Os dons de
ministério |
Introdução |
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Está escrito: "Há um só
corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em
uma só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos"
(Ef. 4:4-6). Irmãos no Senhor, vós sois membros do corpo de Cristo, sois
membros dele desde que crestes no nome do Filho de Deus porque estando unidos
ao Senhor pela vossa fé vos tornastes um só espírito com ele. |
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Nós todos que cremos no Senhor,
formamos um único corpo, temos uma única esperança, a da glória, para a qual
Deus nos chamou; temos uma mesma fé; temos um mesmo Espírito, o da adopção
pelo qual clamamos: Aba! Pai!; recebemos um mesmo batismo, o ministrado por
imersão na água em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; temos um único
Senhor, Jesus Cristo, que Deus ressuscitou dos mortos; e temos um único Pai,
o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Nenhum de nós tem do que se gloriar
diante de Deus, porque todos fomos salvos pela graça de Deus, e não em
virtude de boas obras que tivessemos feito; "mas a graça foi dada a cada
um de nós segundo a medida do dom de Cristo" (Ef. 4:7), isso significa
que cada um de nós tem o seu próprio dom de Deus e consequentemente, como
temos dons diferentes uns dos outros, assim não cumprimos todos o mesmo
serviço na casa de Deus. |
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Está escrito: "E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e
outros como evangelistas, e outros como pastores e doutores, tendo em vista o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura
perfeita de Cristo; para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados
ao redor por todo o vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela
astúcia tendente à maquinação do erro; antes, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef. 4:11-15).
Começando a falar dos dons de ministério, é necessário dizer que "há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo"
(1 Cor. 12:5), portanto os ministérios que Deus constituiu na sua igreja são
diferentes uns dos outros, mas apesar de serem diferentes no que concerne à
sua função, são conferidos pelo mesmo Senhor aos que são chamados por Deus ao
ministério. Os ministros de Deus sabem ter recebido do Senhor dons diferentes
e reconhecem também que a cada um deles a graça foi dada segundo a medida do
dom de Cristo. Como podeis ver é chamada ‘a medida do dom de Cristo’, porque
todo o dom de ministério é dado por Cristo Jesus conforme está escrito:
"Ele... deu dons aos homens" (Ef.
4:8; Sal. 68:18); os dons de ministério descem também eles do alto porque
está escrito: "Toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto" (Tiago 1:17). Uma escola bíblica não pode
conferir um ministério porque é Deus aquele que opera em nós tanto o querer
como o efectuar segundo a sua boa vontade, e porque é Ele mesmo que
estabelece um crente num determinado ofício e não os homens. Escuta, irmão:
‘Se tu recebeste um dom de ministério do Senhor, os outros irmãos não poderão
não reconhecer a autenticidade dele e não poderão não reconhecer que Deus
operou em ti para estabelecer-te seu ministro naquele ofício particular; quem
o reconhecer te poderá encorajar a prosseguir pelo caminho em que tu estás,
poderá dar-te bons conselhos que farás bem em seguir (se conformes a vontade
de Deus para ti); poderás também aprender sãos ensinamentos por um outro
ministro de Deus, mas permanece o facto de que quem opera dentro de um homem
para fazê-lo perfeito em todo o bem, para que cumpra um ministério é Deus. A
instrução de uma escola bíblica não é de modo nenhum indispensável e vos
exorto a não considerá-la como tal; quem julga a inscrição numa escola
bíblica coisa indispensável para receber um ministério de Deus e para
cumpri-lo não é são na fé porque demonstra não considerar o dom de ministério
sobrenatural, e nem ainda como uma capacidade que Cristo confere ao seu
servo, mas como uma capacidade que se pode adquirir numa escola como qualquer
outra capacidade humana, e isso é um erro. Mas então, o que leva muitos a
inscreverem-se numa escola bíblica? Muitos daqueles que vão para a escola
bíblica, não foram de modo nenhum chamados por Deus para cumprir um
ministério, e isso é manifesto; mas está de facto que eles vão para lá na
mesma, com o objectivo bem preciso de receber o diploma daquela escola. Mas
porque é que este bocado de papel,
chamado diploma, é tido em tão grande consideração e tão desejado por eles?
Porque no seio de toda a organização religiosa que se respeite, os títulos e
os reconhecimentos dados pelos homens a outros homens (mesmo se não
correspondem à verdade) têm o seu peso e a sua importância. |
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No momento em que aqueles que
têm os lugares de comando no seio de uma denominação dizem: ‘Para ser pastor
é necessário ter o diploma da escola bíblica’, estai certos que muitos (entre
os quais até mesmo alguém que não é de modo nenhum nascido de novo) se
sentirão impelidos (não pelo
Senhor mas pela sua inveja e pela sua vanglória) a inscreverem-se naquela
escola. Hoje, é suficiente ter um diploma e um número de pessoas ao seu
seguimento, para serem considerados pastores. Podes ser mesmo um mercenário
que não cuida de maneira nenhuma das ovelhas, isso não impedirá a muitos de
te chamarem pastor, porque tu fostes reconhecido como tal pelo vértice da
organização. Alguns ambicionam o título de pastor porque ter este título
significa ter uma posição ‘prestigiosa’ no meio da organização de que fazem
parte e de que estão tão orgulhosos de fazer parte. É assim mesmo; está fora
de dúvida que muitos homens corruptos, sem escrúpulos, através da escola
bíblica, conseguiram com toda a sorte de engano receber o título de pastor (o
título, não o ministério de pastor porque nunca foi recebido de Deus) e
infiltrar-se na igreja. Eles têm o seu diploma, fizeram os seus estudos,
tiveram os seus exames, fizeram o seu estágio, e por isso cumprem a regra;
estão sobre a cátedra, naquele lugar tão invejado aos outros por muitos anos;
agora são livres de se moverem, de manifestar a sua cobiça, porque sabem que
dificilmente serão expulsos da organização. |
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Paulo disse dele e dos seus
cooperadores que eram ministros do Evangelho: "Não
que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas
a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser
ministros de um novo pacto" (2 Cor. 3:5,6); como podeis ver,
Paulo e os seus cooperadores foram capacitados de ser ministros do novo pacto
por Deus e não por outros homens, portanto é errado pensar que uma escola
bíblica pode comunicar a capacidade de pregar ou a de ensinar a Palavra do
Senhor. Nós chegamos, também por experiência, à conclusão que se Deus não dá
uma determinada capacidade a um seu filho, este, mesmo se frequentar uma
escola bíblica continuará a permanecer privado daquela capacidade. |
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Agora examinemos como Deus
operou em Paulo, para compreender como é Deus que opera naqueles que escolheu
para cumprir um ministério ou mais do que um ministério (como no caso de
Paulo). |
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Paulo de Tarso, quanto à carne,
viveu Fariseu e foi criado aos pés
de Gamaliel, educado na rígida observância da lei dos pais. Um dia, quando
ele ia para Damasco, para perseguir os discípulos do Senhor, teve uma visão
em que lhe apareceu Jesus, que lhe disse: "Te apareci por isto, para te
pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas
pelas quais te aparecerei ainda" (Actos 26:16). Saulo, antes que Jesus
lhe aparecesse naquele caminho, era um perseguidor da igreja mas a seguir
àquela visão se converteu ao Senhor. Na visão que Saulo teve, Jesus lhe
disse: "Te apareci por isto, para te pôr por ministro" (Actos
26:16), isso significa que Paulo foi estabelecido ministro do Evangelho pelo
Senhor e não pelos homens. Paulo confirmou ter recebido o ministério do
Senhor, com estas palavras que ele dirigiu anos depois aos anciãos da igreja
de Éfeso: "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que
cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor
Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus" (Actos 20:24). |
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Depois que o Senhor lhe
apareceu e lhe falou, Saulo foi conduzido a Damasco e aqui depois de três
dias e três noites, durante os quais não comeu e não bebeu e durante os quais
ficou sem ver, o Senhor lhe enviou um discípulo de nome Ananias para que ele
recuperasse a vista e recebesse o Espírito Santo. "E esteve Saulo alguns
dias com os discípulos que estavam em Damasco. E logo nas sinagogas pregava a
Jesus, que este era o Filho de Deus" (Actos 9:19,20). Saulo não tinha
aindo conhecido nenhum dos apóstolos do Senhor, mas já pregava com franqueza
nas sinagogas de Damasco; Deus tinha começado a sua obra em Paulo. A este
ponto é necessário dizer duas coisas: a primeira é que Paulo, quando Deus lhe
revelou o seu Filho, não consultou carne e sangue e não subiu a Jerusalém
para estar com os que já antes dele eram apóstolos, de facto ele escreveu aos
Gálatas: "Mas, quando aprouve a Deus, que
desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar
seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei
carne e sangue, nem subi a Jerusalém para estar com os que já antes de mim
eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco"
(Gal. 1:15-17); a segunda é que o Evangelho que Paulo anunciava, não o tinha
aprendido por nenhum homem, e de facto disse aos Gálatas: "Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim
foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi, nem
aprendi de homem algum, mas o recebi por revelação de Jesus Cristo"
(Gal. 1:11,12). Tudo isto poderá parecer estranho e incompreensível, mas é a
verdade, e demonstra que Deus pode fazer, pelo seu poder que opera em nós,
infinitamente além daquilo que pedimos ou pensamos. Cuidai que o facto de
Paulo não ter recebido o Evangelho de algum homem não significa que os
doutores não são necessários na igreja ou que todos aqueles que Deus chama
para pregar o Evangelho recebem o Evangelho por revelação de Jesus Cristo;
digo isto para que ninguém se engane. |
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Paulo subiu a Jerusalém só
passados três anos para visitar Cefas e esteve com ele quinze dias; nesta
ocasião não viu "nenhum outro dos apóstolos,
senão a Tiago, irmão do Senhor" (Gal. 1:19). Também em Jerusalém
Paulo "pregava ousadamente em nome do Senhor"
(Actos 9:29) e como os gregos "procuravam
matá-lo..os irmãos, porém, quando o
souberam, acompanharam-no até Cesaréia e o enviaram a Tarso"
(Actos 9:29,30). |
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Em Tarso, Paulo esteve um certo
tempo, depois Barnabé (que entretanto tinha sido enviado a Antioquia da
Síria) foi procurá-lo a Tarso, e encontrando-o, o conduziu a Antioquia,
"e sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita
gente" (Actos 11:26). Paulo tinha sido constituído doutor dos Gentios
por Cristo, e alguns anos depois já ensinava os santos juntamente com Barnabé
em Antioquia. Paulo subiu de novo a Jerusalém depois noutra altura e desta
vez subiu com Barnabé e com Tito, a seguir a uma revelação. Ele já pregava o
Evangelho aos Gentios quando subiu a Jerusalém. Acerca do seu encontro com
Tiago, Cefas e João, que ele chamou "aqueles que pareciam ser alguma
coisa" (Gal. 2:6), ele disse: "Nada me comunicaram; antes, pelo
contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado,
como a Pedro o da circuncisão (porque Aquele que operou eficazmente em Pedro
para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para
com os Gentios), e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como
as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão
comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos Gentios, e eles à
circuncisão" (Gal. 2:6-9). O que vos quero fazer notar é que Tiago,
Cefas e João reconheceram que Deus tinha operado em Paulo para constituí-lo
apóstolo dos Gentios e também viram a graça de Deus que estava com Paulo, e
por isso deram a ele e a Barnabé as destras em comunhão na evangelização; não
puderam fazer doutra forma aqueles santos apóstolos cheios de sabedoria. Quis
também falar deste encontro que Paulo teve com os que eram considerados
colunas, para mostrar-vos como os sábios e sinceros ministros de Deus
reconhecem um outro ministro de Deus, mesmo se com este o Senhor agiu de uma
maneira diferente, e o recebem (mesmo se não tem carta de recomendação ou a
‘carteirinha’) porque vêem a graça de Deus com ele. No entanto Paulo não
tinha estado com Jesus aqueles cerca de três anos, no entanto não tinha
aprendido o Evangelho por nenhum homem! Reflecti sobre estas coisas. |
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Deus ainda hoje, com alguns,
opera de uma maneira particular (estranha para alguns, incompreensível para
outros, mas absolutamente normal para Deus) para estabelece-los ministros; e
isto o faz para demonstrar aos orgulhosos, aos vangloriosos e aos soberbos
(àqueles que pensam que sem a formação teológica de uma escola bíblica,
reconhecida pela denominação ou até pelo Estado, alguém não possa receber um
ministério e não possa ser capaz de cumprí-lo), que Ele não mudou mas
permanece o mesmo nos séculos. Deus sabe como humilhar e envergonhar os que
se exaltam e a seu tempo o faz. Graças a Deus por aqueles irmãos pobres,
definidos pelos sábios segundo a carne ‘homens iletrados e indoutos’, que não
sabem o que quer dizer ‘homilética’, que porventura as únicas palavras gregas
que conhecem são Christòs e Paraclèto, que porventura do Hebraico não sabem
quase nada senão Mashiah, mas foram estabelecidos ministros do Evangelho por
Deus, foram ungidos por Deus com o Espírito Santo e cheios da sabedoria de
Deus. Eles têm uma conduta exemplar e quando falam, falam com sinceridade da
parte de Deus; eles não se assemelham a filósofos quando falam, e nem ainda
aos que fazem discursos persuasivos de sabedoria humana para explicar as
coisas relativas ao Reino de Deus. |
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Hoje, alguns se fazem chamar
pastores, doutores, evangelistas, mas não são capazes de falar da doutrina de
Deus e do Evangelho senão com folhas diante da sua face ou postas no meio das
Escrituras ou decorando aquilo que devem dizer para depois recitá-lo em
público; só assim conseguem alinhavar um discurso, são tão vazios da Palavra
de Deus que se lhes tirais os seus apontamentos não são mais capazes de
pregar, porque a palavra de Cristo não habita neles ricamente; o seu coração
está exercitado na cobiça e não em receber com mansidão a Palavra. De Jesus,
os Judeus quando o ouviam ensinar se maravilhavam e diziam: "Como sabe este letras, sem ter estudado?"
