Capítulo 2
Os sacramentos |
A doutrina
dos teólogos papistas |
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Os sacramentos são sinais eficazes da graça instituídos por Cristo, são sete e conferem a graça que representam . Segundo os teólogos papistas ‘os Sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo para santificar-nos’(Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 430). Mas qual é o significado destas palavras? Este: ‘Os Sacramentos são sinais da graça, porque com a parte sensível que têm, significam ou indicam a graça invisível que conferem; e são dela sinais eficazes, porque significando a graça realmente a conferem’ (ibid., pag. 430). Mas quais são para a igreja romana estes sacramentos instituídos por Jesus Cristo? Estes: O batismo, a confirmação, a eucaristia, a penitência, a extrema unção, a ordem e o matrimónio, portanto são sete [ 1 ]. E para quem não os aceita todos e nega a eficácia deles há os seguintes anátemas: ‘Se alguém disser que os sacramentos da nova lei não foram todos instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que são mais ou menos que sete, a saber: o Batismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Extrema Unção, a Ordem e o Matrimónio; ou que algum destes sete não é verdadeiramente e propriamente um sacramento; seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. VII, can. 1) [2 ]; ‘Se alguém disser que os sacramentos da nova lei não contêm a graça que significam; ou que não conferem a graça aos que lhes não opõem óbice, como se fossem apenas sinais exteriores da graça ou da justiça já recebida pela fé, ou notas distintivas da fé cristã, pelas quais se distinguem no mundo os fiéis dos infiéis; seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. VII, can. 6) [ 3]. |
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Confutação |
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Cristo instituiu duas ordenanças que não conferem a
graça |
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Cristo não instituiu sete sacramentos mas apenas duas ordenanças que são o batismo e a ceia do Senhor. E estas ordenanças não são a fonte da graça [4 ] porque a graça procede de Deus e de Cristo Jesus, de facto, o apóstolo Paulo quando saudava as igrejas no início das suas epístolas dizia: "Graça e paz, da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo" (1 Cor. 1:3; 2 Cor. 1:2; Gal. 1:3; Fil. 1:2; 2 Tess. 1:2), o que mostra que ele cria que a graça brotava de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo e não das ordenanças dadas por Cristo. Notai que juntamente com a graça é mencionada também a paz, portanto como não se pode dizer que a paz brota das ordenanças assim não se pode dizer que a graça brota das ordenanças. Também João confirmou que a graça se recebe de Deus por meio de Cristo e não por meio das ordenanças quando diz: "Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (João 1:16,17). |
Como podeis ver, pelo que
ensina a Escritura se deduz que é errado pensar que a graça de Deus seja
conferida pelos sacramentos da igreja romana. E os factos confirmam isso,
porque muitos nossos irmãos que antes eram Católicos romanos embora tenham
recebido o batismo católico, o crisma, a comunhão, e se tenham confessado ao
padre durante anos, receberam a graça que procede de Deus quando se
arrependeram e creram no Evangelho. Por ela foram salvos dos seus pecados, por ela foram plenamente perdoados
e purgados de todos os seus pecados. A receberam pois sem fazer ritos de
nenhum género mas só crendo em Cristo; directamente de Deus por meio de
Cristo. Se tenha porém bem presente a propósito do quanto acabei de dizer que
tanto o arrependimento que se produziu neles e a fé pela qual eles foram
perdoados e salvos por Deus, são tudo coisas que são concedidas por Deus
segundo o beneplácito da sua vontade aos que ele quer, pelo que o facto deles
terem podido arrepender-se e crer no Senhor Jesus Cristo é uma manifestação
da graça de Deus para com eles. Em outras palavras deve-se dizer que eles se
arrependeram e creram pela graça que Deus tinha antes dos séculos decidido
manifestar para com eles e que na plenitude dos tempos manifestou dando-lhes
o arrependimento e a fé indispensáveis para serem salvos. De maneira que se
deve reconhecer que se é verdade que só pela fé em Cristo recebemos graça sobre
graça da parte de Deus, é também verdade que a fé que temos, sendo um dom de
Deus e não uma coisa que vem de nós, é ela própria uma graça, um favor de
Deus por ele nos dado na sua grande misericórdia porque assim Ele tinha
decidido sem nós o sabermos e sem que nós merecêssemos alguma coisa dele,
doutro modo graça não seria mais graça. Eis por que devemos dizer que não
temos nada, portanto nem sequer a fé, que não tenhamos recebido de Deus na
sua grande misericórdia; e por que não temos nada de que nos gloriar diante
de Deus, porque a salvação recebida foi uma obra inteiramente feita por ele
em nós sem que nós soubéssemos nada deste seu glorioso plano para nós e
independentemente da nossa vontade. Como bem diz Paulo: "Não depende do
que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia" (Rom.
9:16). Quis fazer este discurso para demonstrar que se é verdade que por meio
de Cristo "obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça"
(Rom. 5:2), como diz Paulo, é também verdade que tivemos acesso a esta graça
pela graça de Deus porque a fé foi Deus que nos a doou. A Deus seja o
louvor e a glória. Amen. |
O quanto dito aqui acima portanto anula toda a
doutrina católica sobre a eficácia dos sacramentos; poderíamos por isso nos
ficar por aqui, sem prosseguir confutando um por um os seus sacramentos. Mas
queremos na mesma fazê-lo para demonstrar a todos com as Escrituras como,
apesar de os teólogos papistas tomarem as sagradas Escrituras para sustentar
que os seus sete sacramentos conferam a graça, estes seus sacramentos não
conferem nenhuma graça. Queremos
assim fazer justiça à Palavra de Deus por eles mal interpretada para dano de
tantas almas no mundo. |
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O BATISMO |
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A doutrina
dos teólogos papistas |
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O batismo perdoa os pecados, faz nascer de novo quem o recebe que se torna assim um cristão. Ele é absolutamente necessário para a salvação. Os bebés portanto o devem receber o mais cedo possível porque sem o batismo, em caso de morte, não podem ir para o paraíso, mas vão para o limbo. O batismo o administra o sacerdote derramando a água benzida sobre a cabeça do batizando. ‘O Batismo é o sacramento da remissão dos pecados e da regeneração. É de fé (...) Por disposição divina, o Batismo é absolutamente necessário a todos os homens para a salvação. É de fé’ (Bernardo Bartmann, Teologia Dogmatica, vol. III, pag. 91, 96). Em outras palavras, o batismo para os teólogos papistas perdoa os pecados ao homem e para sustento disso eles tomam as palavras que Pedro disse aos Judeus no dia de Pentecostes; "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados" (Actos 2:38), e o faz renascer e tornar-se um filho de Deus e para sustentar isto tomam as seguintes palavras de Jesus: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" (João 3:5), e as seguintes palavras de Paulo: "Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração..." (Tito 3:5). Este poder de regenerar, o batismo o possui porque a água usada ao ministrá-lo é uma água completamente especial na realidade é ‘consagrada mediante uma oração de Epiclesis (seja no próprio momento, seja na noite de Páscoa). A Igreja pede a Deus que, por meio do seu Filho, o poder do Espírito Santo desça sobre esta água, a fim de que os que sejam batizados com ela ‘nasçam da água e do Espírito...’ (Catecismo da igreja católica, Cidade do Vaticano 1992, pag. 327). Sendo o batismo indispensável para a salvação, os pais devem levar a sua criança ao batismo não mais tarde de oito ou dez dias; para ‘assegurar-lhe logo a graça e a felicidade eterna, podendo ela muito facilmente morrer ’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 461). Ele é administrado pelo sacerdote católico ‘derramando a água sobre a cabeça do batizando e dizendo ao mesmo tempo as palavras da forma’ (ibid., pag. 453) que são: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo [ 5 ]. Na cerimónia do batismo, a criança, como não pode falar e responder às perguntas que o padre faz, é representada pelos padrinhos. O catecismo diz destes: ‘Os padrinhos no Batismo são os que apresentam à Igreja o batizando, respondem em seu nome se for criança, assumindo, como pais espirituais, o cuidado da sua educação cristã, se faltarem os pais, e por isso devem ser bons cristãos’ (ibid., pag. 460). Por isso, quando a criança torna-se adulto tem o dever de ‘manter as promessas feitas em seu nome pelos padrinhos’ (ibid., pag. 461). Para sustentar o batismo dos bebés os teólogos papistas tomam as palavras de Jesus quando disse para que deixassem os meninos ir a ele (cfr. Mar. 10:13), depois as palavras de Lucas que diz que Lídia e o carcereiro de Filipos foram batizados com as respectivas famílias (cfr. Actos 16:14,15,32-34), e a circuncisão dos bebés a fazer-se na idade de oito dias segundo o mandamento de Deus (cfr. Gen. 17:12). O que sucede no caso da criança morrer sem ter recebido o batismo? Se ela morrer não batizada irá para o limbo. O catecismo na realidade diz: ‘As crianças mortas sem Batismo vão para o Limbo, onde não há prémio sobrenatural nem pena; porque, tendo o pecado original, e apenas esse, não merecem o Paraíso, mas também não merecem o Inferno e o Purgatório’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 171) [ 6 ]. Embora os teólogos papistas digam que o batismo com água é absolutamente necessário para conseguir a salvação, também há alguns casos em que por necessidade, isto é, pela razão da pessoa estar impossibilitada de se batizar, ele pode ser substituído por dois outros batismos: o de sangue e o de desejo. Por quanto respeita ao batismo de sangue eles dizem: ‘O batismo de sangue (baptisma sanguinis) dá a justificão como o de água, mas não o carácter indelével e portanto a incorporação na igreja e a capacidade de receber os outros sacramentos. Estão incluídos como batismo de sangue; a morte violenta ou a tortura, que terá que levar à morte; o martírio por causa de Cristo (pela fé cristã ou por uma virtude cristã); a suportação até ao fim destes tormentos por amor de Cristo; pelo menos uma dor imperfeita pelos pecados e a vontade de receber, na primeira ocasião, o batismo de água’ (Johann Auer e Joseph Ratzinger, I sacramenti della chiesa [Os sacramentos da igreja], Assisi 1974, pag. 88-89). Para confrmar o batismo de sangue os teólogos papistas tomam as palavras que Jesus dirigiu a Tiago e João: "Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado..." (Mar. 10:39). Por quanto respeita ao batismo de desejo eles afirmam: ‘Se for moralmente ou fisicamente impossível a recepção do batismo de água, o batismo de desejo pode conferir os efeitos da graça do primeiro. Os elementos constitutivos do batismo de desejo são: o desejo sincero do batismo, a dor perfeita pelos pecados e a firme vontade de receber na primeira ocasião o sacramento do batismo de água. Ele é eficaz quando por causa de um facto externo (morte) já não se pode receber o batismo de água. Ele produz a justificação, mas não a incorporação na igreja visível’ (Johann Auer e Joseph Ratzinger, op. cit., pag. 89). |
Contra quem não aceita o batismo da igreja católica romana há os seguintes anátemas lançados pelo concílio de Trento: ‘Se alguém disser que na Igreja Romana, (que é mãe e mestra de todas as Igrejas), não reside a verdadeira doutrina do batismo: seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. VII, can. 3); ‘Se alguém negar que pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, conferida no Batismo, é perdoado o pecado original.(...) seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. V,5); ‘Se alguém negar que se devam batizar as crianças recém-nascidas (....) seja anátema’ (Concílio de Trento. Sess. V,4); ‘Se alguém disser que não se podem contar entre os fiéis as crianças, depois de terem recebido o Batismo, porque ainda não crêem realmente e por isso, quando chegarem aos anos de discrição, devem ser rebatizadas; ou que é melhor omitir o seu Batismo do que batizá-las na fé da Igreja, antes que possam crer por um acto de fé produzido por elas mesmas; seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. VII, can. 13). |
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Confutação |
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O batismo
deve ser ministrado a pessoas que creram e por imersão |
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Esta doutrina da igreja romana sobre o batismo é falsa porque antes de tudo segundo a Escritura o batismo deve ser ministrado a pessoas que se arrependeram dos seus pecados e creram no Senhor Jesus Cristo, e por isso não pode ser ministrado a infantes que ainda não discernem o bem do mal e que ainda não podem crer com o coração no Senhor. As seguintes Escrituras confirmam que aqueles que devem ser batizados devem primeiro arrepender-se e crer no Evangelho que lhes é anunciado, e por isso não podem ser batizados bebés. |
"E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados.... Foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra...." (Actos 2:37,38,41); |
"Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, batizavam-se, homens e mulheres" (Actos 8:12); |
"E muitos dos coríntios, ouvindo Paulo, criam e eram batizados" (Actos 18:8). |
Como podeis bem ver nestas três passagens as expressões: "receberam a sua palavra", "quando creram", e "criam" precedem o acto do batismo, e testificam de maneira clara que antigamente para receber o batismo a pessoa devia primeiro crer no Evangelho. Tudo isto está em perfeita harmonia com as palavras de Jesus: "Quem crer e for batizado será salvo" (Mar. 16:16). O batismo é pois lícito que o receba apenas quem creu. Mas para poder crer a pessoa tem de primeiro escutar a palavra de Cristo porque Paulo diz que a fé vem pelo ouvir e o ouvir por meio da palavra de Cristo, e também: "Como crerão naquele de quem não ouviram falar?" (Rom. 10:14), e por isso tem de haver quem pregue o Cristo porque ainda Paulo diz: "Como ouvirão, se não há quem pregue?" (Rom. 10:14). E isto está em perfeita harmonia com as seguintes palavras de Jesus: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo" (Mar. 16:15,16); e: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os..." (Mat. 28:19). Notai de facto que a pregação e o ensinamento precedem o acto do batismo porque os apóstolos primeiro deviam pregar a Palavra, e depois deviam batizar os que tinham crido nela. Esta foi a ordem que os apóstolos seguiram, de facto, no dia de Pentecostes primeiro Pedro pregou, depois os ouvintes receberam a sua palavra e os apóstolos os batizaram conforme está escrito: "De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra" (Actos 2:41). E isto foi o que aconteceu também em Filipos no caso da família de Lídia conforme está escrito primeiro: "E, sentados, falávamos às mulheres ali reunidas" (Actos 16:13), e depois, depois que o Senhor abriu o coração a Lídia para que estivesse atenta às coisas ditas por Paulo, "foi batizada, ela e a sua casa" (Actos 16:15); e também no caso da família do carcereiro conforme está escrito, primeiro: "Então lhe pregaram a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa" (Actos 16:32), e depois, que "foi batizado, ele e todos os seus" (Actos 16:33); e em Corínto onde muitos ouvindo falar Paulo criam e eram batizados (cfr. Actos 18:8). E como a pregação do Evangelho não podia ser dirigida a bebés (e por estes últimos recebida) porque eles embora pudessem ouvir não podiam porém discernir o que era dito e neles não podia portanto vir a fé, deduzimos que eles não eram batizados. Vimos portanto que antigamente o batismo era, em obediência ao mandamento de Cristo, ministrado só aos que criam, o que exclui que fossem batizados também bebés que não podiam ainda crer. |
Além disso é necessário dizer que o batismo citado nestas Escrituras consistia em imergir na água quem tinha crido, e não num derramamento de água sobre a sua cabeça. Aliás a própria palavra grega baptizo significa 'imergir', 'mergulhar', e não derramar ou aspergir. As seguintes Escrituras testificam que o batismo com água é por imersão e não por infusão. |
João o Batista batizava por imersão (ainda que o seu batismo fosse só um batismo de arrependimento) conforme está escrito: "Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados" (Mat. 3:5,6), e também: "Ora João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali, e eram batizados" (João 3:23); |
Jesus foi batizado na idade de cerca de trinta anos; quando foi batizado por João no Jordão, foi imerso na água, conforme está escrito em Mateus: "E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água..." (Mat. 3:16); e também em Marcos: "Foi batizado por João, no Jordão. E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descer sobre ele..." (Mar. 1:9,10); |
O eunuco foi batizado por Filipe por imersão conforme está escrito: "E desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou. E quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe.." (Actos 8:38,39). |
Que dizer então daqueles raciocínios papistas como: ‘'No dia de Pentecostes foram batizadas cerca de três mil pessoas e nós sabemos que em Jerusalém não há nenhum rio que permitisse um batismo de imersão', e: 'O carcereiro foi batizado com toda a sua família no cárcere e ali não havia um rio ou uma piscina para fazer um batismo por imersão; portanto nestes casos o batismo foi ministrado por infusão' ? Diremos que eles são só conversas vãs que apenas servem para lançar areia aos olhos dos Católicos que não conhecem as Escrituras. Deus não era obrigado a fazer transcrever todas as vezes onde e como eram batizados todos os que aceitavam o Evangelho. Uma coisa é certa, naqueles casos em que Ele não quis que fosse transcrito onde e como foi ministrado o batismo aos crentes não é porque aquele batismo lhes foi ministrado por infusão! E depois, seguindo este modo de raciocinar se teria também que dizer que naqueles casos onde não está escrito que crentes receberam o batismo eles não foram batizados como no caso daqueles milhares de pessoas que depois que Pedro corou o coxo em Jerusalém creram, dos Tessalonicenses, ou dos que creram em Atenas; pelo que o batismo não era necessário! Mas isto evidentemente significaria fazer dizer à Palavra o que ela não diz e constituiria uma contradição. |
Provámos portanto que o batismo instituído por Cristo deve ser ministrado a pessoas que se arrependeram e creram e também que ele é por imersão e não por infusão. Quando pois um Católico romano se arrepende e crê com o seu coração no Evangelho da graça deve ser batizado; não rebatizado porque na realidade o que ele recebeu em criança (ou mesmo em adulto) na igreja católica romana não é de modo nenhum um batismo mas uma qualquer coisa que tem só o nome de batismo. |
Por quanto respeita depois às palavras a usar no batismo é necessário dizer ao batizando: 'Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo' porque Jesus assim mandou: "...batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mat. 28:19). Em nome do Pai porque foi Ele que o trouxe ao seu Filho, (cfr. João 6:37,44,65), em nome do Filho porque Ele o recebeu e lhe revelou o Pai (cfr. Lucas 10:22), e em nome do Espírito Santo porque foi Ele que o convenceu quanto ao pecado, à justiça e ao juízo (cfr. João 16:8). |
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O batismo não
regenera o homem |
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As palavras de Jesus (cfr. João 3:5) e de Paulo (cfr. Tito 3:5) que os teólogos papistas tomam para sustentar o poder de regenerar do batismo têm um outro significado. |
Jesus quando disse que é necessário nascer da água quis dizer que é necessário ser regenerado pela Palavra de Deus porque a água representa a Palavra de Deus (cfr. Is. 55:10,11). De certo Ele não quis dizer que a água do batismo regenera ou tem o poder de regenerar o pecador porque isso não corresponde à verdade, porque o poder de regenerar o pecador o tem a Palavra de Deus (cfr. 1 Ped. 1:23). E depois, se fosse assim como dizem os Católicos o ladrão convertido na cruz no momento da morte não teria podido ir para o reino de Deus porque não nasceu da água, isto é, porque não foi batizado. Mas então como é que Jesus lhe disse que naquele dia estaria com ele no paraíso? Não foi porventura porque aquele homem antes de morrer experimentou o novo nascimento, ou seja, nasceu da água e do Espírito? Certamente que assim foi, e não pôde ser doutra forma.. |
Por quanto respeita às palavras de Paulo a Tito, por lavagem da regeneração o apóstolo não quis dizer a regeneração feita pelo batismo. Porque ele por lavagem não entendia a imersão na água de quem tinha crido, mas a purificação feita nele pela Palavra de Deus, de facto, aos Efésios diz que "Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificado-a com a lavagem da água, pela Palavra.." (Ef. 5:25,26). Para confirmar que Cristo nos lavou e limpou pela sua palavra, e não pelo batismo na água que recebemos em seu nome, citamos as palavras que Jesus disse aos seus discípulos na noite em que foi traído: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado" (João 15:3). Ele não lhes disse que estavam limpos por causa do batismo, mas por causa da sua palavra, que era a Palavra de Deus conforme ele disse: "A palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou" (João 14:24). E se isto não bastasse para demonstrar que Paulo dizendo que fomos salvos pela lavagem da regeneração não quis de modo nenhum dizer que o batismo na água nos regenerou acrescentamos também a prova dos factos. Os Católicos romanos dizem ter recebido a lavagem da regeneração mas não podem dizer terem sido salvos. Ora, nós dizemos: ‘Se os Católicos tivessem recebido a lavagem da regeneração de que fala Paulo quando foram batizados então, por conseguinte, poderiam dizer também eles: "Fomos salvos", mas isto não o podem dizer e não o dizem. Porquê?’ Não é porventura porque aquela "lavagem da regeneração" não se refere de modo nenhum ao batismo (seja que ele tenha sido erradamente ministrado por infusão ou justamente por imersão) mas à lavagem operada pela Palavra de Deus no coração daquele que a aceitou por fé e eles esta lavagem ainda não a experimentaram? Certamente que assim é. Eis por que motivo todos aqueles que dizem ser Cristãos só pelo facto de em pequenos terem sido batizados na igreja católica romana não estão certos de estarem salvos, e estão ainda mortos nas suas ofensas; porque o seu batismo não os regenerou de modo nenhum quando eles o receberam em pequenos. Podemos dizer que eles foram enganados mediante esse ‘batismo’, mas não regenerados e incorporados mediante ele no corpo de Cristo. |
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As passagens
tomadas para sustentar o batismo de crianças não têm o significado que lhe
dão os teólogos papistas |
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Na sagrada Escritura não há a respeito do batismo na água passagens que testificam que no tempo de Jesus e no tempo dos apóstolos eram batizadas também as crianças. Não obstante isso, como pudestes ver, os teólogos papistas sustentam o batismo dos infantes mediante passagens das Escrituras. Vamos pois demonstrar que as passagens da Escritura por eles citadas não confirmam de modo nenhum o batismo dos infantes. |
Em Mateus está escrito: "Então lhe trouxeram
algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos
os repreenderam. Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de
virem a mim, porque de tais é o reino dos céus. E, depois de lhes impor as
mãos, partiu dali" (Mat. 19:13-15). Os sustentadores do batismo dos
infantes (pedobatismo) dizem que aquele "não as impeçais de virem a
mim" significa que não se pode negar o batismo às crianças, ainda que
elas não estejam conscientes do acto a que são submetidas, porque Jesus disse
para não as impedir de receber o batismo. Esta interpretação dada às
referidas palavras de Jesus é arbitrária por estas razões: aqueles que
trouxeram as crianças a Jesus não lhe as trouxeram para que ele as batizasse
por infusão ou por imersão, mas como diz Marcos "para que as
tocasse" (Mar. 10:13), portanto ver o batismo dos infantes nessas
palavras de Jesus quer dizer forçarmo-nos a ver o que não está lá. Jesus
quando as crianças foram a ele as tomou nos braços "e impondo-lhes as
mãos, as abençoou" (Mar. 10:16), o que exclui que ele as tenha batizado.
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"E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso" (Actos 16:14,15); "Então lhe pregaram a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa. Tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus. Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou-se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus" (Actos 16:32-34). Ora, como no caso de Lídia e no caso do carcereiro de Filipos está dito que eles foram batizados com todos os da sua casa, os teólogos papistas deduzem que também as suas crianças foram batizadas pelos apóstolos. Para confutar este seu discurso dizemos somente que as Escrituras aqui acima expostas não dizem que haviam bebés ou pequenas crianças naquelas famílias. |
"À idade de oito dias, todo varão dentre vós será circuncidado, por todas as vossas gerações" (Gen. 17:12). Para os teólogos papistas, como o bebé começava a fazer parte inconscientemente do povo de Israel mediante esse acto que lhe era feito na carne, assim debaixo do Novo Pacto a criança começa inconscientemente a fazer parte do povo de Deus quando lhe é ministrado o batismo. Esta comparação não procede pelos seguintes motivos: 1) debaixo do Antigo Pacto foi Deus a mandar circuncidar ao oitavo dia as crianças enquanto debaixo do Novo Pacto não mandou de modo nenhum batizar as crianças, coisa que não teria deixado de fazer se ele tivesse querido que assim se fizesse; 2) a circuncisão debaixo do Antigo Pacto era sombra da verdadeira circuncisão que devia fazer Cristo no coração de muitos homens e muitas mulheres: e esta ele a faz naqueles que se arrependem e crêem nele tirando-lhes o velho coração de pedra e lhes pondo um novo coração de carne, tirando-lhes os pecados. |
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Os pecados
são cancelados e se fica filho de Deus quando se crê em Jesus Cristo e não
quando se é batizado |
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Ora, prescindindo do facto de o batismo de crianças administrado no seio da igreja romana ser nulo pelas razões recém-expostas, explicamos com a Escritura por que motivo o batismo na água não cancela os pecados ao homem e não o faz tornar-se um filho de Deus. |
Pedro diz na sua primeira epístola que o batismo não é "o despojamento da imundícia da carne..." (1 Ped. 3:21); onde por imundícia da carne se entendem as obras mortas da carne (os pecados) das quais o homem sem Deus está contaminado (cfr. Gal. 5:19-21). Portanto não é por meio dele que são cancelados os pecados e se fica filho de Deus. Mas então como são cancelados os pecados e como se fica filho de Deus? |
Os pecados são cancelados pela fé, e não pelo
batismo na água, conforme está escrito: "De todas as coisas … é
justificado todo o que crê" (Actos 13:39), e também: "todo o que
nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome" (Actos 10:43). E
para confirmação do que estamos dizendo citamos as palavras de Pedro na
assembleia de Jerusalém a propósito da purificação daqueles Gentios que
ouviram o Evangelho da sua boca: "E não fez diferença alguma entre eles
e nós, purificando os seus corações pela fé" (Actos 15:9). Como podeis
ver Pedro não disse que aqueles Gentios tinham sido purificados dos seus
pecados pelo batismo, que eles receberam por sua ordem depois que o Espírito
Santo desceu sobre eles, mas pela sua fé que tinha precedido o batismo na
água. Que dizer então das palavras de Pedro no dia de Pentecostes que os
teólogos papistas tomam para dizer que o batismo perdoa os pecados? Não
confirmam porventura elas que o batismo perdoa os pecados? Não, não o
confirmam de modo nenhum porque Pedro não lhes disse: ‘Sede batizados para a
remissão dos vossos pecados’, o que teria sim significado que para obter a
remissão dos pecados era indispensável para eles batizarem-se; mas ele
disse-lhes primeiro para se arrependerem e depois para se batizarem, e como
quando se dá o arrependimento se muda o modo de pensar e se crê no Evangelho
no qual nunca se creu antes, importa dizer ainda uma vez que o batismo não
lava o pecador dos seus pecados porque o que lhe perdoa os pecados é o nome
de Cristo no qual ele crê quando se arrepende. E que os pecados não são
cancelados pelo batismo mas mediante a fé em Cristo é confirmado também pelas
seguintes palavras que ainda o mesmo Pedro dirigiu aos Judeus depois da cura
do coxo à porta do templo dita ‘Formosa’: "Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam cancelados os vossos pecados..." (Actos
3:19). Notai de facto que aqui Pedro diz aos Judeus que para obter o
cancelamento dos seus pecados se devem só arrepender e converter. Não lhes
diz: ‘Arrependei-vos e sede batizados’, mas só: "Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos"; não lhes fala do batismo, mas lhes anuncia na mesma o
cancelamento dos pecados. |
Se fica filho de Deus ainda pela fé e não pelo batismo conforme está escrito: "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (João 1:12), e também: "Todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus" (Gal. 3:26). Tomemos por exemplo ainda Cornélio e os seus; eles receberam o Espírito Santo ainda antes de serem batizados na água. Ora, nós sabemos que o Espírito Santo o podem receber só aqueles que creram porque está escrito: "E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem" (João 7:39), por isso eles tinham crido e por conseguinte eram filhos de Deus. Além disso a Escritura diz: "Recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rom. 8:15,16), portanto Cornélio e os seus podiam dizer serem filhos de Deus ainda antes de serem batizados porque o Espírito Santo lhes o testificava com o seu espírito [7]. Como podeis ver tudo isto anula a doutrina que o batismo faz o homem tornar-se filho de Deus. Mas tomemos um outro exemplo para confirmar que não é pelo batismo que se fica filho de Deus; o dos cerca de doze discípulos de Éfeso. Lucas diz que Paulo quando chegou a Éfeso "achando ali alguns discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?" (Actos 19:1,2). E como eles lhe responderam que não tinham sequer ouvido falar da existência do Espírito Santo, Paulo se informou deles de que batismo tinham sido batizados. Eles lhe responderam que tinham sido batizados pelo batismo de João; ao que Paulo os batizou em nome do Senhor Jesus. Ora, a pergunta que faço é esta: ‘A Escritura diz que estes cerca de doze homens eram discípulos ainda antes de serem batizados na água em nome do Senhor Jesus, portanto estes tinham crido no Senhor porque todas as vezes que no livro dos Actos dos apóstolos é mencionada a palavra discípulos ela se refere a crentes, a filhos de Deus; mas então como se explica que eles, embora ainda não tivessem sido batizados em nome do Senhor Jesus, sejam chamados discípulos?’ Não é porventura porque não é o batismo em nome do Senhor Jesus que nos faz discípulos do Senhor, mas a nossa fé em Cristo Jesus? Não é necessário porventura chegar ainda à conclusão que o batismo não faz os homens filhos de Deus, porque filhos de Deus se tornam crendo no nome do Filho de Deus? |
Com estes nossos discursos não queremos dizer de maneira nenhuma que o batismo seja inútil ou não necessário, porque ele foi ordenado pelo Senhor com estas palavras: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mat. 28:19) e também: "Quem crer e for batizado será salvo" (Mar. 16:16), mas apenas que Jesus disse que "quem não crer será condenado" e não que aquele que não for batizado irá para o inferno, como por exemplo um homem que crê em fim de vida sem ter tempo de ser batizado na água. Portanto o fim destes discursos é só o de demonstrar que não é a água do batismo que cancela os pecados mas o sangue de Cristo, e que não é o batismo que faz tornar os homens filhos de Deus mas a sua fé. Permanecendo firme que o batismo tem valor, e que os que crêem devem ser logo batizados em obediência à ordem do Senhor. |
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O que é, e o
que faz o batismo segundo a Escritura |
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Depois de ter dito o que o batismo não é, e o que o batismo não faz vejamos o que é o batismo e o que ele faz. |
O apóstolo Pedro diz que o batismo é "a indagação de uma boa consciência para com Deus" (1 Ped. 3:21) (esta é mais uma confirmação que o batismo não pode ser administrado a crianças porque as crianças recém-nascidas não podem fazer a Deus esta indagação de boa consciência que é o batismo); portanto como por meio do batismo quem crê em Deus indaga de ter uma boa consciência na sua presença, ele é necessário (aliás como poderia Jesus instituir uma coisa não necessária para aqueles que creriam nele?). E cada um de nós experimentou as palavras de Pedro porque depois que cremos no Senhor sentimos a necessidade do batismo porque sentíamos em nós pelo Espírito, que embora sendo filhos de Deus purificados com o sangue de Jesus Cristo, para ter uma boa consciência diante de Deus devíamos obedecer à ordem do batismo. Certo, estávamos certos de estar salvos, de ter sido perdoados, mas não obstante isso sentíamos que em obediência a Cristo, o nosso Salvador, devíamos nos fazer batizar na água. Portanto, segundo a Escritura, pelo batismo nós obtivemos uma boa consciência diante de Deus. |
Além disso nós, pelo batismo, fomos sepultados com Cristo conforme está escrito: "Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na sua morte; para que, como Cristo ressuscitou dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida" (Rom. 6:3,4). E dado que são sepultados os mortos e não aqueles que ainda estão vivos, nós podemos dizer que quando fomos sepultados pelo batismo na morte de Cristo já estávamos mortos para o pecado sendo que nos tínhamos arrependido e tínhamos crido no Evangelho. Em outras palavras que nós antes de sermos batizados na água tínhamos nascido de novo, por isso estávamos mortos para o pecado; e pelo batismo o nosso velho homem foi sepultado com Cristo. Como Cristo quando foi sepultado já estava morto para o pecado ("quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado" (Rom. 6:10), diz Paulo), assim também nós quando fomos sepultados com ele já estávamos mortos para o pecado pelo corpo de Cristo. Podemos também exprimir este conceito assim: nós fomos salvos dos nossos pecados pela fé, e portanto ainda antes de sermos batizados na água estávamos salvos (porque o acto de crer precede o acto de ser imerso na água). O nosso batismo portanto pode-se definir um acto de obediência a Deus que selou a justificação por nós obtida pela fé antes do batismo. Um pouco como o sinal da circuncisão que Abraão recebeu como "selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão" (Rom. 4:11). Porque também Abraão foi justificado por Deus pela fé antes de ser circuncidado, e não foi portanto a circuncisão a imputar-lhe a justiça mas a sua fé conforme está escrito: "Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão" (Rom. 4:9). Do mesmo modo também a nós não foi o batismo a ser-nos imputado como justiça (o que significaria que pelo batismo se obtém a justificação) mas a nossa fé que colocámos em Cristo antes de sermos batizados na água. |
Pelo batismo nós também testemunhámos ao diabo e aos seus ministros (como também às pessoas do mundo que estavam presentes ou que ouviram do nosso batismo) de nos termos tornado discípulos de Cristo Jesus, de não querer viver mais para nós mesmos mas para Aquele que morreu e ressuscitou por nós, e por isso de ter renunciado a nós mesmos e aos prazeres do pecado que nos oferece o diabo através deste mundo mau. Nunca se deve esquecer de facto que quando nós nascemos de novo fomos arrancados deste presente século mau que jaz no maligno e transportados para o reino do Filho de Deus; que antes do novo nascimento servíamos o pecado mas depois começámos a servir a justiça. O batismo é pois um acto com o qual nós declarámos de estar mortos para o pecado e para o mundo. Como com a ceia do Senhor nós anunciamos periodicamente a morte do Senhor para o pecado uma vez para sempre, assim com o batismo, que se recebe uma só vez na vida, nós anunciámos a nossa morte para o pecado, para o mundo. E se tenha presente que como a ceia do Senhor não é a repetição da morte do Senhor para o pecado, o batismo também não é ele o acto com o qual nós morremos para o pecado porque a nossa morte para o pecado aconteceu antes do batismo, que foi ao invés o anúncio dela. Se tenha presente que o batismo em nome de Cristo em alguns lugares da terra representa um pronunciar sobre si próprio a condenação à morte pelos seus concidadãos, e de facto muitos destes nossos irmãos batizados nestas nações foram depois mortos por terem manifestado publicamente com o batismo a sua decisão de seguir Cristo. Isto para demonstração que para os que se sentiram traídos este acto de imersão que sofre um crente (que para eles é um traidor) significa que aquele que antes era da mesma religião deles decidiu renunciar à sua velha religião para abraçar uma outra totalmente diferente pelo que ele merece a morte como traidor. |
O batismo é um acto com o qual nós declarámos de não nos envergonhar de Cristo mas de estar dispostos a sofrer o seu vitupério neste mundo de trevas. O facto pois de muitos crentes terem sofrido uma forte oposição dos seus familiares incrédulos antes de serem batizados é devido ao facto de o diabo ter procurado através de alguns que estavam debaixo do seu poder induzir desta forma o neoconvertido a envergonhar-se do seu Salvador. O adversário na realidade sabe que Jesus afirmou: "Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele..." (Mar. 8:38). |
