4. Por que é que muitos crentes não querem retribuir o serviço que lhes é dirigido pelos ministros do Evangelho?


Esta é uma pergunta que tem uma só resposta, a saber, porque são avarentos, amantes do dinheiro, e pensam que repartir dos seus bens materiais com aquele que os instrui seja danoso, seja o equivalente a deitar o dinheiro pela janela fora. Infelizmente hoje no seio da irmandade há muito amor pelo dinheiro, são muitos aqueles que procuram enriquecer materialmente, acumular o mais possível sobre esta terra, e que recusam abrir a sua mão para sustentar materialmente aqueles que anunciam o Evangelho e os instruem, coisa esta que é expressamente ordenada pela Escritura quando diz: "O que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui" (Gal. 6:6). Mas estes esqueceram esta ordem de Deus, a lançaram para trás das suas costas. No seu coração não há o mínimo desejo de repartir o seu dinheiro com quem os instrui, para estes os ministros do Evangelho têm só o dever de pregar o Evangelho como convém e de ensinar a Palavra de Deus, eles, pelo contrário, têm só o direito de serem servidos e bem! Pela Palavra de Deus porém aqueles que anunciam o Evangelho e labutam na pregação e no ensino têm também o direito de viver do Evangelho, pelo que têm o direito de não trabalhar para se dedicarem a tempo inteiro à pregação e ao ensino da Palavra, e quem recebe o benefício do seu ministério tem o dever de ajudá-lo economicamente. Não dizia porventura o apóstolo Paulo aos Coríntios: "Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? Porventura digo eu isto como homem? Ou não diz a lei também o mesmo? Pois na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca do boi quando debulha. Porventura está Deus cuidando dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materiais? (…) Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho" (1 Cor. 9:7-14)? Se cuide que este viver do Evangelho é um direito que os ministros têm no Evangelho, com efeito, assim Paulo o definiu pouco mais à frente (cfr. 1 Cor. 9:18). Mas os avarentos pisam o direito no Evangelho que têm os ministros do Evangelho, escarnecendo dele. O dinheiro o têm em abundância, não lhes falta, mas recusam dar uma parte dele e de maneira regular aos servos de Deus (e se fazem ver que também eles dão, dão-lhes as suas migalhas e murmurando, de má vontade). Eles pensam que seja melhor investi-lo em vestidos de luxo, em bijutaria, em casas, em carros de luxo, em televisões, em divertimentos, em férias, do que utilizá-lo para suprir as necessidades daqueles que os instruem. 'Deus proverá, irmão', são capazes de dizer-te; esquecendo que Deus se usa precisamente dos seus filhos para sustentar materialmente os seus cooperadores. Certo, por que não? Por vezes Deus se usa também de pessoas do mundo e de anjos mas permanece o facto de que na maior parte dos casos se usará dos crentes para suprir as necessidades dos seus ministros. Estes são também capazes de dizer-te: 'Tu deves dar de graça irmão, o que recebeste de Deus', bem dito, digo eu; mas quero recordar-vos que Jesus depois de ter dito aos seus apóstolos: "De graça recebestes, de graça dai" (Mat. 10:8), lhes disse também: "Digno é o trabalhador do seu alimento" (Mat. 10:10), e aos setenta disse que "digno é o trabalhador do seu salário" (Lucas 10:7). Portanto o facto de o servo do Senhor dever oferecer-vos de graça a sabedoria e o poder recebido de Deus, e de pôr gratuitamente ao vosso serviço os seus dons, não vos dá nenhum direito, e repito nenhum, de não considerá-lo digno da vossa concreta ajuda material e financeira. O servo de Deus não deve pois pedir compensações e estabelecer tarifas para as prestações espirituais a vosso favor, mas ele tem o direito de receber as vossas ofertas em dinheiro para viver ele e a sua família. Mas está aqui o ponto que vos dói, avarentos, que não suportais: vós não gostais que se diga que o trabalhador do Senhor é digno do seu salário. Mas dizei-me só uma coisa, vós obstinados de coração: 'Se um de vós trabalhasse um mês inteiro para alguém na sua vinha e por este seu trabalho não fosse considerado digno nem do seu alimento como nem do seu pagamento, que diríeis vós?' vos agradaria? Não é que porventura pegaríeis todas aquelas passagens bíblicas onde se condenam aqueles que fazem trabalhar os seus servos em vão, defraudando-os do seu salário? Estou seguro que seríeis os primeiros a dizer que tendes o direito ao vosso pagamento mensal e que este direito foi pisado!' Sabei que com aqueles que vos servem instruindo-vos é a mesma coisa: se vós não os considerais dignos de um pagamento vós pisais o seu direito.

Vos advirto porém que Deus não vos terá por inocentes, porque mereceis o seu castigo. Não vos iludais, Deus a seu tempo vos fará colher os frutos amargos da vossa avareza. Continuai, continuai a fingir que não vedes; Deus vos tomará o vosso dinheiro e vo-lo fará perder como se tivésseis os bolsos furados. A seu tempo perdereis o que deveríeis ter dado aos seus servos; ou melhor, muito mais. Quem não ajunta comigo espalha, disse Jesus (cfr. Lucas 11:23).



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