(João 7:15); hoje, se vêem e ouvem muitos nas comunidades que fizeram muitos
estudos mas não conhecem as Escrituras. |
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Um homem carpinteiro pôs em
alvoroço Israel em apenas três
anos. Ele não tinha sido ensinado por nenhum doutor da lei, antes já na idade
de doze anos era ele a interrogá-los "e todos
os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas"
(Lucas 2:47); hoje nas igrejas, adultos de muitos anos na fé fazem ficar
atónito pela sua ignorância e falta de conhecimento das coisas relativas ao
Reino de Deus. Sim irmãos, é assim, e este espectáculo vergonhoso que puseram
em pé os vangloriosos e os soberbos está diante dos nossos olhos; os
responsáveis são os que procuram a glória dos homens e não a de Deus, são
aqueles que querem a sabedoria humana mas recusam a sabedoria de Deus, são
sábios segundo este mundo, na realidade sabem filosofia, sabem grego, sabem
hebraico, conhecem as leis da física, da economia, mas não conhecem as
Escrituras, não conhecem o poder de Deus, não conhecem os caminhos santos de
Deus. Estes têm domínio sobre o povo de Deus em virtude da sua posição social
e da sua capacidade oratória superior à media, mas são falsos e faladores
vãos; não conseguem falar com franqueza mas só com discursos persuasivos da
sabedoria humana ou com a excelência de palavras que tanto amam e buscam para
parecerem inteligentes e espirituais. Ah! Que miseráveis são estes; pensam
que quanto mais complicada for a sua pregação, quanto mais artificioso for o
seu discurso mais edificante será, mas se enganam, se iludem. As igrejas em
que pregam estão sedentas de ouvir a Palavra de Deus pregada com franqueza
porque do púlpito não ouvem mais do que discursos cheios de palavras
excelentes e incompreensíveis em muitos pontos para quem não fez muita
escola; mas não vedes estas coisas? Os seus discursos são ordenados, subdivididos em diversos pontos que eles
chamam conforme se iniciam as palavras que querem comentar, ‘letra A’, ‘letra
B’ etc..., mas que discursos bem preparados! Mas eles não edificam; é
hora de o Senhor operar também nesta nação como operou antigamente em Israel
através dos apóstolos e a minha oração e o meu desejo é que o faça rapidamente, suscitando ainda homens
fiéis e santos, cheios de Espírito e de sabedoria, e estendendo a sua mão
para confirmar a sua palavra com sinais e prodígios, para que a sua Palavra
seja celebrada e para que quem pensa de ser sábio torne-se louco para a
glória de Deus. |
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Vos lembrais daquilo que em Nazaré diziam de Jesus? Está escrito:
"Começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam,
dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi
dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?" (Mar. 6:2). Jesus
teve aquelas coisas de Deus; a sabedoria que tinha lhe foi dada por Deus e as
maravilhas feitas pelas suas mãos eram a manifestação do Espírito de Deus,
mas qual diploma? Mas que folhas esvoaçantes tinha nas mãos Jesus para
pregar? Não tinha nada de tudo isso, mas tinha aquilo que um ministro de Deus
deve ter, o poder de Deus e a sabedoria de Deus, a fim de edificar a igreja
de Deus. |
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Deus fez de homens como Pedro, André, Tiago e João que eram pescadores
apóstolos, ministros do Evangelho; eles não eram sábios segundo a carne, de
facto quando Pedro e João compareceram diante dos principais sacerdotes e dos
anciãos, estes perceberam que "eram homens
iletrados e indoutos" (Actos 4:13), mas não obstante isso o
Espírito Santo falou por meio deles e operou poderosamente através deles. Considerai
o que vos digo: quando nós fazemos a leitura das epístolas de Simão Pedro e
das de João, nós lemos o que escreveram homens que de profissão eram
pescadores. Eles não eram engenheiros ou professores que podiam exibir
‘diplomas’, mas simples pescadores; mas nós somos edificados ao ler as
epístolas destes dois apóstolos, enquanto não somos edificados ao ouvir falar
aquelas pessoas muito instruídas quando procuram explicar as coisas de Deus
com palavras ensinadas pela sabedoria humana. |
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Irmãos, recordai-vos que Noé era agricultor mas também um "pregador
da justiça" (2 Ped. 2:5); Amós, que foi estabelecido profeta por
Deus "estava entre os pastores de
Tecoa" (Amós 1:1) e isso o confirmou ele mesmo quando disse:
"Era…boieiro, e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o
gado, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel" (Amós
7:14,15); Eliseu (que Elias ungiu como
profeta em seu lugar por ordem de Deus), quando Elias o encontrou, estava
"lavrando com doze juntas de bois adiante
dele, e ele estava com a duodécima" (1 Re 19:19); Jeremias quando
foi constituído sobre as nações e sobre os reinos para arrancar, para
derrubar, para destruir, para arruinar, para edificar e para plantar, não era
mais que um menino. Também nesta geração Deus tomou lavradores, pescadores,
carpinteiros, lixeiros, sapateiros e muitos outros que possuiam um nível de
instrução muito baixo (alguns até analfabetos), e fez deles ministros do
Evangelho capazes de pregar com franqueza, com poder e em plena convicção (a
alguns deles Deus deu também os dons de curar e o dom de poder de operar
milagres), e isto para envergonhar os que se julgam sábios e poderosos, para
que eles não se gloriem na sua presença. |
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O apóstolo |
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Pelo que respeita ao ministério de apóstolo, é necessário dizer que o
apóstolo é o enviado, ou seja, aquele que é enviado pelo Espírito Santo a
pregar a Palavra de Deus a um povo. |
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Tomemos por exemplo os doze discípulos de Jesus que foram por ele
estabelecidos apóstolos e enviados por ele a pregar o Reino de Deus a Israel. |
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Lucas diz: "E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e
passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus
discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos:
Simão, ao qual também chamou Pedro e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e
Bartolomeu; e Mateus e Tomé; Tiago, de Alfeu; e Simão, chamado Zelote; e
Judas de Tiago; e Judas Iscariotes, que foi o traidor" (Lucas 6:12-16);
como podeis ver os doze não tomaram de eles mesmos a honra de ser chamados
apóstolos, mas a tiveram de Cristo Jesus. Notai também que nem todos os que
se tinham tornado discípulos de Jesus foram por ele constituídos apóstolos
porque isso confirma que nem todos na igreja podem ser chamados apóstolos,
mas só os que receberam este ministério do Senhor. Jesus constituiu os doze
apóstolos para enviá-los a pregar, e na realidade os enviou a pregar o Reino de
Deus com o poder de expulsar os demónios e de sarar qualquer doença, poder
que ele mesmo lhes deu, conforme está escrito: "Reunindo
os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem
doenças" (Lucas 9:1). |
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Depois que o Espírito Santo desceu sobre os discípulos no dia de
Pentecostes, houveram outros homens que foram estabelecidos apóstolos pelo
Senhor, entre os quais Paulo e Barnabé. Está escrito: "E na igreja que
estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores: Barnabé e Simeão,
chamado Niger, e Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o
tetrarca, e Saulo. E enquanto celebravam o culto do Senhor e jejuavam,
o Espírito Santo disse: Separai-me a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois de ter jejuado e orado,
imposeram-lhes as mãos, e os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e
dali navegaram para Chipre..." (Actos 13:1-4); notai que Paulo e
Barnabé exercitavam já um ministério na igreja de Antioquia, o de doutor e
isto é confirmado também pela Escritura que diz: "Ensinaram muita
gente" (Actos 11:26). Um dia, enquanto Barnabé, Simeão, Lúcio cireneu,
Manaém e Saulo celebravam o culto do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo
falou e disse: "Separai-me a Barnabé e a Saulo
para a obra a que os tenho chamado" (Actos 13:2); esta ordem foi
dirigida aos que estavam reunidos com Barnabé e Saulo, os quais obedeceram,
separando-os. Entre aqueles cinco ministros de Deus, o Espírito Santo
escolheu apenas Barnabé e Saulo para aquela determinada obra, se bem que os
cinco fossem todos ministros de Deus, e isto nos faz compreender que o Senhor
opera as suas escolhas segundo o conselho da sua vontade, confiando a quem
ele quer uma determinada obra a cumprir. Uma outra coisa que quereria que
natasseis é que Barnabé e Saulo são chamados apóstolos (conforme está
escrito: "Os apóstolos Barnabé e Paulo" [Actos 14:14]) exactamente
porque eles foram "enviados pelo Espírito Santo" (Actos 13:4) a
pregar o Evangelho. Pelo que concerne a Paulo, é necessário dizer que Jesus
Cristo, quando tempos antes lhe tinha aparecido em visão quando orava no
templo, lhe tinha dito: "Vai, porque eu te
enviarei para longe, aos Gentios" (Actos 22:21); vos recordo isto
para que reconheceis que foi quando Paulo estava em Antioquia que se
cumpriram estas palavras que o Senhor lhe tinha dirigido tempo atrás, de
facto o Senhor enviou Paulo aos Gentios mediante aquela revelação dada em
Antioquia. Os apóstolos Paulo e Barnabé fundaram diversas igrejas durante as
suas viagens, muitos foram salvos, muitos foram batizados com o Espírito
Santo e Deus deu testemunho da Palavra da sua graça, concedendo que pelas
suas mãos se fizessem sinais e prodígios. Muito tempo depois, eles voltaram a
Antioquia e "reuniram a igreja, relataram tudo
quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a porta da fé"
(Actos 14:27). |
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Esta viagem de Paulo e Barnabé,
assim como nos foi referida por Lucas, nos faz compreender bem qual é a obra
que um apóstolo faz. |
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Entre os outros apóstolos
mencionados pela Escritura estão também Silvano e Timóteo que eram
cooperadores de Paulo; que também eles eram apóstolos de Cristo, se percebe
por estas palavras de Paulo aos Tessalonicenses. Paulo, depois de ter dito no
início da sua primeira epístola: "Paulo,
Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses..." (1 Tess.
1:1), disse àqueles crentes: "E não buscamos glória dos homens, nem de
vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos
pesados..." (1 Tess. 2:6). |
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Paulo disse aos santos de Roma:
"Saudai a Andronico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na
prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim
em Cristo" (Rom. 16:7), portanto também estes dois irmãos eram apóstolos.
"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos" (1 Cor.
12:28), por isso nós devemos reconhecer o ministério de apóstolo. |
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Termino de falar-vos deste
ministério, dizendo-vos que hoje assim como há os apóstolos de Cristo também
há os falsos apóstolos que se transfiguram em apóstolos de Cristo. No seio da
igreja de Corinto se tinham infiltrado falsos apóstolos, de facto Paulo,
escrevendo àquela igreja, disse daqueles: "Porque tais falsos apóstolos
são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é
maravilha, porque o próprio Satanás, se transfigura em anjo de luz. Não é muito pois que os seus ministros
se transfigurem em ministros da justiça: o fim dos quais será conforme as
suas obras " (2 Cor. 11:13-15). Os falsos apóstolos não são ministros de
Cristo, mas ministros de Satanás, portanto odeiam a justiça; mas não obstante
isso, conseguem apresentar-se aos fiéis como pessoas justas porque se
transfiguram em servos da justiça. As suas obras porém, sendo obras de
iniquidade, testemunham contra eles; sabei que estes falsos apóstolos, quando
são postos à prova, são achados mentirosos e que o Senhor lhes retribuirá segundo as suas obras. |
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O profeta |
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Pelo que diz respeito ao
ministério de profeta, Paulo escreveu que Deus constituiu na Igreja "em
segundo lugar profetas" (1 Cor. 12:28). Irmãos, sabei que também hoje
Deus estabelece alguns como profetas e não poderia ser doutra forma dado que
também o de profeta é contado entre os dons de ministério, juntamente com o
de apóstolo, de evangelista, de pastor e de doutor. Ora, como se faz para
reconhecer quem foi estabelecido por Deus profeta? Quem recebeu o ministério de profeta além de ter
o dom de profecia tem também dons de revelação. Os dons de revelação,
segundo a Escritura, são a palavra de sabedoria, a palavra de ciência e o
discernimento dos espíritos. |
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O profeta é alguém que tem
muitas vezes visões e revelações. |
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Deus disse a Arão e a Miriã:
"Ouvi agora as minhas palavras: se entre vós
houver profeta, eu, o Senhor, a ele me farei conhecer em visão, em sonhos
falarei com ele" (Num. 12:6); estas palavras de Deus mostram que
o profeta recebe visões e sonhos da parte de Deus, tende bem presente isto,
porque é uma das coisas que caracteriza o profeta. |
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Sob o antigo concerto são
mencionados muitos profetas e examinando o ministério que receberam vê-se
claramente que eles, além de profetizar quando o Espírito Santo descia sobre
eles, muitas vezes recebiam visões e revelações da parte de Deus, por meio
das quais Deus lhes revelava a sua palavra. Tomemos por exemplo Samuel; está
escrito: "E todo o Israel, desde Dã até
Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do Senhor. E
continuou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se manifestava a
Samuel em Siló pela sua palavra. E chegava a palavra de Samuel a todo o
Israel" (1 Sam. 3:20,21). Os Israelitas reconheceram que Samuel,
embora fosse ainda um jovem, tinha sido constituído profeta por Deus, porque
o que Samuel dizia em nome do Senhor se cumpria. Samuel se fez grande e como
tudo o que pregava se cumpria, ele era tido em grande honra em Israel.
Vejamos agora o que diz a Escritura acerca do encontro de Saul com Samuel
para compreender como os dons de revelação estavam presentes no ministério
profético de Samuel. Está escrito: "Tinham-se perdido
as jumentas de Quis, pai de Saul; pelo que disse Quis a Saul, seu filho: Toma
agora contigo um dos servos, levanta-te e vai procurar as jumentas. Passaram,
pois, pela região montanhosa de Efraim, como também pela terra de Salisa, mas
não as acharam; depois passaram pela terra de Saalim, porém tampouco estavam
ali; passando ainda pela terra de Benjamim, não as acharam.Vindo eles, então,
à terra de Zufe, Saul disse para o servo que ia com ele: Vem! Voltemos, para
que não suceda que meu pai deixe de inquietar-se pelas jumentas e se aflija
por causa de nós. Mas ele lhe disse: Eis que há nesta cidade um homem de
Deus, e ele é muito considerado; tudo quanto diz, sucede infalivelmente.
Vamos, pois, até lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir.