Depois de ter dito isto alguém dirá: "Mas então, se não é através do batismo que se é salvo (porque é pela fé que se é salvo), porque é que Pedro diz do batismo: "que também…agora vos salva, o batismo…, pela ressurreição de Jesus Cristo"? (1 Ped. 3:21) Porque assim é, mas Pedro não quis dizer com estas palavras que o batismo nos salvou. Porque não é o batismo na água que salva o homem da escravidão do pecado mas a sua fé em Cristo Jesus. Não é o batismo na água que salva o homem do inferno mas a sua fé, e disso temos uma confirmação no episódio da conversão de um dos ladrões que foram crucificados com Cristo ao qual Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23:43). Como podeis ver esse homem não pôde receber o batismo na entanto foi para o paraíso. Para confirmação de quanto dito acima vos faço notar que Pedro não disse 'que também a nós nos salvou o batismo pela ressurreição de Jesus Cristo' porque se tivesse dito assim isso significaria que Pedro acreditava que se nasce de novo quando se é batizado e não quando há o arrependimento e se crê no Filho de Deus. Mas ele disse que o batismo "agora vos salva,… pela ressurreição de Jesus Cristo" (1 Ped. 3:21), ou seja, que o batismo na sua morte nos salva da ira vindoura; mas de que maneira? Com a fé na ressurreição de Jesus Cristo porque Jesus disse: "Quem crer e for batizado será salvo" (Mar. 16:16), e não sem. Mas isto não significa de modo nenhum que foi pelo batismo que fomos regenerados; tanto é verdade que o mesmo apóstolo Pedro no início da sua primeira epístola diz: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos..." (1 Ped. 1:3); vedes? Pedro não diz que Deus nos gerou de novo pelo batismo (como diz a igreja católica romana) mas pela ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, pela fé na ressurreição de Jesus Cristo, o que é diferente. Também o apóstolo Paulo confirma que é pela fé na ressurreição de Cristo que nós fomos regenerados e não pelo batismo quando diz aos Colossenses: "Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos" (Col. 2:12). Notai a expressão "pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos" que posta nesse contexto em que se fala do batismo demonstra claramente que é a fé na ressurreição de Cristo que nos regenerou e não o batismo. E de facto Paulo pregava às pessoas do mundo a fé em Cristo como meio para renascer e não o batismo; porque ele sabia que era somente mediante a fé que elas podiam ser regeneradas. Eis por que aos Coríntios o apóstolo disse: "Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar..." (1 Cor. 1:17), porque aos olhos do Senhor evangelizar era e é mais importante do que batizar, coisa que Jesus nos dias da sua carne o demonstrou evangelizando mas não batizando ninguém. |
Portanto, resumindo, pela fé na ressurreição de Jesus Cristo fomos salvos, regenerados, e purificados dos nossos pecados; pelo batismo fomos sepultados; e ele nos salva pela ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, se conservarmos a fé na ressurreição de Cristo. Em outras palavras, nós seremos salvos da ira vindoura na condição de retermos firme até ao fim a fé que colocámos em Deus ao princípio; em caso contrário o batismo na água recebido depois de termos crido não nos servirá absolutamente para nada. Vos explico isto fazendo-vos exemplos. Se Noé, ou algum dos seus que estavam na arca, tivesse decidido enquanto chovia torrencialmente sobre a terra lançar-se da janela que Deus tinha ordenado a Noé de construir na arca, de certo não escaparia ao dilúvio mas pereceria também ele juntamente com os rebeldes. Se um Israelita que tinha acabado de passar o mar a pés enxutos tivesse decidido voltar para trás os seus passos (antes que Deus dissesse a Moisés de estender a sua mão sobre o mar para que as águas retornassem sobre os Egípcios), certamente ele pereceria com os Egípcios. Assim também nós que estamos em Cristo pela fé, devemos aplicar-nos a permanecer em Cristo se queremos ser salvos da ira vindoura. Portanto devemos continuar a crer nele e a nos guardar de lançar fora a nossa confiança, porque isso constituiria uma espécie de suicídio espiritual. |
Por fim tenho a sublinhar que o apóstolo Pedro e o apóstolo Paulo (cito eles porque citei as suas palavras a respeito do batismo) batizavam logo aqueles que criam; isto vos recordo para vos fazer perceber como para eles o batismo devia seguir imediatamente a fé e não devia acontecer semanas ou meses ou anos depois. Para demonstração que para eles, ainda que não fosse o batismo que regenerasse, ele era um acto importante porque ordenado por Cristo a fazer logo. Infelizmente porém o exemplo deles hoje não é seguido no meio da maior parte das Igrejas por muitos motivos que não encontram nenhum apoio na Escritura (o número consistente, a estação quente, etc.). E isto não pode deixar de entristecer. Eu digo que se os padres mandam aos pais de fazer 'batizar' os seus bebés poucos dias depois do seu nascimento natural porque pensam que com aquela água derramada sobre a sua cabeça eles renascerão e se tornarão filhos de Deus, os ministros do Evangelho devem mandar que os bebés espirituais sejam logo batizados sabendo que o batismo é uma indagação de boa consciência feita a Deus e não o meio através do qual se renasce e se torna filho de Deus. Porque é que um morto com Cristo deve esperar dias, semanas ou meses antes de ser sepultado? O que impede que seja logo sepultado? Porventura não é verdade que Cristo quando morreu foi logo sepultado? Porque pois quando alguém morre com Cristo não deve ser logo sepultado? Se no campo natural mal alguém morre se pensa logo em sepultá-lo, por que é que no campo espiritual mal alguém morre para o pecado porque aceitou Cristo não deve ser logo sepultado? Por isso ó ministros do Evangelho não demoreis a batizar aqueles que verdadeiramente creram no Evangelho. Quero também aproveitar a ocasião para exortar aqueles que creram mas ainda demoram a se fazerem batizar. A estes digo: 'Que esperais? Porque demorais? Levantai-vos e sede batizados'. Cuidai para não vos envergonhardes do batismo porque é um acto prescrito por Cristo Jesus, um mandamento a que deveis obedecer. Não vos deixeis enganar pelo diabo que com a sua astúcia procura ter-vos longe do batismo. Resisti-lhe pelo escudo da fé e sujeitai-vos a Cristo. |
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O limbo não
existe |
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Deste lugar chamado ‘limbo’ para o qual iriam as crianças mortas sem batismo a Escritura não fala dele. Ela fala do seio de Abraão, mas ele era um lugar para onde iam os justos que morriam antes da ressurreição de Cristo e agora não existe mais porque os justos que lá estavam foram levados para o céu por Cristo (cfr. Ef. 4:8). É portanto inútil crer tanto na existência do limbo como também que as crianças que morrem sem batismo vão para lá morar. |
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O batismo de
sangue e o de desejo não existem |
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O batismo de sangue e o de desejo brotaram da errada doutrina que o batismo com água confere a justificação e é portanto indispensável para a salvação; de facto ambos dão a justificação a quem por causa do martírio ou de outra causa não pôde batizar-se com a água. Portanto para confutar estes dois batismos basta reiterar que é só pela fé em Cristo que se é justificado e não pelo batismo com água; o batismo com água ainda que seja importante não justifica quem se faz batizar porque ele, dado que já creu, está já justificado dos seus pecados conforme está escrito: "Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus..." (Rom. 5:1), e também: "O justo viverá pela fé" (Rom. 1:17 NVI). Por conseguinte, dado que o batismo não justifica, quem creu e morre sem receber o batismo na água ou por morte natural repentina ou por causa do martírio, morre justificado por Deus e vai para o paraíso. Como o ladrão que se arrependeu na cruz antes de morrer por exemplo; ele não foi justificado e salvo porque desejou ser batizado, mas somente porque se arrependeu e creu em Cristo. Não há nenhuma necessidade de nomear o batismo de sangue e o de desejo porque eles são batismos inexistentes que os teólogos papistas fizerem despontar para substituir em uma certa medida o seu indispensável batismo com água nos casos em que ele não pode ser recebido. Em suma, para a igreja romana sem um dos seus batismos não se pode ser salvo; já não é sem a fé que não se pode ser salvo mas sem um destes batismos, ou seja, batismo com água por infusão, batismo de sangue e batismo de desejo. Ainda uma vez emerge de maneira clara como a salvação só pela fé em Cristo foi anulada pelos sofismas dos teólogos papistas. E como a negação da doutrina da justificação só pela fé produz toda sorte de estranhas doutrinas. |
Que dizer então das palavras de Jesus por eles
citadas para confirmar o batismo de sangue? Dizemos somente isto: Jesus falou
deste batismo na morte a apóstolos seus já perdoados e já batizados na água,
portanto a ele não se lhe pode dar de modo algum o significado lhe dado pela
cúria romana. |
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O CRISMA (OU
CONFIRMAÇÃO) |
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A doutrina
dos teólogos papistas |
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O crisma faz receber o Espírito Santo numa medida abundante. É ministrado pelo bispo com a imposição das mãos sobre os crismandos, e com a unção feita com o sagrado crisma sobre a fronte dos crismandos. As crianças o devem receber quando chegam à idade da discrição. ‘O Crisma ou Confirmação é o Sacramento que nos faz perfeitos cristãos e soldados de Jesus Cristo, e nos imprime o carácter dele ’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 463). Dito em outras palavras o crisma para os Católicos romanos é o sacramento que completa e aperfeiçoa a inserção do cristão no corpo místico de Cristo operada pelo batismo porque o crismando recebe a abundância do Espírito Santo que o fortifica interiormente e lhe dá a graça de testemunhar no mundo o Evangelho de Cristo. Segundo eles, de facto, pelo crisma acontece a efusão do Espírito Santo sobre os crismandos como no dia de Pentecostes aconteceu sobre os discípulos do Senhor. Rino Fisichella afirmou: ‘Resulta da celebração que o efeito do sacramento da Confirmação é a plena efusão do Espírito Santo, como já foi concedida aos Apóstolos no dia de Pentecostes’ (Rino Fisichella, Il Catechismo della Chiesa cattolica [O Catecismo da Igreja católica], Casale Monferrato 1993, pag. 257) [8]. Este seu sacramento é ministrado pelo bispo (por graves motivos o bispo pode conceder a faculdade de administar o crisma a sacerdotes), o qual, estende as mãos sobre os crismandos, invoca o Espírito Santo, depois com o sagrado Crisma [ 9] (óleo de oliva misturado com bálsamo, consagrado pelo bispo na quinta-feira santa) unge em forma de cruz a fronte de cada um, pronunciando as palavras da forma (que são para a ocasião: ‘Recebe o sinal do dom do Espírito Santo’) e no fim abençoa solenemente todos os crismados. Para sustentar biblicamente a imposição das mãos do bispo os teólogos papistas tomam as passagens da Escritura que se referem à imposição das mãos que os apóstolos faziam sobre os crentes para que recebessem o Espírito Santo. Em particular eles tomam estes versículos dos Actos dos apóstolos: "Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo" (Actos 8:17); "E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo..." (Actos 19:6). A idade mais conveniente para receber o crisma, segundo o catecismo católico, é a de cerca de sete anos. O concílio de Trento, considerado infalível pela teologia romana, decretou quanto segue em defesa do crisma: ‘Se alguém disser que a confirmação dos batizados é uma cerimónia vã, e não, pelo contrário, um verdadeiro e próprio sacramento (....) seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. VII, can. 1). |
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Confutação |
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O crisma não
faz receber ao crismando o Espírito Santo porque não tem nada a ver com o
batismo com o Espírito Santo prometido por Jesus Cristo, e com a imposição
das mãos feita pelos apóstolos sobre os crentes para que recebessem o
Espírito Santo |
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Como vimos os teólogos papistas sustentam que o crisma é o batismo com o Espírito Santo porque comparam os efeitos do crisma aos que se verificaram sobre os discípulos no dia de Pentecostes quando eles foram batizados com o Espírito Santo. Mas isso é falso e o demonstraremos já falando da doutrina do batismo com o Espírito Santo dado que a efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes é o batismo com o Espírito Santo que Jesus tinha prometido aos seus antes de ir para o céu dizendo: "Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (Actos 1:5). Segundo esta específica doutrina de Deus quando o crente é batizado com o Espírito Santo (ou recebe o Espírito Santo), como o foram os apóstolos e os discípulos no dia de Pentecostes e muitos outros a seguir, é revestido de poder para testemunhar de Cristo, recebe uma medida maior de Espírito Santo porque é cheio dele (podemos dizer também que ele é confirmado pelo Senhor mediante o batismo com o Espírito Santo); e no momento em que é cheio de Espírito Santo começa a falar em outra língua conforme o Espírito lhe concede que fale. As seguintes Escrituras confirmam estes aspectos que caracterizam o batismo com o Espírito Santo. |
Revestimento de poder. Jesus disse aos seus discípulos: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lucas 24:49), e ainda: "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra" (Actos 1:8). |
Enchimento do Espírito Santo. "E todos foram cheios do Espírito Santo..." (Actos 2:4) (é de ter presente neste caso que os discípulos antes de ser cheios de Espírito Santo naquele dia tinham uma medida de Espírito Santo porque Jesus quando lhes tinha aparecido tinha lhes dito: "Recebei o Espírito Santo" [João 20:22]); "Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo" (Actos 9:17). |
O começar a falar noutras línguas quando se é cheio de Espírito Santo. "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (Actos 2:4); "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar noutras línguas, e magnificar a Deus" (Actos 10:44-46); "E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam noutras línguas, e profetizavam" (Actos 19:1-6). |
Por quanto respeita à maneira em que os crentes recebiam o Espírito Santo nos dias dos apóstolos, a Escritura ensina-nos que no dia de Pentecostes os discípulos reunidos receberam o Espírito Santo sem a imposição das mãos de ninguém, e assim o também receberam Cornélio e os da sua casa enquanto Pedro lhes anunciava o Evangelho; mas ela ensina-nos também que o Espírito Santo era comunicado aos crentes mediante a imposição das mãos dos apóstolos que tinham este dom de impor as mãos aos crentes para que recebessem o Espírito Santo, e disso temos um exemplo no que aconteceu em Samaria onde Pedro e João impuseram as mãos aos Samaritanos que tinham crido "e receberam o Espírito Santo" (Actos 8:17), e no que aconteceu em Éfeso, onde, depois de Paulo ter imposto as mãos àqueles cerca de doze discípulos "veio sobre eles o Espírito Santo" (Actos 19:6). Ainda hoje no meio do povo de Deus o Espírito Santo alguns o recebem sem a imposição das mãos de outros irmãos; enquanto outros o recebem mediante a imposição das mãos de irmãos que têm o específico dom de impor as mãos aos crentes para que recebam o Espírito Santo. |
Como também vimos, a imposição das mãos que o bispo católico faz sobre os crismandos é sustentada com a imposição das mãos dos apóstolos sobre os crentes para os fazer receber o Espírito Santo, em outras palavras ela corresponderia à imposição das mãos feita pelos apóstolos sobre os crentes. Mas também neste caso deve-se dizer que isto que eles afirmam é falso: os motivos são os seguintes. Os apóstolos não ungiam os crentes com nenhum óleo santo (‘o crisma’) quando lhes impunham as mãos para que recebessem o Espírito Santo, como ao contrário faz o bispo católico sobre os crismandos; os apóstolos tinham este dom de Deus de impor as mãos aos crentes para que recebessem o Espírito Santo, com efeito, os crentes o recebiam quando eles lhes impunham as mãos, mas os bispos católicos romanos não têm este dom, de facto aqueles a quem eles impõem as mãos invocando o Espírito Santo sobre eles não recebem o dom do Espírito Santo como, ao contrário, o recebiam aqueles crentes. E depois é necessário ainda ter presente que os apóstolos impunham as mãos a pessoas que tinham crido e tinham sido batizadas, e não a crianças quando estas chegavam à idade de cerca de sete anos como, ao contrário, faz o bispo católico. Em outros termos os apóstolos não seguiam a regra de impor as mãos a crianças de cerca de sete anos porque eles impunham as mãos sobre os que tinham crido e tinham recebido o batismo. E também aqui é preciso dizer que eles este acto o faziam pouco tempo depois de as pessoas terem sido batizadas. |
Em conclusão; nós não aceitamos o crisma da igreja católica romana por estas razões. |
Porque não foi instituído por Jesus Cristo como não foi instituído por Cristo o batismo dos infantes. E dado que com o batismo por infusão o bebé não se torna um filho de Deus e não recebe uma certa medida de Espírito Santo, como acontece, ao contrário, quando uma pessoa consciente se arrepende dos seus pecados e crê em Jesus Cristo, a imposição das mãos lhe feita na idade de cerca de sete anos não é feita sobre um filho de Deus a fim de fazer-lhe receber a plenitude do Espírito Santo, como ao contrário acontece quando a imposição das mãos para a recepção do dom do Espírito Santo é feita por um ministro do Evangelho sobre uma pessoa que creu e foi batizada. |
Porque o bispo católico não sendo também um crente mas apenas um idólatra que corre atrás dos ídolos mudos, não pode ter o dom de impor as mãos sobre as pessoas para que recebam o Espírito Santo. |
Porque como o Espírito Santo se recebe mediante a fé, assim não é possível que pessoas sem fé (refiro-me tanto às crianças como aos adultos ‘batizados’ pelo padre) que se submetem a este rito recebam o Espírito Santo porque Jesus disse que o mundo não pode recebê-lo. |
Porque os factos confirmam que os crismados não recebem o Espírito Santo. |
Se todos os que são crismados recebessem verdadeiramente o Espírito Santo deveriam estar seguros de serem filhos de Deus conforme está escrito: "Recebestes o Espírito de adopção de filhos, pelo qual clamamos: Aba! Pai! O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo" (Rom. 8:15-17); e por isso estariam também seguros de ter a vida eterna. Mas falando com os crismados nos apercebemos que eles não são filhos de Deus porque ainda não são nascidos de Deus e não estão por isso seguros de estar salvos e de ter a vida eterna. |
Se os crismados recebessem o Espírito Santo se poriam a falar em outras línguas porque quando se recebe o Espírito Santo começa-se a falar em outras línguas, e aqueles a quem o bispo católico impõe as mãos para que recebam o Espírito Santo não começam a falar noutras línguas. As línguas são um sinal exterior que testifica que o crente recebeu o Espírito Santo por isso em sua ausência não se pode afirmar que ele recebeu a plenitude do Espírito Santo. E consequentemente, ele, não tendo recebido ainda a plenitude do Espírito, não recebeu ainda poder do alto. |
Se os crismados recebessem o Espírito Santo com o crisma por certo se veria o fruto do Espírito Santo na sua vida (cfr. Gal. 5:22), mas ele permanece completamente ausente neles precisamente porque neles permanece ausente o Espírito de Deus. |
Eles dizem que com o
crisma tornam-se soldados de Jesus Cristo capazes de testemunhar ao mundo do
Evangelho: mas devemos dizer que isso não é manifesto nos crismados. Um
soldado de Jesus Cristo revestido do poder do Espírito Santo é uma lâmpada
ardente e resplandecente neste mundo de trevas; é um homem que combate o bom
combate da fé, é um homem que se levanta em defesa do Evangelho e que testemunha
do que Cristo fez por ele conforme disse Jesus aos seus: "Mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas.."
(Actos 1:8). Onde está tudo isto nos Católicos romanos crismados? Não ardem
por Cristo Jesus mas por Maria; de facto os se ouve falar muito mais de
Maria, das suas chamadas aparições, dos seus chamados milagres e das suas
chamadas graças do que do Senhor Jesus Cristo, da sua expiação, da sua vida e
das suas palavras, e de tudo o que lhe diz respeito! Antes a alguns crismados
nunca os se ouve falar de Jesus Cristo, mas apenas de sua mãe! Mas que
soldados de Cristo são estes que combatem eles mesmos contra o Evangelho e
não pelo Evangelho, contra a fé e não pela fé? Mas que soldados de Cristo são
estes que muitos deles quando nos ouvem falar de Cristo Jesus se enfadam, se
enfurecem, não gostam nem um pouco de nós como se estivéssemos falando de um
Jesus diferente daquele do Evangelho, ou de um impostor, e nos caluniam
definindo-nos fanáticos porque falamos sempre de Jesus exaltando-o e
celebrando-o? E de quem mais deveríamos falar? Nós somos Cristãos lavados com
o sangue de Cristo Jesus; ele nos amou e deu-se a si mesmo por nós, que
éramos pecadores, libertando-nos dos nossos pecados e dando-nos a vida
eterna. Nós o conhecemos e o amor de Cristo nos obriga a falar dele e do que
fez por cada um de nós. A razão pela qual eles nos definem fanáticos por
Jesus? Jesus para eles não é ainda o que é para nós porque não o
conheceram. |
Ó Católicos, se conhecêsseis Jesus Cristo não
falaríeis de Maria como ainda fazeis, não oraríeis a ela e não a adoraríeis
porque quereríeis falar apenas dele; então sim combateríeis por Cristo! Os
factos pois falam claro e demonstram quanto é inútil este seu sacramento do
crisma administrado por pecadores a outros pecadores. |
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A EUCARISTIA (A
MISSA) |
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A doutrina
dos teólogos papistas |
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A ceia do Senhor é chamada eucaristia; quando o padre consagra o pão e o vinho acontece uma transformação da substância dos elementos pelo que o pão e o vinho tornam-se o verdadeiro corpo e sangue de Cristo. O pão portanto deve ser adorado com o culto de latria. A eucaristia deve ser servida ao povo só sob a espécie do pão. Os comungados devem tomar a eucaristia em jejum. A eucaristia é também a missa, ou seja, a repetição do sacrifício de Cristo; sacrifício que é oferecido pelos vivos e pelos mortos para a propiciação dos seus pecados. A missa é oferecida também em honra dos santos. A eucaristia perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais. Os Católicos romanos chamam a ceia do Senhor eucaristia, que vem do grego eucharistia que significa ‘agradecimento’, em memória do agradecimento feito por Jesus Cristo antes de partir o pão e de distribuir o cálice na noite em que foi traído [10 ]. Os teólogos papistas a propósito deste sacramento afirmam: ‘A Eucaristia é o Sacramento que, sob as aparências do pão e do vinho, contém realmente Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo para alimento das almas’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 471), e isto porque segundo a teologia romana a hóstia que é usada na comunhão, nas mãos do padre, torna-se o corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo (esta doutrina é chamada transubstanciação). Quero a tal propósito citar as palavras de Perardi, para vos fazer compreender o que é ensinado aos Católicos romanos a respeito da eucaristia: ‘Ministro da Eucaristia é o sacerdote; ele pronunciando, na Missa as palavras de Jesus Cristo, da consagração, sobre o pão e sobre o vinho, aplicando a forma à matéria , muda o pão no Corpo e o vinho no Sangue de Jesus Cristo’ (ibid., pag. 474); ‘Depois da consagração, a hóstia já não é pão; o pão é transformado no verdadeiro Corpo de nosso Senhor Jesus Cristo. (...) A hóstia parece pão, ou melhor parece hóstia; mas da hóstia-pão já não há a substância mas só a espécie, as aparências externas; na realidade ela é o corpo de Jesus Cristo, vivo e verdadeiro. No cálice antes da consagração se contém o vinho com algumas gotas de água (...) Depois da consagração, no cálice já não há vinho; antes, sob a espécie do vinho, há o verdadeiro e real Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. O vinho se converteu no Sangue de Jesus Cristo (...) Por isso como ao pronunciar da divina palavra, na criação, as coisas que antes não eram, foram; assim ao pronunciar das palavras da consagração, o que era pão, tornou-se Corpo de Nosso Senhor, e o que era vinho, seu Sangue’ (ibid., pag. 483-484). O dogma da transubstanciação (termo que significa ‘mudança de substância’) foi proclamado pelo concílio Latrão IV em 1215 sob o papado de Inocêncio III, e o concílio de Trento lançou o seguinte anátema contra quem não o aceita: ‘Se alguém negar que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia está contido verdadeira, real e substancialmente o corpo e sangue juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e por conseguinte o Cristo todo, e disser que somente está nele como símbolo, figura ou virtude, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XIII, can. 1). Para sustento deste dogma os teólogos papistas tomam as palavras de Jesus: "Isto é o meu corpo" (Mat. 26:26) e: "Isto é o meu sangue" (Mat. 26:28) por ele pronunciadas depois de ter dado graças pelo pão e pelo cálice na noite em que foi traído. Deve-se ter presente porém que, apesar de na eucaristia ser consagrado tanto o pão como o vinho, a eucaristia é servida ao povo só sob a espécie do pão porque a cúria romana proíbe o cálice aos chamados leigos (os padres, pelo contrário, podem comungar tanto com o cálice como com a hóstia) baseando-se na decisão de proibi-lo tomada pelo concílio de Constança em 1415, confirmada pelo seguinte decreto do concílio de Trento: ‘Portanto, ainda que Cristo Senhor, na última ceia instituiu e deu aos apóstolos este sacramento sob as espécies de pão e de vinho, não está dito, porém, que aquela instituição e entrega queira significar que todos os fiéis por instituição do Senhor, estejam obrigados a receber ambas as espécies’ (Concílio de Trento, Sess. XXI, cap. 1). E para defender esta supressão ela lançou o enésimo anátema contra quem disser que todos os fiéis devem tomar o cálice com as seguintes palavras: ‘Se alguém disser que todos e cada um dos fiéis Cristãos devem receber ambas as espécies do santíssimo sacramento da eucaristia por preceito divino (....) seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXI, can. 1). Mas quais são as justificações adoptadas pela cúria romana para esta mutilação? As seguintes: 1) Jesus deu o cálice só aos apóstolos; 2) quando nos Actos dos apóstolos está dito que os discípulos partiam o pão não está dito que se bebia o vinho; 3) o cálice é inútil porque o sangue de Cristo já se toma no pão eucarístico. |
Deve ser depois feito notar que a eucaristia deve ser tomada em jejum porque em 1415 o concílio de Constança decretou quanto segue: ‘...embora Cristo tenha instituído este venerando sacramento depois da ceia e o tenha distribuído aos seus apóstolos sob ambas as espécies de pão e de vinho, isso não obstante, a louvável autoridade dos cânones sagrados e o costume autorizado da igreja considerou e considera que este sacramento não deve celebrar-se depois da ceia nem ser recebido por fiéis que não estão em jejum, excepto no caso de enfermidade ou de outra necessidade, consentido ou aprovado pelo direito ou pela igreja’ (Concílio de Constança, Sess. XIII). Este jejum imposto aos comungados é chamado eucarístico e segundo o Código de direito canónico consiste na abstenção de qualquer alimento ou bebida excepto a água natural por pelo menos um hora antes de tomar a eucaristia. |
Segundo o catecismo católico ‘a Eucaristia não é só um Sacramento, mas é também o sacrifício permanente do Novo Testamento, e como tal se chama a santa Missa’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 507) [11 ]. Em outras palavras, a eucaristia, chamada pelos Católicos também santa missa, é a repetição do sacrifício que Cristo fez na cruz, de facto o catecismo católico diz a propósito da mesma: ‘A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo que, sob as espécies do pão e do vinho, se oferece pelo sacerdote a Deus sobre o altar, em memória e renovação do sacrifício da Cruz’ (ibid., pag. 509) [ 12]. Segundo a teologia romana portanto o sacerdote que recebeu a ordem, sob as espécies do pão e do vinho, oferece a Deus sobre o altar o sacrifício do corpo de Cristo. Esta é a razão pela qual eles afirmam que ‘durante a Missa o altar é como o Calvário’ (ibid., pag. 507)! E ainda esta é a razão pela qual foi dado o nome de hóstia àquela coisa que o padre consagra porque hóstia é uma palavra latina que significa ‘vítima’. Alguém dirá: ‘Mas este sacrifício é também propiciatório para a teologia romana?’ Sim; de facto o concílio de Trento decretou quanto segue: ‘O santo sínodo ensina que este sacrifício é verdadeiramente propiciatório, e que por meio dele - se com coração sincero e fé verdadeira, com temor e reverência nos achegarmos a Deus contritos e penitentes - nós podemos obter misericórdia e achar graça num auxílio propício. Portanto, aplacado, por esta oferta, o Senhor, concedendo a graça e o dom da penitência, perdoa os pecados e as culpas mais graves’ (Concílio de Trento, Sess. XXII, cap. II). As passagens que os teólogos papistas tomam para sustentar esta doutrina sobre o sacrifício expiatório da missa oferecido pelos sacerdotes católicos a Deus são as seguintes: "Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados" (Heb. 5:1); e: "Mas desde o nascente do sol até o poente é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar se oferece ao meu nome incenso, e uma oblação pura.." (Mal. 1:11). Segundo a sua interpretação dada a estas passagens os seus sacerdotes foram tomados dentre os homens para oferecer o sacrifício da missa a Deus pelos pecados do povo e assim fazendo eles oferecem a Deus uma oblação pura que é aquela que, segundo eles, o profeta Malaquias diz que se oferece a Deus em todo lugar. Contra os que não reconhecerem na missa a repetição do sacrifício de Cristo o concílio de Trento lançou os seus anátemas na verdade disse: ‘Se alguém disser que na missa não se oferece a Deus um verdadeiro e próprio sacrifício, ou que ser oferecido não significa mais senão que Cristo nos é dado a comer, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXII, can. 1); e também: ‘Se alguém disser que o sacrifício da Missa é uma blasfêmia contra o sacrifício de Cristo consumado na cruz, ou que aquele derroga este, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXII, can. 4). |
A missa, segundo a teologia romana, faz parte do chamado sufrágio que os vivos devem fazer em prol das almas que estão no purgatório, de facto, no catecismo romano encontramos escrito: ‘Os principais meios com que podemos aliviar as almas do Purgatório são os que o Catecismo nos recordou: a saber; As orações, as Indulgências, as esmolas, as boas obras e sobretudo a santa Missa. O fruto destas obras, aplicado às almas do Purgatório, toma o nome de sufrágio, porque sufraga, isto é, alivia as penas das almas do Purgatório e apressa a libertação delas’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 173). Mediante este seu sufrágio, eles obtêm como retribuição as orações e as intercessões das almas que segundo eles estão no purgatório! E para sustentar tudo isto, os teólogos papistas se baseiam no facto descrito no livro dos Macabeus, segundo o qual Judas o Macabeu fez recolher dinheiro e o enviou a Jerusalém para que fosse oferecido um sacrifício pelos pecados de alguns que tinham morrido em batalha (cfr. 2 Macabeus 12:38-45). |
A missa é oferecida também em honra aos santos. A tal respeito assim se exprimiu o concílio de Trento: ‘E ainda que a Igreja costume por vezes oferecer missas em honra e memória dos santos, ela, todavia, ensina que não é a eles que é oferecido o sacrifício, mas unicamente a Deus, que os coroou. É por isso que o sacerdote não costuma dizer: Ofereço-vos este sacrifício, S.Pedro ou S.Paulo; mas, dando graças a Deus pelas vitórias dos Santos, implora o auxílio deles; para que se dignem interceder por nós no céu, aqueles cuja memória celebramos na terra’ (Concílio de Trento, Sess. XXII, cap. III), e: ‘Se alguém disser que é impostura celebrar Missas em honra dos Santos com o fim de conseguir a sua intercessão junto a Deus, como é intenção da Igreja, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXII, can. 5). |
A doutrina da transubstanciação deu lugar à introdução da doutrina que diz que a hóstia é digna de ser adorada. A adoração da hóstia foi introduzida por Honório III em 1220, e foi confirmada pelo concílio de Trento em 1551 com estas palavras: ‘Não há dúvida alguma de que todos os fiéis cristãos, segundo o costume que sempre vigorou na Igreja católica, devem tributar a este santíssimo sacramento na sua veneração o culto de latria, que só se deve ao verdadeiro Deus’ (Concílio de Trento, Sess. XIII, cap. V), e assim os teólogos católicos ensinam ao povo que a Eucaristia conserva-se nos lugares de culto [ 13 ] da igreja católica para que os fiéis a adorem. As consequências? Há milhões de pessoas no mundo que se ajoelham diante da hóstia e a adoram crendo que ela seja o próprio Jesus Cristo e por isso Deus. Também para defender o dogma da adoração da hóstia o concílio de Trento lançou o seu enésimo anátema contra os que não o aceitam. Ei-lo: ‘Se alguém disser que no santo sacramento da Eucaristia Cristo, Unigénito Filho de Deus, não deve ser adorado com culto de latria, também externo; e, portanto, que não deve também ser venerado com festividade particular; e ser levado solenemente nas procissões, segundo o louvável e universal rito e costume da santa igreja; ou que não deve ser exposto à pública veneração do povo, para que seja adorado; e que seus adoradores são idólatras, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XIII, can. 6). |
Pelo que respeita aos efeitos da eucaristia sobre os que a tomam dignamente lemos quanto se segue: ‘A Eucaristia, em quem a recebe dignamente, conserva e aumenta a graça, que é a vida da alma, como faz o alimento para a vida do corpo; perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais; dá espiritual consolação e conforto, aumentando a caridade e a esperança da vida eterna da qual é penhor’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 503). |
Ora, na igreja romana o sacramento da eucaristia não é considerado absolutamente necessário para a salvação, de facto, Bartmann afirma: ‘Embora os adultos sejam expressamente obrigados por lei divina e preceito eclesiástico a receber a Eucaristia, todavia ela não é indispensável para a salvação. - É de fé’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 192). Porque segundo a teologia romana os sacramentos necessários para a salvação são o batismo e a penitência para quem caiu em pecados ‘mortais’ depois o batismo. É necessário dizer porém que na igreja romana o sacramento da eucaristia outrora era considerado indispensável para a salvação, de facto tanto Inocêncio I (401-417) como Gelásio I (492-496) ensinavam que as crianças não podiam salvar-se sem este sacramento. Também Agostinho afirmava a absoluta necessidade do sacramento da eucaristia para a salvação, de facto disse: ‘Se tantas e tão importantes testemunhas concordam, ninguém sem o Batismo e o sangue do Senhor pode esperar a salvação e a vida eterna, em vão, sem estes sacramentos, a vida eterna é prometida às crianças’ (Citado por Bernardo Bartmann in op. cit., pag. 193). Esta absoluta necessidade do sacramento da eucaristia para a salvação das crianças foi depois condenada pelo concílio de Trento nestes termos: ‘Se alguém disser que a comunhão eucarística é necessária às crianças, antes de chegarem à idade da razão, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXI, can. 4). Ora, apesar de, segundo aquilo que o concílio de Trento decretou, este sacramento não ser indispensável para a salvação, Giuseppe Perardi no Novo Manual do Catequista fala dele de maneira a atribuir-lhe o poder de salvar, com efeito afirma: ‘Devendo o enfermo em perigo de morte, fazer a comunhão, também os parentes, os amigos, têm o dever e bem sério de avisá-lo do seu estado e de ajudá-lo a providenciar a tempo ao seu dever e à sua necessidade; ou melhor têm responsabilidade pela sua alma. Deles pode depender que se salve ou se perca, conforme receber ou não os Sacramentos [comunhão e extrema unção]’ (Giuseppe Perardi, op. cit. , pag. 497); e falando daqueles que por vãos pretextos não fazem a comunhão diz: ‘Virá a hora do castigo, da tentação, da morte; vão precisar da comunhão para conforto, para auxílio, para salvação; mas ou não a farão, ou, geralmente, não a farão bem. Infelizes em vida aqueles que não frequentam a comunhão; mais infelizes na eternidade!’ (ibid. , pag. 501). E ainda este teólogo para sustentar que tomar a comunhão significa receber a vida eterna em si mesmo porque se recebe a carne e o sangue de Cristo cita as seguintes palavras de Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo que se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.... quem comer este pão viverá para sempre" (João 6:53-57,58); e as comenta dizendo: ‘Jesus prometeu a ressurreição final e a vida eterna a quem come a sua carne e ameaça a privação da vita eterna a quem não come a sua carne..’ (ibid., pag. 481), e também: ‘Os Hebreus comeram o maná e morreram; quem come a eucaristia viverá eternamente’ (ibid. , pag. 505). Cuidai que estas palavras do Evangelho escrito por João eram tomadas também por Inocêncio I, Gelásio I e Agostinho para sustentar a absoluta necessidade do sacramento da eucaristia para a salvação. |
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Confutação |
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A ceia do
Senhor deve ser ministrada a todos os crentes tanto com o pão como com o
cálice |
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A decisão que suprimiu a distribuição do cálice aos Católicos vai abertamente contra a Palavra de Deus que diz: "O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão; e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim" (1 Cor. 11:23-25). Como se pode bem ver Jesus instituiu a santa ceia com pão e vinho e não somente com pão, portanto juntamente com o pão deve ser distribuído a todos os fiéis também o cálice do Senhor contendo o fruto da videira conforme está escrito num outro lugar: "E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos..." (Mat. 26:27). |
Agora demonstraremos a
falsidade das razões adoptadas pelos papistas para a supressão do cálice. Em
resposta à primeira razão dizemos: é verdade que Jesus deu o cálice só aos
seus apóstolos, mas isso porque ele quis comer a Páscoa só juntamente com
eles e não juntamente com todos os seus discípulos. E não porque tinha
classificado os seus discípulos em duas classes. E depois é igualmente
verdade que também o pão Jesus o deu só aos seus apóstolos; por que então os
padres o dão também aos ‘leigos’? Em resposta à segunda dizemos: o facto de
nos Actos dos apóstolos estar escrito que os discípulos partiam o pão mas não
bebiam o cálice não significa que eles não bebiam o cálice do Senhor, antes
estamos seguros que juntamente com o pão eles bebiam o vinho, em obediência à
ordem de Cristo dada aos seus apóstolos. Os apóstolos ensinavam todas as
coisas que Jesus lhes tinha ordenado ensinar, entre as quais também o beber o
cálice juntamente com comer o pão. E depois, aos Coríntios, Paulo falando aos
santos diz: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e
beba do cálice" (1 Cor. 11:28); o que confirma que todos os crentes,
depois de se terem examinado, podem beber do cálice, e não só uma parte deles.
