13. Estava lendo 1 Pedro 3 e quando cheguei ao verso 19 fiquei um pouco perplexa porque não me é muito claro; além disso o conceito é reiterado também em 1Pedro 4:6. I Pedro 3:19,20 "No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água" I Pedro 4:6 "Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito"


Irmã, estas palavras de Pedro se referem à descida de Jesus em espírito às partes mais baixas da terra após a sua morte, de facto, pouco antes do versículo 19 se lê: "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito " (1 Ped. 3:18). Disse às partes mais baixas da terra porque assim Paulo chama o lugar onde Jesus desceu após a sua morte: "Ora, isto—ele subiu—que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra?" (Ef. 4:9), Pedro porém o chama prisão, com efeito, diz que Jesus foi pregar aos espíritos em prisão. De quais espíritos está falando? Daqueles que aos dias de Noé não quiseram dar ouvidos à pregação de Noé que a Escritura chama " pregador da justiça" (2 Ped. 2:5). Portanto Jesus em espírito foi pregar aos mortos de uma particular geração, e não aos mortos de todas as gerações passadas. Alguns dizem que esta pregação feita por Jesus em espírito se refere à pregação feita por Noé aos da sua geração através do Espírito de Cristo que falava nele; mas isso não se evidencia das passagens supracitadas, com efeito, está dito que esta pregação aconteceu depois que Jesus foi morto na carne e depois que foi feita a espíritos ou mortos. Portanto não podemos fazer mais senão tomar estas palavras de Pedro assim como estão transcritas. Mas o que foi pregar Jesus a esses mortos? O Evangelho, de facto, está dito: "Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos" (1 Ped. 4:6), esse ‘também’ está a confirmar o que dissemos pouco atrás, a saber, que o Evangelho não foi pregado a pessoas vivas fisicamente nem espiritualmente mortas, mas a pessoas mortas fisicamente. Até aqui a coisa é fácil de perceber e de explicar; as dificuldades começam quando se tem que explicar o motivo pelo qual Jesus foi pregar o Evangelho também aos mortos. Com efeito, Pedro diz que foi por esta razão: "Para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito" (1 Ped. 4:6). Porque aparentemente pareceria que esses mortos foram salvos, e portanto tiveram depois de mortos uma segunda oportunidade de se arrependerem. Mas isto não pode ser aceite porque antes de tudo segundo quanto ensina a Escritura quando alguém morre cessa de ter qualquer oportunidade de arrepender-se e de crer e ser salvo, de facto está dito: "Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo" (Heb. 9:27), e depois porque seria uma injustiça dar esta oportunidade só aos mortos dos dias de Noé excluindo todos os rebeldes mortos em todas as outras gerações. Por que por exemplo não ir pregar o Evangelho também aos habitantes de Sodoma e Gomorra? Portanto é preciso estar atento para não cair no erro em que caíram os Mórmons que baseando-se nestas palavras dizem que os pecadores também depois de mortos têm uma outra oportunidade de salvação. E de facto para eles existiriam nada menos do que missionários mórmons que se dirigem à prisão para pregar aos mortos o Evangelho (obviamente o chamado restaurado por Joseph Smith que é um outro Evangelho). 

O que significa então "para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito"? Nós consideramos que significa que esta pregação do Evangelho feita por Jesus nos infernos a mortos foi feita para testificar aos vivos que esses indivíduos estavam sim mortos segundo os homens quanto à carne, mas aos olhos de Deus tinham continuado a viver espiritualmente, para Ele na verdade os mortos continuam a viver. Que é assim se evidencia do facto de pouco antes estar dito: "Os quais [aqueles que dizem mal de nós] hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos" (1 Ped. 4:5), e também: "Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos…" (1 Ped. 4:6). Como dizer em suma: ‘Deus está preparado para julgar também os mortos (e não só os vivos) e que portanto mesmo se não estão mais na terra não fugirão de modo nenhum ao juízo de Deus porque eles segundo Deus continuam a viver, tanto é que para demonstração disto há a pregação de Jesus Cristo feita também aos mortos’. 

Essa pregação de Cristo portanto não tinha como fim a conversão daqueles mortos. Depois de morto não há mais a possibilidade de ouvir o Evangelho e crer e ser salvo dos próprios pecados. Está escrito: "Quem não crer será condenado" (Mar. 16:16), e também: "Aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3:36). Estas passagens tem-nas bem diante dos teus olhos quando leres e meditares essas palavras do apóstolo Pedro.

 

 

Índice