Então Saul disse ao seu servo: Porém se lá formos, que levaremos ao homem? Pois o pão de nossos
alforjes se acabou, e presente nenhum temos para levar ao homem de Deus; que
temos? O servo tornou a responder a Saul, e
disse: Eis que ainda tenho em mão um quarto dum siclo de prata, o qual darei
ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho. (Antigamente em Israel, indo
alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, vamos ao vidente; porque ao
profeta de hoje, antigamente se chamava vidente.) Então disse Saul ao servo: Dizes
bem; vem, pois, vamos! E foram-se à cidade onde estava o homem de Deus.... e, ao
entrarem, eis que Samuel lhes saiu ao encontro, para subir ao alto. Ora, o Senhor revelara
isto aos ouvidos de Samuel, um dia antes de Saul chegar, dizendo: Amanhã a
estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por
príncipe sobre o meu povo de Israel; e ele livrará o meu povo da mão dos
filisteus; porque olhei para o meu povo, porque o seu clamor chegou a mim. E quando Samuel viu a Saul, o Senhor lhe disse: Eis aqui
o homem de quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo. Então Saul se
chegou a Samuel na porta, e disse: Mostra-me, peço-te, onde é a casa do
vidente. Respondeu Samuel a Saul: Eu sou o vidente; sobe diante de mim ao alto,
e comei hoje comigo; pela manhã te despedirei, e tudo quanto está no teu
coração to declararei. Também quanto às jumentas que há três dias se te perderam, não te
preocupes com elas, porque já foram achadas..." (1 Sam. 9:3-10; 14-20). |
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O povo de Israel tinha pedido
um rei, e Deus tomou Saul e o enviou ao profeta Samuel para que este o
ungisse para reinar sobre Israel. |
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Deus fez chegar Saul a Samuel
servindo-se primeiro das jumentas do pai de Saul, e depois do servo que tinha
ido com Saul à procura das jumentas. As jumentas de Quis tinham-se perdido por vontade de Deus, e o pai de
Saul enviou Saul e um servo seu à procura das jumentas. Estes foram e não as
encontraram porque Deus não permitiu que as achassem; vendo isto, Saul pensou
voltar para casa, mas o seu servo lhe propôs antes ir ao homem de Deus o qual
poderia lhes indicar o caminho a seguir para achar as jumentas. Saul
se deixou persuadir, e ele e o seu servo foram à cidade onde morava Samuel.
No dia anterior que aconteceu este encontro entre Saul e Samuel, Deus tinha
dado a Samuel uma palavra de sabedoria (a palavra de sabedoria é a revelação
de um facto que deve acontecer), dizendo-lhe que no dia seguinte (à mesma
hora em que ele tinha recebido a revelação no dia anterior) lhe enviaria um
homem da tribo de Benjamim que ele deveria ungir como príncipe do povo de
Israel. No dia seguinte a esta revelação, à hora estabelecida por Deus,
Samuel viu Saul que se aproximava dele, e antes que Saul perguntasse a Samuel
onde habitava o vidente, Deus disse a Samuel que o homem de que lhe tinha
falado era ele. Quando Samuel encontrou Saul, lhe disse que as jumentas
perdidas foram achadas; neste caso, Samuel teve de Deus uma palavra de
ciência (a palavra de ciência é a revelação de um facto já acontecido ou que está
acontecendo enquanto o profeta fala). No dia seguinte, à alba, antes que Saul
voltasse para sua casa, Samuel ungiu de azeite Saul, o beijou e lhe anunciou
coisas que lhe aconteceriam naquele preciso dia; neste caso, Samuel teve do
Senhor de novo uma palavra de sabedoria. Ele disse a Saul: "Quando te apartares hoje de mim, encontrarás dois homens
junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te
dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou
de pensar nas jumentas, e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu
por meu filho? E quando dali passares mais adiante, e chegares ao carvalho de
Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus, a Betel: um
levando três cabritos, o outro três bolos de pão, e o outro um odre de vinho.
Eles te
saudarão, e te darão dois pães, que receberás das mãos deles. Depois chegarás
ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que,
entrando ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas descendo do alto,
precedidos de saltérios, tambores, flautas e harpas, e profetizarão. E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás
com eles, e serás transformado em outro homem..." (1 Sam.
10:2-6); também esta palavra de sabedoria se cumpriu, de facto está escrito
que "todos aqueles sinais aconteceram naquele
mesmo dia" (1 Sam. 10:9). Por estas Escrituras aqui supracitadas
é manifesto que o dom de palavra de sabedoria e o dom de palavra de ciência
operavam no ministério de Samuel. Mas além destes dons, Samuel tinha também o
dom de profecia (por isso profetizava, e vos recordo que quem profetiza
"fala aos homens para edificação, exortação e
consolação" [1 Cor. 14:3]). Samuel tinha a presidência da
congregação dos profetas, de facto quando Saul enviou mensageiros para
prenderem Davi a Naiote, em Ramá, estes "viram uma congregação de
profetas profetizando, onde estava Samuel que presidia sobre eles" (1
Sam. 19:20); isto confirma que o profeta Samuel tinha o dom de profecia.
Resumindo, Samuel profetizava e recebia muitas vezes seja uma palavra de
sabedoria, seja uma palavra de ciência, naturalmente quando queria o Espírito
Santo e não quando queria ele, porque também debaixo do antigo concerto estes
dons do Espírito Santo eram distribuídos segundo a vontade de Deus. Alguém
dirá: ‘Mas então também debaixo do antigo concerto eram dados os dons do
Espírito Santo?’ Sim, com certeza, porque também naquela altura se
manifestava o Espírito de Deus; porém é bom precisar que dentre todos os dons
espirituais faltavam o dom da diversidade de línguas e o da interpretação de
línguas, porque eles começaram a ser distribuídos do dia de Pentecostes (no
qual o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja de Deus) em diante. |
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Quero mencionar-vos também o
profeta Eliseu para vos fazer compreender como os dons de revelação estão
presentes em quem exercita o ministério de profeta. |
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A Escritura narra o que Geazi,
servo de Eliseu, fez escondido, depois que
Naamã o Siro foi curado da sua lepra e depois que Eliseu recusou
aceitar os dons que Naamã lhe queria dar; está escrito: "Geazi, servo de Eliseu, o homem de Deus, disse: Eis que
meu senhor poupou a este sírio Naamã, não recebendo da mão dele coisa alguma
do que trazia; vive o Senhor, que hei de correr atrás dele, e receber dele
alguma coisa. E foi Geazi em alcance de
Naamã; e Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do carro a encontrá-lo, e
disse-lhe: Vai tudo bem?’ Respondeu ele: Tudo vai bem. Meu senhor me
mandou dizer-te: Eis que agora mesmo vieram a mim
dois mancebos dos filhos dos profetas da região montanhosa de Efraim;
dá-lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de vestidos roupa. E
disse Naamã: Sê servido de tomar dois talentos. E
instou com ele, e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas
mudas de vestidos, e pô-los sobre dois dos seus servos, os quais os levaram
adiante de Geazi. Tendo ele chegado à
colina, tomou os sacos das suas mãos e os depositou na casa; e despediu
aqueles homens, e eles se foram" (2 Re 5:20-24); ora Geazi
mentindo a Naamã se apropriou de alguns bens materiais e tudo isso escondido
de Eliseu, depois foi apresentar-se diante de Eliseu. E "disse-lhe
Eliseu: ‘Donde vens, Geazi?’ Respondeu ele: Teu
servo não foi a parte alguma. Eliseu porém,
lhe disse: Porventura não foi contigo o meu coração, quando aquele homem se
voltou e desceu do seu carro ao teu encontro? Era isto ocasião para tomares
prata e para tomares vestidos, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois e
servos e servas? Portanto a lepra de Naamã
se pegará a ti e à tua descendência para sempre. Então Geazi saiu da presença
de Eliseu, leproso, branco como a neve" (2 Re 5:25-27). |
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Eliseu recebeu de modo
sobrenatural o conhecimento do pecado que Geazi tinha cometido escondido;
esta foi uma palavra de ciência que Deus, pelo Espírito, lhe deu naquela
ocasião. |
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Para demonstrar-vos que Eliseu
era capaz de conhecer factos que tinham acontecido na vida dos outros, só se
e quando Deus o queria, vos recordo este episódio. Eliseu um dia tinha dito a
uma mulher rica de Suném que não tinha filhos: "Por
este tempo, no próximo ano, abraçarás um filho" (2 Re 4:16).
"E concebeu a mulher, e deu à luz um filho, no tempo determinado, no ano seguinte como
Eliseu dissera. Tendo o menino crescido, saiu um
dia a ter com seu pai, que estava com os segadores. Disse a seu pai: Ai, a
minha cabeça! Ai, a minha cabeça! Então ele disse a um servo: Leva-o à sua
mãe. Este o tomou, e o levou a sua mãe; e o menino esteve sobre os joelhos
dela até o meio-dia, e então morreu. E ela
subiu, deitou-o sobre a cama do homem de Deus, fechou a porta e saiu. E chamou a seu marido, e disse: Manda-me, peço-te, um dos
servos e uma das jumentas, para que eu corra ao homem de Deus e volte.
Disse ele: Porque queres ir ter com ele hoje? Não é
lua nova nem sábado. E ela disse: Tudo vai bem. Então ela fez albardar a
jumenta, e disse ao seu servo: Guia e anda, e não me detenhas no caminhar,
senão quando eu to disser. Partiu ela, pois,
e foi ter com o homem de Deus, ao monte Carmelo; e sucedeu que, vendo-a de
longe o homem de Deus, disse a Geazi, seu servo: Eis aí a sunamita; agora,
pois, corre-lhe ao encontro e diz-lhe: Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem
teu filho? Ela respondeu: Vai bem. Chegando ela ao monte, à presença do homem
de Deus, apegou-se-lhe aos pés. Chegou-se Geazi para a retirar, porém, o
homem de Deus lhe disse: Deixa-a, porque a sua alma está em amargura, e o
Senhor mo encobriu, e não mo manifestou" (2 Re 4:17-27). |
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O facto de Eliseu dizer ao seu
servo para perguntar à Sunamita se o seu menino estava bem mostra que Eliseu
não sabia que ele tinha morrido, e de facto pouco depois disse a Geazi: ‘o Senhor mo encobriu, e não mo manifestou’. Estas
palavras de Eliseu mostram que ele vinha a conhecer factos encobertos de modo
sobrenatural pelo Espírito de Deus, e que se o Senhor não lhe dava uma
palavra de ciência acerca de um facto acontecido, aquele facto permanecia
encoberto também para ele. |
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Numa outra ocasião, enquanto na
cidade de Samaria havia fome porque estava cercada pelo exército da Síria,
"disse Eliseu: Ouvi a palavra do Senhor; assim
diz o Senhor: Amanhã, por estas horas, haverá uma medida de farinha por um
siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, à porta de Samaria"
(2 Re 7:1); neste caso Eliseu teve uma palavra de sabedoria, e o que ele
predisse, no dia seguinte se cumpriu, porque Deus operou um prodígio durante
a noite, fazendo fugir os Sírios que cercavam a cidade, e "houve uma medida de farinha por um siclo e duas medidas
de cevada por um siclo, conforme a palavra do Senhor" (2 Re
7:16). Tenho a dizer que quando Deus revela a um seu servo profeta uma
palavra de ciência ou uma palavra de sabedoria ela é veraz e não é em nada a
palavra de um homem, mas a de Deus e estes exemplos o mostram claramente. |
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Vejamos agora como Jesus
proferiu uma palavra de ciência enquanto falava com uma mulher samaritana. Um
dia, Jesus, enquanto falava com uma mulher samaritana, disse-lhe: "Vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu, e
disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;
porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto
disseste com verdade. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta."
(João 4:16-19). Como fez Jesus para saber que esta mulher não tinha marido, e
que tinha tido cinco maridos e que o que tinha naquele tempo não era seu
marido? Jesus, pelo Espírito, recebeu uma palavra de ciência que dizia
respeito a esta mulher; não vos esqueceis que Jesus era um homem que cumpriu
o seu ministério de profeta pela ajuda do Espírito de Deus. |
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A mulher samaritana, quando
Jesus lhe disse aquelas palavras, lhe disse: ‘Senhor,
vejo que és profeta’; reflecti nestas palavras. Aquela mulher
reconheceu por aquela palavra que Jesus lhe disse que Ele era um profeta e
devemos dizer que de modo nenhum se enganou; aquela mulher sabia que só um
profeta poderia dizer-lhe tudo o que ela tinha feito. Depois que Jesus lhe
disse as outras palavras, ela deixou o seu cântaro, e foi à cidade e disse às
pessoas: "Vinde, vede um homem que me disse
tudo quanto eu tenho feito; não será este, porventura, o Cristo?"
(João 4:29) A palavra de ciência dita por Jesus àquela mulher teve um efeito
positivo porque levou aquela mulher e muitos dos samaritanos daquela cidade a
crer nele, na realidade está escrito que "muitos
samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que
testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito" (João 4:39). |
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No livro dos actos dos
apóstolos, Lucas fala de um certo profeta Ágabo, e daquilo que ele predisse
pelo Espírito em duas ocasiões diversas; vejamos agora quais foram estas suas
predições. Está escrito: "Naqueles dias
desceram profetas de Jerusalém para Antioquia; e levantando-se um deles, de
nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome por
todo o mundo, a qual ocorreu no tempo de Cláudio" (Actos
11:27,28); Ágabo era profeta e recebeu uma palavra de sabedoria que dizia
respeito a uma grande fome que haveria nos dias vindouros sobre toda a terra.
As palavras "dava a entender pelo Espírito"
(Actos 11:28), explicam claramente que não é segundo o espírito do homem ou
por um conhecimento adquirido de modo natural ou por intuição que o profeta
prediz o que acontecerá, mas pelo Espírito Santo, quando e se quer o Espírito
Santo, de facto Paulo escreveu aos Coríntios: "A
um, pelo Espírito, é dada a palavra de sabedoria" (1 Cor. 12:8).
Alguém dirá: ‘Mas para que serviu aquela palavra de sabedoria? Ela foi útil,
porque tudo o que o Espírito Santo revela é útil à Igreja, conforme está
escrito: "Mas a manifestação do Espírito é
dada a cada um, para o que for útil" (1 Cor. 12:7). No caso da
predição da grande fome, está escrito que "os discípulos determinaram
mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na
Judeia, o que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos, por mão de
Barnabé e de Saulo" (Actos 11:29,30); esta revelação moveu os discípulos
de Antioquia a enviar socorro aos irmãos necessitados que estavam na Judeia. |
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Numa outra ocasião, o profeta
Ágabo predisse pelo Espírito o que aconteceria a Paulo em Jerusalém, quando
Paulo ainda estava em Cesaréia. Lucas disse: "Demorando-nos
ali por muitos dias, desceu da Judéia um profeta, de nome Ágabo; e vindo ter
conosco, tomou a cinta de Paulo e, ligando os seus próprios pés e mãos,
disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus ligarão em Jerusalém o
homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios"
(Actos 21:10,11). Deus fez saber a Paulo, através do profeta Ágabo, que os
Judeus o prenderiam em Jerusalém e que eles o entregariam nas mãos dos
Gentios, portanto quando depois em Jerusalém, os Judeus prenderam Paulo no
templo e se puseram a bater-lhe com o objectivo de matá-lo, Paulo já sabia
que os Judeus não o matariam naquela ocasião porque eles o haveriam de
entregar nas mãos dos Gentios. |
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Irmãos, não subvalorizeis as
revelações divinas porque de tal modo subvalorizais a palavra de Deus. Quero
recordar-vos que os antigos profetas recebiam muitas vezes a palavra de Deus
em visões; estas expressões: "Palavra que Isaías, filho de Amoz, teve em
visão, a respeito de Judá e de Jerusalém" (Is. 2:1); "O oráculo que o profeta Habacuque teve por visão."