Por fim, em resposta à terceira asserção que diz que o sangue já está contido
no pão, dizemos: Mas então se é assim por que é que os padres bebem também o
cálice além de comerem o pão? Que fazem pois? Comungam com o sangue de Cristo
duas vezes e não só uma? E ainda: ‘Não pode ser como dizem os teólogos
papistas porque doutra forma Jesus teria dado só o pão aos seus discípulos e
não também o vinho’. |
Eis demonstrada a
falsidade das justificações papistas feitas para justificar a supressão do
cálice. Depois, além de tudo isto, importa dizer que não é verdade que no
momento em que os fiéis comem o pão e bebem do cálice do Senhor comem o
verdadeiro corpo do Senhor e o verdadeiro sangue do Senhor, porque, tanto
pelas palavras de Jesus como por as de Paulo sobre a ceia emerge que eles são
símbolos que representam o corpo e o sangue do Senhor. |
Portanto, para concluir esta parte, a ceia do Senhor deve ser ministrada aos crentes sob as duas espécies do pão e do vinho, como fez Jesus. |
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Quando se abençoam
o pão e o cálice do Senhor não acontece nenhuma mudança de substância dos
elementos |
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Nós crentes rejeitamos a transubstanciação; as razões desta nossa recusa são as seguintes que provamos com as Escrituras. |
Jesus disse acerca da santa ceia por ele instituída: "Fazei isto em memória de mim" (1 Cor. 11:24); portanto Ele não pode estar presente realmente e substancialmente no pão e no vinho com o seu corpo, o seu sangue juntamente com a sua alma e Divindade porque doutra forma se teria contradito. |
Nós comendo o pão e bebendo o vinho na santa ceia anunciamos a morte do Senhor "até que ele venha" (1 Cor. 11:26); portanto ele há de vir e não vem residir no pão e no vinho depois que é feita a benção. |
Quando Jesus tomou o cálice deu graças e depois o deu aos seus discípulos, para que bebessem dele, disse-lhes: "Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue...." (Mat. 26:28), e logo depois disse-lhes: "Digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai" (Mat. 26:29). Portanto a substância do vinho permaneceu intacta e ele não foi transubstanciado em sangue como dizem os teólogos católicos, porque Jesus depois de ter abençoado o cálice o chamou "fruto da videira". |
Quando se abençoa o cálice da benção contendo o fruto da videira a substância do vinho não muda de modo algum; não acontece um milagre mediante o qual o vinho torna-se em sangue. Um milagre de transformação de substância aconteceu no Egipto quando as águas do Egipto se tornaram em sangue (cfr. Ex. 7:14-21); então sim a água por diversos dias foi verdadeiro sangue. Um outro milagre de substância aconteceu em Caná da Galiléia quando Jesus transformou a água em vinho (cfr. João 2:1-10). Mas de certo não podemos dizer que uma coisa do género acontece ao vinho contido no cálice do Senhor. |
Lucas, a propósito da instituição da santa Ceia operada por Jesus Cristo, diz que Jesus "tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós" (Lucas 22:20); portanto ele chamou aquele cálice o Novo Pacto. Ora, nós sabemos que o Novo Pacto é uma aliança que Deus fez connosco mediante o sangue de Cristo e não um cálice, por isso com essas palavras Jesus quis dizer que aquele cálice representava o Novo Pacto em seu sangue. A mesma coisa portanto deve ser dita das palavras de Jesus: "Isto é o meu sangue" (Mar. 14:24), em referência ao vinho do cálice. Jesus não quis dizer que aquele vinho era o seu verdadeiro sangue, que de resto não tinha ainda derramado, mas um símbolo do seu sangue. Em conclusão, o vinho no cálice representa tanto o Novo Pacto como o sangue de Cristo. |
Paulo diz aos Coríntios: "Porventura o cálice da benção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Cor. 10:16); portanto nós, quando bebemos o cálice do Senhor temos comunhão com o sangue de Cristo, e quando comemos o pão temos comunhão com o corpo de Cristo. Isto exclui que o vinho e o pão possam ser o verdadeiro sangue de Cristo e o verdadeiro corpo de Cristo, como dizem os teólogos católicos romanos. Isto o se pode deduzir também da comparação que mais à frente o apóstolo faz. Paulo diz: "Vede a Israel segundo a carne; os que comem os sacrifícios não têm eles comunhão com o altar?" (1 Cor. 10:18); o que significa que os Israelitas comendo os sacrifícios oferecidos no altar tinham comunhão com o altar que era santíssimo. Mas nem por isso afirmamos que os sacrifícios que eles comiam eram o altar, porque isso seria absurdo. Portanto também no caso do pão e do vinho que são os elementos que são abençoados na ceia do Senhor, não se pode afirmar que por causa do facto de aqueles que os ingerem terem comunhão com o corpo e o sangue de Cristo eles sejam verdadeiramente e substancialmente a carne e o sangue de Cristo. Eles quando são abençoados não mudam de substância, mas permanecem tal e qual eram antes de serem abençoados, e os que os assimilam se põem em comunhão com o corpo de Cristo. Mas dizei-me: Se aqueles elementos mudassem de substância e se tornassem o verdadeiro corpo e sangue de Cristo como poderiam continuar a ainda estar sujeitos à decomposição? Como poderia o pão ainda mofar e criar vermes, e o vinho tornar-se azedo? |
Pedro disse que o céu deve receber Jesus "até aos tempos da restauração de todas as coisas" (Actos 3:21); portanto Cristo está no céu. Mas o padre pretende com a missa fazê-lo descer do céu para a hóstia; isto é loucura! |
Jesus disse aos seus: "Sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre" (Mat. 26:11); portanto é irracional que Cristo esteja presente corporalmente na hóstia consagrada pois isso significaria que Cristo estaria sempre corporalmente connosco. Para confirmação do facto de Cristo não poder estar substancialmente, realmente e corporalmente no pão que se parte na ceia do Senhor citamos as palavras de Paulo que disse aos Coríntios: "Sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor" (2 Cor. 5:6), e as que disse aos Filipenses: "Tendo desejo de partir, e estar com Cristo" (Fil. 1:23). Portanto também Paulo quando comia o pão e bebia do cálice do Senhor sabia estar ausente do Senhor, e que o Senhor estava ausente corporalmente; de facto ele desejava partir do corpo para ir com Cristo para o céu. Os teólogos católicos, ao contrário, ensinam que aquele mesmo Jesus que está agora glorioso no céu que nasceu de Maria e que morreu na cruz está na eucaristia, e efectivamente afirmam que nela ‘está Jesus em pessoa’. E assim fazem crer às pessoas que Jesus se encontra corporalmente na hóstia conservada no tabernáculo do seu lugar de culto, e as convidam a o ir visitar, de facto assim se exprime Perardi: ‘Visitai muitas vezes Jesus na Eucaristia’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 489). Eis as mentiras que a doutrina da transubstanciação deu à luz! e o povo crê nisto. |
Jesus disse: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mat. 18:20), e ainda: "E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mat. 28:20). Portanto Jesus Cristo está no meio dos crentes e com os crentes onde quer que eles se reunam em seu nome e também quando não estão reunidos para partir o pão para anunciar a sua morte. Estas palavras de Jesus anulam a presunçosa doutrina dos teólogos papistas porque nos fazem compreender quão falsa ela é e quão inútil é crer na doutrina da transubstanciação e nas doutrinas a ela ligadas, de facto vos pergunto: ‘Se Jesus está sempre e onde estivermos connosco que necessidade há de crer na transubstanciação?’ Que necessidade há de crer que Jesus se encontra em pessoa no pão da comunhão? Pode porventura o pão consolar-nos como faz o Consolador enviado por Cristo? Pode porventura o pão estar sempre perto de nós? Que assistência pode nos dar o pão que nós partimos? No entanto, isto parecerá incrível, aos Católicos a hóstia do padre é feita passar pelo próprio Jesus! |
O facto de Jesus quando instituiu a santa ceia ter dito do pão: "Isto é o meu corpo", e do vinho: "Isto é o meu sangue" não deve enganar ninguém. O verbo ser neste caso quer dizer ‘significa’ ou ‘representa’ o meu corpo e o meu sangue. Temos alguns exemplos na Escritura que confirmam isto: Quando Daniel interpretou ao rei o sonho que ele tinha tido disse-lhe: "Tu és a cabeça de ouro..." (Dan. 2:38), entendendo com isto que a cabeça de ouro da estátua representava o reino de Babilónia que estava nas mãos de Nabucodonosor. Quando José interpretou os sonhos ao copeiro e ao padeiro-mor de Faraó disse-lhes: "Os três sarmentos são três dias... Os três cestos são três dias" (Gen. 40:12,18); também neste caso aquele "são" está para ‘significam’. O pão e o vinho portanto ainda que sejam chamados o corpo e o sangue de Cristo simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, e por isso são apenas símbolos. Isto, de qualquer modo, não deve levar ninguém a desprezar estes símbolos, porque quem os despreza é julgado por Deus conforme está escrito na epístola de Paulo aos Coríntios: "Qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor" (1 Cor. 11:27). Comer do pão e beber do cálice indignamente significa não discernir naqueles elementos o corpo e o sangue do Senhor conforme está escrito: "Quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor" (1 Cor. 11:29). |
Para concluir dizemos portanto que a transubstanciação é uma das muitas mentiras presentes na igreja católica romana que os teólogos católicos romanos procuram fazer parecer verdadeira interpretando a seu capricho as Escrituras. |
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Explicação das
palavras de Jesus: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a
vida eterna" |
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Ora, estas palavras do
Senhor devem ser entendidas espiritualmente e não literalmente porque Jesus
pouco depois disse também: "As palavras que eu vos disse são espírito e
vida" (João 6:63), portanto elas não significam que se alguém toma a
comunhão tem a vida eterna enquanto se não a toma irá em perdição. As
seguintes reflexões e considerações, feitas servindo-nos de outras
Escrituras, confirmam que as referidas palavras que Jesus dirigiu na sinagoga
de Cafarnaum têm um significado puramente espiritual. |
Confrontando estas palavras de Jesus: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6:54), com estas outras: "Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6:40), se entende que comer a carne de Jesus e beber o seu sangue significa vê-lo e crer nele, por isso para receber a vida eterna se deve crer. |
Confrontando estas palavras de Jesus: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (João 6:56), com estas palavras de João: "Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou. Quem guarda os seus mandamentos, em Deus permanece e Deus nele" (1 João 3:23-24) é evidente que quem come a carne de Jesus e bebe o seu sangue é quem crê no seu nome e guarda os seus mandamentos. |
Se para receber a vida eterna fosse preciso comer o
pão e beber o cálice do Senhor, a vida eterna não seria mais o dom de Deus,
mas sim algo que se pode receber em troca de uma boa obra como o comer a ceia
do Senhor. Neste caso seria anulada a graça e seria feita vã a promessa da
vida eterna baseada na fé. Se fosse assim não precisaríamos de exortar os
pecadores a se arrependerem e a crer no nome do Senhor Jesus, porque bastaria
dar-lhes o pão e o vinho que segundo alguns são verdadeiramente a carne e o
sangue de Jesus. Mas não se pode aceitar uma semelhante doutrina porque não é
confirmada pela Escritura e nem pelos factos. Quais factos? Estes. No seio da
igreja romana os pecadores, os adúlteros, os ladrões, os avarentos, os
idólatras comem a hóstia e alguns também bebem o cálice e não têm a vida
eterna neles mesmos, de facto eles dizem que não a têm. Mas não só, eles nos
acusam de presunção porque nós dizemos de ter a vida eterna pela graça de
Deus. No meio das igrejas de Deus alguns condutores que não têm muito
discernimento fazem tomar a ceia do Senhor também a pessoas que não são ainda
nascidas de novo, mas elas, como ainda não se arrependeram e ainda não creram
com o seu coração no Evangelho, sem vida estão antes de comer a ceia e sem
vida estão depois de ter comido o pão e bebido do cálice do Senhor; isto para
demonstração, que o comer e beber estes elementos não confere a vida eterna
aos que a tomam. |
O Senhor
quando naquela noite disse aos seus: "Bebei dele todos; porque isto é o
meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão
dos pecados" (Mat. 26:28), não tinha sido ainda crucificado na cruz, e
por isso ainda não tinha derramado o seu sangue, no entanto chamou o fruto da
videira o seu sangue. Por conseguinte as palavras de Jesus eram espirituais.
Certo, nós reconhecemos que há diversas coisas acerca da ceia do Senhor que
são imperscrutáveis e por isso incompreensíveis, entre as quais justamente o
facto de Jesus ter chamado o fruto da videira o seu sangue e o pão o seu
corpo, e que quando nós comemos do pão e bebemos do cálice do Senhor temos
comunhão com o corpo e o sangue do Senhor, mas é necessário vigiar para não
cair no erro no qual caíram os teólogos católicos romanos a seguir a
arbitrárias interpretações escriturais. |
Jesus muitas vezes falou por figuras, de facto, disse dele: "Eu sou a porta das ovelhas... Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á.." (João 10:7,9), e: "Eu sou o caminho..." (João 14:6); e depois de ter ressuscitado, quando apareceu a João lhe disse: "Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã" (Ap. 22:16). Portanto não é de admirar se nos dias da sua carne o Filho de Deus disse: "A minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida" (João 6:55), e: "Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos" (João 6:53). Certo, este falar é duro mas nós o aceitamos, e não queremos ser como aqueles seus discípulos que disseram: "Duro é este discurso; quem o pode ouvir?" (João 6:60), e ficaram escandalizados das suas palavras. "Bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim" (Mat. 11:6), disse Jesus, portanto não nos escandalizemos das referidas palavras do Senhor pois elas são verdade, mas recordai-vos que elas são para entender espiritualmente conforme disse Jesus: "As palavras que eu vos disse são espírito e vida" (João 6:63). |
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Os efeitos de
comer o pão e de beber do cálice do Senhor segundo a Escritura |
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Como vimos o catecismo católico afirma que a eucaristia em quem a recebe dignamente opera coisas milagrosas, com efeito, aumenta e conserva a graça, perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais, consola e conforta e aumenta a caridade e a esperança da vida eterna. Era inevitável, devemos dizer, que dando aquele errado significado à ceia do Senhor, os teólogos católicos extraíssem também todos estes efeitos extraordinários. Mas que diz a Escritura? A Escritura não diz que a ceia do Senhor conserva e aumenta a graça, que perdoa certos pecados e preserva de outros, e nem diz que dá conforto e aumenta a caridade e a esperança da vida eterna. Tudo o que ela diz é que todas as vezes que comemos esse pão e bebemos esse vinho nós anunciamos a morte do Senhor até que ele venha conforme está escrito: "Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes deste cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha" (1 Cor. 11:26); e que nós temos comunhão com o corpo e o sangue de Cristo conforme está escrito: "Porventura o cálice da benção, que abençoamos, não é comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Cor. 10:16). Alguém dirá: Só isso? Sim, só isso. Naturalmente é supérfluo dizer que se sente alegria em participar na ceia do Senhor, precisamente porque se recorda a morte do Senhor e portanto o seu grande amor por nós, e se tem comunhão com o seu corpo e o seu sangue. |
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A adoração da
hóstia é idolatria |
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A Escritura não ensina de modo nenhum que nós devemos adorar o pão que partimos na ceia do Senhor; ele é pão e portanto não é digno de ser adorado. Jesus disse: "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24). Também Jesus é digno de ser adorado porque Deus diz: "Todos os anjos de Deus o adorem" (Heb. 1:6) mas também Ele deve ser adorado em espírito e em verdade como o seu Pai. O que constitui portanto a adoração da hóstia? A adoração da hóstia não é mais que uma das muitas formas de idolatria que está presente nesta pseudo-igreja e que a cúria romana ordena praticar para dano de milhões de almas no mundo. |
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O jejum imposto
aos comungados vai contra a Palavra de Deus |
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A ordem de tomar a eucaristia em jejum é contrária à Palavra de Deus porque Jesus distribuiu o pão e o cálice aos seus discípulos enquanto eles comiam; de facto Marcos diz: "Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado..." (Mar. 14:22-24); e Lucas afirma que Jesus distribuiu ainda o cálice depois da ceia dizendo: "Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós" (Lucas 22:20). Ainda uma vez constatamos claramente como para a cúria romana a Palavra de Deus não importa absolutamente nada; o que lhe importa é a tradição e nada mais. |
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A eucaristia
não é de maneira nenhuma a repetição do sacrifício de Cristo e nem uma oferta
propiciatória que o sacerdote católico oferece a Deus pelos pecados |
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Agora demonstraremos pelas Escrituras que Jesus Cristo não instituiu de maneira nenhuma a missa, que os padres não são de maneira nenhuma sacerdotes ordenados por Deus e que a missa que eles oferecem não é o renovamento do sacrifício de Cristo. |
Se como dizem eles a missa é a repetição do sacrifício de Cristo e foi instituída por Cristo, de que sacrifício era a repetição a eucaristia instituída por Cristo dado que Cristo ainda não se tinha oferecido a si mesmo na cruz? Não é porventura esta uma clara contradição que anula a missa como repetição do sacrifício de Cristo? Certamente que o é, porque seguindo a lógica dos teólogos papistas, Jesus para que a ceia fosse declarada uma repetição do seu sacrifício, deveria tê-la instituído depois da sua morte e não antes. É de se excluir portanto que a ceia do Senhor tenha sido instituída por Cristo como repetição do seu sacrifício porque Jesus Cristo, naquela noite, instituiu a santa ceia e disse aos seus para a fazerem em sua memória, portanto para recordar o seu sacrifício que dali a pouco faria uma vez para sempre. Coisa que os teólogos não negam, com efeito, afirmam que Jesus instituiu a eucaristia também para perpétua recordação da sua paixão e morte; portanto não só como sacrifício permanente do Novo Testamento. Mas também aqui não podemos deixar de dizer que se contradizem de novo, porque não é admissível que a ceia do Senhor seja ao mesmo tempo o anúncio da morte de Cristo e a própria morte de Cristo. Seria como dizer que fazendo uma determinada coisa para recordar um facto feito por uma pessoa, ao mesmo tempo se repete aquele facto feito por essa pessoa muito tempo antes! |
Jesus disse tanto quando deu o pão como também quando deu o cálice aos seus discípulos: "Fazei isto em memória de mim" (1 Cor. 11:24); e Paulo diz: "Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes deste cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha" (1 Cor. 11:26); portanto a celebração da ceia do Senhor é a lembrança do sacrifício expiatório de Cristo porque com ela é anunciada a sua morte, e não é a repetição do sacrifício de Cristo porque ele foi feito uma vez para sempre e não pode ser repetido de nenhuma maneira. Para compreender como a ceia do Senhor é um acto feito para recordar o sacrifício de Cristo e não é o renovamento dele é necessário lembrar da Páscoa judaica. Ora a Páscoa foi instituída por Moisés por ordem de Deus quando o povo de Israel estava no Egipto; nela os Judeus deviam imolar um cordeiro sem defeito, assá-lo no fogo e comê-lo com pão sem fermento e com ervas amargas; e tudo isso todos os anos. Mas por que motivo deviam anualmente fazer este rito? Para recordar o dia em que Deus os tinha tirado do Egipto depois de uma escravidão secular, de facto Deus disse: "E este dia vos será por memória... E naquele dia explicarás a teu filho, dizendo: Isto é por causa do que o Senhor me fez, quando eu saí do Egipto" (Ex. 12:14; 13:8). Ora, é claro que ninguém pode dizer que todas as vezes que os Judeus celebravam a Páscoa se renovava para eles a sua libertação do Egipto porque ela tinha acontecido tempo atrás no Egipto e não podia ser de nenhuma maneira renovada. Da mesma maneira também a ceia do Senhor foi instituída por Cristo por ordem de Deus para recordar a sua morte, acontecida uma vez para sempre na consumação dos séculos, mediante a qual nós fomos libertados da escravidão do pecado. E também aqui importa dizer que como a ceia do Senhor se faz em lembrança do sacrifício de Cristo e portanto também em lembrança da libertação do pecado por nós recebida pela oferta do seu corpo e do seu sangue, ela não pode ser a repetição do sacrifício de Cristo e por conseguinte também não pode ser a repetição da nossa libertação. |
Cristo ofereceu-se a si mesmo uma vez para sempre porque a Escritura diz: "Fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre" (Heb. 10:10), e também que ele entrou "no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; [não] para se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote de ano em ano entra no santo lugar com sangue alheio; doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Heb. 9:24-26). A missa que o padre faz portanto é um acto de presunção abominável a Deus e que engana todos os que nela crêem, porque o padre pretende com a missa renovar o sacrifício de Cristo, enquanto a Escritura ensina que Cristo Jesus na plenitude dos tempos ofereceu-se a si mesmo pelos nossos pecados uma vez para sempre. Certo, o clero romano admite que o sacrifício da missa é um sacrifício incruento em que Cristo não derrama o seu sangue, mas isto não justifica de modo algum a missa. Cristo não a mandou portanto não deve ser feita e basta. É um sacrifício incruento sem derramamento de sangue? Para nós não é nem um sacrifício e nem sequer incruento; mas somente um rito abominável a Deus. Mas dado que os teólogos papistas falam desta maneira a respeito da missa e dizem ao mesmo tempo que ela é oferecida para aplacar Deus e dar-lhe satisfação dos nossos pecados, e dado que a Escritura diz que "sem derramamento de sangue não há remissão" (Heb. 9:22), nós lhes perguntamos: ‘Mas não vos dais conta que vos contradizeis a vós mesmos? Dizeis: ‘No sacrifício da Missa Jesus aplaca por nós o Eterno Pai, oferecendo-se a si mesmo a ele, para que depois o pecado não nos puna como merecíamos (...) e oferece a satisfação pelos nossos pecados’ (Giuseppe Perardi, op. cit. , pag. 513), e ao mesmo tempo dizeis que a missa é um sacrifício sem derramamento de sangue, portanto sem o poder de vos perdoar os vossos pecados! E depois, ainda: ‘Mas como podeis dizer que a vossa missa é o sacrifício de Cristo e depois ao mesmo tempo dizer que não acontece nenhum derramamento de sangue quando a Escritura ensina que quando Jesus se ofereceu a si mesmo a Deus houve o derramamento do seu sangue? Mas é ou não é um sacrifício? Quantas contradições se notam nas palavras dos teólogos papistas também quando falam da missa! |
Os sacerdotes que foram tomados por Deus dentre os homens para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo eram Levitas, e mais precisamente da ordem de Arão. Além disso o seu sacerdócio era transmissível, de facto, quando eles morriam passava aos seus filhos. Cristo Jesus, pelo contrário, foi sim também ele tomado dentre os homens, mas ele foi constituído Sumo Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque, que é uma ordem superior à de Arão porque Melquisedeque é superior a Arão. Ele, como Sumo Sacerdote dos bens futuros, depois de se ter oferecido a si mesmo pelos nossos pecados ressuscitou dos mortos e não morre mais. Por esta razão, à diferença do sacerdócio levítico, o seu sacerdócio não é transmissível conforme está escrito: "Aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio que não se transmite [ou perpétuo]" (Heb. 7:23,24); portanto podemos dizer que Ele tenha sido o último Sacerdote legitimado por Deus para oferecer um sacrifício pelo povo. Com o sacerdócio de Cristo foi anulado o sacerdócio levítico precisamente porque agora não há mais necessidade deles oferecerem sacrifícios de expiação para os homens. Os sacerdotes católicos portanto são impostores que porém conseguem-se fazer passar como sacerdotes instituídos por Deus para oferecer o sacrifício da missa. Como se Deus tivesse renegado a sua Palavra para agradar a esta raça de gente que se crê pura mas que ainda não foi lavada da sua imundícia! Estes enganadores misturaram habilmente o sacerdócio levítico, os sacrifícios expiatórios da lei e o altar do Antigo Pacto com o sacrifício de Cristo e a ceia do Senhor a fazer com o pão e o vinho e disso fizeram a missa. Que dizer? Importa reconhecer que Satanás conseguiu enganar multidões de pessoas fazendo alavanca na Palavra de Deus! |
Os sacrifícios expiatórios que os sacerdotes segundo a ordem de Arão deviam oferecer eram a sombra do perfeito e único sacrifício expiatório que Cristo ofereceria na plenitude dos tempos. Portanto eles eram imperfeitos e de facto está escrito: "Se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço; pois se trata somente de comidas, e bebidas, e de várias abluções, enfim, de regras carnais impostas até ao tempo da reforma" (Heb. 9:9,10), e também: "A lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a realidade exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus" (Heb. 10:1), e: "Todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados" (Heb. 10:11). Mas agora que Cristo se ofereceu a si mesmo uma vez para sempre pelos nossos pecados, nós não temos mais necessidade de algum sacerdote que na terra ofereça um sacrifício pelos nossos pecados (a missa), porque Jesus cumpriu todas as coisas concernentes à expiação dos pecados morrendo sobre a cruz. Os Católicos portanto com a sua missa demonstram não considerar o sacrifício de Cristo perfeito e feito uma vez para sempre pelos nossos pecados. Mas também aqui importa dizer que os teólogos católicos romanos caem numa enésima contradição porque por um lado afirmam que o sacrifício de Cristo foi suficiente para fazer a expiação dos pecados e por outro afirmam que a missa dado que é uma repetição do sacrifício de Cristo satisfaz os pecados dos homens! Em suma é como se alguém vos dissesse: ‘Alguém extinguiu as minhas dívidas que tinha para com Fulano, porque pagou a Fulano toda a soma que eu lhe devia; mas eu quero acabar de lhe pagar todas as minhas dívidas!’ Julgai por vós mesmos irmãos o que digo. |
A missa que eles dizem ser uma oblação pura oferecida a Deus é antes um perfume abominável a Deus porque eles mediante este seu sacrifício sobre o altar pretendem fazer morrer Cristo e oferecê-lo a Deus pelos pecados do povo. O teólogo Perardi de facto diz: ‘O sacrifício da Missa é o mesmo sacrifício da Cruz’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 510). E aqui há necessidade de dizer isto: segundo o catecismo católico o padre como sacerdote de Deus oferece sobre o altar a vítima que é Jesus, portanto o padre como sacrificador resulta superior à vítima que ele oferece, ou seja, a Jesus. Além disso o padre, segundo a aberrante teologia papista, tem poder sobre o corpo de Cristo, de facto, o toma e o leva para onde quer, o dá a comer a quem quer, o fecha onde quer; mas tudo isto é inaceitável porque representa um desprezo por Aquele que está acima de todos; tudo isto é verdadeiramente execrável, repugnante. Ó Católicos, caí em vós mesmos; até quando ireis atrás da vaidade e da mentira? Investigai as Escrituras! |
Debaixo da graça todos os crentes em Cristo Jesus, isto é, todos os membros
da Igreja de Deus, são sacerdotes conforme está escrito: "Mas vós sois a
geração eleita, o sacerdócio real.." (1 Ped. 2:9), e ainda: "Digno
és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o
teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e
nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão
sobre a terra" (Ap. 5:9,10). E como são sacerdotes assim devem também
eles oferecer a Deus sacrifícios como os ofereciam os sacerdotes levitas, mas
eles não são constituídos por vítimas de animais a oferecer sobre algum altar
em algum santuário terreno, mas pelo louvor, pela oração, e pelas ofertas. As
seguintes Escrituras testificam isto: "Sois edificados casa espiritual e
sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
Jesus Cristo" (1 Ped. 2:5); "Suba a minha oração perante a tua face
como incenso.." (Sal. 141:2), e: "Os vinte e quatro anciãos
prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro
cheias de incenso, que são as orações dos santos" (Ap. 5:8);
"Portanto ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é,
o fruto dos lábios que confessam o seu nome! E não vos esqueçais da
beneficência e de repartir com outros, porque com tais sacrifícios Deus se
agrada" (Heb. 13:15,16). A passagem de Malaquias se refere precisamente
aos sacrifícios espirituais que um dia nós Gentios em Cristo Jesus
ofereceríamos ao nome do Senhor, e não ao sacrifício da missa que os
sacerdotes católicos ofereceriam a Deus pelos quatro cantos da terra! |
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As missas pelos mortos são funções vãs |
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Vimos que os teólogos papistas para confirmar que é lícito oferecer a missa por aqueles que morreram e estão no purgatório tomam o gesto feito por Judas Macabeu que mandou oferecer um sacrifício pelo pecado daqueles Judeus caídos em batalha. Mas nós consideramos que este facto não confirma de modo nenhum a missa em favor dos defuntos, mas confirma que Judas o Macabeu fez uma coisa anti-escritural porque na lei de Moisés não está escrito em nenhuma parte que Deus ordenou aos Israelitas oferecer sacrifícios expiatórios pelos mortos, mas somente pelos vivos. Portanto prescindindo do facto de o purgatório não existir, e de a missa não ser um sacrifício, diante da Palavra de Deus desaba também o sustentáculo sobre o qual se apoia a missa pelos mortos. |
Mas a missa, embora seja um rito inútil e sacrílego, permanece ainda de pé na igreja romana com toda a sua pompa; ela representa o momento mais solene do culto católico romano, a que o clero romano é muito apegado. E os teólogos papistas a defendem incansavelmente fazendo acrobacias exegéticas de todo género e discursos vãos de todo género que se vão infringir contra a Palavra de Deus e caem por terra. Mas por que motivo a missa é defendida incansavelmente pela igreja romana e representa uma coisa irrenunciável para a igreja romana? Porque se viesse a faltar viria a faltar uma das principais minas de dinheiro de que o clero romano saca os seus capitais. As missas têm um preço (atenção porém, porque os Católicos se defendem dizendo que as missas não estão à venda; isso em palavras, mas não nos factos). Missa é sinónimo de dinheiro para os padres e para o papado; e ao mesmo tempo representa uma consolação para os Católicos: as coisas postas em conjunto conseguem ainda após séculos a manter de pé. |
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As missas em honra dos santos são funções vãs |
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Como vimos aqueles que se
reuniram em Trento naquele concílio com um hábil jogo de palavras procuraram
fazer passar as missas que eles oferecem na realidade aos santos (tomemos por
exemplo os santos apóstolos Paulo e Pedro) como sacrifícios dirigidos a Deus
e não aos santos, para evitar a acusação de idolatria. Por que digo jogo de
palavras? Porque não se percebe de modo algum o que significa oferecer a Deus
um sacrifício em honra de terceiros. Em outras palavras é caso para se
perguntar, mas então a honra a quem a dirigem? A Deus ou aos santos? Mas como
podem dizer que oferecem um sacrifício em honra a Deus e ao mesmo tempo em
honra de criaturas mortas há tempo que estão no céu com ele? Mas então querem
dizer que honrando o senhor honram também os seus servos que estão no céu?
