mas apenas pecadores que quando morreram foram para o inferno à espera do juízo do grande dia. Outra coisa que quero dizer é que quando nós falamos dos santos nos referimos de particular modo aos apóstolos, e a todos aqueles discípulos antigos cujos nomes estão transcritos no Novo Testamento, pelo que quando dizemos que cremos neles queremos dizer que eles existiram, que viveram uma vida digna do Evangelho e que morreram no Senhor. Obviamente no caso dos apóstolos queremos dizer também que cremos em tudo o que eles ensinaram da parte de Deus seja por palavra ou com uma sua epístola.

O que porém nós não cremos a propósito dos santos que estão no céu é que possam rogar por nós ou proteger-nos, ou que nos possam ouvir se lhes orarmos. Por que não cremos nisto? Porque a Escritura afirma que há "um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus homem" (1 Tim. 2:5), pelo que a única verdadeira e real intercessão por nós no céu a faz só Cristo, nenhum outro. Ele toma as nossas orações que nós dirigimos ao Pai em seu nome e as apresenta ao seu Pai; nenhum outro senão ele ou além dele. Nem Maria, nem Pedro, nem Paulo, nem João e por aí fora. Porventura alguém poderia ser induzido a dizer que são necessários outros intercessores no céu, além de Jesus, porque o Senhor sozinho não pode dar ouvidos a todas as orações dirigidas em seu nome!! A este quero dizer que isso é falso porque Jesus depois que foi ressuscitado disse que lhe tinha sido dado todo o poder no céu e na terra (cfr. Mat. 28:18), e na epístola aos Hebreus está escrito claramente que Jesus dado que permanece eternamente tem um sacerdócio que não se transmite e "pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Heb. 7:25). Se pois está escrito que Jesus tem todo o poder também no céu e que pode salvar perfeitamente os que se chegam a Deus através dele, é inadmissível pensar ou dizer que ele tenha necessidade de uma fileira de intercessores ao seu lado para ajudá-lo na sua obra de mediação. E não só inadmissível, mas também injurioso para ele.

E depois é preciso notar que se Pedro, Paulo, João e por aí fora, pudessem ouvir as orações de todos os Cristãos que estão na terra, e não só, mas também vir em seu socorro do céu onde se encontram, isto significaria que eles depois de mortos tornaram-se omnipotentes, omnipresentes e omniscientes (ou quase). Uma coisa do género é absurdo pensá-la. Portanto as orações os santos que estão no céu não as ouvem, e por isso é completamente inútil dirigirmo-nos a eles para que nos recomendem junto de Deus. Como é inútil dirigirmo-nos a eles para que nos façam esta ou aquela outra graça. As graças as faz apenas Deus mediante Cristo; Paulo, João, Pedro, José não podem fazer absolutamente nada em nosso favor; nem proteger-nos, nem curar-nos, nem guiar-nos, nem consolar-nos, nem dar-nos o que o nosso coração deseja. Deus é aquele que nos protege de todo o mal, que nos guarda do maligno seja de dia ou de noite, que nos liberta de todas as nossas aflições, que nos concede o que o nosso coração deseja, que nos guia nos seus caminhos, que nos fortifica e nos consola, que nos cura de todas as nossas doenças, e que nos liberta da ira vindoura. Só a Ele portanto nós invocamos com fé, só a Ele apresentamos as nossas orações e em nome do seu Filho Jesus Cristo, e só d`Ele esperamos a resposta que sabemos chega sempre no momento oportuno e que chega em virtude da intercessão do seu Filho. E é por isso que nós só a Deus damos graças em Cristo Jesus; porque Ele é Aquele que ouve as nossas súplicas. A ele seja a glória agora e eternamente. Amen.

Vós pois, ó Católicos Romanos, que ainda invocais Maria, José, Paulo, Pedro e por aí fora, deixai de fazê-lo, e ponde-vos a invocar só Deus Pai através de Cristo. Invocai-o antes de tudo para que vos perdoe todas as vossas iniquidades, e depois quando Ele vos responder saí da Igreja Católica Romana e uni-vos a uma Igreja Evangélica que anuncia todo o conselho de Deus. Quando Deus vos tiver perdoado percebereis como só Ele é digno de ser invocado, e aprendereis a invocar só Ele em todas as vossas angústias deixando portanto de invocar Maria, José, e os outros santos, prática esta que aos olhos de Deus é idolatria.



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