(Hab. 1:1); "A palavra do Senhor que veio a
Miquéias, o Morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias reis de Judá a qual
ele teve em visão sobre Samária e Jerusalém" (Miq. 1:1), e muitas
outras concernentes a outros profetas demonstram como os profetas recebiam
visões da parte de Deus. |
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Muitas vezes Deus revelou a sua
palavra aos seus profetas também sem o auxílio de visões, fazendo-os ouvir
claramente a sua voz e as Escrituras que indicam este modo de comunicar a
palavra por parte de Deus são estas: "A palavra do Senhor veio a Elias,
no terceiro ano, dizendo..." (1 Re 18:1); "Estando
eles à mesa, a palavra do Senhor veio ao profeta..." (1 Re
13:20); neste caso, mesmo se o profeta estava na companhia de outras pessoas
a voz do Senhor a ouvia somente ele. |
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Deus hoje por meio dos seus
profetas revela palavras dirigidas à igreja e a indivíduos, isto significa
que também hoje, quando Deus o quer, manda um profeta levar uma específica
palavra seja a uma igreja, seja a um indivíduo. No profeta operam o dom de profecia
juntamente com pelo menos dois dos
três dons de revelação. No dom de profecia não há a revelação de um evento
futuro como há ao invés no dom de palavra de sabedoria, doutra forma cessaria
de ser diferente do dom de palavra de sabedoria. Recordai-vos que há
diferença entre os dons espirituais e que não há dois iguais entre eles,
porque está escrito que "há diversidade de dons" (1 Cor. 12:4).
Como há diferença entre o dom da diversidade de línguas e o dom da
interpretação de línguas, assim há diferença também entre o dom de profecia e
os dons de revelação. O profeta tem o dom de profecia e nós sabemos que quem
profetiza "fala aos homens para edificação,
exortação e consolação" (1 Cor. 14:3). Vos darei exemplos tirados
das Escrituras para vos fazer entender este dom do Espírito Santo. Isaías,
profeta de Deus, pelo Espírito, (em profecia) proferiu aos homens estas
palavras de edificação: "Inclinai os ouvidos,
e ouvi a minha voz; estai atentos, e ouvi a minha palavra. Porventura lavra
continuamente o lavrador, para semear? ou está sempre abrindo e esterroando a
sua terra? Quando já tem nivelada a sua superfície, não espalha ele a nigela,
não semeia o cominho, não lança nela o trigo em leiras, ou cevada no lugar
determinado, ou a espelta na margem? o seu Deus o ensina e o instrui acerca
do que há-de fazer. Porque a nigela não se trilha com instrumento de trilhar,
nem sobre o cominho passa a roda de carro; mas a nigela é debulhada com uma
vara, e o cominho com um pau. Se trilha o trigo; mas não o se trilha
continuamente; nem se faz passar sobre ele a roda do carro e os cavalos, mas
não se esmiúça. Até isto procede do Senhor dos exércitos; maravilhosos são os
seus desígnios, grande é a sua sabedoria" (Is. 28:23-29). Estas
palavras aqui supracitadas são um exemplo de linguagem de edificação dito em
profecia por um profeta; como podeis ver nestas palavras não há a predição de
um facto específico. |
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Um exemplo de linguagem de
exortação é este: "Lembrai-vos, disto, e
considerai; trazei-o à memória, ó transgressores!... Ao Senhor dos exércitos, a ele santificai; e seja ele o
vosso temor e seja ele o vosso assombro!...
Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos
atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, ajudai
o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva"
(Is. 46:8; 8:13; 1:16,17); também nestas palavras proferidas em profecia não
há o anúncio de um particular evento que deve suceder. |
|
Um exemplo de linguagem de
consolação proferido em profecia é este: "Eu, eu sou aquele que vos
consola; quem pois és tu, para que temas o homem, que é mortal, ou o filho do
homem que se tornará feno?... Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós,
povo, em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem
vos turbeis pelas suas injúrias. Porque a traça os roerá como a um vestido, e
o bicho os comerá como à lã... Não temas, porque eu
te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu
serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares
pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti" (Is.
51:12; 51:7,8; 43:1,2); também nestas palavras não há o anúncio de um evento
futuro, como uma fome, uma guerra, o nascimento de alguém, a morte de alguém,
etc... |
|
Sabei que quando Deus, por meio
de um profeta, dirige uma palavra de exortação a um indivíduo, se este aceita
a palavra que o profeta lhe diz em nome do Senhor e se submete à vontade de
Deus receberá o bem, mas se a rejeita, ele receberá a pena da sua rebelião. |
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Quero que saibais também que
Deus julga aqueles seus profetas que têm a presunção de dizer coisas em seu
nome que ele não lhes mandou dizer; o nosso Deus é santo e a falsidade, mesmo
se é praticada por um profeta seu, é abominável aos seus olhos. Deus diz:
"O profeta que tiver a presunção de falar em
meu nome alguma palavra que eu lhe não tenha mandado falar, ou o que falar em
nome de outros deuses, o tal profeta morrerá" (Deut. 18:20);
estas palavras escritas na lei nos fazem compreender claramente quanto é
grave a culpa de um profeta que faz falar a sua língua, e diz ‘O Senhor diz’,
quando o Senhor não disse nada. |
|
Deus diz também: "E se
disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou?
Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir,
nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a
falou o tal profeta, não tenhas temor dele" (Deut. 18:21,22); irmãos,
para saber se aquilo que o profeta predisse em nome do Senhor é uma palavra
que Deus não disse, é necessário esperar, porque quando a palavra do profeta
não se cumpre, isso significa que aquela não era a palavra de Deus, mas uma
palavra dita por presunção do profeta. |
|
O que um profeta de Deus diz em
nome do Senhor deve ser examinado e julgado com as Escrituras, conforme está
escrito: "Falem dois ou três profetas, e os outros julguem" (1 Cor.
14:29); alguém dirá: ‘Mas porque deve ser examinado?’ Porque o profeta
poderia dizer alguma coisa de falso seguindo o seu próprio espírito. Paulo
disse aos Tessalonicenses: "Não desprezeis as profecias; examinai tudo e
retende o bem; abstendo-vos de toda a aparência do mal" (1 Tess. 5:20-22);
as profecias (sejam as profecias dos profetas como as profecias dos que não
têm o ministério de profeta, mas apenas o dom de profecia) devem ser
examinadas e aceitadas quando estão perfeitamente de acordo ao que a Sagrada
Escritura ensina; em caso contrário, isto é, em caso da profecia contrastar a
verdade, ela deve ser rejeitada sem exitar. No curso dos séculos, surgiram
homens no seio da igreja de Deus que disseram profecias (ou de ter tido
visões e revelações da parte de Deus) que se opunham à Palavra de Deus, e
houveram os que lhes deram ouvidos e foram enganados pelas suas mentiras, por
isso irmãos, como disse Paulo: "Examinai tudo e retende o bem" (1
Tess. 5:21), mas o bem somente; o mal reprovai-o! |
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Eis um facto que aconteceu nos
dias de Jeremias, que nos ensina como um profeta pode fazer falsas predições.
Está escrito no livro de Jeremias: "E sucedeu
no mesmo ano, no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, no ano
quarto, no mês quinto, que Hananias, filho de Azur, o profeta de Gibeão, me
falou, na casa do Senhor, na presença dos sacerdotes e de todo o povo
dizendo: Assim fala o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Eu
quebrarei o jugo do rei de Babilônia. Dentro de dois anos, eu tornarei a
trazer a este lugar todos os vasos da casa do Senhor, que deste lugar tomou
Nabucodonosor, rei de Babilônia, levando-os para Babilônia. Também a
Jeconias, filho de Jeoiaquim rei de Judá, e a todos os do cativeiro de, Judá,
que entraram em Babilônia, eu os tornarei a trazer a este lugar, diz o
Senhor; porque quebrarei o jugo do rei de Babilônia. Então falou o profeta
Jeremias ao profeta Hananias, na presença dos sacerdotes, e na presença de
todo o povo que estava na casa do Senhor. Disse pois Jeremias, o profeta:
Amém! assim faça o Senhor; cumpra o Senhor as tuas palavras, que
profetizaste, e torne ele a trazer os vasos da casa do Senhor, e todos os do
cativeiro, de Babilônia para este lugar. Mas ouve agora esta palavra, que eu
falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo: Os profetas que houve
antes de mim e antes de ti, desde a antigüidade, profetizaram contra muitos
países e contra grandes reinos, a guerra, a fome e peste. Quanto ao profeta
que profetizar paz, quando se cumprir a palavra desse profeta, então será
reconhecido como um verdadeiro enviado do Senhor. Então o profeta Hananias
tomou o jugo do pescoço do profeta Jeremias e o quebrou. E falou Hananias na
presença de todo o povo, dizendo: Isto diz o Senhor: Assim dentro de dois
anos quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, de sobre o pescoço
de todas as nações. E Jeremias, o profeta, se foi seu caminho. Então veio a
palavra do Senhor a Jeremias, depois de ter o profeta Hananias quebrado o
jugo de sobre o pescoço do profeta Jeremias, dizendo: Vai, e fala a Hananias,
dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste, mas em vez deles fiz
jugos de ferro. Porque assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Jugo de ferro pus sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e o servirão; e até os animais do campo lhe
dei. Então disse o profeta Jeremias ao profeta Hananias: Ouve agora,
Hananias: O Senhor não te enviou, mas tu fazes que este povo confie na
mentira. Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da
terra. Este ano morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor. E
morreu Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês" (Jer.
28:1-17). |
|
Irmãos, lendo aquilo que está
escrito antes deste episódio, notareis que Deus tinha dito ao povo por meio de
Jeremias: "Não deis ouvidos às palavras dos vossos profetas, que vos
profetizam dizendo: Eis que os vasos da casa do Senhor cedo voltarão de
Babilónia; pois eles vos profetizam mentiras" (Jer. 27:16). O profeta
Hananias profetizou ao povo que Deus faria voltar dalí a pouco tempo, os
vasos do templo de Babilónia, e outras coisas agradáveis de ouvir; ele falou
por presunção e fez o povo confiar na mentira, e Deus o puniu, fazendo-o
morrer. Esta história nos ensina que Deus não pode negar-se a si mesmo; Ele
não muda a palavra saída da sua boca porque "não é homem, para que
minta, nem filho de homem, para que se arrependa" (Num. 23:19). Deus não
vai contra a sua palavra, antes a confirma; são os temerários que contrastam
a Palavra de Deus, e o fazem usando o nome do Senhor. Alguns profetizam
coisas agradáveis de ouvir, coisas em si mesmas belas, mas ao mesmo tempo
falsas; acontece também isto no seio da irmandade. Alguns com a sua língua,
usando o nome do Senhor, predisseram a cura de irmãos gravemente doentes, mas
aquela cura nunca se cumpriu, porque os doentes morreram pouco tempo depois;
outros, predisseram matrimónios entre pessoas que nunca se casaram, ou porque
um dos dois morreu logo depois ou porque Deus quis que se casassem com
pessoas diferentes. Depois há as profecias que dizem para a mulher ensinar,
enquanto a Palavra de Deus diz: "Não permito
que a mulher ensine" (1 Tim. 2:12); as que dizem que também se a
mulher ora a Deus sem estar coberta não faz nada de mal ou que dizem que
também se se adorna com jóias de ouro e de vestidos luxuosos não faz nada de
mal porque Deus ‘olha ao coração’; a estas se acrescentam as profecias que
dizem a pessoas divorciadas que podem se casar; nós todas estas profecias as
rejeitamos, porque vão contra a Palavra de Deus e portanto não podem proceder
da boca de Deus. Não é o Espírito da verdade que profere estas profecias, mas
o espírito do erro. |
|
Há uma outra história que
mostra como Deus não pode negar a sua Palavra anteriormente dita; é a
história daquele profeta que veio de Judá a Betel, por ordem de Deus,
enquanto o rei Jeroboão oferecia incenso sobre o altar que tinha feito
construir. O profeta proferiu a palavra de Deus contra o altar e deu um sinal
miraculoso da parte de Deus naquele mesmo dia, e aquele sinal se cumpriu; mas
Deus tinha dito a este profeta para não comer pão e para não beber água em
Betel e para não voltar pela mesma estrada que tinha ido. Depois que o
profeta falou da parte de Deus: e deu o sinal miraculoso da parte de Deus,
"o rei disse ao homem de Deus: Vem comigo a
minha casa, e conforta-te, e dar-te-ei um presente. Porém o homem de Deus
disse ao rei: Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem
comeria pão nem beberia água neste lugar. Porque assim me ordenou o Senhor
pela sua palavra, dizendo: Não comerás pão nem beberás água, e não voltarás
pelo caminho por onde foste. E foi-se por outro caminho, e não voltou pelo
caminho, por onde viera a Betel. E morava em Betel um velho profeta; e veio
seu filho, e contou-lhe tudo o que o homem de Deus fizera naquele dia em
Betel, e as palavras que dissera ao rei; e as contaram a seu pai. E
disse-lhes seu pai: Por que caminho se foi? E viram seus filhos o caminho por
onde fora o homem de Deus que viera a Judá. Então disse a seus filhos: Albardai-me
um jumento. E albardaram-lhe o jumento, e montou nele. E foi-se após o homem
de Deus, e o achou sentado debaixo de um carvalho, e perguntou-lhe: És tu o
homem de Deus que vieste de Judá? Respondeu ele: Sou. Então lhe disse: Vem
comigo a casa, e come pão. Porém ele disse: Não posso voltar contigo, nem
entrarei contigo; nem tampouco comerei pão, nem beberei contigo água neste lugar; porque me foi
mandado pela palavra do Senhor: Ali não comerás pão, nem bebarás água, nem
tornarás a ir pelo caminho por que foste. E ele lhe disse: Também eu sou
profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o
voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água. (Porém mentiu-lhe.)