Mas não é algo de ilógico tudo isto? No entanto este é o ensinamento que é
dirigido a milhões de almas espalhadas pelo mundo! Ó homens que fostes
enganados por estes preceitos de homens privados da verdade, caí em vós
mesmos e saí desta falsa igreja! |
A Escritura nos ensina que nós crentes devemos
oferecer sacrifícios espirituais (dos quais está excluída a missa) mas estes
sacrifícios os devemos oferecer a Deus, só a ele e não aos santos apóstolos
que estão no céu. Eis as Escrituras que o confirmam: "Rogo-vos pois,
irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
espiritual" (Rom. 12:1); "Sois edificados casa espiritual e
sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
Jesus Cristo" (1 Ped. 2:5); "Portanto ofereçamos sempre por ele a
Deus sacrifício de louvor" (Heb. 13:15). |
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A PENITÊNCIA (OU CONFISSÃO) |
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A doutrina dos teólogos papistas |
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Mediante a penitência são perdoados pelo padre, que é o ministro dela, os pecados mortais cometidos depois do batismo porque o padre recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados. Este sacramento é absolutamente necessário para a salvação. Quem comete pecados mortais e não se confessa vai para o inferno. A confissão deve ser feita pelo menos uma vez por ano; e entre outras coisas devem ser especificados ao padre as espécies e as circunstâncias dos pecados mortais. O penitente porém depois de ter recebido a absolvição deve fazer obras de penitência para obter plena absolvição das suas transgressões. E além disso ele deve lucrar as indulgências para obter a remissão da pena temporal devida pelas suas transgressões. ‘A Penitência ou Confissão é o Sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 518). Pelo que concerne ao tempo no qual a penitência foi instituída por Cristo, Perardi, ainda no seu catecismo, afirma: ‘O Sacramento da Penitência foi instituído por Jesus Cristo quando disse aos Apóstolos, e neles aos seus sucessores: Recebei o Espírito Santo: Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos’ (ibid., pag. 518). Além destas palavras de Jesus os teólogos papistas tomam outras passagens da Escritura para confirmar a penitência; a que diz que Deus tinha posto a palavra da reconciliação em Paulo e nos outros apóstolos que estavam com ele (cfr. 2 Cor. 5:19), a que diz que as multidões iam ter com João e eram batizadas no rio Jordão confessando os seus pecados (cfr. Mar. 1:5), a que diz que em Éfeso muitos dos que tinham crido vinham confessando e declarando as coisas que tinham feito (cfr. Actos 19:18), a que diz para confessar as culpas uns aos outros (cfr. Tiago 5:16), e as palavras que Jesus pronunciou depois de ter ressuscitado Lázaro: "Desligai-o e deixai-o ir" (João 11:44). A razão pela qual este sacramento é chamado penitência é ‘porque para obter o perdão dos pecados é necessário estar arrependido de os ter cometido e fazer a penitência que o confessor ordena’ (Giuseppe Perardi, op. cit. , pag. 518); é chamado confissão ‘porque é necessário confessar ao sacerdote todos os pecados mortais’ ( ibid., pag. 518). É bom ter presente que, segundo a teologia romana, a penitência diz respeito sobretudo à confissão dos chamados pecados mortais, porque para os chamados veniais os Católicos podem ser absolvidos sem ela; e que a absolvição, ou seja ‘a sentença com a qual o sacerdote, em nome de Jesus Cristo, perdoa os pecados ao penitente (dizendo: Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Assim seja) é considerada um verdadeiro acto jurídico pronunciado por um juíz com o qual o pecador é absolvido. E para quem não a considera tal há este anátema tridentino: ‘Se alguém disser que a absolvição sacramental do sacerdote não é um acto judicial (...) seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XIV, can. 9). |
Segundo o que ensina o catecismo católico os Católicos devem ir ao padre fazer a confissão dos seus pecados para ter a absolvição deles pelo menos uma vez por ano. Isto o devem fazer com base no seguinte decreto do concílio Latrão IV de 1215: ‘Qualquer fiel de um ou de outro sexo, chegado à idade da razão, confesse fielmente, por si mesmo, todos os seus pecados, ao seu pároco pelo menos uma vez por ano...’ (Concílio Latrão IV, Cost. XXI). E dado que mencionámos este concílio, recordamos que foi precisamente este concílio a introduzir o dogma da penitência obrigatória a fazer-se ao padre na igreja romana; antes daquele ano de facto, ela não era considerada obrigatória [ 14 ]. |
O catecismo romano afirma que: ‘ Para fazer uma boa confissão se exigem cinco coisas: 1) o exame de consciência; 2) a dor pelos pecados; 3) o propósito de não os cometer mais: 4) a confissão; 5) a satisfação ou penitência ’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 521). Quero agora deter-me brevemente sobre estes últimos dois aspectos deste sacramento. Segundo a teologia romana quem vai confessar-se ao padre deve manifestar ao sacerdote a espécie dos pecados, o seu número e as circunstâncias sobre todos os pecados cometidos, com efeito, o concílio de Trento a tal propósito decretou: ‘Pois é claro que os sacerdotes não poderiam exercer este juízo sem conhecer a causa nem impor as penitências com equidade, se os penitentes declarassem só genericamente, e não específica e detalhadamente os seus pecados. Daí segue que os penitentes devem dizer e declarar na confissão todos os pecados mortais de que se sentirem culpados, depois de feito um diligente exame de consciência, ainda que sejam os mais ocultos e cometidos somente contra os dois últimos mandamentos do decálogo (...) Deduz-se, além disso, que na confissão é necessário também explicar aquelas circunstâncias que mudam a espécie do pecado, porque sem elas os pecados não são cabalmente apresentados pelo penitente, nem suficientemente conhecidos aos juizes para fazerem uma apreciação justa sobre a gravidade das culpas, e para impor ao penitente uma pena proporcionada’ (Concílio de Trento, Sess. XIV, cap. V). Perardi no seu manual confirma isto dizendo: ‘ Devemos acusar os pecados mortais plenamente, sem nos deixarmos vencer por uma falsa vergonha calando algum pecado mortal, declarando a espécie deles, o número e também as circunstâncias que acrescentam uma nova grave malícia’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 535). |
Por quanto respeita à espécie, os Católicos devem confessar de que género é o pecado; se é um furto, uma briga, uma mentira etc. Por quanto respeita ao número eles são obrigados a confessá-los todos, sem esconder nenhum deles; por exemplo se faltam à missa por três vezes devem dizer que não foram à missa por três vezes etc. Se ocultassem um só pecado eles cometeriam um sacrilégio e não fariam uma boa confissão! Por quanto respeita por fim às circunstâncias, segundo o que escreveu Tomás de Aquino (um doutor da igreja romana) são estas: Quem, o quê, Onde, Com que ajudas, Porquê, Como, Quando. Para explicá-las nos serviremos de um exemplo. Um homem que se fez culpado de um furto e vai confessá-lo ao padre deve especificar-lhe as seguintes coisas para que o padre saiba julgar bem e dar a sentença. |
1) Quem cometeu o furto: se rico, ou pobre; se pai de família, ou filho; se secular ou padre. |
2) O que roubou: se dinheiro, e quanto; ou objectos de vestir, ou víveres, ou objectos sacros, como cálices etc.. |
3) Onde cometeu o furto: se no campo, na cidade ou em outro lugar. |
4) Com que ajudas: se teve companheiros, se escalou muros.. |
5) Por que roubou: se levado pela necessidade, ou por vingança, ou por outro qualquer motivo, como por exemplo, para se ir divertir. |
6) Como: se fez violência, ou se se introduziu escondido, e não tenha sido visto por ninguém. |
7) Quando cometeu o furto: se de dia ou de noite, etc. |
Portanto os teólogos
papistas ensinam aos Católicos romanos não só que o padre tem o poder de
absolvê-los, mas também que para serem absolvidos devem confessar-lhe a
espécie, o número e as circunstâncias dos pecados. |
Depois de o Católico confessar ao padre todos estes particulares sobre os seus pecados mortais o catecismo romano diz que o padre primeiro lhe dá a absolvição dos pecados e depois lhe dá a satisfação ou penitência sacramental que ‘é a boa obra imposta pelo confessor para castigo e para correcção do pecado, e para pagamento da pena temporal merecida pecando’ (ibid., pag. 543). Porquê? Porque ‘o Sacramento da Penitência, aplicando à alma os méritos de Jesus Cristo, perdoa a pena eterna, mas deixa ordinariamente uma pena temporal a pagar ou nesta vida ou na outra. Deus quer que demos também nós uma satisfação; não é justo que só Jesus Cristo deva expiar toda a pena dos pecados do cristão’ (ibid. , pag. 543). Mas mesmo depois de ter feito a penitência sacramental, que Perardi diz que se o padre não fixou quando fazê-la, é preferível fazer ‘antes de sair da igreja ou ao menos o mais cedo que podeis’ (ibid. , pag. 544), fica ainda uma coisa por fazer para expiar a pena, de facto Perardi diz: ‘A penitência sacramental não basta, de ordinário, para nos libertar de toda a pena temporal merecida com o pecado, e por isso convém suprir com outras obras de penitência e de piedade e com indulgências’ (ibid., pag. 544). Na substância, segundo esta doutrina da satisfação, os pecados o homem os pode expiar em parte confiando-se aos méritos de Cristo e em parte fazendo precisamente estas obras. Portanto aos Católicos são ensinadas diversas coisas a respeito dos pecados que cometem; a primeira é que indo-se confessar ao padre este lhe os perdoa com a autoridade divina, a segunda é que como a penitência perdoa a pena eterna mas deixa uma temporal a ter que pagar - porque para obter logo a remissão de toda a pena merecida pelo pecado seria preciso uma contrição perfeitíssima - assim se deve dar a Deus a satisfação da pena temporal. Isto se faz primeiro com a penitência sacramental, e depois com as obras de penitência e de piedade, que segundo o Novo Manual do Catequista são: ‘Os jejuns, as mortificações, os actos de misericórdia espiritual e corporal, as orações, e o uso piedoso das coisas benzidas e das cerimónias sagradas que se chamam sacramentais, como a água santa e as várias bençãos’ (ibid. , pag. 544). E também para quem rejeita as obras de penitência o concílio Tridentino lançou o enésimo anátema: ‘Se alguém disser que as satisfações com que os penitentes por Jesus Cristo procuram reparar os pecados, não são culto de Deus, mas tradições humanas, que obscurecem a doutrina da graça e o verdadeiro culto de Deus e o próprio benefício da morte do Senhor, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XIV, can. 14). |
Mas às obras de penitência e de piedade, como vimos antes, a elas devem-se acrescentar também as indulgências. O que é a indulgência? ‘É uma remissão de pena temporal devida pelos pecados; que a Igreja concede sob certas condições a quem está em estado de graça, (aplicando-lhe os méritos e as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos, que constituem o tesouro da Igreja)’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 546). Ela pode ser plenária quando por meio dela é perdoada toda a pena temporal devida pelos pecados; parcial quando é apenas uma remissão parcial da referida pena. Mas por que motivo a cúria romana introduziu a prática das indulgências? A razão é esta: explicada nestes termos: ‘O fim intencionado pela autoridade eclesiástica na concessão das indulgências é não apenas ajudar os fiéis a pagarem as penas do pecado, mas também incitá-los ao exercício das obras de piedade, de penitência e de caridade e, particularmente, das obras que conduzem ao progresso da fé e ao bem geral’ (Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina de Paulo VI, 8). E também para os que não aceitam as indulgências há o relativo anátema tridentino que é o seguinte: ‘O poder de conferir indulgências foi condedido à igreja por Cristo e ela usou deste poder, a ela divinamente concedido, desde os tempos mais antigos. Por isso ensina e ordena o santo sínodo que se deve manter na Igreja o uso das Indulgências, sumamente proveitoso ao povo cristão, e aprovado pela autoridade dos sagrados concílios e considera anátema os que afirmam ser inúteis ou neguem que a Igreja tenha o poder de concedê-las’ (Concílio de Trento, Sess. XXV, cap. XXI) [ 15]. |
Ora, as indulgências podem ser adquiridas pelos Católicos fazendo obras; vejamos agora quais são algumas destas obras de trabalho que fazem lucrar a indulgência plenária da igreja, tendo presente que segundo a norma seis da Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina a indulgência plenária só pode ser adquirida uma vez por dia. |
A adoração ao Santíssimo Sacramento por pelo menos meia hora; |
A leitura espiritual da Sagrada Escritura por pelo menos meia hora; |
O piedoso exercício da Via Crucis (Sessolo Giovanni, L’aggiornamento delle indulgenze [A actualização das indulgências ] , Milano 1968, pag. 61); |
A recitação do Rosário mariano na igreja ou no oratório público, ou em família, numa Comunidade religiosa, numa piedosa Associação (Sessolo Giovanni, op. cit., pag. 61). |
Entre as indulgências plenárias está também a chamada Jubileu. |
A indulgência parcial, ao contrário, a pode lucrar: |
quem recita a jaculatória ‘Jesus, José e Maria, vos dou etc..’; |
quem recita o Angelus Domini, as Litanias, a Salve, Rainha (ibid., pag. 18); |
o fiel que utiliza religiosamente um objecto de piedade (crucifixo, cruz, terço, escapulário, medalha), validamente abençoado por um qualquer sacerdote (Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, norma 17). |
Há outras obras ou cerimónias sacramentais pelas quais os Católicos podem adquirir tanto as indulgências plenárias como as indulgências parciais, mas me fico por aqui com as indulgências [16]. |
A este ponto perguntar-se-á: ‘Mas o Católico então depois de se ter confessado de maneira regular, e feito obras de penitência para expiar os seus pecados, e depois de ter adquirido a indulgência plenária, está seguro de ir para o paraíso?’ Em teoria sim, deveria estar perfeitamente seguro disso, mas na prática não está, e não pode está-lo de modo nenhum, porque diz Perardi: ‘Poderemos esperar nos encontrar, no momento da morte, tão puros, tão santos de forma a merecer logo o Paraíso?’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 175). Aliás - dizem eles - ninguém é perfeito, imperfeições todos têm, qualquer pecado venial o se contrai também depois de ter adquirido a indulgência plenária, e por isso, quem pode dizer que vai logo para o paraíso! Portanto, antes de ir para o paraíso é necessário ir estacionar por algum tempo no purgatório para purgar o resíduo de culpa que permanece, mediante penas muito severas; então e só então se poderá ir para o paraíso, porque se estará santo e puro. Ninguém pois se permita a dizer que quando morrer irá logo para o céu porque isso é presunção que ofende a justiça de Deus! |
Por quanto respeita à necessidade deste sacramento, segundo a teologia romana, ele é indispensável para obter a salvação, da mesma maneira em que é indispensável o batismo para ser regenerado: ‘O sacramento da Penitência é absolutamente necessário à salvação para todos os que pecaram gravemente depois do Batismo. - É de fé’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 311). Isso significa que se por exemplo um Católico morre sem ter confessado os seus chamados pecados mortais ao padre, é declarado ter ido para o inferno. |
Para a igreja romana portanto a confissão é um sacramento muito importante e para os que não o aceitam há o seguinte anátema do concílio de Trento: ‘Se alguém disser que a Penitência na Igreja Católica não é um verdadeiro e próprio sacramento instituído por Jesus Cristo Nosso Senhor para reconciliar os fiéis com Deus, todas as vezes que depois do Batismo caírem em pecados, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XIV, can. 1). |
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Confutação |
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A Escritura
não confirma a confissão feita ao padre |
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Ora, os teólogos papistas afirmam que os padres receberam o poder de perdoar os pecados de Cristo porque está escrito que Jesus disse aos apóstolos: "Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos" (João 20:23)! Mas as coisas são mesmo assim? De maneira nenhuma. Antes de tudo devemos dizer que se Cristo com essas palavras tivesse instituído este sacramento da confissão assim como o possui a igreja católica romana deveria haver a tal propósito confirmações bem precisas tanto nos Actos dos apóstolos como nas epístolas dos apóstolos tendo presente também o facto de ele ser considerado indispensável para conseguir a salvação porque através dele são perdoados os pecados ‘mortais’ cometidos depois do batismo. Mas temos que dizer que em todos estes escritos do Novo Testamento não há nenhum rasto deste chamado sacramento administrado pelos apóstolos aos crentes. De facto nem uma vez, digo nem uma vez, se encontra que os apóstolos exigiram que os crentes se fossem confessar a eles para obter a remissão dos seus pecados. Uma clara confirmação de que os apóstolos não exigiam aos crentes que se fossem confessar a eles para obter a remissão dos seus pecados e portanto que eles não tinham a autoridade de reconciliar os crentes com Deus (que os padres, ao contrário, pretendem ter) a temos no caso de Simão, nos Actos dos apóstolos. Lucas diz que "creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe..." (Actos 8:13), portanto tinha se tornado também ele um crente. Mas quando os apóstolos Pedro e João foram a Samaria para orar pelos crentes para que recebessem o Espírito Santo aconteceu que ele "vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo" (Actos 8:18,19). Eis pois um crente que depois do batismo caiu num pecado (segundo a teologia romana um pecado ‘mortal’ pois é simonia [ 17] e portanto ele tinha a obrigação de confessar-se aos apóstolos para obter a remissão dele), portanto, dado que Pedro e João estavam ali, aquilo que se esperaria era que eles lhe dissessem para que se arrependesse e que viesse confessar-se a eles. Mas não aconteceu nada disso porque Pedro diz-lhe: "Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração.." (Actos 8:22). Notai que Pedro neste caso disse a Simão (que tinha também ele crido) para se arrepender e orar a Deus para que lhe fosse perdoado o seu pecado. O apóstolo não lhe disse: ‘Arrepende-te e depois vem confessar-te a nós, porque temos o poder de perdoar os pecados da parte de Deus’, mas disse-lhe para arrepender-se e orar directamente a Deus para que ele lhe perdoasse o seu pecado. Como podeis ver, por este episódio citado por Lucas se aprende de maneira inequívoca que os crentes depois do batismo para obter a remissão das suas ofensas deviam confessá-las directamente a Deus sem a mediação de nenhum homem sobre a terra. Que a confissão dos pecados os crentes a deviam fazer directamente a Deus aos dias dos apóstolos quando eles estavam vivos o se deduz claramente também da epístola de João, um dos apóstolos a quem Jesus disse: "Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados" (João 20:23). Na sua primeira epístola ele afirma: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a iniquidade" (1 João 1:9). Mas a quem deviam confessar esses pecados? A Deus certamente, porque ele diz que se eles - portanto ele se incluia - os confessassem a Deus ele na sua fidelidade e justiça lhes os perdoaria e os purificaria de toda a iniquidade. Não pode ser doutra forma porque João sabia que Jesus tinha-lhes dito que quando orassem deviam dizer: "Pai nosso, que estás nos céus... perdoa-nos as nossas dívidas" (Mat. 6:9,12) e portanto se deviam dirigir directamente a Deus. Mais à frente João afirma: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados..." (1 João 2:1,2): notai que ele não disse: ‘Se alguém pecar tendes os apóstolos do Senhor, ou os anciãos delegados por eles para perdoar os pecados’; não, mas "temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo". Isto significa que João cria que quando um crente pecasse ele encontraria perdão junto de Deus Pai indo directamente a ele em nome do seu Filho. |
Vejamos Tiago, o irmão do Senhor: ele escreveu uma carta às doze tribos da dispersão na qual disse as seguintes coisas: "Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais... Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus...." (Tiago 4:1,2,4). Ora, segundo a teologia romana aqueles crentes depois do batismo se tinham feito culpados de pecados ‘mortais’, matavam, invejavam, tinham-se tornado amigos do mundo e inimigos de Deus. Seria de esperar pois que Tiago lhes dissesse para se irem confessar aos apóstolos ou aos anciãos da Igreja. Mas ainda uma vez desta confissão não há o mínimo sinal, de facto o apóstolo escreveu logo depois: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará" (Tiago 4:8-10). Eis ainda uma vez uma exortação para dirigirmo-nos directamente a Deus, a ir confessar os próprios pecados a Deus directamente e não a um ministro de Deus. |
Todos estes exemplos acabados de ver testificam de maneira clara que Cristo não deu aos apóstolos o poder de perdoar os pecados aos homens, com efeito, eles nunca exigiram que os crentes caídos em pecado se fossem confessar a eles. Também naquele tempo os crentes quando pecavam eram exortados a confessar os seus pecados a Deus para obter a remissão deles. Aliás haviam também as Escrituras do Antigo Pacto que lhes confirmavam que esta confissão eles a deviam fazer a Deus e não a homens, ainda que homens santos que tinham estado com Jesus. Citamos por exemplo estas eloquentes palavras de Davi: "Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado" (Sal. 32:5). Não eram também para eles uma clara prova que eles deviam confessar-se só a Deus? Mas perguntemo-nos: ‘Mas não teriam sido confundidos os próprios apóstolos se tivessem ordenado aos crentes para irem declarar os seus pecados a eles e não directamente a Deus, quando as Escrituras do Antigo Pacto ordenavam para irem confessar-se a Deus directamente. Mas como teriam podido os apóstolos afirmar ter o poder de perdoar os pecados que os crentes cometiam contra Deus sem serem repreendidos pela sua arrogância? |
Por fim, para confirmar ulteriormente que a confissão das iniquidades pessoais, segundo a Escritura, deve ser feita a Deus e não a presumidos intermediários como os padres católicos, citamos duas confissões transcritas no Antigo Testamento, a de Esdras e a de Daniel. |
No livro de Esdras está escrito: "E perto do sacrifício da tarde me levantei da minha aflição, havendo já rasgado as minhas vestes e o meu manto, e me pus de joelhos, e estendi as minhas mãos para o Senhor meu Deus; e disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até ao céu. Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje estamos em grande culpa..." (Esd. 9:5-7). |
No livro de Daniel está escrito: "E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da terra...." (Dan. 9:4-6). |
Eis pois membros do povo de Deus sob o Antigo Pacto que se confessaram directamente a Deus para obter o seu perdão. Para resumir: na Escritura não há a mínima menção de uma confissão a fazer-se a um sacerdote para obter o perdão dos pecados; não há no Antigo Pacto e não há nem no Novo Pacto porque os apóstolos nas suas epístolas não falam dela. |
Porventura alguém pensará que os apóstolos em virtude dessas palavras que Jesus lhes disse, a saber: "Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos" (João 20:23), exigissem que os pecadores fossem a eles declarar os seus pecados para obterem a remissão deles. Mas também aqui se deve dizer que de uma semelhante confissão não existe o mínimo rasto na Escritura. Porquê? Porque os apóstolos tinham recebido a ordem de pregar a remissão dos pecados conforme o que lhes tinha dito Jesus: "Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém" (Lucas 24:46,47) e não o poder de absolver os pecadores penitentes porque este só o possui Deus, o justo Juíz. Isto é confirmado pelos seguintes episódios transcritos no livro dos Actos dos apóstolos. |
Em Jerusalém no dia de Pentecostes, quando os Judeus que ouviram a pregação de Pedro, disseram a Pedro e aos outros apóstolos: "Que faremos, irmãos?" (Actos 2:37), Pedro respondeu-lhes dizendo: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados..." (Actos 2:38). Notai o que Pedro disse para aqueles Judeus fazerem para obterem a remissão dos seus pecados; ele disse-lhes para se arrependerem e se batizarem. Pedro juntamente com os outros apóstolos não lhes disse: ‘Vinde vos confessar a nós e nós vos perdoaremos os vossos pecados porque recebemos de Cristo o poder de fazê-lo’. Esta é uma clara demonstração de como os apóstolos não entenderam mal as palavras do Senhor Jesus como fizeram os teólogos católicos romanos. |
Em casa de Cornélio, Pedro pregou a remissão dos pecados em nome de Cristo, de facto disse: "A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome" (Actos 10:43). Também neste caso Pedro não pretendeu que Cornélio e os seus fossem a ele confessar-lhe os seus pecados precisamente porque o apóstolo não tinha o poder de perdoar a ninguém os pecados da parte de Deus mas sim o de pregar a remissão dos pecados o que é diferente. |
Ainda em casa de Cornélio, Pedro disse: "E ele
nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi
constituído juiz dos vivos e dos mortos" (Actos 10:42); portanto é
Cristo, sendo o Juiz de todos, a ter o poder de absolver e não homens
constituídos por ele. Os pecadores portanto para obter misericórdia de Deus
devem confessar as suas iniquidades a Cristo que é o Juiz que pode absolver
ou condenar (e não a homens). O próprio Jesus confirmou que o pecador para
ser absolvido é suficiente que se confesse directamente a Deus quando disse
numa parábola que um publicano, subiu ao templo para orar, "nem ainda
queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem
misericórdia de mim, pecador!" (Lucas 18:13); este publicano não foi
confessar-se aos sacerdotes que estavam no templo mas directamente a Deus, e
obteve a remissão dos seus pecados conforme Jesus disse: "Digo-vos que
este desceu justificado para sua casa" (Lucas 18:14). |
Quando os apóstolos compareceram diante do Sinédrio, Pedro e os outros disseram: "O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro. Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados" (Actos 5:30,31). Também neste caso os apóstolos não atribuiram a si de modo nenhum o poder de perdoar os pecados aos homens pois fizeram compreender claramente com as suas palavras que é Deus aquele que dá a remissão dos pecados como também o arrependimento. Ora, nós sabemos que o arrependimento é Deus a dá-lo aos homens porque está escrito que os da circuncisão depois que Pedro lhes contou como Deus o tinha enviado aos Gentios pregar o Evangelho e como eles tinham recebido o Espírito Santo, disseram: "Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida" (Actos 11:18); portanto como os apóstolos não tinham o poder de dar o arrependimento a ninguém, mas somente a ordem de pregar o arrependimento a todos, assim eles não tinham também o poder de dar a remissão dos pecados a ninguém porque ela a dava directamente Deus ao pecador penitente; eles também neste caso tinham a ordem de pregar a remissão dos pecados (cfr. Lucas 24:47 para compreender que os apóstolos tinham recebido a ordem de pregar o arrependimento e a remissão dos pecados). |
Como podeis ver os apóstolos não confessavam os pecadores mas os exortavam a se arrependerem e a crer em Jesus Cristo para obterem a remissão dos seus pecados; a Ele deviam confessar os seus pecados e não a eles. A penitência católica romana que o homem deve fazer ao sacerdote não tem portanto nenhuma passagem escritural que a sustente. E isso o reconheceu também Bartmann que disse que na Escritura ‘não se encontra alguma passagem em que se exija explicitamente que o pecador confesse os seus pecados graves a um sacerdote para obter o perdão deles’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 282). Mas então, alguém dirá, por que é que diante da evidência os teólogos defendem o dogma da penitência? A razão é porque devem agradar ao papa em todas as coisas e não podem permitir-se a discordar dele se não querem incorrer em alguma providência disciplinar. Na igreja romana funciona assim: o papa dita a lei e os teólogos devem obedecer-lhe mesmo se a sua lei contrasta a verdade e não pode portanto ser sustentada com a Palavra de Deus. |
Para concluir, todas as referidas Escrituras por nós citadas confirmam que a confissão dos próprios pecados o homem, seja ele o pecador que quer ser salvo, como o crente que já está salvo, a deve fazer ao Senhor para que os seus pecados lhe sejam perdoados porque só Deus tem o poder de perdoar os pecados ao homem conforme está escrito nos Salmos: "Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades" (Sal. 103:3). |
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Explicação
das passagens tomadas para sustentar o sacramento da penitência |
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Antes de tudo queremos
explicar as palavras de Jesus: "Àqueles a quem perdoardes os pecados
lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos"
(João 20:23). Nós temos o poder de perdoar os pecados a todos aqueles que
pecam contra nós, com efeito, na oração que Jesus ensinou aos seus discípulos
estão estas palavras: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores" (Mat. 6:12). Como podeis ver nós podemos
perdoar as dívidas aos nossos devedores, isto é, àqueles que estão em dívida
para connosco. Mas nós não temos o poder de perdoar as dívidas que um homem
tem em relação a Deus, porque esse só Deus o tem [ 18]. Também os escribas sabiam isso, de facto,
quando ouviram que Jesus disse àquele paralítico: "Filho, tem bom ânimo,
perdoados te são os teus pecados" (Mat. 9:2), disseram: "Por que
fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só,
que é Deus?" (Mar. 2:7). Eles porém não reconhecendo em Jesus Cristo o
Deus de Israel, erraram ao afirmar que ele blasfemava. Mas Jesus demonstrou-lhes
de ter o poder de perdoar os pecados, e por isso de ser Deus, dizendo ao
paralítico para se levantar, tomar o seu leito e ir para sua casa (cfr. Mar.
2:9-12). Os seus discípulos porém, ainda que o tenham visto e ouvido perdoar
os pecados aos homens, depois que ele foi elevado ao céu não andaram a
confessar os pecados dos pecadores e a lhes perdoá-los, e nem a confessar os
pecados dos crentes para lhes os perdoar, e isto porque não tinham entendido
as palavras que Jesus lhes tinha dirigido da maneira errada em que entenderam
a seguir alguns. Demonstrámos, de facto, pouco atrás como não há exemplos ou
passagens no Novo Testamento que testifiquem um semelhante procedimento. |
A confissão auricular
feita ao padre é chamada o sacramento da reconciliação porque segundo o
catecismo católico o padre mediante a sua absolvição reconcilia o homem com
Deus. Mas esta afirmação é falsa porque o homem pode reconciliar-se com Deus
directamente mediante Cristo Jesus sem a necessidade de nenhum mediador terreno.
Os teólogos papistas para sustentar que os padres têm neles a palavra da
reconciliação para reconciliar os homens com Deus como a tinham antes deles
os apóstolos tomam as seguintes palavras de Paulo aos Coríntios:
"Deus... pôs em nós a palavra da reconciliação" (2 Cor. 5:19); mas
nós fazemos notar que esta palavra da reconciliação que tinham os apóstolos
não se refere de modo nenhum à fórmula absolutória dos padres: ‘Eu te absolvo
dos teus pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo’, que eles dirigem
aos confessantes depois de terem ouvido a sua confissão, porque os apóstolos
não confessavam e não absolviam nem os pecadores e nem os crentes quando eles
se faziam culpados mas os exortavam a se arrependerem e a fazer paz com Deus.
O apóstolo Paulo explica em que consistia esta palavra da reconciliação
quando diz: "De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se
Deus por nós exortasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos
reconcilieis com Deus" (2 Cor. 5:20). Os apóstolos portanto não
obrigavam os homens a se confessarem a eles, como fazem os padres, mas os
exortavam a se reconciliarem com Deus, o que é totalmente outra coisa! Eles
faziam a sua embaixada; enquanto Aquele que os tinha enviado absolvia os que
aceitavam as suas palavras. Mas não é porventura esta uma ulterior prova que
a confissão auricular ao padre não tem fundamento escritural e que para
sustentá-la os teólogos católicos romanos fazem recurso a arbitrárias
interpretações escriturais? |
Vejamos agora as outras passagens do Novo Pacto que a dizer dos teólogos católicos romanos confirmam a confissão ao padre; a de Marcos que diz: "E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados" (Mar. 1:5); a escrita nos Actos dos apóstolos que diz: "E muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos" (Actos 19:18); a de Tiago que diz: "Confessai as vossas culpas uns aos outros" (Tiago 5:16); e a que diz que depois que Lázaro saiu do sepulcro Jesus disse: "Desligai-o e deixai-o ir" (João 11:44). Ora, mas nós perguntamos aos teólogos papistas: ‘Mas onde está aqui a confissão feita ao homem para receber a absolvição? Nós não a vemos. Mas não a vemos não porque tenhamos os olhos fechados, mas porque ela não existe. Vamos portanto agora demonstrar como as referidas passagens não têm nada a ver com a confissão ao padre. |
No caso do batismo de João os homens se arrependiam dos seus pecados e os confessavam a Deus e não a João. E depois, para responder como convém aos teólogos papistas, dizemos também que João não era um apóstolo, e a confissão aqueles Judeus a fizeram antes de serem batizados (enquanto a confissão católica deve-se fazer depois do batismo), e ainda antes de Jesus dizer aos seus discípulos: "Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados" (João 20:23), e a fizeram publicamente e não privadamente como ao contrário é feita a confissão ao padre; tudo coisas estas que anulam da maneira mais evidente a sua própria interpretação dada a esta passagem. |
No caso daqueles crentes que em Éfeso confessaram as coisas que eles tinham feito não as foram confessar aos apóstolos para obter a remissão dos seus pecados, porque dado que já tinham crido já tinham obtido a remissão de todos os seus pecados pelo nome de Jesus Cristo conforme está escrito: "A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome" (Actos 10:43). Eles foram para contar as maldades que tinham feito antes de crer no Senhor, para fazer compreender quanta misericórdia Deus tinha usado para com eles perdoando-lhes todos aqueles seus pecados. Isto é o que ainda hoje é feito no nosso meio por aqueles que creram. Como podeis ver nestas referidas passagens não há a mínima prova em favor da confissão privada feita ao padre e da sua obrigatoriedade. |
Pelo que concerne às palavras de Tiago: "Confessai as vossas culpas uns aos outros" (Tiago 5:16), elas estão em perfeita harmonia com os ensinamentos do nosso Senhor, e de modo algum são a favor da confissão ao padre como antes sustentam muitos teólogos católicos romanos (nem todos porque há alguém que percebeu que as palavras de Tiago não se referem à confissão ao padre), porque Tiago não disse aos fiéis para se irem confessar a uma casta sacerdotal para obterem a absolvição divina; mas disse-lhes para confessarem mutuamente os seus próprios pecados, de facto, diz "uns aos outros". As palavras de Tiago estão em harmonia com as seguintes palavras de Jesus: "Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe" (Lucas 17:3,4); portanto é justo que um irmão que peca contra um outro irmão vá confessar o seu erro ao irmão a quem fez agravo pedindo-lhe perdão porque isso tem fundamento escritural. É justo também, segundo as palavras de Tiago, na presença de outros fiéis reconhecer as próprias culpas para humilhar-se na presença de Deus e diante dos próprios fiéis. Por fim é necessário dizer que por vezes um crente que quer receber uma palavra de consolação ou de encorajamento do seu pastor pode lhe ir confessar um seu pecado; mas isto, o reiteramos, ele não o faz porque pensa que o pastor tem o poder de absolvê-lo da parte de Deus, mas somente para abrir o seu coração na presença de um irmão maduro do ponto de vista espiritual que pode dar-lhe rectos conselhos e orar junto com ele. |
E por fim vejamos as palavras que Jesus dirigiu aos Judeus depois que Lázaro saiu do sepulcro tendo as mãos e os pés ligados com faixas e o seu rosto envolto num lenço. Segundo os teólogos papistas depois que os homens ressurgem da morte espiritual pelo batismo necessitam ser soltos e desligados dos pecados que cometem. E este poder de desligar os seus pecados a possui o padre em virtude das palavras que Jesus dirigiu aos seus discípulos: "Tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.." (Mat. 18:18)! Nos limitamos a dizer que nessas palavras de Jesus nós não vemos de modo nenhum o poder que têm os sacerdotes católicos de absolver os pecadores dos seus pecados. Ver ali a sua confissão seria como ver o papado nas palavras de Jesus a Pedro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.." (Mat. 16:18). A interpretação que os teólogos papistas dão a essa passagem para sustentar o poder de perdoar os pecados que os sacerdotes têm é falsa porque Aquele que tem o poder de perdoar os pecados aos que ressuscitaram com Cristo é somente Deus. |
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A confissão
da espécie, do número e das circunstâncias dos pecados é inútil |
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Segundo a Escritura para obter a remissão dos pecados da parte de Deus não é de maneira nenhuma necessário especificar a Deus a espécie, o número e as circunstâncias dos pecados e disso temos uma confirmação na invocação que o publicano fez no templo a Deus; ele disse somente: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" (Lucas 18:13); e Deus o perdoou porque ele desceu para sua casa justificado. |
Também a parábola do filho pródigo confirma que a confissão a Deus não necessita da especificação da espécie, do número exacto ou aproximado deles, e das circunstâncias dos pecados: o filho pródigo quando voltou ao pai disse-lhe: "Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho" (Lucas 15:21), e o pai o perdoou porque disse aos seus servos para o vestirem com a melhor roupa, porem-lhe um anel no dedo, calçá-lo e trazer um bezerro cevado e matá-lo para comê-lo. Nenhuma confissão da espécie e do número e das circunstâncias dos seus pecados foi exigida pelo pai; no entanto aquele jovem tinha vivido por muito tempo dissolutamente, tinha gasto a sua fazenda com as meretrizes, e tinha pecados e particulares a contar. Não houve necessidade de manifestá-los; assim também o pecador que se chega a Deus não tem necessidade de confessar a Deus todas as circunstâncias de todos os seus pecados, porque Deus não lhe o exige. Que ele deixe os seus iníquos pensamentos, que ele creia com o seu coração no Evangelho; e então ele obterá misericórdia da parte de Deus o qual lhe cancelará todos os seus pecados e não se lembrará mais deles! |
No Evangelho encontramos também que Jesus perdoou os pecados a pecadores sem que eles lhe tivessem feito a lista de todos os pecados que tinham cometido e as circunstâncias que lhes diziam respeito, ou melhor, sem sequer que eles os lhe tivessem confessado. À mulher apanhada em adultério que os Fariseus lhe tinham levado Jesus disse: "Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais" (João 8:11); à mulher pecadora que estava em casa do Fariseu de nome Simão ele disse: "Os teus pecados te são perdoados" (Lucas 7:48), porque esta se humilhou diante do Senhor chorando; ao homem paralítico que lhe trouxeram disse-lhe: "Homem, os teus pecados te são perdoados" (Lucas 5:20) sem que este lhe enumerasse todos os seus pecados e todas as circunstâncias que os acompanhavam. |
Por fim Jesus nos disse, a nós seus discípulos, para dizer ao Pai: "Perdoa-nos as nossas dívidas" (Mat. 6:12), sem especificar detalhadamente e um por um os pecados e todas as coisas que dizem respeito aos nossos pecados, porque o que Deus exige de nós é que nós nos arrependamos sinceramente diante dele e lhe peçamos perdão. |
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Nós nos
confessamos a Deus obtendo o perdão dos pecados |
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Davi, quando o profeta Natã foi a ele para repreendê-lo e anunciar-lhe a punição de Deus contra ele, disse a Natã: "Pequei contra o Senhor" (2 Sam. 12:13), mas não lhe confessou ter pecado para ser por ele perdoado, mas porque reconheceu ter feito o que é mau aos olhos de Deus. Davi fez a confissão das suas iniquidades a Deus, de facto, lemos no quinquagésimo primeiro salmo que ele invocou Deus dizendo-lhe: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mau aos teus olhos, para que sejas justificado quando falares, e irreprensível quando julgares" (Sal. 51:1-4). Davi foi atendido por Deus, de facto, Natã lhe disse: "Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás" (2 Sam. 12:13), mas cuidai que não foi Natã o profeta a perdoar-lhe o seu pecado usando alguma fórmula mas foi Deus. O profeta disse a Davi a palavra que ele tinha recebido de Deus. Também nós um dia, como Davi, confessámos as nossas iniquidades a Deus, e ele, na sua fidelidade, nos perdoou purificando-nos a nossa consciência de todas as obras mortas de que ela estava contaminada. Isto o dizemos por experiência directa; não houve necessidade de algum mediador terreno para obtermos a remissão dos nossos pecados, porque a obtivemos directamente de Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que está assentado à sua direita. |
Os que, pelo contrário, vão confessar os seus pecados ao padre, considerado por eles aquele que faz o trâmite entre Deus e eles, recebem sim a absolvição que, segundo o catecismo católico ‘ é a sentença com a qual o sacerdote, em nome de Jesus Cristo, perdoa os pecados ao penitente (dizendo: Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, Assim seja)’ (Giuseppe Perardi, op. cit. , pag. 541), mas o certo é que os seus pecados nunca desaparecem da sua consciência; porquê? Porque eles não os confessam a Deus mas a um homem que não pode fazer nada para os lhes tirar. Se muitos Católicos romanos que observam estas práticas religiosas na sua ignorância mas também com sinceridade de ânimo mostrassem a Deus a mesma confiança que mostram nos padres então sim obteriam a remissão dos seus pecados e nova vida pelo Senhor, e sairiam desta organização para se unirem aos resgatados, mas infelizmente eles, cegados por esta religião, vão confessar-se a quem não pode fazer nada por eles. |
Ó homens e mulheres que jazeis nas trevas e que sois guiados por gente que anda nas trevas, caí em vós mesmos, chegai-vos ao Senhor confessado-lhe os vossos pecados e ele se aproximará de vós e vos purificará a vossa consciência das obras mortas pelo sangue do Cordeiro. Então sim sereis justificados das vossas iniquidades, e obtereis paz com Deus; então sim não vos sentireis mais empurrados a ir vos confessar ao padre! |
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O caminho
para obter o perdão dos pecados de Deus tanto para os incrédulos como para os
crentes |
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Como pudemos ver ainda que seja dito que o sacramento da penitência é de instituição divina, o homem que o recebe nunca poderá estar seguro de estar perdoado, lavado plenamente dos seus pecados, e por isso jamais poderá estar seguro de ir para o paraíso na sua morte. Que religião vã é a católica; diz aos seus seguidores, crede estas verdades reveladas por Deus e fazei todas estas coisas que te são ordenadas porque elas são prescritas por Deus para o perdão dos teus pecados, e depois lança o anátema contra quem, depois de lhe ter obedecido, ostentar certeza de remissão dos seus pecados, e ousar dizer estar seguro de estar salvo!! Não deveria tudo isto ó Católicos romanos vos fazer reflectir seriamente sobre a oportunidade de continuar a vos irdes confessar ao padre e de vos apoiardes nas obras de penitência e nas indulgências? Mas quando é que caireis em vós mesmos e percebereis que este caminho vos prescrito pelos vossos padres para vos fazer reconciliar com Deus é vão porque não vos assegura a certeza absoluta do perdão de todos os vossos pecados com a relativa certeza de ir para o paraíso logo depois de mortos, mas vos continua a deixar na escuridão mais sombria? |
O caminho para obter o perdão prescrito por Deus em Cristo Jesus é este. Para os pecadores é suficiente que se arrependam e creiam no nome de Cristo. Jesus antes de morrer disse: "Está consumado" (João 19:30); portanto o preço do resgate foi por ele pago plenamente; ao pecador não resta portanto nenhuma obra de penitência a fazer para obter a remissão dos seus pecados. Resta-lhe só arrepender-se e crer no sacrifício de Cristo; isto é o que lhe resta fazer. Ele não tem que fazer a Via Crucis, ou visitas a basílicas em dias estabelecidos, ele não tem que recitar o rosário, ele não tem que subir de joelhos a chamada escada santa de Roma, ou fazer alguma outra chamada obra de penitência porque estas coisas para nada aproveitam; só servem para fazer-lhe perder tempo e dinheiro! A pena pelos nossos pecados a pagou Cristo Jesus na cruz do Calvário quando morreu carregado das nossas iniquidades por isso o homem se quer receber o perdão dos seus pecados tem de somente pedi-lo a Deus com um coração quebrantado e o obterá. Como fez aquele publicano no templo que batia no peito e dizia: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" (Lucas 18:13) e desceu para sua casa justificado. Portanto o perdão dos pecados é gratuito, totalmente gratuito em razão da superabundante graça de Deus conforme está escrito: "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus.." (Rom. 3:23-25). Não há nada a pagar porque não há nada a se ganhar; não há nada que se possa merecer porque doutra forma "a graça já não é graça" (Rom. 11:6). Mas a igreja romana com a questão das penitências e das indulgências conseguiu fazer crer às pessoas que os seus pecados podem ser expiados fazendo obras; isto é grave porque assim as pessoas crêem que o sacrifício expiatório de Cristo não seja suficiente para obterem a remissão dos seus pecados. Ah! Anularam a graça de Deus, pisaram os méritos de Cristo; e por isso o Evangelho não é mais a boa notícia da paz em que basta crer para ser reconciliado com Deus, mas uma mensagem privada do seu poder salvífico, porque para obter a remissão dos pecados já não é suficiente crer nele, mas é necessário fazer muitas e muitas coisas; é preciso seguir em suma o caminho das obras e não o da fé. |
Também para os que, pelo contrário, já foram perdoados, se caírem em alguma culpa, é suficiente que a confessem directamente a Deus. Isto porque Cristo mediante a sua morte já expiou todos os nossos pecados. O preço já ele plenamente o pagou. |
Agora queremos citar algumas Escrituras que testificam que o sacrifício de Cristo é perfeito e que não resta nada por expiar, nada por satisfazer para os que creram n`Ele. |
Paulo diz aos Colossenses: "E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todas as ofensas.." (Col. 2:13); e aos Coríntios: "E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo" (2 Cor. 5:18). |
O escritor aos Hebreus diz: "Fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre" (Heb. 10:10), e também: "Com uma só oferta aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Heb. 10:14). |
Alguém dirá: Mas estas palavras se referem aos pecados cometidos antes de crer em Cristo que nos foram perdoados só pela fé nele!’. É verdade, mas permanece o facto de que é ainda em virtude do perdão nos adquirido por Cristo na cruz que os pecados cometidos depois da nossa conversão nos são perdoados sem cumprir nenhuma satisfação sacramental, mas somente confessando-os a Deus conforme está escrito: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a iniquidade" (1 João 1:9). Seja pois posta de lado a penitência da igreja católica romana; seja pois posta de lado esta sua diabrura, habilmente transfigurada de sacramento de Cristo, que não faz mais que fazer passar o sacrifício de Cristo por inútil, por insuficiente. E depois falam de fé, e depois falam de graça; mas nós dizemos: Mas onde está a fé e a graça nesta religião do fazer, nesta religião que diz na substância faz por ti todos os possíveis para te salvares e verás que Deus te virá ao encontro porque será constrangido e obrigado a perdoar-te? Haveis compreendido então por que é que quando os teólogos católicos falam de fé e de graça, falam sempre disso de maneira muito complicada, ambígua, e distorcida, fazendo perceber que resta sempre e repito sempre por fazer alguma coisa ao homem? Porque eles ao fim e ao cabo têm sempre que fazer sair de alguma parte as obras de penitência, as idulgências, e o tesouro da Igreja do qual sai precisamente estas infames indulgências. A propósito deste tesouro: notastes que ele é formado além de pelos méritos de Cristo também pelos méritos de Maria e dos santos? Mas dizei-me: não é porventura esta mais uma prova que para eles os méritos adquiridos por Cristo por elevado preço na cruz não são suficientes para nos salvar? Não é bastante claro que para eles os sofrimentos de Cristo sozinhos não são de modo algum suficientes para perdoar os pecados aos homens com toda a sua pena eterna? Desconfiai pois de todos os discursos sobre a fé e sobre a graça e sobre os méritos de Cristo feitos pelos teólogos papistas; porque por detrás deles se esconde um outro Evangelho, não o da graça. Eles pregam um outro Evangelho impotente para salvar; eles pregam uma remissão dos pecados vã e ilusória. Por isso o anátema lançado pelo santo apóstolo Paulo: "Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema" (Gal. 1:9) é dirigido também contra eles. |
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O Jubileu e a
Via Crucis (ou Via Sacra) são invenções humanas |
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Quando falei das indulgências acenei ao Jubileu e à Via Crucis. E dado que delas se ouve frequentemente falar (sobretudo do Jubileu nestes tempos) quero brevemente explicar no que consistem e confutá-las. |
O Jubileu católico romano, chamado também Ano Santo, é uma solene indulgência plenária que é concedida pelo papa. Ele foi inventado por Bonifácio VIII (1294-1303) em 1300. Com uma bula sua decretou que a cada cem anos quem tivesse visitado ‘a basílica de São Pedro e a de São Paulo em Roma’, e estivesse em estado de graça, isto é, absolvido dos pecados, ganharia a remissão de toda a pena que teria que sofrer no purgatório pelos pecados cometidos. (Durante aquele primeiro jubileu convocado por Bonifácio VIII os cronistas dizem que o dinheiro era recolhido com ancinhos de tão abundante que era). Clemente VI (1342-1352) reduziu o Jubileu a cada cinquenta anos, e assim o segundo Jubileu foi celebrado em 1350. Urbano VI (1378-1389) o reduziu posteriormente a trinta e três anos em memória dos anos que Jesus viveu na terra. Por fim Paulo II (1464-1471) ordenou que o Jubileu se celebrasse a cada vinte e cinco anos e tal permaneceu desde esse tempo o intervalo de tempo entre um Jubileu e outro. Segundo o que diz a Enciclopédia Católica as condições habituais a pôr-se para a aquisição do Jubileu ordinário são a confissão, a comunhão, a visita a determinados lugares de culto da igreja católica e a recitação de algumas orações. Desde 1950 não é mais indispensável vir a Roma para lucrar esta indulgência. No Dicionário histórico do papado lê-se, de facto, que nesse ano a constituição apostólica Par annum sacrum proclamou o carácter universal da indulgência jubilar pelo que ‘não foi mais indispensável fazer a viagem a Roma, sendo os ordinários autorizados a designar em cada uma cidade episcopal, para as visitas prescritas, a catedral e duas igrejas ou oratórios em que o culto se celebrava regularmente’ (Dizionario storico del papato [Dicionário histórico do papado], Milano 1996, pag. 66). Por quanto respeita ao Jubileu é necessário dizer que embora na lei de Moisés se fale de um jubileu ordenado por Deus, o católico não tem nada a ver com ele. Recordemos no que consistia o jubileu judaico. Deus disse a Moisés: "Santificareis o ano qüinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus habitantes; ano de jubileu será para vós; pois tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família. Esse ano qüinquagésimo será para vós jubileu; não semeareis, nem segareis o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das vides não tratadas" (Lev. 25:10,11). Naquele ano portanto, segundo a lei, quem por causa da sua pobreza tinha nos anos anteriores vendido uma sua propriedade, regressava à possessão da sua propriedade; e semelhantemente também quem por causa da pobreza se tinha vendido como escravo a um dos seus irmãos naquele ano tornava a ser livre. Este jubileu era a sombra do que devia acontecer quando viesse Cristo; porque como no jubileu o escravo tornava em liberdade assim com a vinda de Cristo os que estavam vendidos escravos ao pecado seriam libertados do pecado pelo Evangelho da paz. Mas os papas que sabiam como explorar as sombras da lei para enriquecerem, eis que pegaram no jubileu judaico e fizeram dele um jubileu que por um lado liberta o Católico de toda a pretensa pena que deve pagar no purgatório e por outro faz afluir às caixas do papado enormes somas de dinheiro. Que engano! |
A devoção da Via Crucis foi inventada pelos frades Franciscanos no século quinze, e tornou-se de uso geral no século dezoito quando os papas a permitiram em todas as igrejas. A devoção consiste em se parar sozinho ou em procissão diante de catorze quadros (chamados estações e que estão pendurados nas paredes) um após outro recitando certas orações estabelecidas. As catorze estações evocam os eventos acontecidos a Jesus ao longo do caminho para o Calvário e a sua morte e estão assim divididas: 1) Processo e condenação à morte; 2) Jesus toma a cruz; 3) Primeira queda; 4) Encontro com a Mãe; 5) Simão de Cirene; 6) Encontro com Verónica; 7) Segunda queda; 8) Encontro com as piedosas mulheres; 9) Terceira queda; 10) Jesus é despido; 11) Crucificação; 12) Morte de Jesus; 13) Deposição da Cruz; 14) No sepulcro. A respeito deste ‘piedoso’ exercício lê-se no livro A Actualização das indulgências: ‘Permanece portanto válido e vivamente recomendado o piedoso exercício da Via Crucis. Bem feito, produz copiosos frutos de fervor e de santidade. Ele renova a memória dos sofrimentos que Cristo Senhor suportou, levando a Cruz, ao longo do caminho do pretório de Pilatos até ao monte Calvário, onde ele ofereceu a sua vida pela nossa redenção. (...) Apenas duas coisas são obrigatórias para o piedoso exercício: 1) passar de uma ‘estação’ para outra; 2) meditar ou considerar a Paixão do Senhor. Tudo o resto é deixado à piedade e devoção de cada um (...) O acréscimo de alguma oração vocal, embora não seja prescrita, é quase espontânea e é muito útil para preparar e para acompanhar a meditação, de modo semelhante a quanto se faz no S. Rosário. Quem faz o piedoso exercício da Via Crucis pode adquirir a indulgência plenária. Entende-se que, como para todas as outras indulgências plenárias, deve também cumprir as três condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice’ (Sessolo Giovanni, op. cit. , pag. 49,50). É escritural esta devoção? De modo nenhum, porque na Escritura não encontramos em nenhum lugar que os discípulos eram dados a uma semelhante prática. E depois é preciso dizer que alguns dos episódios evocados nestas ‘estações’ que dizem respeito à paixão de Jesus e que os Católicos portanto gravaram na sua mente não estão escritos na Palavra de Deus e nos referimos aos números 3, 4, 6, 7, 9. |
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A confissão
feita ao padre é uma escola de perversão |
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Todos os que depois de terem sido padres na igreja católica romana saíram dela porque Deus lhes deu o arrependimento e a remissão dos pecados, testificam de várias maneiras que a confissão é um charco de lodo no qual os padres se recreiam sem poder sair dele; mas também que ela fomenta toda sorte de maldade e de impureza tanto na vida dos padres como na vida dos que vão confessar-se a eles, em especial modo nas penitentes sejam elas solteiras ou casadas. Vamos examinar as razões pela qual a confissão ao padre é prejudicial tanto para o padre como para os que vão confessar-se a ele. |
O padre é celibatário e fez voto de castidade antes de entrar na ordem sacerdotal; foi-lhe dito que deve manter-se puro e imaculado e que não pode casar-se porque a relação carnal com uma mulher, ainda que seja a sua mulher, não se adequa a uma pessoa santa como é o sacerdote que faz de intermediário entre Deus e os homens que estão na terra! Mas o que sucede ao padre quando ele se mete no confessionário? Sucede que ele segundo o que lhe é ordenado pela teologia romana deve perguntar às mulheres coisas de que não se deve falar conforme está escrito: "Mas a fornicação, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos...." (Ef. 5:3), e para ele torna-se impossível manter-se puro porque começa a ouvir muitas coisas torpes que suscitam nele as mais violentas paixões. Mas por que motivo ele lhes deve fazer todas as perguntas impertinentes? Porque foi-lhe dito que para dar a absolvição ele deve conhecer a espécie, o número e as circunstâncias dos pecados cometidos pela penitente! E quais são por isso as funestas consequências de tudo isto? Que os padres se abandonam à fornicação e ao adultério; fomentando escândalos nas suas paróquias. O tempo não chegaria se tivéssemos que falar de todos os escândalos que os padres, sob o impulso da confissão, fomentam! Nos limitamos a dizer que muitas jovens e muitas mulheres casadas que iam confessar-se aos padres já sofreram violências carnais precisamente a seguir às perguntas perversas que lhes fazia o padre e a que elas tinham que responder para fazer, como prescreve o catecismo romano, uma boa e completa confissão. Mas aqui é bom precisar que o que sucede aos padres sucederia também a qualquer ministro do Evangelho casado se começasse a ouvir mulheres dizer as mesmas coisas que ouvem os padres das suas penitentes. Porquê? Porque a carne é fraca, e ao ouvir certas coisas é excitada a pecar. Sim, é verdade que aos padres é ordenado para serem prudentes e para vir ao encontro das penitentes quando devem perguntar-lhes certas coisas; mas nestes casos a prudência, não importa quão grande seja, não serve para nada. Podemos dizer que estas recomendações eclesiásticas dadas a estes escravos da igreja romana podem ser comparadas às recomendações que uma pessoa faz a outra para não se sujar depois de tê-la lançado num charco de lodo! Além disso que dizer do grande embaraço em que ficam as mulheres ao ter que responder a certas perguntas do padre? É natural que assim seja porque o homem ou a mulher não gosta de modo algum que lhe sejam feitas certas perguntas. Mas elas se encontram numa encruzilhada: ou responder e revelar impurezas a um homem celibatário, ou recusar-se a responder e ficar assim privada da absolvição sacerdotal com a certeza de ir para o inferno em caso de morte! Habitualmente elas optam pela primeira decisão e abrem o seu coração a estes homens corruptos que não esperam outra coisa senão entrar no confessionário para se apascentarem destas torpezas que as suas penitentes lhes vão dizer! E delas também eles depois colhem os frutos amargos; porque a sua confissão se revela um fardo pesado e uma grande vergonha para eles. Uma coisa verdadeiramente deprimente! Contaminam-se a eles próprios, e contaminam a mente e o corpo do seu interlocutor, que não sendo casado começa a abrasar-se ainda mais ao ouvi-lo falar e cai em tentação. |
Mas a confissão feita ao padre é também uma forma de espionagem que a igreja romana exerce sobre os seus membros. Desta maneira o padre vem a conhecer os segredos das famílias, porque com as suas perguntas consegue saber o que muitos nunca viriam a saber sobre Fulano ou sobre Sicrano. É como se o padre estivesse continuamente atrás da porta de casa a espreitar pelo buraco da fechadura; como se ouvisse tudo o que os seus penitentes dizem em casa deles por meio de microfones espia, ou como se visse tudo o que fazem em privado por meio de uma câmera de filmar acesa dia e noite! |
Mas o padre no confessionário além a ter que ser espia por conta do Vaticano, deve também dar sugestões às pessoas que vão a ele confessar-se para fazer que elas sigam os preceitos da igreja romana sem se desviarem deles nem para a direita e nem para a esquerda. E assim sugerirá às jovens ou aos jovens, de uma maneira muita astuta e hábil, de entrar para as ordens religiosas ou para algum instituto religioso da igreja romana; a outros sugerirá de se casarem com Fulano no lugar de Sicrano; a outros ainda dirá de votar naquele político em vez de no outro. Sim porque o confessionário é também um lugar onde os padres fazem política, isto é, a política do papa; a política que convém ao papado para continuar a governar incontestado sobre centenas de milhões de pessoas. |
E por fim o confessionário serve à cúria romana para manter as pessoas longe da verdade; é sabido na realidade que os padres, nos confessionários, põem de sobreaviso os seus penitentes daqueles que conheceram a verdade, ou seja, de nós. ‘São uma seita’, dizem eles; ‘Guardai-vos de frequentá-los para não vos achardes no inferno pela eternidade com eles’, prosseguem. E assim os Católicos romanos são mantidos longe da verdade! |
Eis o que é a confissão ao padre; não um sacramento mas um engano camuflado de sacramento! Ó Católicos romanos saí dos cárceres; saí do meio desta meretriz que se prostitui com os povos da terra; ide aos pés do Senhor e pedi-lhe com um coração quebrantado que vos perdoe e ele o fará porque ele é pronto a perdoar. Sabei que nunca podereis encontrar a paz indo-vos confessar ao padre; o repouso da alma está longe daqueles que vão ao padre confessar-se. Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mat. 11:28); portanto é a ele que deveis vir se quereis encontrar o verdadeiro repouso para as vossas almas e a nenhum outro. Quem tem ouvidos para ouvir ouça. |
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A EXTREMA UNÇÃO |
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A doutrina
dos teólogos papistas |
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A extrema unção é o sacramento para os doentes graves, com ele o doente recebe plena remissão de todos os seus pecados e é curado se essa for a vontade de Deus. O administra o sacerdote com o santo óleo. ‘A Extrema Unção é um verdadeiro e próprio sacramento instituído por Cristo. - É de fé’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 328). Por que motivo foi instituído por Cristo? Os teólogos papistas afirmam que ‘a Extrema Unção, chamada também Santo Óleo, é o Sacramento instituído para alívio espiritual e também corporal dos cristãos gravemente enfermos’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 551). Segundo eles na realidade mediante este sacramento o doente que está em graves condições de saúde recebe as graças necessárias ao seu estado, de modo particular alívio e conforto, a força para vencer as ciladas e os assaltos do diabo, remissão completa de todos os seus pecados, a graça de morrer santamente e algumas vezes, se está nos desígnios de Deus, também a saúde do corpo. Citemos as palavras de Perardi a propósito dos efeitos deste seu sacramento: ‘A Extrema Unção aumenta a graça santificante; cancela os pecados veniais e também os mortais que o enfermo, atrito , não possa confessar; dá força para suportar pacientemente o mal, resistir à tentação e morrer santamente e ajuda também a recuperar a saúde, se for bom para a alma’ (ibid., pag. 553). E para sustentar este sacramento e os seus efeitos os teólogos papistas apoiam-se nas seguintes palavras de Marcos: "E, saindo eles, pregavam que se arrependessem. E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam" (Mar. 6:12,13) e nas de Tiago: "Está alguém entre vós doente? Chame os anciãos da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com óleo (ou azeite) em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tiago 5:14,15). |
Aquele que administra este seu sacramento é o sacerdote o qual unge em forma de cruz, com o óleo benzido pelo bispo (e portanto o óleo tem um certo poder), os orgãos dos sentidos do enfermo e diz: Por esta santa unção e pela sua piíssima misericórdia, o Senhor te perdoe todas as culpas cometidas com a vista, com os ouvidos, etc. Assim seja’. Este sacramento pode ser ministrado apenas a pessoas gravemente doentes e em certos casos também a pessoas sem sentidos. |
E para defender este sacramento o concílio de Trento lançou o seguinte anátema contra quem não o aceita: ‘Se alguém disser que o rito e o uso da Extrema Unção, assim como o pratica a igreja católica, está em contraste com o quanto afirma o apóstolo S. Tiago e que, por isso, deve ser mudado e que pode ser tranquilamente desprezado pelos cristãos, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XIV, can. 3). |
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Confutação |
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A extrema
unção não corresponde à unção com óleo de que fala o Novo Testamento |
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Começamos por dizer que nós não podemos afirmar que a unção com óleo seja uma ordenança instituída por Cristo Jesus a par do batismo e da santa ceia. Certo, os apóstolos quando Cristo os enviou a pregar o reino "ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam" (Mar. 6:13), mas isso não nos leva a considerar a unção com óleo que faziam os apóstolos sobre os enfermos uma ordenança instituída por Cristo durante a sua vida porque não temos provas dela. Queremos dizer com isto que não está escrito que Jesus mandou aos seus apóstolos curar os enfermos ungindo-os com óleo. Ele próprio nunca ungiu com óleo nenhum enfermo para curá-lo, mas somente impunha as mãos conforme está escrito: "Pondo as mãos sobre cada um deles, os curava" (Lucas 4:40). E algumas vezes nem sequer impôs as mãos sobre os enfermos para curá-los, como no caso dos dez leprosos, e de outros doentes. Mas mesmo que os apóstolos tenham ungido os doentes por ordem de Jesus, o que não podemos excluir, a unção com óleo feita pelos apóstolos sobre os enfermos era feita exclusivamente para a sua cura física e não para levar-lhes algum alívio espiritual ou para a remissão dos seus pecados, ou para suportar pacientemente o mal, resistir à tentação e morrer santamente, enquanto para o catecismo católico a unção é dada principalmente por estas últimas razões, na realidade a cura física está relegada para o último lugar nos efeitos deste seu sacramento; e não só isso, os apóstolos não ungiam com óleo só os doentes muito graves que estavam em perigo de morte mas todos os enfermos não importa que doença tivessem, enquanto ‘a extrema unção’ da igreja católica romana é dada só aos doentes graves, porque os outros são excluídos dela. Portanto não se pode de modo algum dizer que este seu sacramento tenha sido instituído por Cristo Jesus naquela ocasião em que enviou os seus apóstolos a pregar e a curar os enfermos. E Bartmann nisto se mostra de acordo e explica que naquelas palavras de Marcos supracitadas onde se diz que os apóstolos ungiam com óleo muitos enfermos e os curavam ‘o Concílio de Trento (....) reconhece uma insinuação, não a instituição do sacramento’; mas logo depois diz ‘Sem dúvida Cristo o instituiu pelo menos durante os quarenta dias anteriores à Ascensão’ (Bernardo Bartmann, op. cit. pag. 329). Nós, pelo contrário, dizemos que não se pode fazer remontar a instituição deste sacramento católico nem sequer àqueles quarenta dias, porque ele não está em harmonia com a doutrina de Cristo e por isso não pode ter procedido de Cristo. As palavras deste teólogo mostram o embaraço perante a evidência de Mateus, Marcos, Lucas e João, não falarem da instituição da extrema unção por parte de Cristo; mas demonstram também que ele, pela enésima vez, não se rendeu perante a evidência mas quis recorrer a um expediente para fazer remontar a todo o custo este sacramento a Cristo; trata-se do expediente dos quarenta dias antes da ascensão de Cristo. Expediente a que muitos no curso do tempo recorreram para fazer remontar a Cristo práticas e palavras contrárias às suas mesmas palavras. |