E tornou ele, e comeu pão em sua casa, e bebeu água. Estando eles à mesa, a
palavra do Senhor veio ao profeta que o tinha feito voltar; e clamou ao homem
de Deus que viera de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor: Porquanto foste
rebelde à ordem do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus
te mandara, antes voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que te
dissera: Não comerás pão, nem beberás água; o teu cadáver não entrará no
sepulcro de teus pais. E, sucedeu que, depois que comeu pão, e depois que
bebeu, albardou ele o jumento para o profeta que fizera voltar. Foi-se, pois,
e um leão o encontrou no caminho, e o matou" (1 Re 13:7-24). |
|
Irmãos, como podeis ver, ao
convite do rei Jeroboão que tinha uma conduta ímpia diante de Deus, o profeta
recusou fazer aquilo que o rei lhe propôs fazer para não desobedecer a Deus;
a seguir, no primeiro convite do velho profeta, o homem de Deus mostrou ainda
a mesma firmeza não aceitando em voltar a casa do velho profeta para comer e
beber, mas quando o velho profeta o viu firme e decidido a não voltar atrás à
sua casa, recorreu à mentira, dizendo-lhe: "Um
anjo me falou por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa,
para que coma pão e beba água" (1 Re 13:18), e então o homem de
Deus voltou para trás. O homem de Deus ouviu que a dita ‘nova ordem’ de Deus
contrastava nitidamente a primeira, mas às palavras: "Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por
ordem do Senhor" (1 Re 13:18), não se opôs como tinha feito antes
e creu na mentira e desobedeceu a Deus. Quando Satanás não consegue enganar
os filhos de Deus por meio da gente má que não tem a fé, então procura
enganá-los por meio de mentiras proferidas pela boca de alguns crentes que
ainda não baniram a mentira. Alguns, quando te vêem firme na Palavra de Deus,
e que não entras em compromisso com ninguém, também atendendo às sagradas
Escrituras, para procurar dissuadir-te de certos preceitos de Deus, verazes e
justos como todos os outros (mas que a eles não agrada), então excogitam para
persuadir-te do contrário da Palavra de Deus, fazendo uso de falsas
profecias, isto é, de mentiras, usando o nome do Senhor, exactamente como fez
aquele velho profeta com o homem de Deus vindo de Judá. Há quem começa a
dizer: ‘Também eu sou um ministro do Evangelho como tu e Deus me falou,
dizendo-me que esta ordem era só para os crentes daquela época e não para nós
hoje’; outros: ‘Tive um sonho da parte de Deus que me mostrou que não é como
tu dizes, porque Deus quer que nós nos adequemos aos tempos’, tantas mentiras
para te dizer para não creres naquilo que Jesus disse ou que Paulo e os
outros apóstolos mandaram fazer, mas como não te querem dizer claramente:
‘Desobedece a Deus e à sua palavra’, assim te o dizem fazendo uso de
mentiras, apoiando-se em palavras como ‘visões’, ‘sonho’, ‘profecia’,
‘revelação’, palavras que suscitam interesse quando são pronunciadas, mas
também um certo temor de Deus; mas quando nos apercebermos que aquelas
palavras são usadas somente para fins desonestos, para nos desviar dos
mandamentos de Deus, então, com firmeza respondamos a estes: ‘O que vós
dizeis é falso, porque se opõe à Palavra de Deus’. Sabei que Deus não
repensou a sua doutrina nestes últimos tempos; Ele não mudou de ideias, com o
passar do tempo, sobre nenhum dos seus preceitos dado por meio de seu Filho e
por meio dos apóstolos. Ninguém vos engane, cuidai de vós mesmos, porque os
tempos são dificeis e maus; Paulo disse a Timóteo: "Virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas,
tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências, e desviarão os ouvidos da verdade voltando às
fábulas" (2 Tim. 4:3,4), e nós nos encontramos exactamente nesse
tempo. Os doutores que seguem os seus desejos carnais porque desviaram os
seus ouvidos da verdade, estão em contínuo aumento, e para eles se viram
muitos. |
|
Àqueles doutores que não
desviaram os seus ouvidos da verdade, alguns profetas procuram desviá-los
eles com as suas falsas profecias; certos profetas, para fazer com que os
simples rejeitem a sã doutrina, procuram fazê-la passar como inadequada aos
nossos tempos, como uma doutrina que tem que ser revista, mas a doutrina de
Deus não é de modo nenhum para rever, e ai daqueles que o procuram fazer,
eles levarão a pena da sua rebelião, quem quer que eles sejam. |
|
A propósito do ministério de
profeta, quero dizer-vos que não é verdade que o pastor é forçosamente também
profeta, porque fala de coisas vindouras escritas na Palavra de Deus, como a
vinda do Senhor e outros eventos que ainda devem cumprir-se. Um pastor pode
também ser profeta, mas quando Deus lhe dá também este ministério; doutra
forma se Deus lhe deu apenas o ministério de pastor, não importa quanto fale
de coisas vindouras que estão escritas, isso não faz dele absolutamente um
profeta. |
|
Além disso há os que dizem, por
falta de conhecimento, que todos na igreja somos profetas porque quando nós
falamos do Senhor aos outros, nós lhes falamos da parte de Deus como faziam
os profetas de outrora; esta é uma falsa doutrina, porque o facto que eu
esteja evangelizando e proclamando a Palavra de Deus, em nome do Senhor, não
significa que eu naquele momento sou um profeta. Também o facto de ter o dom
de profecia não significa ser um profeta, porque o profeta além do dom de
profecia tem também dons de revelação. |
|
"São todos profetas?"
(1 Cor. 12:29); a resposta naturalmente é não, porque o corpo de Cristo não
se compõe de um só membro, mas de muitos membros; o de profeta é um dos
ministérios constituídos por Deus na Igreja para a edificação do corpo de Cristo. |
|
Alguns dizem que como o
Espírito Santo foi derramado, e em todo o crente em Cristo Jesus está o
Espírito da verdade que o guia em toda a verdade, assim hoje não há mais
necessidade do ministério de profeta na igreja, como ao invés havia
necessidade entre os Israelitas debaixo do antigo concerto; mas isso não pode
ser demonstrado de maneira alguma com as
Escrituras, portanto não o aceitamos. |
|
Na igreja primitiva houveram
profetas; de Judas e Silas, que eram homens distintos entre os irmãos, está
dito que eram profetas; na igreja de Antioquia houveram profetas, dos quais também são dados os
nomes; o ministério de profeta é mencionado entre os ministérios, na carta de
Paulo aos Efésios, e numa das suas cartas aos Coríntios. Aos Coríntios,
falando sobre a ordem do culto, diz: "E falem
dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas se a outro, que estiver
sentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro...e os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas;
porque Deus não é Deus de confusão, mas de paz" (1 Cor.
14:29,30,32,33). Estes são mandamentos do Senhor; Paulo reconhecia o
ministério de profeta, e se ele disse: "Falem
dois ou três profetas..." (1 Cor. 14:29), ninguém tem o direito
de dizer: ‘Os profetas não existem mais’, ou: ‘Aqueles que dizem de sê-lo não
devem falar quando a igreja está reunida’. Quem impede um profeta de Deus de
exercitar o seu ministério, constitui-se inimigo de Deus, como
constituiram-se inimigos de Deus os Israelitas quando proibiram os profetas
de profetizar. Deus disse: "Aos profetas ordenastes, dizendo: Não
profetizeis. Eis que eu vos apertarei no vosso lugar..." (Amós 2:12,13);
estas palavras, Deus as disse a um povo que dizia: "E até os profetas se farão como vento, e a palavra não
está com eles" (Jer. 5:13), a um povo teimoso que se opôs aos
profetas que falavam da sua parte. |
|
Certo, Paulo disse que aquilo
que os profetas dizem deve ser julgado, mas não proibiu aos profetas de falar
em assembleia; a apóstolo disse também que se uma revelação for dada a um dos
(um dos profetas) que estão sentados, o primeiro deve parar de falar,
portanto ele não pensava de maneira nenhuma que Deus tivesse deixado de dar
revelações para a igreja (como ao invés alguns pensam). |
|
Cuidai que aqui por revelação
não se entende de maneira nenhuma um ensinamento da palavra de Deus (como
dizem alguns por falta de conhecimento), porque pouco antes, Paulo diz:
"Que fazer, pois, irmãos? Quando vos congregais, tendo cada um de vós um
salmo, ou um ensinamento, ou uma revelação, ou um falar em outra língua, ou
uma interpretação, faça-se tudo para a edificação" (1 Cor. 14:26), e
como podeis ver, o ensinamento é nomeado juntamente com a revelação,
precisamente porque não são a mesma coisa. |
|
Hoje, Deus, quando quer dá aos
seus profetas, quando a igreja está reunida, visões para a igreja, por meio
das quais a igreja é edificada, consolada, confirmada, e repreendida quando
necessita ser repreendida. Paulo disse: "Faça-se
tudo decentemente e com ordem" (1 Cor. 14:40), portanto também os
profetas devem exercitar o seu ministério decentemente, para não criar
confusão no seio da igreja; esta é a razão pela qual Paulo diz: "E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas;
porque Deus não é Deus de confusão, mas de paz" (1 Cor.
14:32,33). |
|
Pelo que respeita ao ministério
profético exercitado debaixo do antigo concerto, quando ainda o Espírito não
tinha sido derramado sobre toda a carne, vos recordo que é verdade que o
Espírito não tinha ainda sido dado, mas é também verdade que Deus ungiu com o
Espírito Santo reis que foram guiados por Deus também mediante revelações
lhes dadas por meio dos profetas. |
|
Davi tinha sido ungido com o
Espírito Santo, e o Espírito Santo estava nele, no entanto Deus lhe falou por
meio dos profetas em certas circunstâncias; quando ele estava ainda escondido
porque Saul o perseguia, o profeta Gade lhe disse, quando ele estava na
fortaleza do rei de Moabe: "Não fiques mais neste lugar forte; vai, e
entra na terra de Judá" (1 Sam. 22:5); quando ele se tornou rei e
propusera em seu coração o edificar casa ao nome de Deus, Deus o impediu de
construir o templo mediante uma revelação dada a Natã, vidente do rei; quando
ele se fez culpado de adultério e de homicídio, Deus lhe enviou Natã, o
profeta, para repreendê-lo e anunciar-lhe a punição que Deus lhe infligiria
pelas suas transgressões; quando ele fez o recenseamento de Israel (coisa que
desagradou ao Senhor), Deus lhe enviou Gade para lhe dizer qual castigo
queria dentre os três que lhe notificou. |
|
Quis mencionar-vos estes factos
para que percebam que apesar de o Espírito estar sobre Davi e em Davi, porque
Ele falou pela sua boca, Deus também lhe falou por meio dos seus profetas.
Hoje, as coisas não mudaram deste ponto de vista, porque apesar dos crentes
terem o Espírito de Deus neles (os que foram cheios dele numa medida maior do
que os que ainda não foram cheios dele), e o Espírito os guiar, também, Deus,
em algumas circunstâncias da sua vida, lhes fala mediante os profetas (ou com
uma profecia ou com visões), exactamente como fazia debaixo do antigo pacto. |
|
Aliás, também o profeta Ágabo
teve uma mensagem pessoal para Paulo, quando este estava em Cesaréia,
portanto não há nada de estranho se hoje, Deus, em algumas circunstâncias,
guia, consola, confirma, repreende os seus, também mediante revelações dadas
aos profetas. |
|
Não vejo porque deveriamos
dizer: ‘O ministério de profeta não é mais necessário hoje’, e dizer em vez:
‘Mas o de pastor ao invés é necessário’; os ministérios são todos úteis à
igreja, nenhum excluído. |
|
Eu digo a vós que dizeis que o
ministério de profeta não é necessário hoje, porque o Espírito que está em
nós nos guia em toda a verdade: ‘Mas a este ponto, segundo o vosso
raciocínio, se vós dizeis que o Espírito da verdade vos guia em toda a
verdade, não tendes necessidade também dos pastores que vos conduzem e dos
doutores que vos instruem; mas então, porque reconheceis estes ministérios,
mas o de profeta não? |
|
Paulo escreveu aos Coríntios:
"O olho não pode dizer à mão: Não tenho
necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós.
Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários..."
(1 Cor. 12:21,22). Escuta-me, tu que dizes que o ministério de profeta não é
necessário hoje na igreja; se o teu olho pudesse falar, e tu lhe ouvisses
dizer ao teu pé direito: ‘Escuta, eu não tenho necessidade de ti!’, ficarias
contente? Não te aperceberias porventura que há alguma coisa que não está
bem? Não verias porventura uma divisão no teu corpo? Mas tu pensas com esta
tua afirmação alegrar o Senhor, que é a cabeça da Igreja? Não irmão, estas
tuas palavras não agradam de modo nenhum ao Senhor; cai em ti mesmo,
reconhece a verdade, e sê sábio, porque o Senhor te diz: "Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu
coração.." (Prov. 23:15). |
|
Agora vos quero dizer algumas
coisas acerca dos falsos profetas, para que não ignoreis a sua existência e
para que vos guardeis deles. |
|
Pedro disse que na antiguidade
os homens santos falaram da parte de Deus, porque inspirados pelo Espírito
Santo, mas disse também que surgiram falsos profetas entre o povo, e isso as
Escrituras o confirmam, na realidade elas ensinam que por um lado houveram os
profetas que falavam pelo Espírito Santo, e pelo outro houveram os falsos
profetas que faziam falar a sua língua e diziam: ‘O Senhor diz’, quando o
Senhor não lhes tinha falado. |
|
Antes de falar dos falsos
profetas, das suas mentiras que profetizaram, e da sua conduta ímpia, quero
falar-vos de qual era a conduta do povo de Israel e de como os santos
profetas exortaram o povo de Deus a arrepender-se. |
|
Os filhos de Israel abandonaram
a sua Rocha e se voltaram para os ídolos das nações circunvizinhas; eles se
prostituiram para os ídolos vãos, de facto fabricaram os seus ídolos e os
puseram sobre os seus altos lugares onde iam para lhes oferecer os seus
perfumes e sacrifícios (chegaram ao ponto de degolar os seus filhos e as suas
filhas para oferecê-los aos seus deuses). |
|
Além disso, os Israelitas
roubavam, cometiam homicídios, cometiam adultérios, mentiam uns aos outros, e
eram gananciosos; pelo que ensina a Escritura, em Israel os mandamentos de
Deus foram esquecidos. Deus viu aquele espectáculo de perversidade e provou
um grande desgosto, mas Ele não permaneceu indiferente porque suscitou
profetas aos quais mandou dar a conhecer a Israel os seus pecados e exortar o
seu povo a arrepender-se. Os santos profetas obedeceram a Deus e referiram ao
povo rebelde as palavras de Deus; agora vos mencionarei algumas exortações ao
arrependimento dirigidas ao povo, que estão escritas nos profetas, para vos
fazer compreender como os santos profetas não lisonjearam de modo nenhum os
ímpios. |
|
Jeremias disse: "Circuncidai-vos para o Senhor, e tirai os prepúcios do
vosso coração, ó homens de Judá e habitadores de Jerusalém, para que a minha
indignação não venha a sair como fogo, e arda de modo que ninguém o possa
apagar, por causa da maldade das vossas obras" (Jer. 4:4), e
ainda: "Vai, pois, e apregoa estas palavras
para a banda do norte, e diz: Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não
farei cair a minha ira sobre vós; porque benigno sou, diz o Senhor, e não
conservarei para sempre a minha ira. Somente reconhece a tua iniqüidade: que
contra o Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus caminhos para os
estranhos debaixo de toda árvore verde, e não deste ouvidos à minha voz, diz
o Senhor. Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor..."