Mas vejamos agora as palavras de Tiago antes citadas porque é sobre elas que os teólogos mais se apoiam. Pelo que concerne às palavras de Tiago importa dizer que é mandado ao doente chamar os anciãos da Igreja de que ele é membro, e por isso dado que os sacerdotes católicos não são anciãos constituídos pelo Espírito Santo sobre o rebanho de Deus, mas homens mortos nas suas ofensas que conduzem outros mortos para a perdição, estas palavras de Tiago não se referem de modo nenhum a eles. Bartmann no seu livro Teologia Dogmática procura, ao contrário, demonstrar que os anciãos de que fala Tiago são os sacerdotes da igreja católica romana; mas não consegue porque o texto grego fala de presbíteros e não de sacerdotes [ 19]. Em outras palavras aqui Tiago não faz referência a pessoas de uma casta sacerdotal mas somente aos anciãos da Igreja que são, comparados aos sacerdotes Católicos, leigos. Mas examinando cuidadosamente estas palavras de Tiago e confrontando-as com outras Escrituras emerge que é inconcebível que um homem pecador que caminha para o fim da vida possa obter a remissão dos seus pecados mediante a unção com óleo e a oração de um padre, isto porque a remissão dos pecados o pecador, mesmo se está para morrer, a pode obter somente crendo com o seu coração no Filho de Deus conforme está escrito: "Todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome" (Actos 10:43), e de nenhuma outra maneira. É necessário reconhecer que os Católicos romanos tomando esta passagem para sustentar esta sua doutrina conseguem fazer dizer à Escritura o que eles querem. Vos dizemos, ó homens, que se do fundo do lugar dos mortos pudessem voltar à terra todos aqueles Católicos romanos que antes de morrer receberam a extrema unção, eles testemunhariam com grande franqueza que as palavras de Tiago não têm de modo algum o significado que lhes dá a igreja romana. E depois, o repito isto, é bom que se saiba que segundo os teólogos católicos romanos este sacramento não pode recebê-lo qualquer doente, na realidade Perardi no seu Manual diz: ‘O Sacramento está instituído só para os doentes graves; e que por isso alguém saudável, mesmo se condenado à morte, ou um doente que não está em estado grave, não pode receber este Sacramento’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 551); o que está em contraste com as mesmas palavras de Tiago (que eles tomam para sustentar este sacramento) porque Tiago não disse: ‘Está entre vós alguém gravemente doente? Chame os anciãos...’, mas: "Está alguém entre vós doente? Chame os anciãos da igreja..." (Tiago 5:14). Por isso, pode chamar os anciãos da Igreja, para que eles orem sobre ele ungindo-o com óleo em nome do Senhor, também quem tem febre, um mal de garganta, um mal de dentes, para citar apenas algumas enfermidades não graves. Como podeis ver os Católicos para sustentar pela Escritura o seu errado dogma da extrema unção caem em aberta contradição com a própria Escritura que não menciona nenhuma extrema unção mas apenas a unção com óleo para todos os doentes. |
Ora, para vos fazer compreender como ao impenitente pecador doente que caminha para o fim da vida a extrema unção não lhe pode conferir nenhum alívio e não pode perdoar-lhe os seus pecados, recordo-vos estas palavras de Eliú: "Se os homens estão presos em grilhões, e amarrados com cordas de aflição, então Deus lhes faz saber a obra deles, e as suas transgressões, porquanto se têm portado com soberba. E abre-lhes o ouvido para a instrução, e ordena que se convertam da iniqüidade. Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias em prosperidade, e os seus anos em delícias. Mas se não o ouvirem, perecerão traspassados pelos seus dardos, e morrem por falta de entendimento …assim morrem na flor dos anos, e a sua vida acaba como a dos dissolutos" (Jó 36:8-12,14). Portanto, o pecador que se encontra gravemente doente e está próximo da cova pode ser curado por Deus e obter a remissão dos seus pecados, ou somente a remissão dos pecados, só se ele se arrepender dos seus pecados e se humilhar diante de Deus; em caso contrário, isto é, se ele não se submeter a Deus, não pode obter nem cura e nem remissão dos seus pecados, mas perecerá traspassado pelos dardos de Deus. Sim, porque nós cremos que Deus pune os pecadores impenitentes fazendo-os morrer também na mocidade, na flor dos seus anos. Se eles não implorarem Deus na sua angústia, nem a extrema unção e nem algum outro rito poderá salvá-los da cova, e mais ainda das chamas eternas: se fosse assim como dizem os teólogos católicos romanos que o pecador obtém a remissão dos seus pecados antes de morrer então a Escritura seria anulada, porque ao pecador não seria imposto nem arrepender-se e nem crer para ser perdoado, mas só ser ungido com óleo ‘santo’ em nome de Jesus. E depois, nós dizemos, por que é que apesar da extrema unção pretender perdoar tanto os pecados veniais como os mortais, quem morre recebendo-a tem de contudo ainda ir para o purgatório expiar as suas culpas? Porventura não é esta a prova que ela não tem o poder que lhe atribuem os papistas? Ah!.. quantos enganos a igreja romana perpetrou e continua a perpetrar para dano dos homens que ignoram a verdade. Na verdade, hoje, como naquele tempo, há uma classe de guias cegos à frente desta organização mundial (papa, cardeais, bispos, padres, etc.) que se pode comparar à que se sentava na cadeira de Moisés aos dias de Jesus, isto é, aos escribas e aos Fariseus. Sim, a comparação é apropriada porque como os escribas e os Fariseus fechavam o reino dos céus aos homens, assim também estes impedem aos seus seguidores de entrar no Reino de Deus. E depois estes dizem que Jesus deu as chaves do reino dos céus a Pedro, querendo dar a entender, que se entra no reino dos céus passando por eles porque eles têm o sucessor de Pedro com as chaves do reino dos céus! Mas nós vos dizemos que nem este e nem os que estão debaixo da sua esteira têm as chaves do reino dos céus nas suas mãos; eles têm o nome de guias, mas na realidade em vez de guiar as pessoas as extraviam porque destroem a vereda pela qual as pessoas devem passar para serem salvas dos seus pecados. São guias cegos como o eram os escribas e os Fariseus do tempo de Jesus, guias cegos que conduzem outros cegos para a perdição. Hoje ainda, para nós que conhecemos a verdade é dito pela Escritura: "Salvai-os, arrebatando-os do fogo" (Judas 23). Sim, irmãos, advirtamos os Católicos romanos anunciando-lhes o arrependimento e a remissão dos pecados em nome do Senhor Jesus, orando a Deus para que lhes deia o arrependimento para obterem a vida e escaparem assim às chamas do fogo eterno. |
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Nós aceitamos
a unção com óleo assim como nos é ensinada pela Escritura |
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Nós cremos na unção com óleo administrada aos doentes que façam o pedido dela, e cremos que ungindo-os com óleo em nome de Cristo Jesus e orando sobre eles em seu nome, eles são curados da sua enfermidade. Antes de tudo esta unção deve ser administrada por parte dos anciãos a todos os doentes que a peçam; isto significa que não é só o doente em graves condições ou em fim de vida a ter o dever de chamar os anciãos da Igreja, mas qualquer doente, mesmo quem tem uma simples dor de cabeça, para dar um exemplo. Pelo que respeita ao óleo que se usa ao administrar a unção aos enfermos ele é simples óleo de oliveira (azeite), que nós não chamamos santo porque a Escritura não nos autoriza a chamá-lo desta maneira, e não foi levado para ser abençoado por nenhum ministro de Deus porque de tal benção a dar ao óleo da unção dos doentes a Escritura não fala dela. O óleo representa o Espírito Santo e nele não há nenhum poder de curar o enfermo, na realidade não é o óleo que cura o enfermo mas o Senhor (como não há na água em que é imerso o crente no batismo o poder de cancelar os pecados). |
Para confirmação disto recordamos que está escrito que é a oração da fé que salvará o doente, ou seja, a oração feita com fé pelos anciãos a Deus; e que é o Senhor que o levantará. Recordamos a tal propósito que para que a cura possa verificar-se é necessária também a fé do doente; o doente não deve duvidar para receber a cura divina. Dizemos isto porque por vezes se esquece que não devem crer só os anciãos que oram sobre o enfermo, mas também o próprio enfermo. Por isso deve-se esperar que seja o enfermo a chamar os anciãos, e não vice-versa; porque é só quando o enfermo de sua espontânea vontade pede aos anciãos que se ore sobre ele que se vê uma segura manifestação de fé da sua parte. Também as palavras: "E, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tiago 5:15), são verdadeiras porque além da doença o Senhor faz desaparecer do enfermo também aqueles pecados que possam ser a causa da doença; mas elas, o repito, são dirigidas a crentes e não a incrédulos. |
E depois é preciso dizer que não é a unção que perdoa os pecados, mas o Senhor; e que esta remissão dos pecados está ainda ligada ao arrependimento e à confissão dos pecados do doente porque está escrito: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a iniquidade" (1 João 1:9). Queremos dizer com isto que o crente doente que pede aos anciãos para o ungirem com óleo, se cometeu pecados, deve chegar-se a Deus com um coração arrependido pelos seus pecados para obter a remissão deles, doutra forma aqueles pecados lhe serão retidos em vez de perdoados. |
Fizemos este discurso para fazer compreender que a unção dos enfermos não é um acto que possui em si o poder de curar e de perdoar os pecados, e está ligada, para que dê os frutos explicados por Tiago, à fé do doente, dos anciãos, e a um sincero arrependimento do doente se este pecou. No caso depois de um crente se encontrar no leito da enfermidade e Deus decidiu levá-lo consigo para a glória porque chegou a sua hora, ele por certo será consolado pelo Senhor porque Ele é "o Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação" (2 Cor. 1:3,4); será ainda o Senhor que lhe dará a força para suportar os sofrimentos e o guardará do maligno conforme está escrito: "Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno" (2 Tess. 3:3). Por certo um crente não se apoia na unção com óleo para enfrentar as últimas horas da sua vida e resistir ao diabo, mas ele se apoiará na sua fé sabendo que é só pelo escudo da fé que ele poderá apagar todos os dardos inflamados do diabo (cfr. Ef. 6:16). |
Para concluir; nós aceitamos a unção com óleo ordenada pelo apóstolo Tiago, mas não como ordenança instituída por Cristo porque a Escritura não nos confirma que Cristo tenha dito para fazê-la para recordar ou para significar alguma coisa já ocorrida (à diferença do batismo e da santa ceia); se devêssemos aceitá-la como ordenança instituída por Cristo só porque Tiago fala dela, deveríamos igualmente aceitar como sacramentos também o orar e o cantar louvores porque pouco antes o mesmo Tiago diz: "Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores" (Tiago 5:13). |
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A ORDEM |
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A doutrina
dos teólogos papistas |
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A ordem é o sacramento com que o padre recebe o poder de ministrar a eucaristia e de perdoar os pecados. O padre que o recebe não pode casar-se. Há oito ordens na Igreja; quatro menores e quatro maiores. Depois há os cardeais, e por fim o papa; esta é a hierarquia eclesiástica instituída por Cristo na sua Igreja . ‘ A Ordem é o Sacramento que dá o poder de fazer as acções sagradas respeitantes à Eucaristia e à saude das almas, e imprime o carácter de ministro de Deus’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 556). O significado destas palavras é que este sacramento confere, a quem o recebe, o poder de ‘celebrar a Santa Missa, de perdoar os pecados, etc.’ (ibid. , pag. 556). ‘Ministro da Ordem é o Bispo, que dá o Espírito Santo e o poder sagrado pela imposição das mãos e entrega os objectos sagrados próprios da Ordem, dizendo as palavras da forma prescrita’ (ibid., pag. 557); ‘Administrando a Ordem, o Bispo impõe as mãos ao ordenando para exprimir que torna-se coisa de Deus, e lhe entrega os objectos sagrados próprios da Ordem , que para o padre são o cálice com o vinho e a patena com a hóstia, dizendo as palavras da forma prescrita que para o padre são: ‘Recebe o poder de oferecer a Deus o Sacrifício pelos vivos e pelos mortos.. Recebe o Espírito Santo; serão perdoados os pecados a quem tu os perdoares; e serão retidos a quem tu os retiveres’ (ibid., pag. 558). Para sustentar o sacramento da ordem Bartmann afirma isto: ‘Cristo transmitiu aos Apóstolos o poder de oferecer o sacrifício e de perdoar os pecados e os Apóstolos o exerceram logo desde o início. Todavia não se pode demonstrar que Cristo se tenha servido de um rito exterior para transmitir tais poderes. O que por outro lado não era necessário, porque Cristo não está ligado aos seus sacramentos; ele podia produzir o efeito deles com um simples acto de vontade. Prescreveu porém um rito para esta transmissão aos discípulos; o prova o facto de eles terem logo empregado tal rito - a oração e a imposição das mãos - cujo efeito era a comunicação da graça’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 347), e depois cita os exemplos dos sete diáconos que foram apresentados aos apóstolos os quais depois de terem orado impuseram-lhes as mãos, o exemplo de Barnabé e Saulo em Antioquia que receberam a imposição das mãos, dos anciãos feitos eleger por Paulo e Barnabé, depois de terem orado e jejuado, no regresso da sua viagem missionária, e o de Timóteo que tinha recebido o dom de Deus pela imposição das mãos de Paulo, e um dom quando lhe foram impostas as mãos pelo colégio dos anciãos. |
Também aqui o concílio tridentino lançou os seus anátemas contra quem não aceita este rito; três destes dizem: ‘Se alguém disser que no novo Testamento não há um sacerdócio visível e exterior, ou que não há poder algum de consagrar e oferecer o verdadeiro Corpo e Sangue do Senhor, bem como de perdoar e reter os pecados (....) seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXIII, can. 1), ‘Se alguém disser que a Ordem ou sacra ordenação não é um verdadeiro e próprio sacramento instituído por Cristo Nosso Senhor (...) seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXIII, can. 3), ‘Se alguém disser que pela sagrada ordenação não se confere o Espírito Santo, e que assim debalde dizem os bispos: Recebe o Espírito Santo ; ou que por ela não se imprime carácter; ou que quem tenha sido uma vez sacerdote possa de novo tornar-se leigo, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXIII, can. 4). Portanto, para resumir, os bispos católicos em virtude da sucessão apostólica, são os sucessores dos apóstolos, e têm portanto a autoridade de ordenar padres e diáconos e por aí fora, e a sua ordenação confere o carácter indelével de ministro de Deus. |
Aos padres e aos diáconos é imposto o celibato. Vejamos antes de tudo como o celibato forçoso foi introduzido na Igreja e depois qual é a doutrina vigente sobre o celibato na igreja romana. Na Igreja primitiva não era de modo nenhum imposto o celibato nem aos bispos e nem aos diáconos; antes importa dizer que um dos requisitos que deviam ter os que queriam ser assumidos nestes sacros ofícios era exactamente o de serem maridos de uma só mulher e de governarem bem a sua família. Mas pouco a pouco no meio da Igreja aparecendo a doutrina que a ceia do Senhor era também o renovamento do sacrifício de Cristo, e que os presbíteros quando celebravam a eucaristia ofereciam a Deus a vítima imolada (corpo de Cristo) pelos seus próprios pecados e pelos do povo, apareceu também a ideia que os presbíteros casados antes de celebrar a eucaristia deviam abster-se das relações conjugais com as suas mulheres para se apresentarem puros na eucaristia. Esta ideia era sustentada pelo exemplo dos sacerdotes levitas debaixo do Antigo Testamento, os quais, segundo a lei de Moisés, não podiam aproximar-se das coisas santas em estado de impureza, sob pena de morte, conforme está escrito: "Todo homem dentre os vossos descendentes pelas vossas gerações que, tendo sobre si a sua imundícia, se chegar às coisas santas que os filhos de Israel consagram ao Senhor, aquela alma será extirpada da minha presença" (Lev. 22:3), porque assim fazendo profanariam as coisas santas. Eles depois de terem tido relações conjugais com as suas mulheres (e portanto depois de se terem feito impuros) só podiam comer das coisas santas depois de banhar o seu corpo em água, e depois do pôr do sol conforme está escrito: "O homem que tocar em tais coisas será imundo até a tarde, e não comerá das coisas santas antes de banhar o seu corpo em água e, posto o sol, então será limpo; e poderá depois comer das coisas santas, porque isso é o seu pão" (Lev. 22:6,7). É claro que quando a eucaristia começou a ser celebrada pelos padres todos os dias acabou-se por impor a abstenção total das relações carnais com as mulheres aos que já eram casados. Isto resulta dos seguintes cânones do concílio de Elvira (= Granada) de 306: ‘Aos bispos, aos padres e aos diáconos que sejam achados culpados de incontinência durante o período do seu ministério não se deve nem permitir receber a comunhão antes da morte, dado o escândalo de uma culpa tão evidente’ (Concílio de Elvira, can. 18; citado por Fausto Salvoni in Dal cristianesimo al cattolicesimo I, Genova 1974, pag. 107-108); ‘Os bispos, os padres e em geral todos os clérigos que devem cumprir um serviço no altar devem abster-se das relações conjugais com as suas mulheres e não lhes é permitido gerar filhos. Se transgredirem o quanto dito eles perdem o direito à sua posição hierárquica’ (Concílio de Elvira, can. 33; citado por Fausto Salvoni in op. cit., pag. 108). Tudo isso levou por conseguinte a isto; que os que eram casados eram admitidos à ordenação com o consentimento da mulher que se separava do marido, e que se começaram a procurar jovens dispostos a serem sacerdotes permanecendo solteiros. Gregório VII impôs o celibato no sínodo Romano de 1073. A lei do celibato foi repetida pelo concílio Lateranense I de 1123 nestes termos: ‘Nós interditamos absolutamente aos padres, aos diáconos, aos subdiáconos e aos monges de ter concubinas ou de contrair matrimónio...’ (Concílio Lateranense I, can. 21), e confirmada depois pelo Lateranense II no ano 1139. Estes concílios declararam nulos os matrimónios contraídos pelos clérigos in sacris, criando assim o chamado impedimento dirimente da ordem sagrada. Também o concílio de Trento (1545-1563) confirmou posteriormente o celibato forçoso; e o fez lançando o seguinte anátema: ‘Se alguém disser que os clérigos constituídos em ordens sacras ou os religiosos que emitiram solenemente o voto de castidade, podem contrair matrimónio, e que este, uma vez contraído, é válido, não obstante a lei eclesiástica ou o voto, e que sustentar o oposto não é senão condenar o matrimónio; e que todos os que sentem não ter o dom da castidade (mesmo se fizeram o voto dela) podem contrair matrimónio, seja anátema. Pois Deus não nega este dom a quem piamente lho pede, nem permite que sejamos tentados acima das nossas forças’ (Concílio de Trento, Sess. XXIV, can. 9). A imposição do celibato aos clérigos foi confirmada por Paulo VI na encíclica Sacerdotalis coelibatus de Junho de 1967, e depois dele também por João Paulo II nas suas catequeses das audiências gerais. A doutrina católica sobre o celibato dos padres e dos diáconos é exposta pelo Código de direito canónico nestes termos: ‘O candidato ao diaconato permanente, não casado, e o candidato ao presbiterato não sejam admitidos a ordem do diaconato sem que antes, com o rito prescrito, tenham assumido publicamente perante Deus e a Igreja a obrigação do celibato, ou tenham emitidos votos perpétuos em instituto religioso’ (Código de direito canónico , Roma 1984, can. 1037); ‘Os clérigos são obrigados a observar a continência perfeita e perpétua por causa do Reino dos céus; por isso, são obrigados ao celibato, que é um dom especial de Deus...’ (ibid. , can. 277 - § 1). Portanto resumindo, o matrimónio, na igreja católica de rito latino, depois da ordenação é proibido contraí-lo tanto aos padres como aos diáconos. Nas igrejas de rito oriental, pelo contrário, há uma diferença na realidade, embora permanecendo a obrigação para os padres e os diáconos celibatários de não se casarem depois da sua ordenação; nelas tem valor o matrimónio contraído tanto pelos padres como pelos diáconos antes da sua ordenação. Quando porém um padre casado torna-se bispo então o matrimónio deve terminar e a mulher entrar para um convento. |
Segundo o catecismo católico na Igreja há uma hierarquia eclesiástica constituída por todos os graus de ministros sagrados entre eles devidamente subordinados até ao supremo que é o papa [20]. Eles dizem que como num Estado há diversos graus de autoridade assim na Igreja há vários graus que estão subordinados uns aos outros. Vejamos agora quais são estes graus hierárquicos segundo a teologia romana: |
1) As ordens menores: |
a) ostiariato, |
b) leitorato, |
c) exorcistato, |
d) acolitato. |
Dizem-se menores porque são inferiores e porque dispõem mais remotamente ao sacerdócio; os seus ofícios são agora em grande parte exercidos por sacristães e pelos acólitos. |
2) As ordens maiores: o subdiaconato e o diaconato que preparam proximamente ao sacerdócio, o presbiterato e o episcopado. |
a) O subdiácono vincula-se à igreja com a obrigação que assume de recitar o divino ofício e..canta a epístola na missa solene. |
b) O diácono recebe o poder de assistir imediatamente o sacerdote que oferece o santo sacrifício, de pregar, comungar, e na missa solene canta o evangelho, etc. Segundo o Código de direito canónico pode aspirar ao diaconato permanente também um homem casado, mas só depois de ter feito 35 anos de idade e com o consentimento da mulher (ibid., can. 1031). |
c) O presbiterato ou sacerdócio, que dá as duas faculdades essenciais; consagrar a eucaristia e perdoar os pecados. Os sacerdotes são consagrados pelo bispo. |
d) O episcopado ou bispado, que é a plenitude do sacerdócio, que dá o poder de conferir as ordens sagradas, de consagrar o crisma e o óleo da extrema unção, de administrar e governar. ‘Para a ordenação legítima de um bispo, hoje é exigido uma intervenção especial do Bispo de Roma, pelo facto de ele ser o supremo vínculo visível da comunhão das Igrejas particulares na única Igreja e o garante da sua liberdade’ (Catecismo da igreja católica, 1992, pag. 400) [ 21]. A cada 5 anos o bispo diocesano deve apresentar ao papa uma relação sobre o estado da diocese. |
Estas aqui acima são as oito ordens; é necessário dizer porém que as primeiras quatro ordens juntamente com o subdiaconato não são reconhecidas pela maior parte dos teólogos católicos romanos como ordens sacramentais. De facto, ‘na sua administração falta a imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo numa oração sacramental’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 349), e ‘foram e ainda são conferidas, em força de uma delegação papal, por ministros não bispos’ ( ibid., pag. 360). |
Estes são os graus hierárquicos até ao bispo. E para quem não os reconhece o concílio tridentino disse: ‘Se alguém disser que na Igreja Católica não há uma hierarquia instituída por disposição divina, e formada de bispos, sacerdotes e ministros, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXIII, can. 6). |
Dado que estamos em tema de hierarquia recordamos também que para além destes há também os cardeais que são criados pelo papa, os quais são os seus mais altos colaboradores e seus conselheiros. O seu número tinha sido fixado por Sisto V em setenta, mas Paulo VI o ampliou levando-o para mais de cem. O papa é escolhido precisamente dentre o número dos cardeais [ 22] e pelos próprios cardeais (reunidos em conclave; termo que deriva do latim cum clave que significa ‘fechado à chave’ e designa o ambiente fechado em que se reúnem os cardeais para a eleição do novo papa) [ 23] porque o Código de direito canónico diz: ‘Os Cardeais da Santa Igreja Romana constituem um Colégio especial, ao qual compete assegurar a eleição do Romano Pontífice de acordo com o direito especial..’ (Código de direito canónico, can. 349). E por fim há o papa, que é o grau mais alto da hierarquia. |
Eis quais são os graus hierárquicos existentes no seio da igreja romana! |
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Confutação |
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Explicação das
Escrituras tomadas para sustento do sacramento da ordem |
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A sagrada Escritura ensina que Jesus dentre todos os seus discípulos elegeu doze apóstolos; está escrito de facto: "E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos" (Lucas 6:13). Quando depois Judas Iscariotes abandonou o seu ofício para ir para o seu próprio lugar, depois que Jesus foi elevado ao céu, para o seu lugar foi escolhido um outro deles; a sorte caiu sobre Matias que foi assim associado aos onze. Mas não é que de apóstolos existissem só aqueles doze, porque Deus constituiu outros na sua Igreja; como por exemplo Paulo e Barnabé (cfr. Actos 14:14), Silas e Timóteo (cfr. 1 Tess. 2:6), Andrônico e Júnias (cfr. Rom. 16:7). É bom precisar porém que os apóstolos, tanto os que foram constituídos enquanto Cristo estava na terra como os constituídos por Deus depois da assunção de Jesus ao céu, nunca receberam de Cristo nem o poder de oferecer o sacrifício da missa e nem o poder de perdoar os pecados aos homens, assim como o entende a teologia romana (vede a confutação da penitência). Os apóstolos que Cristo escolheu foram enviados a pregar o Evangelho, a expulsar os demónios, a curar os enfermos; e não para oferecer o sacrifício da missa ou a perdoar os pecados. Também os apóstolos, que não estavam entre os doze, isto é, Paulo, Barnabé e outros não receberam o poder de oferecer a missa ou de perdoar os pecados; por quanto respeita a Paulo e Barnabé, foram enviados para pregar com a autoridade de curar os enfermos, mas não para perdoar os pecados ou para oferecer o sacrifício da missa. É pois falso o que diz Bartmann a respeito dos apóstolos quando diz que Cristo deu-lhes o poder de oferecer o sacrifício e de perdoar os pecados. |
Vejamos agora a ordenação dos anciãos que Bartmann diz ser a ordenação dos padres. A Escritura diz-nos que os apóstolos Paulo e Barnabé fizeram eleger anciãos para as igrejas conforme está escrito: "E, havendo-lhes feito eleger anciãos em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido" (Actos 14:23). Isto é verdade, mas se deve ter presente que eles não eram sacerdotes, como dizem os Católicos, com o poder de celebrar a missa e de perdoar os pecados, mas simples crentes que tinham os requisitos necessários para assumir o ofício de ancião. A este propósito, isto é, a propósito da eleição feita pela Igreja, se poderia citar também o exemplo dos sete em Jerusalém os quais não foram escolhidos pelos apóstolos mas pela multidão dos crentes, de facto os apóstolos disseram: "Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.... E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos" (Actos 6:3,5,6). Notai que foi a multidão que escolheu os sete com base nos requisitos estabelecidos pelos apóstolos, enquanto os apóstolos os aprovaram naquele serviço orando e impondo-lhes as mãos. Portanto, na Igreja primitiva os anciãos (ou bispos) e os diáconos eram eleitos pela Igreja, e depois os apóstolos oravam sobre eles impondo-lhes as mãos para recomendá-los à graça do Senhor. É feito isto na igreja católica? Não, porque os padres são escolhidos não pelo povo, mas pelos bispos e por eles ordenados. Portanto os teólogos católicos são desmentidos pelas próprias passagens da Escritura que eles tomam para sustentar este seu sacramento da ordem. |
Falemos agora da imposição das mãos feita pelos profetas e pelos doutores de Antioquia sobre Barnabé e Saulo depois que lhes falou o Espírito Santo. Está escrito: "E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores: Barnabé e Simeão, chamado Niger, e Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E enquanto celebravam o culto do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois de ter jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos, e os despediram" (Actos 13:1-3). Antes de tudo Barnabé e Saulo já eram ministros de Deus porque são contados entre os profetas e os doutores que haviam em Antioquia. O que deve ser pois dito é que naquela ocasião por meio daquela revelação do Espírito Santo eles foram separados dos outros para uma particular obra, a saber, para a obra de apostolado da qual Lucas fala depois. Com efeito, desde então em diante são chamados apóstolos. O Espírito Santo ordenou que se separassem; e ainda ele os enviou porque logo depois está escrito: "E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia..." (Actos 13:4). Os outros ministros, ao contrário, oraram por eles e impuseram-lhes as mãos mas não porque viam nesse rito um sacramento que tivesse em si mesmo o poder de conferir um carácter indelével de apóstolo, mas apenas para recomendá-los desta maneira ao Senhor para a obra para a qual tinham sido consagrados pelo próprio Deus. Queremos dizer com isto que não foi mediante aquela imposição de mãos e aquela oração que Barnabé e Saulo receberam a capacidade de cumprir o ministério de apóstolo, porque o ministério de apóstolo foi um ministério que eles receberam por revelação. E também neste caso não se pode avistar este sacramento da ordem. |
Ocupemo-nos agora da
imposição das mãos recebida por Timóteo. Está escrito: "Não desprezes o
dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos
do presbitério (colégio dos anciãos)" (1 Tim. 4:14), e noutro lugar:
"Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti
pela imposição das minhas mãos" (2 Tim. 1:6). Ora, por quanto respeita
ao primeiro dom recebido por Timóteo é necessário dizer que ele foi-lhe dado
por profecia, portanto a seguir a um falar do Espírito Santo pela boca de
alguém; a ocasião foi quando lhe foram impostas as mãos pelo colégio dos
anciãos. Mas não é que o que aconteceu a Timóteo exclua que se possam receber
dons de Deus sem a imposição das mãos de um colégio de anciãos; tanto é
verdade que na Escritura há exemplos de homens que receberam dons de
ministério e do Espírito Santo sem a imposição das mãos de ninguém (como por
exemplo Samuel, Eliseu, Isaías, Ezequiel, os doze apóstolos e Paulo).
Permanece o facto porém que em qualquer caso, isto é, seja que haja uma
imposição das mãos ou que não haja; o dom o se recebe de Deus de maneira
sobrenatural. Os dons de ministério - que recordamos são o de apóstolo,
profeta, evangelista, pastor e doutor - têm-se em virtude de uma vocação
celestial; e não em virtude de uma vocação humana. Eles são conferidos pelo
Senhor a quem ele quer e da maneira em que ele quer. Por exemplo ao conferir
os dons de ministério o Senhor usa-se algumas vezes de visões, outras vezes
de sonhos, outras vezes ainda do dom de profecia. Em alguns casos depois o
Senhor opera poderosamente no crente de maneira a fazer-lhe sentir
interiormente pelo seu Espírito tê-lo chamado a cumprir um particular
ministério confirmando-o depois nesse ministério no curso do tempo seja
fazendo-lhe ver o seu favor e concedendo a ele ou a outros revelações a tal
respeito. Seja claro, de qualquer modo, que qualquer que seja a maneira em
que aconteça o conferimento de um ministério, será manifesto a todos que
aquele crente recebeu aquele particular ministério porque Deus está com ele
naquilo que faz. Por quanto respeita aos dons do Espírito Santo - que são dom
de palavra de sabedoria, de palavra de ciência, de fé, dons de curar, poder
de operar milagres, profecia, o discernimento dos espíritos, diversidade das
línguas, interpretação das línguas - são distribuídos pelo Espírito Santo a cada
um em particular como Ele quer. Pode acontecer também neste caso que seja com
a imposição das mãos (como aconteceu em Éfeso àqueles cerca de doze
discípulos) ou sem em virtude de uma revelação de Deus ou de uma visitação
repentina da parte de Deus. Explico esta última manifestação; pode suceder
por exemplo que enquanto alguém ora, de repente o Espírito Santo o investe e
o faz começar a falar em diversas línguas (enquanto antes podia orar só numa
outra língua), ou a profetizar, ou lhe começa a fazer ver coisas em visão que
acontecerão ou que estão acontecendo, ou espíritos malignos que atormentam
alguns. Ou se põe a orar sobre os doentes empurrado pelo poder de Deus e eles
curam. Isto quando não há a imposição das mãos de ninguém e a distribuição do
dom ou dos dons não é por Deus anunciada nem através de visão nem através de
um sonho. |
Por quanto respeita ao dom de Deus que Timóteo
recebeu a seguir à imposição das mãos de Paulo, cremos que ele se trate do
Espírito Santo. Paulo tinha de facto o dom de impor as mãos aos crentes para
que recebessem o Espírito Santo; temos um exemplo no caso daqueles cerca de
doze discípulos de Éfeso sobre os quais desceu o Espírito Santo depois que
ele lhes impôs as mãos (cfr. Actos 19:6,7). Também neste caso porém não se vê
nenhum sacramento da ordem, como o vêem os teólogos católicos. Não nos
admiramos, de qualquer modo, que eles nestas passagens aqui supracitadas
vejam nelas o sacramento da ordem quando ele não está lá: coisas que não
existem vêem muitas delas na Bíblia! |
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Os padres não podem ser os presbíteros de que fala a
Escritura |
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Mas voltemos ao chamado
presbiterato católico; os teólogos papistas afirmam que os padres são
presbíteros do Senhor constituídos para apascentar a Igreja como o eram
também os que foram feitos constituir pelos apóstolos Paulo e Barnabé, mas
isto não pode corresponder à verdade antes de mais porque os padres são
pessoas mortas nas suas ofensas enquanto os anciãos feitos eleger pelos
apóstolos eram crentes. Falar com eles de facto ou falar com as prostitutas
ou os homicidas é a mesma coisa; perdidos eles estão e perdidos estão os
outros. Necessitam pois também eles nascer de novo. E que é assim o confirmam
todos os nossos irmãos que antes de se converterem eram padres; os seus
testemunhos são claros a respeito; ‘Estava perdido’, ‘tivesse morrido quando
era padre e teria ido direito para o inferno’, ‘Estava na escuridão e nas
trevas’ e por aí fora. Poderíamo-nos ficar por aqui na nossa confutação mas
queremos prosseguir a fim de demonstrar ulteriormente - mesmo se não é
necessário - quão falsa é a afirmação que os define presbíteros. Os anciãos
(presbíteros) que os apóstolos faziam eleger para cada Igreja tinham
características que os padres não têm. Os anciãos (ou bispos) segundo o que
diz Paulo, para serem constituídos na Igreja deviam ser irrepreensíveis, e
entre outras coisas maridos de uma só mulher, deviam governar bem as suas
famílias, e além disso deviam ser santos, justos, e apegados à fiel Palavra.