(Jer. 3:12-14). |
|
Ezequiel disse:
"Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que
razão morrereis, ó casa de Israel?" (Ez. 33:11). |
|
Isaías disse: "Lembrai-vos, disto, e considerai; trazei-o à memória, ó
transgressores!... Lavai-vos, purificai-vos,
tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o
mal; aprendei a fazer o bem; buscai a
justiça..." (Is. 46:8; 1:16,17). |
|
Deus disse ao povo que se ele
se convertesse dos seus maus caminhos, Ele o perdoaria, mas lhe disse também
que se não se convertesse, o puniria. Os profetas anunciaram aos rebeldes os
juizos que Deus exercitaria contra eles no caso deles continuarem a caminhar
segundo a teimosia do seu coração; eis como falaram a tal respeito Isaías e
Jeremias. |
|
Isaías disse: "Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o bem desta terra;
mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a
boca do Senhor o disse" (Is. 1:19,20). |
|
Jeremias disse: "Mas se
não me derdes ouvidos... acenderei fogo nas suas
portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará... eis que enviarei entre vós serpentes, basiliscos, contra
os quais não há encantamento; e vos morderão, diz o Senhor" (Jer.
17:27; 8:17), e ainda: "Eis que trarei sobre
vós uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor; é uma nação robusta,
uma nação antiquíssima, uma nação cuja língua ignorarás, e não entenderás o
que ela falar. A sua aljava é como uma sepultura aberta; todos eles são
valentes. E comerão a tua sega e o teu pão, que teus filhos e tuas filhas
haviam de comer; comerão as tuas ovelhas e as tuas vacas; comerão a tua vide
e a tua figueira; as tuas cidades fortes, em que confias, abatê-las-ão à
espada" (Jer. 5:15-17). Como reagiram os rebeldes às exortações
dos santos profetas? Desta maneira; eles perseguiram os profetas
ultrajando-os, ferindo-os, pondo-os em prisões, e por fim os mataram. |
|
Mas eis que juntamente com os
santos profetas surgiram também os falsos profetas que se puseram a
profetizar do seu ventre; também eles diziam ter visões e sonhos, mas tudo o
que diziam usando o nome do Senhor, se opunha à lei e às palavras dos santos
profetas. Estes falsos profetas, além de profetizar mentiras, tinham também
uma conduta depravada e Deus, disto, dava testemunho deles nestes termos:
"Nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa
horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos
malfeitores, de maneira tal que não se convertam da sua maldade...dos
profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra... como um leão que ruge, que arrebata a presa; eles
devoram as almas, tomam tesouros e coisas preciosas... ensinam-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não
da boca do Senhor.. e esperam que seja
cumprida a palavra... Dizem continuamente
aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda
segundo o propósito do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.... clamam: Paz! enquanto têm o que comer, mas preparam a
guerra contra aquele que nada lhes mete na boca... adivinham por dinheiro... Não
mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles,
todavia eles profetizaram" (Jer. 23:14,15; Ez. 22:25; Jer. 23:16;
Ez. 13:6; Jer. 23:17; Miq. 3:5,11; Jer. 23:21). Da palavra de Deus tiramos
estes ensinamentos sobre os falsos profetas: |
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são cobiçosos de torpe ganância, na realidade profetizam também por
recompensas em dinheiro, e por consequência, profetizam a paz a quem lhes dá
de comer, e a guerra a quem não faz entrar nada nos seus bolsos |
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são
adúlteros |
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amam e praticam a mentira, porque falam de coisas que não viram e de coisas
que não ouviram de Deus |
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são injustos, porque contristam o justo com mentiras, quando Deus não o
contrista, e fortalecem as mãos dos pecadores para que não se convertam das
suas más obras |
|
deles dizem muito bem os rebeldes, isto é, aqueles que eles lisonjeiam
dizendo-lhes que terão paz e nenhum mal lhes cairá em cima |
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A inevitável conclusão à qual
chegamos é que os falsos profetas são verdadeiramente más árvores que dão
maus frutos; mas como não ficaram impunes os falsos profetas da antiguidade,
assim não ficarão impunes os falsos profetas destes dias. Jesus disse que
"toda árvore que não dá bom fruto é cortada e
lançada no fogo" (Mat. 7:19), portanto nós sabemos que por certo
os falsos profetas serão presos e lançados na fornalha de fogo, e cobertos de
uma vergonha eterna. |
|
Irmãos, falsos profetas existem
muitos deles também nesta geração, guardai-vos deles, para não cair como
presa aos seus dentes. |
|
O
evangelista |
|
O evangelista é aquele que leva
a Boa Nova de cidade em cidade e de aldeia em aldeia; temos um exemplo dele
em Filipe, chamado precisamente "o evangelista" (Actos 21:8).
Filipe, inicialmente foi eleito juntamente com outros seis irmãos, para
servir às mesas, de facto "era um dos sete" (Actos 21:8). Estes
sete irmãos que foram eleitos pela multidão dos discípulos, tinham um bom
testemunho, eram cheios de Espírito e de sabedoria. |
|
Naquele tempo houve uma grande
perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém, e todos, salvo os
apóstolos, dispersaram-se pelas regiões da Judéia e
da Samaria. Aqueles que estavam dispersos andavam de lugar em lugar,
anunciando a Palavra, "e descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes
pregava a Cristo. E as multidões unanimente prestavam atenção ao que Filipe
dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; pois que os espíritos
imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos
paralíticos e coxos eram curados" (Actos 8:5-7). Muitos dos Samaritanos
creram na Boa Nova e foram batizados por Filipe, conforme está escrito:
"Quando creram em Filipe, que lhes pregava
acerca do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, batizavam-se homens e
mulheres" (Actos 8:12). |
|
O evangelista, segundo o
exemplo que temos em Filipe, além de pregar o Evangelho, faz também curas,
por isso tem os dons de curar, e tem a autoridade de batizar na água os que
crêem no Senhor. |
|
Alguém dirá: ‘Mas que diferença
há entre o apóstolo e o evangelista, dado que os dois pregam o Evangelho aos
incrédulos? A diferença é que o apóstolo é enviado por Deus a pregar numa
outra nação, enquanto o evangelista, na maior parte dos casos, prega na sua
nação; além disso, o apóstolo vai pregar onde não existem ainda igrejas, as
funda e faz eleger para cada uma delas anciãos, enquanto o evangelista, na
maior parte dos casos, chega em lugares onde já existe comunidades, prega o
Evangelho e depois se vai. |
|
Segundo o que está escrito no
livro dos actos dos apóstolos, há uma outra coisa que distingue o apóstolo do
evangelista, e é esta: o apóstolo tem a autoridade de orar pelos crentes para
que recebam o Espírito Santo, enquanto o evangelista não tem este dom. Esta é
uma conclusão à qual se chega lendo a narração dos factos ocorridos em
Samaria. Depois que muitos dos Samaritanos creram e foram batizados por
Filipe, "os apóstolos, pois, que estavam em
Jerusalém, ouvindo que Samaria
recebera a Palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João; os quais, tendo
descido, oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo. Porque sobre
nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do
Senhor Jesus. Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo"
(Actos 8:14-17). Ora se Filipe tivesse tido a mesma autoridade dos apóstolos
Pedro e João, não teria havido necessidade de Pedro e João descerem a Samaria
para orar por aqueles crentes, para que recebessem o Espírito Santo; enquanto
ao invés foi necessário, justamente porque Filipe não tinha o dom de impor as
mãos aos crentes para que recebessem o Espírito, não obstante ele mesmo
estivesse cheio do Espírito. Também o apóstolo Paulo tinha o dom de impor as
mãos aos crentes para que recebessem o Espírito Santo, de facto está escrito,
a propósito daqueles cerca de doze discípulos de Éfeso: "Foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes
Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e
profetizavam" (Actos 19:5,6); isto confirma o que vos disse
antes. |
|
O pastor |
|
O pastor é aquele que é
encarregado por Deus para apascentar e para vigiar o seu rebanho. |
|
Pelo que respeita a este
ministério, é necessário dizer que o ministério de pastor é mencionado apenas
na carta de Paulo aos Efésios. Não há uma só passagem nas Escrituras do novo
concerto que diz claramente que alguém era pastor de uma determinada igreja,
como ao invés estamos habituados hoje, a ouvir e a ver. Segundo as Escrituras
do novo concerto, as igrejas nos tempos dos apóstolos, eram vigiadas e
pastoreadas pelos anciãos, em outras palavras, em todas as igrejas haviam
vários anciãos (os bispos) que cuidavam das ovelhas do Senhor. As passagens
da Escritura que mostram que a dirigir as igrejas haviam anciãos (os bispos),
iguais entre eles em grau, poderes e funções, e que não fazem menção da
existência de um pastor a cabeça das igrejas, são estas: |
|
Livro dos actos dos apóstolos: Paulo "de
Mileto mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja. E, logo que
chegaram junto dele, disse-lhes:... Cuidai pois de
vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a igreja de Deus..." (Actos
20:17,18,28); Paulo e Barnabé "havendo-lhes
feito eleger anciãos em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao
Senhor em quem haviam crido" (Actos 14:23); "Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a
igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e
Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os
irmãos..." (Actos 15:22); "E os
discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos
irmãos que habitavam na Judéia; o que eles com efeito fizeram, enviando-o aos
anciãos por mão de Barnabé e de Saulo" (Actos 11:29,30); "E no dia seguinte Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e
todos os anciãos vieram ali..." (Actos 21:18). |
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Epístola aos Filipenses: "Paulo e Timóteo,
servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em
Filipos, com os bispos e diáconos..." (Fil. 1:1). |
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Paulo a Timóteo: "Não desprezes o dom que há
em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério (colégio dos anciãos)... Os
anciãos que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra,
especialmente os que trabalham na pregação e no ensino..." (1
Tim. 4:14; 5:17). |
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Tiago: "Está alguém entre vós doente? Chame os
anciãos da igreja, e orem sobre ele, ungido-o com azeite em nome do Senhor; e
a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tiago 5:14,15). |
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Pedro: "Aos anciãos, que estão entre vós,
admoesto eu, que sou também ancião com eles...Apascentai o rebanho de
Deus que está entre vós...Semelhantemente vós, mancebos, sede sujeitos aos
anciãos" (1 Ped. 5:1,2,5). |
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Epístola aos Hebreus: "Obedecei aos vossos condutores, e sujeitai-vos a
eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta
delas..." (Heb. 13:17). |
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Como podeis ver, em todas estas
passagens são mencionados os anciãos da igreja, e nunca o pastor da igreja. |
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Agora porém é necessário dizer
também isto: não é pelo facto de o ministério de pastor ser mencionado uma só
vez no novo concerto, e de nunca se falar em nenhum lugar do pastor de uma
igreja, que se deve dizer que é errado que numa igreja haja um pastor
coadjuvado pelos anciãos. Alguém dirá: ‘Mas então o facto de haver um pastor
a cabeça de uma comunidade, com um conselho dos anciãos, tem algum fundamento
escritural?’ Sim, o fundamento escritural o possui e é este. |
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Jesus disse a João para
escrever aos anjos das sete igrejas da Ásia; alguém dirá: ‘Mas quem eram
aqueles anjos? Certamente não eram espíritos (como ao invés são os anjos do
céu), porque por aquilo que o Senhor lhes disse se percebe claramente que
eles eram homens da mesma natureza que nós, que no seio daquelas igrejas
exercitavam um ministério. Que eles exercitavam um ministério é confirmado
por estas palavras do Senhor ao anjo da igreja de Tiatira: "Eu
conheço...o teu ministério" (Ap. 2:19). Quereria vos fazer notar uma
coisa; a Escritura diz que Paulo "de Mileto
mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja" (Actos 20:17), mas a
Palavra também mostra que quando João o apóstolo ainda era vivo, havia o anjo
da igreja de Éfeso, de facto o Senhor ordenou a João para escrever ao anjo da
igreja de Éfeso (e não aos anjos da igreja de Éfeso). O Senhor não disse a
João para escrever aos anciãos daquela igreja, mas ao seu anjo; isto nos faz
compreender que este anjo era o pastor daquela comunidade. |
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Além disso, João diz que quando
lhe apareceu o Senhor, "ele tinha na sua
destra sete estrelas" (Ap. 1:16); aquelas sete estrelas eram os
anjos das sete igrejas da Ásia, de facto Jesus lhe disse: "As sete
estrelas são os anjos das sete igrejas.." (Ap. 1:20). O facto de o
pastor de uma igreja ser representado por uma estrela não deve ser
subvalorizado. Jesus, que é o Sumo Pastor, é a resplandecente estrela da
manhã; os pastores por ele estabelecidos sobre as igrejas são as estrelas que
ele tem na sua mão. |
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As estrelas que Deus pôs no
firmamento dos céus servem para dar luz na noite, mas servem também para
guiar as pessoas, na realidade elas são um seguro ponto de referência para os
que se encontram desprovidos de uma bússola no meio de um deserto ou no meio
do mar. Também os pastores são postos na igreja para iluminar os fiéis e para
conduzi-los por veredas de justiça; vos recordais o que fazia a estrela que
apareceu aos Magos no Oriente? A Escritura diz que ela "ia adiante
deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino"
(Mat. 2:9). Ora, mas não é porventura verdade que o pastor também vai adiante
das ovelhas? Aquela estrela conduziu os magos ao Rei dos Judeus; tomai a
expressão que diz "até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde
estava o menino" (Mat. 2:9), e confrontai-a com estas palavras de Paulo
aos Éfesios: "E ele mesmo deu...outros para pastores...até que todos
cheguemos à unidade da fé, e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, a varão
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo..." (Ef. 4:11,13); e compreendereis
como as estrelas das igrejas (os pastores) foram postas por Deus na sua
Igreja, para conduzir os santos ao pleno conhecimento do Filho de Deus. |
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Resumindo, dizemos que todas as
igrejas de Deus têm um colégio de anciãos, mas enquanto algumas têm só anciãos,
iguais entre eles em grau, poderes, e funções, (nenhum dos quais é chamado
pastor, mas de facto pastoreiam), outras, além dos anciãos têm também um
pastor que é o presidente do conselho dos anciãos, o seu porta-voz, e aquele
que, de facto, tem uma autoridade maior que a dos anciãos. Uma coisa é certa;
em ambos os casos, os fiéis não são deixados a si mesmos, porque estão sob a
vigilância de condutores. |
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Vejamos agora como os pastores
devem apascentar o rebanho do Senhor. O apóstolo Pedro, a quem o Senhor tinha
dito, antes de ir para o céu: "Apascenta as
minhas ovelhas" (João 21:17), explicou claramente de que maneira
os pastores devem apascentar o rebanho de Deus; ele diz: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo
cuidado dele, não por força, mas voluntariamente segundo Deus; nem por torpe
ganância, mas de bom ânimo; nem como tendo domínio sobre os que vos foram
confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o sumo
Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória" (1 Ped.