E estas eram as características daqueles bispos feitos eleger pelos apóstolos
nas Igrejas. Como podem portanto os teólogos papistas afirmar que os
sacerdotes da igreja romana são os presbíteros que foram constituídos pelo Senhor
na sua Igreja quando eles não são nem casados, nem santos nem justos e nem
tampouco apegados à Palavra de Deus? Com efeito, são forçadamente
celibatários (com as suas nefastas consequências), escravos de vícios e
apegados à tradição em vez de à Palavra de Deus, como o eram os Fariseus e os
escribas do tempo de Jesus à tradição judaica. Alguém dirá: ‘Mas olha que
hoje os padres falam mais da Bíblia’. Talvez seja verdade que alguns deles
lêem mais a Bíblia, mas permanece o facto de eles ensinarem ainda hoje que a
salvação se obtém fazendo boas obras, porque encorajam a ganhar o paraíso
como se ganha o pão de cada dia; ensinam que os pecados são cancelados pelo
batismo, encorajam a orar e adorar a Maria e aos santos e a prostrar diante
das suas estátuas; eles pretendem absolver o pecador que vai a eles
confessar-lhes os seus pecados chamados mortais porque crêem ser os
representantes de Deus na terra; pretendem, quando fazem a missa, repetir o
sacrifício de Cristo na cruz; para citar apenas algumas das principais coisas
tortas que dizem e fazem. Não basta porventura tudo isto para compreender que
entre os padres papistas e os presbíteros feitos eleger pelos apóstolos há a
mesma diferença que existe entre o preto e o branco? |
Os padres, ainda que sejam chamados sacerdotes, não são verdadeiros sacerdotes, isto é, os sacerdotes de que fala o Novo Testamento porque não são ainda nascidos de novo e também isto o demonstramos pela Escritura. Pedro escreveu aos fiéis renascidos pela fé na ressurreição de Cristo: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real... como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo" (1 Ped. 2:9,5); e vos recordo que entre aqueles a quem Pedro escreveu estas palavras estavam também as mulheres porque mais à frente dirige uma exortação às mulheres conforme está escrito: "Vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos..." (1 Ped. 3:1), os anciãos, ou seja os bispos, que tinham sido estabelecidos pelo Senhor para apascentar as suas ovelhas conforme ele diz: "Aos anciãos, que estão entre vós, admoesto eu...." (1 Ped. 5:1), e os jovens conforme está escrito: "Vós, mancebos, sede sujeitos aos anciãos..." (1 Ped. 5:5). Das palavras de Pedro portanto deduzimos de maneira clara que, primeiro, debaixo da graça para ser sacerdote de Deus e de Cristo é necessário somente nascer de novo e não fazer seminários teológicos para depois ser ordenado sacerdote por alguém de grau superior; segundo, que portanto todos os crentes, dos anciãos, ou bispos, que devem apascentar o rebanho de Deus, às mulheres e aos jovens, são um sacerdócio real na presença de Deus. Mudam as tarefas a cumprir porque cada um foi colocado no corpo de Cristo no lugar querido por Deus, mas não a posição espiritual perante Deus e os outros crentes. É claro que os crentes para serem chamados todos como sacerdotes de Deus devem ter algo a oferecer, doutra forma este nome não teria razão de lhes ser dado pela Escritura; pois bem, os sacrifícios que eles devem oferecer são a oração, o louvor, as acções de graças, e as boas obras. Alguém dirá: Nenhum tem portanto que oferecer a missa, nem sequer os presbíteros? Não, nenhum tem que oferecer a missa, nem sequer os anciãos; porque ela não é um sacrifício espiritual agradável a Deus, mas apenas uma impostura que leva o nome de sacrifício. |
Conclusão; entre o povo de Deus não existe uma casta sacerdotal particular que deva oferecer a Deus a missa, porque todos são verdadeiros sacerdotes tendo sido feitos renascer para nova vida e separados para cumprir um sacerdócio espiritual. Deus, debaixo do Novo Pacto, não instituiu nenhuma casta sacerdotal privilegiada no seio da Igreja; isto é o que nos ensina a Escritura. Cristo Jesus disse aos seus discípulos: "Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo" (Mat. 23:8-10); fazendo claramente lhes compreender que entre eles não haviam crentes privilegiados e separados que podiam fazer-se chamar ‘Mestre’ ou ‘Guia’ ou ‘Pai’, enquanto por aquilo que ensina o catecismo católico emerge claramente que Deus teria constituído uma casta sacerdotal para fazer as suas vezes no meio do seu povo. O que é uma heresia, uma impostura, gerada pelo diabo para ter milhões de pessoas acorrentadas aos sacramentos da igreja católica cuja administração (falo do batismo, da penitência, da extrema unção, mas sobretudo da eucaristia) é confiada aos padres, dos quais na prática depende a salvação dos seus fiéis seguidores. Portanto o sacerdócio católico está estritamente ligado aos sacramentos, e por isso constitui um dos fundamentos sobre o qual se funda a religião católica romana. Se vós considerardes bem o poder espiritual que os padres têm aos olhos dos seus paroquianos vos dareis conta do porquê deste apegamento a eles; mas também vos dareis conta do porquê do padre ser temido e respeitado por muitos como se fosse Deus na terra. Atenção porém aos sofismas teológicos de que fazem uso os defensores do papismo: eles não negam que todos os membros da igreja sejam sacerdotes, mas distinguem as qualidades sacerdotais. Eis as suas palavras: ‘É preciso distinguir cuidadosamente na participação dos membros da Igreja no sacerdócio de Cristo uma dúplice qualidade sacerdotal: a conferida pelo carácter sacramental da ordem, por um lado; a conferida pelos caracteres sacramentais do batismo ou do crisma, por outro..’ (Citado por Bernardo Bartmann in op. cit., pag. 352). Conversas vãs, só conversas vãs; não existe esta dúplice qualidade sacerdotal debaixo da graça; todos os crentes são sacerdotes, não existe um ministério sacerdotal como o conferido pela ordem. |
Ora, para vos fazer compreender como para os Católicos os seus sacerdotes são uma verdadeira casta sacerdotal privilegiada e separada do povo submeto à vossa atenção estas palavras do seu catecismo: ‘A dignidade do Sacerdócio é grandíssima pelo seu poder sobre o Corpo real de Jesus Cristo que faz presente na Eucaristia, e sobre o Corpo místico d`Ele, a Igreja que governa, com a sua missão sublime de conduzir os homens à santidade e à vida beata (...) Que veneração merece pois o Sacerdócio! Não pelos méritos que o sacerdote tenha como homem, mas porque é ministro de Jesus Cristo e dispensador dos seus mistérios. Recordai e pensai que os maiores favores espirituais os recebestes e os recebeis por mão do sacerdote. Ele vos batizou e fez cristãos; ele vos dirige pelo caminho do céu, vos perdoa quando pecais, vos dá o próprio Jesus na santa Comunhão. Ele terá que assistir-vos e confortar-vos na morte, e abençoar o vosso cadáver levado ao cemitério’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 561). Eis quais são as mentiras que são ensinadas aos Católicos sobre os seus sacerdotes! Portanto, a cúria romana torcendo com a sua habitual astúcia o significado das Escrituras criou no seu seio uma casta sacerdotal separada do povo. Ela, como sabeis, para sustentá-la toma como exemplo os sacerdotes Levitas os quais tinham sido separados por Deus do meio do povo de Israel para oferecer sacrifícios ao seu nome em prol do povo, para oferecer o incenso sobre o altar e para instruir os Israelitas. Mas nos factos os sacerdotes católicos romanos, segundo o catecismo romano, são superiores aos sacerdotes levíticos porque eles foram investidos ‘de todos os poderes divinos’ ( ibid., pag. 561) e fazem as vezes de Deus na terra! Esta é a razão pela qual esta casta sacerdotal possui esta alta estima no meio dos membros desta organização até ao ponto de as pessoas os chamarem ‘Pai’, porque é feita passar como a casta sacerdotal instituída por Deus para oferecer os sacrifícios (as missas) pelos pecados do povo. Perardi ousa até dizer que ‘sem padre uma terra está moralmente morta’ (ibid., pag. 562)! Mas os factos demonstram que as terras aqui em Itália mesmo com padres estão moralmente e espiritualmente mortas; e isto porque eles mesmos estão mortos espiritualmente: os seus discursos são discursos vazios que não conferem graça a quem os ouve, as suas pomposas funções são obras mortas, lá pode-se cheirar o odor do incenso mas não o odor da vida; lá pode-se cheirar o fedor que emanam as suas heresias mas não o perfume do conhecimento de Deus! Vejamos a sua vida privada: eles têm uma conduta escandalosa sendo intemperados e insubordinados, muitos deles são efectivamente sodomitas, fornicadores; e têm um falar fora do lugar de culto que se assemelha ao da gente mais vulgar que existe; alguns blasfemam Deus e insultam também Maria com toda sorte de más palavras (e depois nos vêm dizer que nós desprezamos Maria!), e contam gracejos indecentes; é verdade que nem todos dentre eles alcançam os mesmos excessos de dissolução, mas importa dizer que de qualquer modo todos são escravos da iniquidade porque ainda não obedeceram ao Evangelho. Falando com eles dá-se conta de como eles estão longe de Deus, sem Cristo, mortos nas suas ofensas e nas suas transgressões; falando com eles dá-se conta de como eles foram enganados pelos seus superiores. Pobres almas! Têm que tornar-se Cristãos mas pretendem fazer os outros tornarem-se Cristãos; estão sobre o caminho da perdição e os que se deixam guiar por eles vão para a perdição, mas pretendem dirigir as almas pelo caminho do céu; necessitam arrepender-se e confessar as suas iniquidades ao Senhor e pretendem perdoar os pecados ao povo! Foram enganados e enganam, mas aliás o apóstolo o diz claramente: "Os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados" (2 Tim. 3:13). Ó padres católicos, caí em vós mesmos; arrependei-vos dos vossos pecados, e invocai Cristo Jesus para que vos apague todos os vossos pecados, e achareis repouso para as vossas almas. E saí logo da igreja católica romana para não serdes participantes dos seus pecados. |
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O testemunho
de um ex-padre |
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Eis como o irmão Fumagalli que foi padre católico por diversos anos, e portanto tinha recebido a ordenação por parte do bispo com base no sacramento da ordem, fala do seu passado na igreja católica e o que diz a propósito da maneira em que conheceu o Senhor (Estas suas palavras as transcrevi de um registo sonoro em audiocassete). |
O Senhor ‘operou uma grande, uma grande coisa na minha vida, me salvou, me fez um seu filho, e me encheu de vida, o meu coração de alegria, de paz, o que nunca tinha tido na minha vida. Eu fui padre católico por quinze anos, portanto aprendi, estudei todas as doutrinas católicas, mas não só, como padre tinha sido enviado para o seminário por dois anos, eu fui professor do seminário por cinco anos, fui director espiritual de seminário por dois anos, abri um colégio teológico em Londres, mas a minha vida estava na escuridão e nas trevas e apalpava na escuridão. Recordo que depois de ter sido ordenado padre tinha guardado aqueles livros com os quais tinha estudado por longos anos, todos os livros, grossos livros, escritos em latim de teologia, de dogmática, de moral e sentia como que dentro de mim uma voz que me dizia: ‘Mas não te dás conta que muitas coisas que estão escritas nesses livros não podem ser verdadeiras?’ O Senhor estava já falando ao meu coração mesmo se estava cego, mesmo se tinha sido indoutrinado em muitas coisas que não tinham nada a ver com a verdade da Palavra de Deus. E recordo que peguei todos aqueles livros e os fui deitar no contentor do lixo destinado ao papel rasgado. Porém havia em mim um vazio, a verdade não a conhecia. Tinha a Bíblia mas estava cego e não a podia entender; não a podia entender porque me tinha sido ensinado que para entender a Bíblia devia fundar-me no magistério da igreja católica. Ora, a Bíblia é o único livro no mundo que não se pode aproximar com a razão, com o intelecto e muito menos com a filosofia e a teologia. A Bíblia é o único livro que tem como seu autor o Espírito Santo, o próprio Deus, glória a Jesus. Ora, a Bíblia diz também que o único modo para entendê-lo é só quando o Espírito de Deus abre a mente para entender estas coisas. Glória ao Senhor. Ora, recordo que depois de ter aqui em Itália passado sete anos como professor de seminário, como director de seminário pedi aos meus superiores para me enviarem para África nas missões. Acreditava que talvez me sentiria mais realizado em terra de missão, trabalhando num ambiente totalmente estranho, diferente do daqui em Itália. Mas os meus superiores me propuseram ir para os Estados Unidos para outros estudos. Eu aceitei a proposta, e assim, depois de ter passado alguns meses em Inglaterra, Londres, onde tinha sido enviado para abrir um colégio teológico, atravessei o oceano em Janeiro de 1969, e em Setembro do mesmo ano, ainda como padre, comecei a estudar na universidade estatal de New York, em Buffalo. Comecei a estudar antropologia, uma disciplina complexa que estuda o homem desde as suas origens até aos problemas de maior actualidade dos dias de hoje. E assim comecei a estudar também o homem como é apresentado pela chamada ciência, que o homem deriva do macaco, evoluiu do macaco e de formas ainda inferiores a esta. Ora, como padre católico, eu não tinha nenhum problema de consciência em estudar estas coisas porque a doutrina católica diz, na encíclica Humani Generis de Pio XII escrita em 1950, que nós podemos aceitar, isto é, a igreja católica, que o homem veio de formas inferiores; pelo que mesmo se tinha reservas na minha mente me achei um dia a crer na evolução de modo completo. E não só, mas cheguei também a ensiná-la na universidade. Eu acreditava, porque me tinha dado conta de não ter achado a resposta para muitos problemas na minha mente na doutrina católica, acreditava poder achá-la na ciência, estudando, pesquisando, investigando, mas me dava conta que quanto mais pesquisava, quanto mais a verdade se afastava de mim, mais me via como que a afundar num pântano ou nas areias movediças, não tinha algum lugar onde pôr os pés em segurança. E como não encontrava nada que me satisfizesse, então comecei a pesquisar e a estudar também no oculto, na parapsicologia, em outras religiões, nas religiões orientais, estudar e investigar sobre os ufo, praticava yoga, lia e interessava-me por astrologia, todas estas coisas, e não sabia que todos estes campos são campos que pertencem a Satanás. Era cego, não conhecia a Palavra de Deus; estranho, fui padre quinze anos mas não conhecia a Palavra de Deus. Pelo que não podia obviamente nem ensiná-la e muito menos praticá-la. Pelo que continuei a pesquisar; depois fui para África. Fui para África para fazer uma pesquisa. Porém antes de ir para África, recordo que passei por Roma e pedi aos meus superiores para darem-me um pouco de tempo livre para reflectir, para decidir o futuro da minha vida, pois honestamente não me sentia mais padre. Tinha-me dado conta que demasiadas coisas não podiam ser verdadeiras, estavam tortas, na igreja católica, mas os meus superiores me convidaram a transmitir a minha última decisão, a reflectir de novo. Neste estado de alma fui para África, para o Kenya, e aqui fiquei por dezassete meses. Fiz esta pesquisa no meio de uma população de pastores nómadas no Kenya setentrional, e creio mesmo que o Senhor dava-me a oportunidade neste ambiente, um ambiente longe de todas as pressões nas quais tinha vivido até então, porque davam-me trabalho para fazer, e quanto mais fazia, mais me davam para fazer, e não tinha tempo sequer para reflectir nas coisas mais importantes, digamos as que diziam respeito à minha vida. E aqui recordo, à noite, ainda que tenha trabalhado seriamente para esta pesquisa, tinha tempo, tempo para reflectir, para pensar, sobretudo para dar ouvidos a todas aquelas ondas tumultuosas da minha alma que afloravam e que me faziam ver que a minha vida era uma vida de hipocrisia, uma vida de desonestidade, porque já tinha visto, tinha realizado, tinha-me dado conta que demasiadas coisas na igreja católica estavam tortas e eu estava ainda dentro. Pelo que reconheci e me dei conta que podia fazer uma única escolha honesta, e era a de deixar a igreja católica, deixar de ser padre, sabia que me colocaria contra os meus superiores, os meus colegas, os meus parentes, os meus amigos, um pouco contra todos, mas honestamente a este ponto não me interessava mais e decidi; decidi que me iria embora. E a este ponto acontece uma coisa estranha, mas maravilhosa na minha vida. Até então, desde que tinha entrado no seminário, tinham-me dito: ‘Se tu deixares a igreja católica, se tu não te tornares padre, diziam-me então, Deus não pode senão amaldiçoar a tua vida. Certamente, este é um modo muito... é ... eu tinha entrado no seminário com nove anos, são coisas tristes, mas a verdade é preciso dizê-la porque hoje demasiadas hipocrisias são pregadas um pouco de todos os púlpitos e também dos meios, digamos, mass media. Mas a verdade é a única que pode libertar o homem, e a verdade é uma pessoa, é Jesus Cristo, glória ao seu santo nome, aleluia. Ora, decidi, apesar de me terem dito que o Senhor me amaldiçoaria, que não poderia mais viver em paz, eu quando decidi sair dela da igreja católica provei uma paz tão profunda e tão grande que nunca tinha conhecido antes. E não só, mas me senti libertado naquele momento, libertado de uma opressão, de correntes que carregava sobre mim e agora entendo o significado de tudo isto. Eu creio que pela primeira vez na vida tinha dado ouvidos à voz de Deus que me dizia: ‘Sai, sai de onde estás’. E tinha pela primeira vez obedecido à voz de Deus sem olhar nem para a direita e nem para a esquerda, sem olhar para o que poderiam dizer colegas, superiores, parentes ou amigos, glória ao Senhor, e tinha sido libertado também naquele momento de um dos maiores jugos, o jugo da religião organizada, no meu caso da religião católica romana. Terminada a minha pesquisa em África tornei aos Estados Unidos, à América, e aqui me achei sozinho, porém tudo isto não me desencorajava porque me sentia pelo menos livre deste jugo. Adaptei-me a fazer um pouco de tudo, depois obti um lugar de ensino part-time na universidade. E assim decidi que perseguiria no mundo uma carreira como professor universitário. Terminei os meus estudos, obti o grau académico mais alto que dão as universidades americanas, e acreditava deste modo fazer uma carreira no mundo, construiria um nome, mas graças ao Senhor que ele tinha um plano muito maior para mim. Tornei-me agnóstico, não acreditava quase em mais nada, lancei ao mar quase tudo aquilo em que acreditava antes. Porém havia um vazio em mim, e sobretudo em certos momentos, também quando procurava encontrar nos prazeres ou em outro, satisfação, eu sentia como um vazio, um vazio que me esmagava, um vazio que me oprimia (...) até que um dia comprei um livro, um livro que foi traduzido também em italiano, de título Addio terra, ultimo pianeta , de Hal Lindsey. Comecei a ler este livro com sentido muito crítico, isto foi no início de 1979, mas depois tive que parar. Encontrava-me pela primeira vez na vida perante uma coisa que a minha razão não podia explicar, isto é, das profecias que escritas 2500, 2600 anos atrás se cumpriam agora debaixo dos meus olhos e com a minha razão não podia explicar estas coisas. Eu conhecia da ciência que nem o maior cientista do mundo pode prever com certeza o que pode acontecer amanhã. Sabia portanto que nenhum homem no mundo podia fazer isso, pelo que naquele momento o Senhor como que me encostou à parede, eu tinha que admitir naquele momento que a Bíblia tinha que forçosamente ser verdadeira e que só podia vir de Deus. Os padres não crêem na Bíblia, eu não cria na Bíblia, porque me tinham indoutrinado a pôr a tradição católica, os dogmas católicos, as doutrinas católicas, teoricamente, se diz, a par da Bíblia, mas praticamente e de facto estão acima da Bíblia. E isto o sei porque fui padre quinze anos. É uma coisa muito triste esta. Eis por que Satanás conseguiu ter acorrentadas tantas almas nas trevas, na mentira, porque a verdade lhes é proibida. E também quando se chegam à Bíblia se chegam sempre indoutrinados por filosofias e doutrinas humanas. Ora, naquele mesmo momento o Senhor teve misericórdia de mim, e abriu o meu entendimento e tocou o meu coração e naquele momento eu vi aquilo que era, era um pecador e estava perdido, para mim não haveria, não havia esperança de salvação, mesmo se queria dar o meu melhor para contribuir para o mundo da investigação, do ensino e publicação, para melhorar situações de povos, sobretudo de populações do terceiro mundo. O Espírito Santo convenceu-me do pecado, da justiça e do juízo, estava perdido, e havia uma única possibilidade de salvação para mim, Jesus Cristo que tinha ido morrer na cruz pelos meus pecados. E naquele momento entendi que tinha que fazer uma escolha, ou clamar a Jesus ou ir em perdição. E naquele momento saiu do meu coração uma oração: ‘Jesus, perdoa todos os meus pecados e entra no meu coração como meu Senhor e Salvador’. E naquele momento experimentei verdadeiramente uma coisa maravilhosa, naquele momento senti-me limpo de todo o pecado, senti-me lavado de todas as culpas, pecados que carregava sobre mim, que pesavam sobre mim. Tinha-os confessado muitas vezes, mas estavam sempre comigo; tinha feito confissões gerais muitas vezes, mas aqueles pecados ninguém me os tinha tirado porque só um pode tirar os nossos pecados, é Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, glória ao seu santo nome, Aleluia Jesus, aleluia. E naquele momento eu me senti nascer de novo. Em mim entrou uma alegria tão grande que tive que ajoelhar-me e chorando de alegria, verdadeiramente saborear a grande obra que Jesus tinha feito em mim naquele momento, me tinha salvo, por graça, pela fé que tinha posto nele, ele me tinha salvo e em mim entrou a certeza que tinha sido salvo naquele momento. Como padre eu me perguntava: ‘A salvação o que é? Não sabia. E eu fui a muitos padres depois que o Senhor me salvou falar de Jesus, da salvação, da necessidade do novo nascimento, e os padres não o sabem, não sabem, não sabem o que significa salvação, não sabem o que significa novo nascimento. Isto é triste (...) eu vos confesso que detesto o sistema da religião católica romana porque leva para a perdição muitas almas (...). Sim, naquele momento eu tive a certeza que estava salvo e recordo que a primeira coisa que disse para mim quando voltei para a minha mesa de estudo, eu me disse: ‘A salvação é tão simples, por que é que nunca ninguém me falou destas coisas antes?’ Glória ao Senhor, aleluia (...) desde aquele dia que aceitei Jesus no meu coração o Espírito de Deus entrou em mim e ele me abriu os olhos e sabia agora com certeza que a verdade era a Bíblia, a Palavra de Deus. Pelo que comecei a estudar a Palavra de Deus, e agora entendia, a percebia, aquilo que antes não entendia (...) depois pedi o batismo na água; cerca de dois meses depois de o Senhor me ter salvo o Senhor me batizou com o Espírito Santo (...) O Senhor cedo voltará; mas estás tu pronto? Isso, estás tu pronto? Eu não estava pronto. Fui quinze anos padre, tinha estudado muito, tivesse morrido quando era padre e teria ido direito para a perdição, direito, porque não há o purgatório. O purgatório é uma invenção dos padres, foram enganados eles, enganam os outros. A Escritura diz claramente foi estabelecido que os homens morram uma só vez e depois vem o juízo; ora, se alguém aceitou Jesus Cristo como seu pessoal Senhor e Salvador Jesus o lava dos seus pecados, se o lava dos seus pecados que pena há por pagar? Já pagou tudo ele; na cruz, o Senhor fez a obra completa, antes de morrer disse: ‘Está consumado!’ Está consumado!’ Está consumado!’ Glória ao Senhor, aleluia! (...) O Senhor foi bom comigo ...’. |
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A hierarquia
eclesiástica romana em confronto com a Escritura |
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Que diz a Escritura? Confirma ou desmente esta hierarquia eclesiástica existente no seio da igreja romana? Antes de tudo ela diz que no seio da Igreja não há nenhuma casta dominante subdividida em graus hierárquicos como há entre os Católicos e as religiões orientais, porque todos os crentes, embora tenham dons diferentes segundo a graça que Deus lhes deu, têm igual importância diante de Deus. Nenhum efectivamente pode dizer de ser tido por Deus em maior consideração do que um outro. Para confirmação disso vos recordo que Paulo aos Gálatas, falando dos que gozavam de particular consideração entre a Igreja (isto é, Tiago, Cefas e João), diz: "Quais outrora tenham sido, nada me importa; Deus não faz acepção de pessoas" (Gal. 2:6). Como disse antes os crentes têm dons diferentes, porque "também o corpo não é um só membro, mas muitos" (1 Cor. 12:14) que têm funções diversas segundo a medida do dom de Cristo. |
Vejamos portanto quais são os ofícios estabelecidos por Deus na sua Igreja: Paulo diz aos Coríntios: "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, diversidade de línguas" (1 Cor. 12:28), e aos Éfesios: "E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e doutores, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef. 4:11,12). |
Os apóstolos são aqueles que são enviados pelo Espírito Santo para pregar noutras nações (o termo grego apostolos significa ‘mensageiro’), eles fundam igrejas e fazem eleger para cada Igreja anciãos. |
Os profetas são aqueles que receberam o dom de profecia e dons de revelação (que são: dom de palavra de sabedoria, dom de palavra de ciência, e dom do discernimento dos espíritos). |
Os doutores são aqueles que ensinam diligentemente as doutrinas contidas na Escritura. |
Os evangelistas (evangelista deriva do grego euaggelistes que significa ‘portador de boas notícias’). São aqueles que vão de cidade em cidade a anunciar o Evangelho com os dons de curar, e expulsam os demónios em nome de Jesus. |
Os pastores são aqueles que devem apascentar o rebanho de Deus, junto com os anciãos (que são chamados em grego presbyteros e correspondem aos bispos); eles cuidam das ovelhas e as instruem. (O termo ancião (em grego presbyteros) indica a idade madura do crente, enquanto o termo bispo o ofício que ele ocupa porque a palavra grega episkopos significa ‘vigilante’ ou ‘guardião’). |
Os diáconos (o termo deriva do grego diakonos que significa ‘servidor’), são encarregados para desempenhar serviços assistênciais de vários géneros em prol dos pastores e dos anciãos e dos pobres e das viúvas. Eles não têm que ter a capacidade de ensinar para ocupar este ofício, e por isso este ofício pode ser ocupado também por mulheres. |
Como podeis ver não são mencionados nem o ostiariato, nem o leitorato, nem o exorcistato, nem o acolitato, e nem ainda o subdiaconato, e nem ainda o cardinalato, e muito menos o papa. |
Por quanto respeita depois ao presbiterato católico é necessário dizer que ele não é o da Escritura, porque além das razões acima expostas, a Escritura não faz distinção entre presbíteros e bispos; de facto os bispos são os presbíteros, e os presbíteros são os bispos. Portanto também estes termos, quando usados pelos teólogos católicos, não se referem ao ofício de que fala a Escritura. Por quanto respeita ao diaconato importa dizer uma coisa semelhante; o nome do ofício é escritural, mas, para além de dizer que os seus diáconos são incrédulos como os seus padres, os diáconos católicos não cumprem de modo nenhum as funções que deve exercer um verdadeiro diácono. Basta recordar que têm que servir o sacerdote na missa solene para se dar conta da diferença que existe entre o diaconato bíblico e o do catolicismo. |
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As acusações nos dirigidas confutadas |
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Vamos agora confutar as acusações que nos lançam os Católicos. |
A primeira acusação que os Católicos romanos nos lançam é esta: ‘Os Protestantes não têm verdadeiros bispos mesmo se levam o nome deles e portanto nem verdadeiros sacerdotes’. Assim dizendo eles mostram não conhecer as Escrituras. Ora, as Igrejas de Deus têm anciãos a apascentá-las os quais são também chamados bispos; isto é o que se deduz do facto de Paulo quando vieram a ele os anciãos da Igreja de Éfeso que ele tinha mandado chamar a Mileto, os ter chamado bispos conforme está escrito: "Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus..." (Actos 20:28). Portanto o ancião ocupa o ofício de bispo. Mas além disso é necessário dizer que aquele que ambiciona ao ofício de bispo na Igreja deve ter particulares requisitos sem os quais não pode ocupar este ofício. Paulo explica isto a Timóteo quando lhe diz: "É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo" (1 Tim. 3:2-7). Portanto não tem nenhum fundamento a acusação nos dirigida, precisamente porque os crentes que foram eleitos pela Igreja anciãos porque possuidores de todas as características enumeradas por Paulo são bispos que foram constituídos tais pelo Espírito Santo. Eles levam o nome de bispos porque o são segundo o ensinamento da Escritura. |
Uma outra calúnia nos lançada pelos Católicos é que nós não temos verdadeiros sacerdotes. Ela se funda no significado errado que eles dão à palavra sacerdote debaixo do Novo Pacto. Para eles um sacerdote é alguém que oferece sacrifícios pelos pecados do povo como faziam os sacerdotes Judeus (por isso quem ministra a missa) e que possui ‘o poder de perdoar os pecados’. Mas nós não temos destes sacerdotes e nem queremos ter porque sabemos que não há nenhuma necessidade deles na Igreja de Deus dado que o sacrifício de Cristo foi oferecido uma vez para sempre pelos nossos pecados e que ninguém tem o poder de nos perdoar os pecados que cometemos além do próprio Deus. Que tenham os seus sacerdotes; quanto a nós reconhecemos como sacerdotes todos os filhos de Deus lavados com o sangue do Cordeiro porque eles o são porque oferecem sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo (cuidai que estes sacrifícios não são oferecidos nem para expiação e nem para se merecer o perdão de Deus, mas como sinal de reconhecimento para com Deus sendo o fruto dado pela Palavra de Deus em nós plantada). |
Para concluir: a igreja romana possui uma hierarquia chamada sagrada que parece majestosa e fascinante a todos os que não conhecem a verdade; é necessário reconhecer que ela consegue marcar as pessoas com todos aqueles ritos de iniciação que a concernem e com todos os seus trajes sacerdotais, mas apesar de tudo isso é necessário dizer que ela não encontra respaldo na Palavra de Deus. O sei, parece tudo verdadeiro na igreja romana, também a hierarquia de que ela é composta à primeira vista parece ordenada por Deus, mas esta é só uma vã aparência porque ela não foi instituída por Cristo Jesus. Os teólogos papistas procuram todavia explicar o todo com as Escrituras mas os seus raciocínios não são de modo algum confirmados pelas Escrituras mas são desmentidos por elas. Portanto, nós não reconhecemos o papa como sucessor de Pedro, não reconhecemos o cardinalato como instituição divina, não reconhecemos os bispos católicos como verdadeiros bispos, não reconhecemos os padres como verdadeiros presbíteros, não reconhecemos os seus diáconos como verdadeiros diáconos, e não reconhecemos nem ainda as outras suas ordens como o subdiaconato, o ostiariato, o leitorato, o exorcistato, e o acolitato. Em outras palavras não reconhecemos a hierarquia católica como uma hierarquia querida e ordenada por Deus para o seu povo. |
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A imposição
do celibato aos clérigos é uma doutrina de demónios |
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Vamos agora confutar pelas Escrituras a doutrina do celibato forçoso. Paulo disse a Timóteo: "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada, proibindo o casamento...." (1 Tim. 4:1-3). Portanto a doutrina que proíbe o matrimónio aos padres e aos diáconos é diabólica! Mas por que motivo o dogma que nega aos padres e aos diáconos o casamento é uma doutrina de demónios que contrasta a verdade? Porque o não casar, ou seja o celibato, é um dom que procede de Deus e não uma coisa que homens têm o direito de impor a outros, de facto, Jesus disse que "nem todos podem aceitar esta palavra" (a de não casar) "mas somente aqueles a quem é dado" (Mat. 19:11), e Paulo disse: "Quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra" (1 Cor. 7:7). |
Qual é o resultado a que leva a imposição do celibato aos padres? Este; que os padres se abandonam à impureza e à fornicação escandalizando assim as pessoas; mas aliás Paulo disse claramente por que motivo o homem deve casar: "Para evitar as fornicações, tenha cada homem sua própria mulher..." (1 Cor. 7:2). Não é pois de admirar se depois aqueles a quem é imposto o celibato se abandonam à impureza e à fornicação. Nós chegámos à conclusão que como Paulo diz aos solteiros: "Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se" (1 Cor. 7:9), a igreja romana com o seu dogma sobre o celibato não faz mais que afirmar que para os padres é melhor abrasar-se do que casar [ 24]. Pela enésima vez a cúria romana voltou as costas à verdade! Mas o que verificamos ainda uma vez no falar da cúria romana sobre o celibato é o enésimo falar contraditório. Porquê? Porque por um lado ela afirma que o celibato é um dom que vem de Deus (o chamam dom da castidade) e por outro afirma que a igreja o exige a todos os que ambicionam ao sacerdócio e que entraram no sacerdócio! Mas se o celibato é um dom porquê impô-lo e não deixá-lo facultativo? Impor a alguém um dom de Deus, como na realidade faz a cúria romana com os seus sofismas, é uma coisa absurda: é como dizer a alguém que não tem o dom do poder de operar milagres que deve fazer milagres! É como dizer a um crente que não tem o dom de profecia que deve forçosamente profetizar porque este é um dom de Deus! Mas Paulo disse aos Romanos: "Se temos dom de profecia, profetizemos..." (Rom. 12:6 Riveduta), portanto se não temos o dom de profecia não podemos nos pôr a profetizar. Da mesma maneira, se alguém tem o dom de não casar não se case, mas quem não o tem case-se para não cair na fornicação. Mas nós queremos também dizer a tal propósito que a faculdade de não casar não é dada por Deus a alguém porque este a pede a Deus, mas independentemente da sua vontade, ou seja, porque Deus decretou não fazê-lo casar. Mas ponhamos também o caso que alguém peça a Deus o dom de não casar: quem disse que Deus forçosamente lhe o concederá? A Escritura diz que "esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos" (1 João 5:14,15); portanto, mesmo que um crente pedisse a Deus o dom de não casar, ele será ouvido só se esta for a vontade de Deus para com ele. Mas assim não ensina a cúria romana que afirma que Deus não lhe o negará. Mas a falsidade desta afirmação é evidente: os sacerdotes católicos entram na ordem pensando ter o dom do celibato porque Deus o lhes tinha concedido para desempenharem as suas funções sacerdotais, e depois eles se dão conta de estarem privados deste dom. Eis as provas de que esta afirmação é a enésima mentira na qual a cúria romana induz milhões de pessoas a crer! |
Mas vamos agora examinar pelas Escrituras a razão adoptada a favor da imposição do celibato; isto é, que o celibato é necessário aos sacerdotes, ou melhor, indispensável para servir a Deus de maneira fiel e santa. Prescindindo do facto de os sacerdotes católicos não servirem a Deus e que é diabólico impor-lhes o celibato, nós, por aquilo que ensina a Escritura deduzimos de maneira evidente que se pode servir a Deus na Igreja dignamente também sendo casado e não só sendo solteiro (ou seja com o dom do celibato recebido de Deus). Se assim não fosse, Paulo nunca teria dito a Timóteo que tanto os bispos como os diáconos devem ser maridos de uma só mulher e devem governar bem as suas famílias, (fazendo implicitamente entender que eles devem ser casados). Mas depois há uma outra coisa a dizer; Paulo a Tito disse que o ancião (ou seja o bispo) além de marido de uma só mulher, para ser recebido neste ofício, deve ser também justo, santo, e temperante; isto significa que o bispo sendo casado pode ser também justo, santo e temperado em todas as coisas, e que o matrimónio não é algo que o manteria por consequência longe da justiça e da santidade e da temperança. Certamente, se o bispo tivesse que ser solteiro e não casado, porque este seu estado seria indispensável para ser justo santo e temperado, Paulo não teria dito tais coisas a Tito. Ainda para confirmar isto recordamos que Paulo a Timóteo quando lhe fala de como devem ser os bispos e os diáconos para assumirem os respectivos ofícios lhe diz: "Também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis" (1 Tim. 3:10); o que significa que os candidatos (casados) ao bispado e ao diaconato, depois de terem sido provados por um certo tempo podem ser achados irrepreensíveis, isto é, sem culpa, e isso ainda que sejam casados e tenham família. Tudo isto faz perceber que o matrimónio não é uma distracção tal a fazer por consequência viver de maneira injusta e ímpia e intemperante quem o contraiu e por isso quem é casado não pode assumir o ofício de bispo ou diácono na Igreja de Deus. E depois também os apóstolos eram casados (tirando Paulo e Barnabé) conforme diz Paulo aos Coríntios: "Não temos nós direito de levar conosco esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?" (1 Cor. 9:5). Que Pedro era casado o testifica também Mateus quando fala da cura da sua sogra: "E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou" (Mat. 8:14). No entanto os apóstolos eram homens santos porque se santificavam no temor de Deus e não davam motivo de escândalo em coisa alguma! Esta é mais uma confirmação que ser casado e ter relações carnais com a própria mulher não significa andar segundo a carne e não poder agradar a Deus. |
Mas a estas Escrituras do Novo Pacto que são nitidamente em favor do matrimónio também dos bispos e dos diáconos, queremos também acrescentar outras Escrituras do Antigo Pacto que confirmam a mesma coisa; isto é, que se pode ser casado e ser dos fiéis e santos servos de Deus na sua casa. |
Noé, que Pedro chama, pregador da justiça, e que a Escritura diz que "era homem justo e perfeito em suas gerações" (Gen. 6:9), era casado com filhos. |
Moisés que era profeta e que o escritor aos Hebreus diz que "foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar" (Heb. 3:5), era casado e tinha filhos. |
Arão, o sumo sacerdote era casado conforme está escrito: "E Arão tomou por mulher a Eliseba, filha de Aminadabe, irmã de Naasson; e ela deu-lhe Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar" (Ex. 6:23). Segundo a lei o sumo sacerdote podia-se casar. Lembramos que o sumo sacerdote era o único que podia entrar no lugar santíssimo, isto é, no lugar para dentro do véu onde estava a arca; que entrava lá uma vez ao ano e que entrava lá com o sangue que devia servir para fazer a expiação dos pecados do povo. |
Isaías, também ele profeta, era casado porque está escrito: "E fui ter com a profetisa, e ela concebeu, e deu à luz um filho" (Is. 8:3). |
Oséias, também ele profeta, era casado porque está escrito: "Quando o Senhor falou no princípio por Oséias, disse o Senhor a Oséias: Vai, toma por mulher uma meretriz, e gera filhos de prostituição..." (Os. 1:2). |
O profeta Ezequiel era também ele casado conforme está escrito: "Falei ao povo pela manhã, e à tarde morreu minha mulher..." (Ez. 24:18). |
Queremos concluir dizendo isto; a cúria romana afirma que os sacerdotes católicos romanos são como os sacerdotes levíticos do Antigo Pacto em um certo sentido, mas eles esquecem voluntariamente que também os sacerdotes levíticos, que ofereciam os sacrifícios em prol do povo, eram casados e podiam-se casar. |
Lembramos a propósito dos sacerdotes, que Zacarias, o pai de João Batista, era um sacerdote da turma de Abias e que era casado com Isabel que era das filhas de Arão. E "ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" (Lucas 1:6). Vedes? Ele era um sacerdote debaixo do Antigo Pacto, era casado no entanto andava irrepreensível em todos os preceitos do Senhor. |
Agora explicamos algumas Escrituras tomadas pela cúria romana para sustento do celibato forçoso. |
Por quanto respeita ao
facto de Deus ter proibido a Jeremias de se casar conforme está escrito:
"E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não tomarás para ti mulher,
nem terás filhos nem filhas neste lugar" (Jer. 16:1,2), é necessário
dizer antes de mais que foi Deus a proibir-lhe de se casar e não o sumo
sacerdote do tempo ou algum outro, e depois que esta ordem específica de Deus
para ele tinha a seguinte motivação: "Porque assim diz o Senhor, acerca
dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca de suas mães, que os
tiverem, e de seus pais que os gerarem nesta terra: Morrerão de enfermidades
dolorosas, e não serão pranteados nem sepultados; servirão de esterco sobre a
face da terra; e pela espada e pela fome serão consumidos, e os seus
cadáveres servirão de mantimento para as aves do céu e para os animais da
terra" (Jer. 16:3,4). Portanto Deus proibindo a Jeremias de se casar e
de ter filhos quis poupar-lhe outras aflições. |
Queremos dizer também algo
acerca das palavras de Jesus: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim;
chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. Porque eis que hão de vir
dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram,
e os peitos que não amamentaram..." (Lucas 23:28,29). Com estas palavras
Jesus não ordenou às virgens para não se casarem e nem proclamou
bem-aventuradas as mulheres que eram estéreis porque doutra forma teria
contradito a verdade dado que segundo a lei a mulher era livre de se casar e
aquela que era estéril não era considerada uma mulher bem-aventurada. Jesus
quis dizer apenas que quando Jerusalém fosse abatida pelas legiões romanas
aconteceria que as mulheres que tinham dado à luz filhos e filhas ficariam privadas
dos seus filhos e por este facto, então naqueles dias as estéreis que não
tinham podido dar à luz e amamentar seriam proclamadas felizes porque não
sofreriam essa privação dolorosa. |
Por quanto respeita às
palavras de Paulo: "Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em
como há de agradar ao Senhor, mas quem é casado cuida das coisas do mundo, em
como há de agradar à sua mulher" (1 Cor. 7:32,33), palavras que são
tomadas para exaltar o celibato e desprezar o matrimónio, queremos dizer que
Paulo com elas quis somente dizer que quem não é casado está privado daquelas
solicitudes que estão presentes no que é casado; e por isso pode dedicar
maior tempo às coisas do Senhor não tendo mulheres e filhos de que cuidar.