5:2-4). |
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Quero dizer antes de tudo que o
rebanho é de Deus, ou seja, é propriedade de Deus; Ele o comprou por preço, e
isto o confirmou também Paulo, quando falando aos bispos da igreja de Éfeso,
disse-lhes: "Cuidai pois de vós mesmos e de
todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue"
(Actos 20:28). Porque quis fazer esta premissa? Porque existem alguns
pastores que chamam a igreja de Deus ‘a sua igreja’, ‘as suas ovelhas’ e isso
não é verdade, porque as ovelhas que os pastores devem apascentar são do
Senhor, de facto o Senhor Jesus disse a Pedro: "Apascenta
as minhas ovelhas" (João 21:18), e não: ‘Apascenta as tuas
ovelhas’. |
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O pastor deve apascentar o
rebanho de Deus não de má vontade ou por força, como se fosse uma coisa
desagradável e inútil fazer, mas com alegria, mostrando boa vontade em
fazê-lo; o pastor não deve apascentar o rebanho de Deus para enriquecer,
explorando as ovelhas do Senhor, portanto não deve fazê-lo porque impelido
pela cobiça, mas deve apascentá-lo sinceramente com uma consciência pura; o
pastor não deve ter domínio sobre as ovelhas que o Senhor lhe confiou, ou
seja, não deve governar com violência e dureza, mas deve ser humilde. Jesus
disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será
o derradeiro de todos e o servo de todos" (Mar. 9:35); por isso,
o Senhor não condena quem quer ser primeiro ou grande entre o seu povo, mas
lhe diz o que deve fazer para se torná-lo. Muitos querem ser servidos, mas
não querem servir, querem ser grandes e estar entre os primeiros, caminhando
segundo a teimosia dos seus corações, recusando humilhar-se e servir as
ovelhas de Deus; mas como podem pensar estes de ser grandes? Certo, grandes
porventura são considerados por outros soberbos como eles, mas certamente não
por aquelas ovelhas modestas e símplices que esperam ainda que o pastor deixe
de se desinteressar delas e de buscar o seu próprio interesse, para cuidar
delas. Alguém dirá: ‘Mas em que consiste este cuidado de que tu falas?’
Consiste em dar um são alimento às ovelhas, em protegê-las dos lobos
devoradores, em fortalecer as ovelhas fracas, em curar as doentes, em tratar
as feridas, em tornar a trazer as perdidas, e em repreender as que merecem
ser repreendidas. Se o pastor cuida de si mesmo e do rebanho de Deus, quando
aparecer dos céus o Senhor, ele receberá dele glória e honra. |
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Alguém dirá: ‘E ao invés, que
obterão do Senhor, aqueles pastores que buscam o seu próprio interesse, que
dominam as ovelhas do Senhor com violência e dureza, que não cuidam nem deles
mesmos e nem da igreja de Deus?’ Cortá-los-á pelo
meio, eis o que receberão do Senhor aqueles pastores que em vez de
apascentar a igreja de Deus, apascentaram-se a si mesmos. Eis as palavras que
Deus dirigiu contra este tipo de pastores, por meio do profeta Ezequiel:
"Assim diz o Senhor, o Eterno: Ai dos pastores
de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as
ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não
apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a
quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não
buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam,
por não haver pastor; e tornaram-se pasto a todas as feras do campo,
porquanto se espalharam" (Ez. 34:2-5). |
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Jesus Cristo, falando do
mercenário, ou seja, daquele que guarda as ovelhas só pelo salário, disse:
"O mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o
lobo, e deixa as ovelhas, e foge, e o lobo as arrebata e dispersa. Ora o
mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas"
(João 10:12,13), ora, o que distingue o pastor do mercenário é que o pastor
pastoreia as ovelhas e cuida delas voluntariamente de bom ânimo, e não
procurando o seu interesse, mas temendo a Deus, sabendo de dever um dia dar
contas ao Senhor de toda a ovelha lhe tocada em sorte, enquanto o mercenário
está a guardar as ovelhas só por um salário, mas não se interessa delas como
ao invés faz o pastor, e este desinteresse o manifesta continuamente de
muitas maneiras, e sobretudo quando vem o lobo, porque ele não o enfrenta
para pô-lo em fuga, mas ele mesmo foge, deixando fazer ao lobo todo o mal que
quer no meio do rebanho. |
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Este é o testemunho que Deus
deu dos pastores que no tempo do profeta Isaías, estavam encarregues de
guardar o rebanho: "Todos os seus atalaias são
cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; deitados, sonham e
gostam de dormir. E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são
pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada
um para a sua ganância, todos sem excepção. Vinde, dizem, trarei vinho, e nos
encheremos de bebida forte; e o dia de amanhã será como este, ou ainda maior
e mais famoso" (Is. 56:10-12). A Escritura descreve assim todos
os pastores que não cuidam do rebanho do Senhor; são cegos, portanto
incapazes de reconhecer o bem e o mal e incapazes de guiar a igreja por
veredas direitas e planas; são sem inteligência espiritual porque não
quiseram saber nada da sabedoria de Deus e dos seus conselhos; são comparados
a cães mudos, incapazes de ladrar, que gostam de dormir, portanto são
atalaias que não guardam o rebanho, porque quando vêem o perigo não ladram, e
um cão de guarda que não ladra para que serve? Os maus obreiros vêm para
introduzir as suas estranhas doutrinas, e para levar as ovelhas do Senhor
atrás deles, mas eles dormem, eles
estão atarefados a despachar os seus negócios pessoais. Estes não servem o
nosso Senhor Jesus Cristo, mas o seu próprio ventre, "e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos
símplices" (Rom. 16:18); as ovelhas confiadas à sua vigilância se
dispersam, são presa de falsos profetas e de falsos doutores os quais com
facilidade conseguem agarrá-las porque o seu pastor dorme. Jeremias disse:
"Porque os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso
não prosperaram, e todos os seus rebanhos se espalharam" (Jer. 10:21), e
também: "Muitos pastores destruiram a minha vinha, pisaram o meu campo,
tornaram em desolado deserto o meu campo desejado" (Jer. 12:10). Aquilo
que acontecia em Israel, nos dias dos profetas, acontece também hoje; também hoje são muitos os pastores que
destrõem o rebanho de Deus, porque são cobiçosos de torpe ganância; estes
pastores perdem as almas porque querem enriquecer e se tornar famosos; eles
maldizem e lançam fora as ovelhas que não fazem entrar nada no seu insaciável
ventre; eles usam toda a sorte de engano para alcançar os seus malvados fins. |
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Para estes pastores, se o
rebanho do Senhor não se santifica, não importa absolutamente nada; eles não
sofrem em ver a corrupção e a mundanidade alastrar entre o rebanho; eles não
se afligem em ver as ovelhas se
perderem pelos montes da infidelidade, e nem sequer têm compaixão pelas
ovelhas fracas e desencorajadas porque são cruéis; eles não se levantam em
favor da verdade porque não a amam; eles não cuidam da sua conduta, e se o
nome de Deus e a doutrina de Deus são blasfemados por causa dos seus
frequentes escândalos, não lhes importa absolutamente nada, porque eles
alcançaram um certo grau de fama e podem se permitir (segundo eles) também a
operar escândalos, porque muitos crentes ingénuos que ainda estarão dispostos
a segui-los e a socorrê-los encontrarão em abundância deles; são adúlteros,
amam o dinheiro, zombam em presença de todos, vão divertir-se, são sócios dos
adúlteros e dos ladrões e se deleitam na sua companhia; os mandamentos de
Deus e o temor de Deus não estão diante dos seus olhos, mas atrás das suas
costas; são altivos e incapazes de se humilharem, e contudo "ainda se
encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos
sobrevirá" (Miq. 3:11), enquanto Deus diz: "Ai deles" (Judas
11). |
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O doutor |
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O doutor é aquele que ensina a
Palavra de Deus; ele está apto para explicá-la com precisão porque o Senhor
lhe comunicou o dom de ensinamento. |
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Paulo, além de apóstolo, era
também doutor; isto o disse ele mesmo a Timóteo, quando lhe escreveu:
"Para o que fui (do Evangelho) constituído pregador, e apóstolo, e
doutor dos gentios" (2 Tim. 1:11). Lendo as epístolas de Paulo, nos
damos conta daquilo que ele ensinava por toda a parte, em todas as igrejas;
quem é doutor deve ensinar também ele as coisas que Paulo ensinava. |
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Paulo, doutor dos Gentios,
escreveu aos santos de Colossos: "Ensinando a todo o homem em toda a
sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo"
(Col. 1:28), e nós por estas palavras deduzimos que o doutor ensina os santos,
segundo a sabedoria que lhe foi dada, a fim de apresentá-los perfeitos em
Cristo. Porventura não é verdade que também o ministério de doutor foi dado
por Cristo, para o aperfeiçoamento dos santos? |
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Paulo morou em Corinto "um
ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus" (Actos 18:11);
em Éfeso, pelo espaço de três anos, o mesmo apóstolo não cessou de admoestar
cada um dos santos com lágrimas, e quando ele falou aos anciãos da igreja de
Éfeso, disse-lhes: "Vós bem sabeis...como nada, que útil seja, deixei de
vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas…porque nunca deixei de vos
anunciar todo o conselho de Deus" (Actos 20:18,20,27). Isto é o que faz
um doutor, onde Deus lhe abre uma porta para a Palavra; se detém naquele lugar para ensinar aos fiéis todo o conselho de Deus. |
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O ensinamento que um doutor
dirige aos santos é elementar, quando é dirigido aos meninos em Cristo,
recém-nascidos, e perfeito, quando é dirigido a crentes maduros; em ambos os
casos, no entanto, o ensinamento é são e útil. Além de Paulo houveram outros,
nos seus dias, que foram constituídos por Deus doutores, e de alguns deles
estão mencionados os nomes, de facto Lucas escreveu: "E na igreja que
estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber, Barnabé e
Simeão, chamado Niger, e Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes
o tetrarca, e Saulo" (Actos 13:1). |
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Hoje, o termo doutor é usado
impropriamente muitas vezes com alguns que não têm de todo este ministério. A
Escritura, por doutor não entende um homem que estudou línguas estrangeiras
em alguma escola, ou um homem que ensina grego, hebraico e aramaico; certo,
porventura para os de fora um tal homem é um doutor, mas para os de dentro o
doutor é aquele que ensina a palavra de Deus. Paulo era hebreu e conhecia bem
o grego, e quando esteve na Grécia não se pôs a ensinar hebraico, a sua
língua nativa, aos crentes gregos, mas a palavra de Deus. Porque digo isto?
Porque hoje alguns crentes pensam que o doutor é quem conhece bem a língua
grega e a hebraica, e as ensina; eu não digo que o conhecimento do grego
antigo e do hebraico seja inútil hoje, mas digo também que conhecer a língua
grega e a língua hebraica não significa ser um doutor da palavra. Os
tradutores das Sagradas Escrituras, por exemplo, tiveram forçosamente que
estudar bem o grego antigo e o hebraico, porque eles tiveram que traduzir em
português os manuscritos escritos em hebraico e em grego (nós damos graças a
Deus pelo que eles fizeram para nos permitir ler a palavra de Deus na nossa
língua), mas seja bem claro que se um tradutor dos Escritos sagrados, conhece
o grego e o hebraico, mas não é capaz de explicar aos crentes as várias
doutrinas da Palavra de Deus, ele não é um doutor. |
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Também o facto de que um crente
tenha conseguido uma licenciatura ou várias licenciaturas (não importa se a
licenciatura em economia e comércio, ou em direito, ou em letras, ou em
medicina) e que em virtude dos seus estudos seja capaz de ter um discurso acerca
de Deus, não significa que ele é um doutor. Ele pode ser capaz de falar com
excelência de palavras, mas se não está apto a ensinar a palavra de Deus, não
é um doutor; ele tem o título de doutor que confere a universidade, mas não
tem o ministério de doutor que confere o Senhor. |
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Agora quero falar-vos dos
falsos doutores que existem no seio do povo de Deus e o faço, recordando-vos
o que o apóstolo Pedro escreveu na sua segunda epístola a propósito destes.
Pedro diz: "E também houve entre o povo falsos
profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão
encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou,
trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas
dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; e
também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós
negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua
destruição não dormita. Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas
lançou-os no inferno, e os entregou às cadeias da escuridão, reservando-os
para o juízo; e não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé,
pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo
dos ímpios; e, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as
à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente; e
livrou o justo Ló, atribulado pela vida dissoluta dos homens abomináveis (porque este justo, habitando entre eles,
afligia todos os dias a sua alma justa, pelo que via e ouvia sobre as suas obras
injustas); assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os
injustos para o dia do juízo, para serem castigados; especialmente aqueles
que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda
autoridade. Atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidades,
enquanto que os anjos, embora maiores em força e poder, não pronunciam contra
eles juízo blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais,
por natureza feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não
entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo o galardão da sua injustiça;
pois que tais homens têm prazer em deleites à luz do dia; nódoas são eles e
máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; tendo
os olhos cheios de adultério e não cessando de pecar; engodando as almas
inconstantes, tendo um coração exercitado na avareza, filhos de maldição; os
quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão,
filho de Bosor, que amou o prêmio da injustiça, mas teve a repreensão da sua
transgressão: o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do
profeta. Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento para
os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva. Porque, falando
coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e
com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro;
prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos escravos da corrupção; porque de
quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo. Porquanto se, depois de
terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e
Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos,
tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora
não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se
do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por
um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vómito, e a porca
lavada ao espojadouro de lama" (2 Ped. 2:1-22). |
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Antigamente surgiram no meio do
povo de Israel também falsos profetas, os quais profetizavam do seu ventre,
seguindo seu próprio espírito; isto é o que ensina a Escritura. |
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Ora, Pedro disse que assim como
tinham surgido falsos profetas entre o povo, assim haveriam no meio de nós
falsos doutores; sim, entre nós mesmo, porque ele diz: "Entre vós haverá
também falsos doutores" (2 Ped. 2:1), por isso ponde muita atenção nas
palavras de Pedro, a fim de poder reconhecer estes impostores quando venham a
vós. |
|
Estes falsos doutores são
astutos como as raposas, e conseguem com a sua esperteza introduzir na igreja
estranhas e perversas doutrinas; "andam falando mentiras…chocam ovos de
basilisco…o que comer dos ovos deles morrerá" (Is. 59:4,5), diz o profeta
Isaías, e de facto aqueles que aceitam as suas heresias de perdição se
desviam da verdade. Estes negaram o Senhor que os resgatou, isso significa
que houve um dia no qual eles creram no Senhor mas depois o abandonaram. |
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Estes obreiros fraudulentos têm
prazer em fazer discursos sobre coisas de que não se deve falar; são gente
sensual, e alguns, atraidos pela sua sensualidade, os seguem e imitam os seus
caminhos, e por causa deles, o caminho da verdade é blasfemado pelos de fora.
Mas porque é que os incrédulos se põem a blasfemar o caminho da verdade?
Porque estes sedutores que dizem com a boca de estar na verdade, e sobre o
caminho da justiça, se comportam pior do que os incrédulos que não conhecem o
Senhor! Os falsos doutores amam o dinheiro, e se aproveitam daqueles crentes
sinceros e símplices que não têm muito discernimento, extorquindo-lhes
dinheiro com as suas palavras doces, mas ao mesmo tempo fingidas. Os
pretextos que estes usam para arrancar o dinheiro da mão aos crentes, são os
mais variados; eles no entanto, sabei isto, não vos dizem: ‘Dai-nos o vosso
dinheiro, porque queremos comprar carros luxuosos, construir palácios de
prazer, e nos irmos divertir’, mas vos dizem: ‘Dai-nos as vossas ofertas para
a obra do Senhor e Deus abençoará a obra das vossas mãos, Ele encherá os
vossos celeiros e fará transbordar de vinho os vossos lagares’, belas
palavras que estes servos de Mamom conhecem bem e recitam bem diante das
multidões que vão escutar os seus áridos discursos. Judas Iscariotes era um
apóstolo, e quando Maria tomou um arratel de unguento de nardo puro, de
grande preço, e ungiu com ele os pés de Jesus, ele disse: "Por que não
se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos
pobres?" (João 12:5); não é que Judas Iscariotes disse para fazer alguma
coisa de inútil com aquele unguento de grande preço, de modo nenhum, ele
disse que se teria podido vender e dar o dinheiro aos pobres. Mas o que ele
disse, o disse, "não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era
ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava" (João 12:6); os
falsos doutores falam de uma maneira similar, de facto falam de querer ajudar
os pobres, de querer difundir a palavra do Senhor e exortam as pessoas a
dar-lhes dinheiro para estas boas causas, mas depois se vem a saber que vivem
em casas que são de reis, que possuem carros fora de série, que só vestem
roupas de marca, que usam relógios de ouro, e que fazem uma vida escandalosa.
Estes são ladrões como o era Judas, mas não ficarão impunes, porque Deus, a
seu tempo, lhes retribuirá segundo as suas obras. |
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Deus não teve por inocentes os
anjos que deixaram a sua primeira dignidade e cometeram fornicação com as
filhas dos homens, mas os lançou nas trevas que estão nas profundidades da
terra, onde estão ainda guardados em cadeias, para o juizo do grande dia. |
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Deus não teve por inocente
também o mundo dos ímpios nos dias de Noé, de facto o puniu, fazendo vir o
dilúvio das águas sobre ele, e exterminando tanto os homens como os animais
que estavam sobre a face da terra, conforme está escrito: "Assim, foi desfeita
toda a substância que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao
animal, até ao réptil, e até à ave dos céus" (Gen. 7:23); do meio das
águas, Deus salvou Noé com outros sete, conforme está escrito: "E ficou
somente Noé e os que com ele estavam na arca" (Gen. 7:23), e também:
"Poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água" (1 Ped. 3:20). |
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Deus não teve por inocentes nem
ainda Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas, as quais viviam no
orgulho, na fartura de pão e no ócio indolente; mas não fortaleciam a mão do
aflito e do pobre. Eles se tinham abandonado à fornicação e tinham ido atrás
de vícios contrários à natureza, e Deus fez chover sobre eles fogo e enxofre,
reduzindo-as a cinzas, para que servissem de exemplo aos que no futuro
viveriam impiamente, mas também neste caso, Deus manifestou a sua justiça,
não fazendo perecer no castigo daquelas cidades o justo Ló que habitava no
meio daquela gente perversa e atormentava continuamente a sua alma justa por
causa das suas más obras. |
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Estas histórias nos ensinam que
Deus ama a justiça e sabe como livrar os devotos da tentação, mas também que
Ele faz cair sobre a cabeça dos ímpios toda a sua maldade. Sabei que Deus
julgará os injustos, os que caminham segundo os desejos da carne, e os que
desprezam as autoridades; e os falsos doutores estão entre estes, porque
estão cheios de toda a injustiça, caminham segundo as concupiscências
carnais, e desprezam as autoridades. |
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Estes impostores desprezam e
ultrajam as autoridades que foram ordenadas por Deus, como soberanos,
governadores, ministros do governo, magistrados e juizes dos tribunais; eles
não honram quem nós devemos honrar. Está escrito na lei: "O príncipe
dentre o teu povo não maldirás" (Ex. 22:28), e Salomão diz: "Nem
ainda no teu pensamento amaldiçoes ao
rei" (Ecl. 10:20), mas estes não prestam nenhuma atenção a estes
mandamentos porque são arrogantes. Mas além disso, dizem também mal das
dignidades, na realidade injuriam o príncipe deste mundo e os principados e
as potestades, enquanto os anjos de Deus, se bem que sejam maiores dignidades
em força e poder, não levam contra eles, perante o Senhor, nenhum juízo
maldizente, e isto é confirmado por Judas que diz na sua epístola: "Vituperam
as dignidades. Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e
disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de
maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda" (Judas 8,9).
Recordai-vos que Jesus Cristo chamou o diabo "o príncipe deste
mundo" (João 14:30), e que quando Jesus foi tentado pelo diabo, não
ousou nem sequer Ele, que era o Filho de Deus, injuriar a dignidade, na
realidade quando o adversário tentou o Senhor para que se prostrasse diante
dele e o adorasse, Jesus lhe respondeu assim: "Vai-te, Satanás, porque
está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mat.
4:10; Deut. 6:13); ele não lhe disse frases do tipo ‘Agora.....te faço ver
eu’, ou ‘Se não te vais daqui te mando à......’ (estas e outras abomináveis
expressões são proferidas contra as dignidades por homens corruptos e
arrogantes que pregam o Evangelho, mas a coisa mais triste é constatar que
muitos crentes quando os ouvem se põem a rir e a dizer também ‘amen’), e isto
me encontro forçado a vos dizê-lo, para vos fazer compreender que Jesus,
apesar de saber quantas coisas malvadas o diabo tinha feito e dito até então
e apesar de saber ser muito mais poderoso que o diabo, não ousou injuriá-lo
para fazer zombaria dele. Jesus Cristo nos deixou o exemplo também nisto, mas
estes falsos doutores não querem seguir o exemplo de Cristo, porque são
arrogantes, audazes, e alcunham o diabo com os mais variados e ridículos
nomes para injuriá-lo. |
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O profeta Zacarias escreveu:
"E me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do
Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o Senhor
disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que
escolheu Jerusalém, te repreende..." (Zac. 3:1,2); isso significa que
também Deus quando repreendeu Satanás
lhe dirigiu as mesmas palavras que o arcanjo Miguel lhe dirigiu quando se
encontrou a contender com ele, por isso irmãos, estai atentos para não vos
deixardes levar no erro destes perversos. Estes homens reprovados quanto à
fé, "dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem,
como animais irracionais se corrompem" (Judas 10), de facto alguns deles
são também sodomitas. "E, como eles se não importaram de ter
conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para
fazerem coisas que não convêm" (Rom. 1:28); eles, enquanto estão ainda
neste mundo, já recebem "em si mesmos a recompensa que convinha ao seu
erro" (Rom. 1:27), mas também no mundo vindouro não ficarão impunes
porque Deus lhes fará encontrar o salário da conduta que eles tiveram sobre a
terra. |
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Uma outra obra da carne na qual
eles têm prazer é o viver diariamente em delícias, de facto banqueteiam sem
temor em pleno dia, embriagando-se com os seus velhos vinhos e as suas
bebidas fortes. Também nas festas de amor se abandonam às delícias, e é por
isto que Judas diz que "estes são manchas em vossas festas de amor"
(Judas 12). Mas sabeis o que fazem mais nas festas de amor? Deleitam-se em
seus enganos perpetrados para dano dos símplices. Estes, como profanos
zombadores de festas, se deleitam em entreter o seu auditório com os seus
gracejos indecentes; são homens que têm os olhos cheios de adultério que não
podem deixar de pecar e este é o testemunho que Deus dá destes: "Como
cavalos bem fartos, levantam-se pela manhã, rinchando cada um à mulher do seu
companheiro" (Jer. 5:8). |
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Estes falsos doutores engodam aquelas almas que não estão estáveis na verdade; são definidos
por Pedro, "filhos de maldição" (2 Ped. 2:14) porque eles têm prazer
em maldizer o seu próximo; eles, naquele dia, estarão entre aqueles a quem o
Senhor dirá: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o diabo e seus anjos!" (Mat. 25:41). |
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Eles estavam no caminho
direito, mas o abandonaram e por amor do desonesto ganho se atiraram ao erro
de Balaão; são fontes sem água, e
nuvens sem água levadas de uma para outra parte por todo o vento de doutrina
que sopra. Dizei-me: ‘Mas para que serve uma fonte sem água a quem está
sedento?’ Estes estão vazios da sabedoria divina, mas cheios da sabedoria
diabólica; estão vazios da sã doutrina, mas cheios de fábulas e de falsas
doutrinas, por isso não são de nenhuma edificação para aqueles crentes que
caminham segundo o Espírito e discernem a voz do Senhor; mas não obstante
isso conseguem conquistar as multidões, sabem fazer, o devemos reconhecer,
mas aliás também Pedro disse que "falando coisas mui arrogantes de
vaidade, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles
que se estavam afastando dos que andam em erro" (2 Ped. 2:18), portanto
não é de admirar o ‘seu sucesso’. Judas disse "a
sua boca diz coisas muito arrogantes, admirando as pessoas por causa do
interesse" (Judas 16); isso significa que dizem muitas coisas que
não correspondem à verdade, e que lisonjeiam as pessoas que os ouvem para
ganharem o seu favor. Uma das características destes faladores vãos é que prometem a liberdade a todos
os que conseguem engodar, na verdade têm todos os seus expedientes para
libertar as pessoas de todos os vícios e de todos os problemas, enquanto eles
mesmos são escravos da corrupção porque se deixaram envolver e vencer de novo
pelas contaminações do mundo das quais um dia tinham fugido. O seu último estado tornou-se pior que o primeiro; por
isso Judas os defeniu "árvores murchas,
infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas" (Judas 12).
Irmãos, guardai-vos dos falsos doutores. |
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Conclusão |
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Depois de ter dito isso; antes
de terminar, quero dizer-vos que Cristo deu aos homens estes dons de
ministério, para o aperfeiçoamento dos santos, e para que a igreja de Deus
seja edificada e não haja nenhuma divisão nela. Deus, por meio dos seus
ministros, quer fazer-nos chegar a uma união perfeita na fé em Cristo Jesus,
a um completo conhecimento do Filho de Deus, à medida da estatura perfeita de
Cristo, para deixarmos de ser meninos que são lançados e levados em roda por
ventos de estranhas doutrinas que sopram à nossa volta nesta geração corrupta
e perversa. Existem homens fraudulentos que são exercitados a praticar aquela
que é chamada a "astúcia tendente à maquinação
do erro" (Ef. 4:14), e Deus para nos livrar dos dentes destes que
se transfiguram em ministros da justiça, mas que na realidade são ministros
de Satanás, constituiu na igreja, os apóstolos, os profetas, os evangelistas,
os pastores e os doutores, desejando que cada um de nós, caminhando na
verdade e na caridade, cresça em sabedoria, em conhecimento, e na graça. |
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Que dizer da presença de falsos apóstolos, de falsos profetas e de falsos
doutores no meio do povo de Deus? Irmãos, é necessário que eles existam,
porque está escrito: "E até importa que haja
entre vós facções [ou seitas], para que os aprovados se
tornem manifestos entre vós" (1 Cor. 11:19); o sei, estas palavras de Paulo aos santos de
Corinto, são fortes, mas é necessário reconhecer que no seio da igreja de
Deus, no curso dos séculos, surgiram muitos falsos profetas e muitos falsos
doutores que introduziram encobertamente doutrinas perversas e arrastaram
atrás deles os que lhes prestaram fé; mas é também verdade que muitos crentes
não se deixaram seduzir por estes
enganadores, e permaneceram firmes na fé no Senhor Jesus Cristo e na
sã doutrina que nos foi ensinada pelo nosso Senhor e pelos apóstolos, e
batalharam pela fé. Sim, houveram homens de Deus que no meio da boa guerra
não recuaram, mas com as armas de Deus guerrearam até ao fim das suas vidas;
e foi justamente a seguir às duras lutas e aos muitos sacrifícios destes
homens corajosos que Deus levantou no curso do tempo, que o Evangelho chegou
até nós; e foi a seguir à obra fiel de muitos tradutores, que as Sagradas
Escrituras nos chegaram integras. O diabo levantou os seus perversos
ministros que torceram as Escrituras para a sua perdição e a perdição de
muitas almas, mas o puro Evangelho nos chegou o mesmo e por meio dele fomos
salvos dos nossos pecados. |
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Nós que cremos no nome do Filho de Deus damos graças a Deus porque Ele nos fez chegar ao conhecimento da verdade e porque Ele convosco nos mantém firmes em Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amen. |