Certo, por exemplo quem não é casado nas viagens que faz por causa do
Evangelho está mais livre do que um que viaja pelo mesmo motivo com mulher e
filhos; e nas perseguições não tem de pensar também na sorte da sua mulher e
dos seus filhos; mas isso não faz do solteiro uma pessoa mais santa do que
aquele que é casado ou uma pessoa mais feliz do que aquele que é casado. Uma
outra razão pela qual Paulo aconselhava aos solteiros a permanecer nesse
estado era para poupá-los da tribulação na carne que padeceriam se fossem
casados, de facto diz: "Todavia os tais terão tribulações na carne, e eu
quereria poupar-vos" (1 Cor. 7:28); mas também aqui importa dizer que a
tribulação na carne presente naqueles que se casam não é algo que degrada o
matrimónio relativamente ao celibato. Longe de nós pensar que o matrimónio
seja desprezível porque proporciona tribulação na carne a quem o contrai, ou
porque, "quem é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar
à sua mulher" (1 Cor. 7:33) (motivo que é em vão adoptado para sustento
do celibato forçoso); porque está também escrito: "Honrado seja entre
todos o matrimónio" (Heb. 13:4). Portanto também o matrimónio dos
ministros de Deus, dos bispos e dos diáconos, deve ser honrado. Para
concluir, fica o facto que Paulo não impôs o celibato a ninguém, mas disse a
quem recebeu o dom de não casar para não tomar mulher, e para casar a quem
abrasa e sente não ter o dom de não casar assegurando-lhe que, assim fazendo,
ele não pecará conforme está escrito: "Mas, se te casares, não
pecas" (1 Cor. 7:28). |
Quanto a vós, ó padres
incontinentes que abrasais, convertei-vos dos ídolos ao Senhor, saí deste
pseudo-sacerdócio cristão e casai-vos; então sereis verdadeiros sacerdotes na
presença de Deus e deixareis de abrasar. |
Por fim, devemos dizer que o celibato foi ainda assunto de viva discussão no seio da igreja romana porque nem todos estiveram de acordo sobre a oportunidade de impô-lo. Há muitos prelados hoje na igreja latina que queriam que o celibato fosse facultativo. Mas até hoje prevaleceu a imposição que produziu escândalos de todo género no seio da igreja romana desde que foi assumida. Mas que fazem muitos padres obrigados a viver solteiros contra a sua vontade? Pedem a dispensa para se poderem casar; preferindo casar e deixar o sacerdócio católico do que continuar a se abandonar à fornicação e à impureza. Entre 1963 e 1969, sob Paulo VI, mais de oito mil sacerdotes pediram a dispensa dos votos, enquanto outros três mil deixaram o sacerdócio sem esperar a permissão. Também sob João Paulo II muitos padres abandonaram o sacerdócio para se poderem casar. Ora, é caso para se perguntar: Mas por que perante todos os escândalos operados pelos padres, muitos dos quais vivem com a sua concubina, e perante todos os pedidos de dispensa que todos os anos são apresentados por muitos padres, e perante o abandono do sacerdócio por parte de muitos padres sem esperar a permissão, a cúria romana continua a impor o celibato? Que proveito tira disso? Não a prejudica? Certamente que a prejudica em muitos aspectos, mas não se pode esquecer que a igreja papal mediante o celibato forçoso defende os seus interesses económicos e financeiros. Me explico melhor fazendo este exemplo: por que é que a igreja romana tolera que um padre viva fornicando ficando ao mesmo tempo no seu lugar, enquanto não tolera que um padre se possa casar e ficar a cumprir o seu ofício de sacerdote? A razão é porque a concubina de um padre não pode avançar nenhuma pretensão sobre os bens eclesiásticos à morte do prelado, enquanto uma mulher sim. Portanto a igreja romana se usa do celibato forçoso para manter a propriedade de todos os seus bens acumulados no curso do tempo [25 ]. Mas uma outra razão pela qual a cúria romana impõe o celibato aos padres é porque sendo um sistema absolutista necessita dos súbditos totalmente submetidos aos seus superiores. E o celibato garante a submissão incondicionada que o papa quer. Em suma um padre solteiro, para a cúria romana, é muito mais controlável do que um casado; um padre solteiro é mais leal do que um casado. Portanto, na realidade, o motivo que é adoptado para o celibato, ou seja, o de uma vida mais santa, é só um pretexto; porque o celibato é imposto por uma questão de controle. |
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O MATRIMÓNIO |
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A doutrina
dos teólogos papistas |
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O matrimónio foi elevado por Cristo à condição de sacramento; ele dá aos cônjuges a graça de viver santamente e de criar cristianamente os filhos. Não se pode contrair um verdadeiro matrimónio fora do sacramento. O controle dos nascimentos é admitido, mas sem fazer uso de contraceptivos. O matrimónio é indissolúvel, mas em alguns casos a igreja, em virtude de um poder divino, o pode dissolver e dar a faculdade de passar a segundas núpcias. A igreja admite os matrimónios mistos em certas condições. Segundo a doutrina da igreja romana ‘o Matrimónio é o Sacramento que une o homem e a mulher indissoluvelmente, ( como são unidos Jesus Cristo e a Igreja sua esposa), e dá-lhes a graça de santamente conviver e de educar cristianamente os filhos’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 569). O matrimónio é um sacramento porque ‘Jesus Cristo o elevou à dignidade de Sacramento que confere graça’ (ibid. , pag. 569). Mas quando aconteceu esta elevação? Muitos teólogos não o sabem dizer; mas alguns consideram que isso aconteceu nas bodas de Caná da Galiléia onde Jesus mudou a água em vinho. Para sustento do matrimónio como sacramento os teólogos papistas tomam as seguintes palavras de Jesus: "Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mat. 19:6), e as de Paulo: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra... Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu falo em referência a Cristo e à igreja" (Ef. 5:25,26,31,32). E para quem não o aceita como sacramento há o seguinte anátema tridentino: ‘Se alguém disser que o Matrimónio não é em sentido verdadeiro e próprio um dos sete sacramentos da lei evangélica, instituído por Cristo, mas que foi inventado pelos homens na Igreja e que não confere graça, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXIV, can. 1). |
No Novo Manual do Catequista se lê: ‘O Matrimónio, para os cristãos, é Sacramento do qual, se assim podemos exprimir-nos, é depositária e administradora a Igreja; para eles não há Matrimónio legítimo ou verdadeiro fora do Sacramento. Por isso os fiéis não podem contrair verdadeiro Matrimónio fora do Sacramento’ (Giuseppe Perardi, op. cit., pag. 578). Estas coisas Perardi as diz para afirmar que dado que o matrimónio administrado pela igreja católica é reconhecido pelo Estado Italiano também para efeitos civis, os Católicos não devem nem antes nem depois do matrimónio religioso ir fazer o acto civil, porque o matrimónio religioso é completo, e um semelhante acto ‘seria contrário à Doutrina cristã e grave irreverência ao próprio Sacramento e a Jesus Cristo que o quis Sacramento e como tal o confiou à sua Igreja’ (ibid. , pag. 578). Mas prosseguindo Perardi afirma também: ‘Mais culpados ainda seriam aqueles cristãos que não se casassem na igreja, mas só no cartório. De tal modo eles 1) Renegariam praticamente a Doutrina cristã; - 2) Fariam um Matrimónio nulo, pelo que não seriam casados e conviveriam em estado de pecado e portanto não poderiam nem aproximar-se dos Sacramentos, incapazes da absolvição enquanto não regularizarem com o Sacramento a sua condição; - 3) Constituiriam uma família sobre o pecado e a fariam viver no pecado como sobre fundamento; - 4) Em tais condições eles seriam públicos pecadores aos quais, em caso de morte, deveria ser negado também o enterro religioso’ (ibid., pag. 578). [26] |
A igreja católica romana é a favor do controle dos nascimentos (que ela chama ‘paternidade responsável’). Eis o que se lê no livro Compêndio da moral católica: ‘Durante um certo número de dias por mês, antes e depois da ovulação feminina, é impossível a fecundação e a finalidade procriadora não pode pois ser realizada. Neste espaço de tempo (cuja determinação exacta é difícil de estabelecer), a Igreja admitiu que era de todo legítimo procurar a finalidade própria do amor com relações sexuais de per si infecundas (...) A igreja não é pela procriação a todo o custo: ela deixa inteiramente a decisão aos cônjuges: Pio XII o tinha recordado num célebre discurso de 1951: os esposos podem ser dispensados ‘daquela prestação positiva obrigatória (a de procriar), também por longo tempo, ou melhor, pela inteira duração do matrimónio, por sérios motivos, como os que se têm não raramente na chamada ‘indicação’ médica, eugénica, económica e social (...) A regra a seguir é então esta: se os esposos não querem filhos (por razões sérias), são livres de não os ter, mas podem ter relações sexuais só nos períodos de natural não fecundidade; devem, pelo contrário, abster-se durante o período fecundo, isto é, nos dias em que acontece a ovulação (...) Ao contrário são declarados ilícitos, gravemente proibidos, os meios contraceptivos que intervenham no desenvolvimento do ciclo feminil’ (Jean-Marie Aubert. Compendio della morale cattolica [Compêndio da moral católica], Cinisello Balsamo 1989, pag. 354,355) [ 27 ]. Depois de ter lido estas palavras não deveria grandemente surpreender se nesta nação tão católica, tão influenciada pelos padres, a média de crianças por família é tão baixa pois os papas decretaram ser coisa legítima para os casais não querer ter famílias numerosas. O magistério na substância diz: Não quereis ter muitos filhos? Não vos preocupeis, não cometeis pecado, basta que vos apoieis nos meios que nós vos sugerimos e não façais recurso aos contraceptivos, ao aborto e outro. Note-se porém que o magistério ensina também que em certos casos o casal pode decidir não ter de modo algum filhos. |
No Código de direito canónico lê-se: ‘As propriedades essenciais do matrimônio são a unidade e a indissolubilidade que, no matrimônio cristão, recebem firmeza especial em virtude do sacramento’ (Código de direito canónico, can. 1056); e ainda: ‘O matrimônio ratificado e consumado não pode ser dissolvido por nenhum poder humano nem por nenhuma causa, exceto a morte’ (ibid., can. 1141). A igreja romana proclama portanto a indissolubilidade do matrimónio e de facto ela diz que nenhum dos cônjuges ‘enquanto o outro viver, pode passar a outras núpcias’. Nem em caso de um dos dois cometer adultério, de facto neste caso admite a separação perpétua entre os dois mas não a passagem a novas núpcias (há um anátema tridentino - Sess. XXIV, can. 7 - contra quem disser que a igreja erra ao ensinar que em caso de adultério marido e mulher não podem contrair um outro matrimónio enquanto o outro viver) [ 28 ]. Mas a igreja romana afirma também que ela pode dissolver o matrimónio em alguns casos; e de facto a sede pontifícia em diversos casos dissolve a seu agrado os matrimónios. Mas vamos examinar de perto esta doutrina da igreja romana. No livro de autoria de Cappellini Ernesto Curso de Direito Canónico II, (que possui o Imprimatur) de 1976 está escrito: ‘A dissolução do vínculo, por outro lado, é operado pela Igreja só excepcionalmente em determinados casos, na linha de uma doutrina que a própria Igreja sempre sustentou. A Igreja, de facto, sempre sustentou a indissolubilidade intrínseca do matrimónio, isto é, a absoluta impossibilidade que os próprios cônjuges dissolvam o seu matrimónio. Considera, pelo contrário, que a indissolubilidade extrínseca, ou seja, a que deriva da autoridade divina, não é de carácter absoluto e admite excepções. Neste sentido, portanto, a dissolução do matrimónio, operado pela Igreja em determinadas circunstâncias, como veremos, não corresponde a potestade ‘própria’ enquanto pura sociedade humana, mas a potestade ‘vicária’, concretizada em nome de Cristo, e que pressupõe uma especial concessão divina’ (Cappellini Ernesto, Corso di Diritto Canonico II [Curso de Direito Canónico II], Brescia 1976, pag. 161-162). Como podeis ver, por quanto respeita a esta indissolubilidade extrínseca ela não é absoluta; há na realidade excepções porque o papa em certas circunstâncias pode dissolver o matrimónio da parte de Deus. Alguém dirá: ‘Mas como pode permitir-se o papa fazer uma tal coisa?’ A resposta é: ‘Em virtude do poder de desligar (ou dissolver) e de ligar que ele diz ter recebido de Deus’! Portanto, o que se diz sucessor de Pedro pode dissolver, em certos casos, até o matrimónio! Antes de prosseguir e dizer quais são estes casos em que a igreja romana pode dissolver o matrimónio é bom fazer presente que a legislação canónica quando fala de divórcio não usa o termo divórcio mas o termo ‘dissolução do vínculo’; tudo isto, é evidente, para não fazer parecer que a igreja católica romana, em alguns casos, é a favor do divórcio portanto contra a indissolubilidade do matrimónio []. As circunstâncias em que, segundo a legislação canónica, a igreja romana pode dissolver o vínculo matrimonial são chamados impedimentos dirimentes e anulam o matrimónio entre batizados, o matrimónio de não batizados e o matrimónio misto. |
Elas são as seguintes. |
1) A inconsumação: ‘O matrimônio não consumado entre batizados, ou entre uma parte batizada e outra não-batizada, pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa causa, a pedido de ambas as partes ou de uma delas, mesmo que a outra se oponha’ (Código de direito canónico, can. 1142). As razões da inconsumação podem ser diversas, entre as quais também a de impotência por parte de um ou de ambos os cônjuges porque, como diz o Código de direito canónico : ‘A impotência para copular, antecedente e perpétua, absoluta ou relativa, por parte do homem ou da mulher, dirime o matrimônio por sua própria natureza’ (ibid., can. 1084 - § 1. A esterilidade da mulher pelo contrário não dirime o matrimónio: ‘A esterilidade não proíbe nem dirime o matrimônio...’ (can. 1084 - § 3). |
2) A ordem sagrada: ‘Tentam invalidamente o matrimônio os que receberam ordens sagradas’ (ibid., can. 1087), isto significa que no caso do homem tornar-se padre, o uso das núpcias já contraídas torna-se ilícito e por conseguinte o matrimónio é dissolvido. |
3) O voto solene: o Código de direito canónico afirma quanto segue: ‘Tentam invalidamente o matrimônio os que estão ligados por voto público perpétuo de castidade num instituto religioso’ (ibid., can. 1088). Portanto quem entra nos Franciscanos ou nos Beneditinos, por exemplo, faz nulo o seu matrimónio. |
4) O privilégio da fé: ‘O matrimônio celebrado entre dois não batizados dissolve-se pelo privilégio paulino, em favor da fé da parte que recebeu o batismo, pelo próprio fato de esta parte contrair novo matrimônio, contanto que a parte não-batizada se afaste. § 2. Considera-se que a parte não-batizada se afasta, se não quer coabitar com a parte batizada, ou se não quer coabitar com ela pacificamente sem ofensa ao Criador, a não ser que esta, após receber o batismo, lhe tenha dado justo motivo para se afastar’ (ibid., can. 1143). Este privilégio é chamado privilégio paulino porque a cúria romana diz que foi promulgado por Paulo quando disse: "Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não estão vinculados [ou sujeito à servidão] ...." (1 Cor. 7:12-15). Segundo a interpretação dada pelos teólogos papistas a estas palavras, se um dos cônjuges (que se casaram não batizados) se ‘converte’ e se batiza na igreja católica romana enquanto o outro não quer ‘converter-se’ nem coabitar pacificamente, o seu matrimónio é dissolvido; e a parte católica, com a dispensa pontifícia, pode passar a novas núpcias com uma parte católica (cfr. can. 1146) [ 30 ]. Segundo a cúria romana o objectivo da dispensa por privilégio paulino é o de salvar e preservar a fé do cônjuge convertido ao catolicismo. |
5) Em favor da fé de um dos cônjuges ; neste caso, por graves situações conjugais, a igreja católica romana, para proteger a fé do cônjuge católico dissolve o matrimónio celebrado (com dispensa ou não do impedimento de disparidade de culto) entre a parte católica e a parte não batizada, ou seja, ela dissolve um matrimónio misto. Alguns casos de dissolução entre parte católica e parte não batizada: Pio XII, 18 e 24 de Julho de 1947, 30 de Janeiro de 1950; João XXIII, 21 de Fevereiro e 1 de Agosto de 1959 (cfr. Ernesto Cappellini, op. cit., pag. 175). Há uma outra situação em que o papa considera poder dissolver o matrimónio em favor da fé de um dos dois cônjuges e é o do matrimónio celebrado entre uma parte batizada não católica e a outra não batizada. Alguns casos de dissolução entre parte batizada não católica e parte não batizada: Pio XI, 2 de Abril, 10 de Julho e 5 de Novembro de 1924; Pio XII, 1 de Maio de 1950. A justificação que é apresentada para este agir do papa é esta: ‘A competência é justificada não só no caso em que a parte é católica mas também no outro caso em que a parte batizada não é católica, visto que a Igreja considera súbditos todos os que receberam um batismo válido em qualquer Igreja cristã, em virtude da sua unidade fundamental desejada por Cristo no momento em que constituiu uma só Igreja; unidade confiada por Cristo ao apóstolo Pedro e aos sucessores. A Igreja os considera súbditos, sobretudo por quanto respeita à concessão de direitos e privilégios ou graças, embora exclua os batizados não católicos de determinados deveres’ (ibid., pag. 176) [31 ]. Mas há mais, o papa considera ter o poder de dissolver também matrimónios entre não batizados sem prévia conversão de nenhum dos dois cônjuges mas apenas em favor da fé de terceira pessoa. Em outras palavras pode dissolver também o matrimónio entre Maometanos, entre Hebreus, etc [32]. |
6) O rapto : ‘Entre um homem e uma mulher arrebatada violentamente ou retida com intuito de casamento, não pode existir matrimônio válido, a não ser que depois a mulher, separada do raptor e colocada em lugar seguro e livre, escolhe espontaneamente o matrimônio’ (Código de direito canónico , can. 1089). |
7) O delito: ‘Quem, com o intuito de contrair matrimônio com determinada pessoa, tiver causado a morte do cônjuge desta, ou do próprio cônjuge, tenta invalidamente este matrimônio’ (ibid., can. 1090 - § 1) [33 ]. |
Portanto, como podeis ver, a igreja romana proclama tanto a indissolubilidade do matrimónio como a sua dissolubilidade em alguns casos; como conciliar as duas coisas? É impossível fazê-lo, mas como de costume os teólogos católicos romanos com os seus sofismas conseguem fazer parecer duas coisas abertamente contraditórias entre elas ambas verdadeiras! E para quem recusa estes impedimentos dirimentes estabelecidos pela igreja católica romana há o seguinte anátema: ‘Se alguém disser que a igreja não podia estabelecer impedimentos dirimentes do matrimónio, e que errou ao estabelecê-los, seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. XXIV, can. 4). |
A igreja católica romana permite os matrimónios mistos, isto é, permite aos seus fiéis casar com aqueles que ela chama Protestantes [34 ]. E isto porque também os considera meios que podem contribuir para aproximar as Igrejas evangélicas à católica, ou seja, que podem aproveitar ao ecumenismo que está em curso. Num documento de título Texto comum para uma direcção pastoral dos matrimónios entre católicos e valdenses ou metodistas subscrito a 16 de Junho de 1997 se lê que ‘o casal interconfessional pode contribuir para aproximar as comunidades, criando ocasiões de encontro, diálogo, intercâmbio e, se possível, momentos de comunhão. As comunidades, por sua vez, podem ajudar os casais interconfessionais promovendo o espírito ecuménico cada uma no seu interior e nas suas relações recíprocas, e oferecer ocasião para remover - o quanto possível - impedimentos e obstáculos de várias naturezas (teológica, jurídica, psicológica) que tornam difícil, a cônjuges de diferente confissão, viver juntos a sua vocação cristã’ ( Il Regno-documenti 13/’97, pag. 430-431). Até alguns anos atrás a igreja católica se um Católico quisesse casar com um Evangélico impunha a ambos, para a passagem da dispensa de disparidade de culto (dado que a diversidade de confissão religiosa era considerada um impedimento), condições contidas num documento intitulado Cauções que devem ser dadas a ambos os esposos para obterem a dispensa do impedimento de mista religião ou de disparidade de culto, que os esposos deviam assinar; ei-las. |
Para a parte católica: |
Eu subscrita de religião católica, próxima a contrair matrimónio com... de religião... tocando o S. Evangelho declaro e juro: |
1) Batizarei e educarei na religião católica todos os filhos e as filhas que terei da minha união com dito meu esposo; |
2) Não me apresentarei nem antes nem depois para um semelhante acto de matrimónio diante do ministro de culto não católico; |
3) Exigirei plena liberdade para mim e para os meus filhos em praticar a religião católica; |
4) Procurarei quanto poder a conversão do meu esposo à religião católica. |
Em fé desta minha promessa jurada subscrevo-me.... |
Para a parte não católica: |
Eu subscrito de religião...próximo a contrair matrimónio com... de religião católica, prometo com juramento no Santo nome de Deus: |
1) de batizar todos os filhos e todas as filhas que terei da minha união com dita minha esposa. |
2) de deixar livre a minha esposa na profissão da sua fé católica; |
3) de nunca me apresentar para este meu matrimónio diante do ministro de culto não católico. |
Prometo e juro observar no Santo Nome de Deus e em fé desta minha promessa jurada assino a presente acta... (citado por Nisbet Roberto in Ma il Vangelo non dice così [Mas o Evangelho não diz assim], Torino 1969, pag. 135-136). |
Mas, ‘o novo Código de direito canónico tirou o impedimento e, por quanto respeita à coerência religiosa e à educação dos filhos, exige apenas da parte católica a promessa de se comportar em conformidade com a sua fé e o dever de fazer notório tal empenho ao seu parceiro’ (Il Regno-documenti 13/’97, pag. 433). Eis efectivamente quanto ele afirma a respeito dos matrimónios mistos: ‘O matrimônio entre duas pessoas batizadas, das quais uma tenha sido batizada na Igreja católica ou nela recebida depois do batismo, e que não tenha dela saído por ato formal, e outra pertencente a uma Igreja ou comunidade eclesial que não esteja em plena comunhão com a Igreja católica, é proibido sem a licença expressa da autoridade competente’ (Código de direito canónico , can. 1124), e ainda: ‘O Ordinário local pode conceder essa licença, se houver causa justa e razoável; não a conceda, porém, se não se verificarem as condições seguintes: 1° a parte católica declare estar preparada para afastar os perigos de abandonar da fé, e prometa sinceramente fazer todo o possível a fim de que todos os filhos sejam batizados e educados na Igreja católica; 2° informe-se, tempestivamente, desses compromissos da parte católica à outra parte, de tal modo que conste estar esta verdadeiramente consciente do compromisso e da obrigação da parte católica; 3° ambas as partes sejam instruídas a respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que nenhum dos contraentes pode excluir’ (ibid., can. 1125). |
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Confutação |
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O matrimónio não
é uma ordenança instituída por Cristo |
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Nós não aceitamos o matrimónio como ordenança instituída por Cristo, e isto porque o matrimónio não foi instituído por Jesus Cristo (como, pelo contrário, o foram o batismo e a ceia do Senhor) mas foi por ele apenas confirmado pois ele foi instituído por Deus no princípio da criação quando Deus fez com uma costela do homem uma mulher e a levou ao homem e disse: "Deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne" (Gen. 2:24). Certo, ele é uma coisa santa e justa instituída por Deus mas não podemos aceitá-lo como uma ordenança, isto é, como um rito ordenado por Cristo a par da ceia do Senhor e do batismo, também porque do ensinamento do Senhor Jesus e daquele do apóstolo Paulo emerge que o rito do matrimónio não é imposto a todos os que creram como antes o são o rito do batismo e o da ceia do Senhor. O batismo é obrigatório porque Jesus disse aos seus discípulos: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo..." (Mat. 28:19), e: "Quem crer e for batizado será salvo" (Mar. 16:16); e assim também a ceia do Senhor é obrigatória pois Jesus na noite em que foi traído, tanto quando deu o pão como quando deu o cálice aos seus discípulos disse: "Fazei isto em memória de mim" (1 Cor. 11:24,25): Mas a mesma coisa não se pode dizer do matrimónio porque Jesus não ordenou a todos casar porque admitiu que há alguns que receberam de Deus a graça de não contrair matrimónio conforme está escrito: "Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado" (Mat. 19:11), e também "Quem pode aceitar isso, aceite-o." (Mat. 19:12); e isto o confirmou Paulo dizendo: "Quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra" (1 Cor. 7:7). |
O facto depois de as Escrituras representarem a união entre Cristo e a Igreja com o matrimónio entre o homem e a mulher não justifica de modo nenhum a definição de sacramento dada pelos Católicos ao matrimónio. Porque ele não é contraído para recordar ou para significar a união entre Cristo e a Igreja, mas apenas porque duas pessoas se amam e decidem querer viver juntas. E isto o recordamos remonta ainda a antes da vinda de Cristo. Se fosse por isso então seria necessário estabelecer como ordenanças muitas outras coisas entre as quais também a festa da Páscoa porque ela representa a nossa páscoa, isto é, Cristo, a qual foi imolada por nós. E quem poderia objectar alguma coisa ao facto de Jesus ter comido a Páscoa com os seus discípulos? Mas nós não nos permitimos estabelecer ordenança uma festa judaica como a Páscoa (que foi instituída por Deus como sombra de uma coisa que devia acontecer) só pelo facto de ela ter um inequívoco significado espiritual e porque Jesus mesmo a celebrou em observância à lei mosaica. |
Mas há a dizer também esta coisa, a saber, o facto de os Católicos terem chamado ao matrimónio sacramento é devido a um erro de tradução existente na Vulgata, ou seja, na tradução latina da Bíblia feita por Jerónimo, que é bom lembrar o concílio de Trento decretou que ‘se deve considerar como autêntica nas leituras públicas, nas discussões, pregações e exposições’ (Concílio de Trento, Sess. IV, segundo decreto). O erro é o seguinte: na carta de Paulo aos Efésios está escrito: "Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu falo em referência a Cristo e à igreja" (Ef. 5:28-32), mas na Vulgata a palavra grega mysterion que significa mistério foi traduzida com a palavra latina sacramentum. E assim os Católicos romanos, como Paulo representou o amor que um marido deve ter pela sua mulher com o amor que Cristo manifesta pela sua Igreja que é o seu corpo, ajudados pela palavra sacramentum fizeram o matrimónio tornar-se um sacramento [ 35]. Esta é mais uma prova do quanto pode influir negativamente tanto a má tradução como a má interpretação de um só termo da Palavra de Deus! |
Por quanto respeita depois ao facto de eles dizerem que o matrimónio confere uma particular graça a quem o contrai não é verdade porque segundo a Escritura o matrimónio em si mesmo, não tendo-a, não confere a graça de conviver santamente e de criar cristianamente os filhos. |
Queria fazer agora considerações sobre o matrimónio. |
Como o batismo de crianças não confere nenhuma graça ao bebé porque é sabido que ele não nasce de modo algum de novo mediante esse derramamento de água sobre a sua cabeça; assim da mesma maneira o matrimónio não confere a graça, de que os teólogos papistas falam, aos que o contraem. |
Os Católicos romanos que foram batizados por infusão não tendo ainda crido no Evangelho ainda que casem não podem conviver santamente e não podem criar cristianamente os seus filhos precisamente porque eles próprios não são ainda Cristãos porque vivem sem Cristo. Estão sem Cristo, vivem sem Cristo, como podem portanto cumprir a Palavra de Deus sem a graça de Deus? Só quando nascerem de novo serão capazes com a graça de Deus de viver santamente e de criar os seus filhos na admoestação do Senhor e em toda a disciplina; não antes. Para confirmação disto há todos os testemunhos daqueles casais (de ex-Católicos romanos) que se converteram ao Senhor e entraram assim a fazer parte da família de Deus os quais nos confirmaram ter começado a viver santamente e a criar os seus filhos cristianamente só depois da sua conversão tendo sido impossibilitados de fazê-lo antes por causa do pecado que os dominava e da escravidão da religião católica romana, falsamente chamada cristã. |
Os cônjuges crentes devem conviver de modo digno do Evangelho porque esta é a vontade de Deus conforme está escrito: "Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor" (Col. 3:18), e: "Vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações" (1 Ped. 3:7). E os pais devem criar dignamente os seus filhos conforme está escrito: "E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor" (Ef. 6:4). Todos estes são mandamentos que eles devem observar e os podem observar só com a graça que procede de Deus. Digo que eles podem observá-los com a graça que vem do Senhor porque Jesus disse: "Sem mim nada podeis fazer" (João 15:5). Por certo nós temos o matrimónio em honra como é justo que seja, mas não lhe atribuímos nenhuma graça santificante ou auxiliante como fazem os Católicos romanos, justamente porque ele, não tendo-a em si mesmo, não a confere. E depois, se o matrimónio é um sacramento, como os teólogos papistas dizem, como é que a igreja romana o proíbe aos padres? A resposta é: aos padres o matrimónio não conferiria nenhuma graça! Mas não é porventura esta uma das muitas contradições em que cai a cúria romana interpretando a seu agrado a Palavra de Deus? |
Uma palavra por fim a respeito da afirmação de Jesus ter elevado o matrimónio à dignidade de sacramento nas bodas de Caná da Galiléia. Ela é uma mentira porque a Escritura não diz nada a tal respeito; ela diz apenas que Jesus foi convidado para aquelas bodas com os seus discípulos e que enquanto participava nelas fez o primeiro dos seus milagres, mudou a água em vinho. Eis o que de certo Jesus fez naquelas bodas. |
Dilectos, como podeis ver os teólogos papistas não se rendem perante o facto de em nenhum lugar do Novo Testamento estar dito que Jesus instituiu o sacramento do matrimónio e atribuem a Jesus uma coisa que ele nunca fez para sustentar a sacramentalidade do matrimónio. Ainda uma vez se deve pois constatar quanto prejudicial é dar ouvidos a ensinamentos errados porque isso leva a fazer a Escritura dizer o que ela não diz atribuindo a Jesus ou aos apóstolos palavras e actos que eles jamais disseram e fizeram pondo-se assim contra a Palavra de Deus. |
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Não é de modo
nenhum verdade que o matrimónio civil não é um verdadeiro matrimónio ou é um
matrimónio nulo |
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Era inevitável que a igreja católica romana elevando o matrimónio à condição de sacramento se pusesse a desprezar o matrimónio realizado apenas civilmente sem o seu rito religioso, ou seja, sem a sua função religiosa e benção. O bem vimos; para ela aqueles que não se casam num dos seus lugares de culto mas apenas no cartório renegam abertamente a doutrina de Cristo, fazem um matrimónio nulo pelo que viveriam em pecado e constituiriam uma família sobre o pecado, além de que não poderiam aproximar-se dos seus sacramentos, e quando morrem se lhes deveria negar o enterro religioso. |
Nós rejeitamos tudo quanto eles dizem a tal propósito porque procede do diabo que é pai da mentira. O matrimónio, não sendo uma ordenança ou um rito religioso que Cristo instituiu e do qual deixou a administração dele à sua Igreja, como no caso do batismo e da santa ceia, mesmo se é realizado só no cartório tem todo o valor daquele que é feito num lugar de culto da igreja católica ou num local de culto de uma Igreja evangélica. Digo no lugar de culto da igreja católica porque nós reconhecemos o matrimónio católico mesmo se não partilhamos a sua sacramentalidade, e no local de culto de uma Igreja evangélica porque hoje muitos pastores têm a autorização por parte do Estado de casar e ainda que não partilhemos que um pastor busque esta autorização estatal para se pôr a casar os crentes nós reconhecemos como plenamente válido esse matrimónio. |
A autoridade estatal tem o poder de casar dois cidadãos e como foi ordenada por Deus conforme está escrito: "As autoridades que há foram ordenadas por Deus" (Rom. 13:1) quando duas pessoas são por ela casadas são unidas por Deus e por isso o seu matrimónio é válido. Não importa nada se eles recusarem ir diante de um padre ou diante de um pastor para se casarem, o seu matrimónio permanece válido e quem ousar desprezá-lo porque é privado do rito religioso (seja católico ou evangélico) ou porque não feito exclusivamente diante de um ministro de culto reconhecido pelo Estado tendo poder de casar tem um comportamento errado diante de Deus do qual se deve arrepender. Compreendeis pois por que motivo muitos Católicos que nunca frequentam o seu lugar de culto quando se têm que casar têm que fazer-se casar pelo padre? Porque em caso contrário, isto é, se decidissem casar apenas civilmente, atrairiam a inimizade da igreja papista e as más palavras daqueles Católicos que consideram o matrimónio um sacramento instituído por Cristo pelo que ele é sagrado somente se ministrado por um padre. Também o sacramento do matrimónio portanto serve à cúria romana para manter escravas debaixo de si muitas almas. |
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O controle
dos nascimentos se opõe à Palavra de Deus porque Deus mandou ao homem e à mulher
multiplicarem-se |
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A Escritura diz: "Frutificai e
multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gen. 1:28), e noutro lugar que a
mulher "salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer na fé, no
amor e na santificação com modéstia" (1 Tim. 2:14,15). Estas palavras
fazem claramente compreender que Deus ordena ao homem gerar e à mulher dar à
luz filhos. Ter filhos por isso não é algo de facultativo mas de obrigatório
aos olhos de Deus. Quantos filhos? Quantos Deus quiser dar; não é o marido e
a mulher portanto a decidir quantos filhos ter mas Deus, isto significa que
eles não devem fazer nada para impedir a concepção. Se deixe a Deus fazer o
que Ele quer; que seja ele a impedir que a mulher fique grávida. Nunca se
esqueça que Deus além de ser bom é sábio, justo e capaz de suprir a todas as
necessidades e por isso aqueles cônjuges que confiam inteiramente a ele a
planificação da sua família nunca virão a se arrepender de se terem
abandonado nas mãos de Deus porque não ficarão nem confundidos e nem desiludidos.
É verdade, serão provavelmente chamados (por alguns que se acham sábios e
inteligentes) ingénuos, desprevenidos, animais irracionais, etc. mas isso
acontecerá por causa da justiça e não porque eles são dados ao mal. Os filhos
são uma herança que vem de Deus, e constituem um galardão, e são comparados
pela Escritura a flechas na mão de um homem valente. E os que enchem deles a
sua aljava são declarados bem-aventurados (cfr. Sal. 127:3-5). Sejam pois
postas de lado as enésimas conversas vãs do magistério católico romano que
enganam as pessoas. Ó Católicos romanos até quando ireis atrás desta doutrina
perversa do magistério romano: convertei-vos dos vossos maus caminhos ao
Senhor e ponde-vos a fazer filhos (não vos oponhais a Deus e não vos
preocupeis porque será Deus mesmo a regular o seu nascimento e a providenciar
tudo o que eles necessitam) e a criá-los no temor de Deus! |
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O vínculo matrimonial dissolve-se só com a morte de um
dos dois; só então o homem ou a mulher podem contrair um outro matrimónio sem
se fazerem culpados de adultério |
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Jesus disse: "Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio macho e fêmea, e disse: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mat. 19:4-6); fazendo claramente perceber que o homem não deve separar o que Deus uniu. Não é bastante claro? Mas que vão pois tagarelando os papas quando dizem que eles receberam de Deus o poder de dissolver os matrimónios? O Filho de Deus disse por ordem de Deus: "Não o separe o homem", e o papa dos Católicos diz que em nome de Cristo pode dissolver os matrimónios! Em quem pois devemos crer? No papa? De maneira nenhuma; porque ele mente, como mentiram os seus predecessores. Ele não recebeu de Cristo nenhum poder de dissolver os matrimónios porque Cristo não pode negar-se a si mesmo. Cristo, depois de ter sido elevado ao céu, não mudou de ideias sobre a indissolubilidade do matrimónio, e não revelou a Pedro que ele tinha o poder de dissolver até os matrimónios em certos casos e que devia transmitir este poder aos seus sucessores. Esta é a razão pela qual nós rejeitamos e declaramos uma impostura a afirmação papal que diz que o papa pode dissolver o matrimónio em virtude da autoridade divina recebida de Cristo. Sim, sabemos que o papa usa as palavras que Jesus dirigiu a Pedro: "Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mat. 16:19) para defender a dissolução do matrimónio que ele opera; mas não nos admiramos nada deste seu ilegítimo uso destas palavras de Cristo. Basta considerar que no passado houveram papas como Gregório VII e Inocêncio III que pegaram nestas palavras para sustentar que o papa tinha recebido de Cristo o poder de estabelecer e depor reis e de dissolver os seus súbditos da obrigação de fidelidade para com eles (quando a Escritura afirma para estar sujeito às autoridades civis porque são estabelecidas por Deus), para perceber que não é de admirar aquilo que eles dizem a respeito do poder de dissolver o matrimónio. Mas prescindindo do facto de o papa não ter o poder de dissolver o matrimónio, ou seja, do facto de ele não ter recebido de Cristo a autoridade divina de conceder dispensas para o divórcio nos casos antes citados, queremos dizer algumas outras coisas. |
Antes de tudo Jesus diz em Mateus que "qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério" (Mat. 19:9); e em Lucas: "Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera" (Lucas 16:18), o que significa que o homem tem o direito de deixar a sua mulher só se esta lhe for infiel, e depois de tê-la deixado, enquanto a sua mulher for viva, não tem o direito de contrair um novo matrimónio porque se o fizesse cometeria adultério ele próprio. Portanto a única causa legítima para deixar a própria mulher é o adultério; não se pode deixá-la por outras causas, porque quem o faz, a faz ser adúltera. Mas ainda que a mulher seja repudiada pelo marido com justa razão neste caso, o marido não pode passar a segundas núpcias, porque isso significaria para ele cometer adultério. No caso depois de a mulher se separar do marido ou porque este lhe foi infiel ou por outras razões, diz Paulo: "Que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido" (1 Cor. 7:11). Naturalmente a reconciliação (no caso de o marido lhe ter sido infiel), que implica também voltar a viver com o marido, pode acontecer só no caso de o marido pedir perdão e abandonar o seu pecado. As novas núpcias são proibidas à mulher que se separa do marido também no caso desta separação acontecer por causa da infidelidade do marido; porque a Escritura diz: "A mulher está vinculada [ou ligada pela lei] todo o tempo que o seu marido vive" (1 Cor. 7:39), e também que "enquanto viver o marido, será chamado adúltera, se for de outro homem" (Rom. 7:3). Também neste caso só a morte do marido dissolve o vínculo matrimonial e permite à mulher voltar a casar-se conforme está escrito: "Mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido" (Rom. 7:3). É a morte, e nada mais que dissolve o matrimónio; portanto o papa dos Católicos dá o aval para o adultério quando dá a dispensa para voltar a casar às pessoas que têm o cônjuge ainda vivo. |
Vamos agora confutar alguns destes impedimentos dirimentes. |
A impotência de um dos cônjuges não dá de modo nenhum à outra parte nem o direito de deixar a outra parte, e nem o de se casar de novo, da mesma maneira em que não anula o vínculo matrimonial a esterilidade da mulher ou do homem. Nos encontramos diante do enésimo preceito papista contraditório. |
Também o facto de passar para uma ordem maior da igreja católica romana ou para um dos seus institutos religiosos (ainda que seja errado querer entrar na ordem e nos institutos religiosos) não anula o vínculo matrimonial. A Escritura não diz que se um crente casado recebe do Senhor um particular ministério a cumprir na Igreja, este automaticamente está livre do vínculo matrimonial, ou deve considerar ilícito o uso das núpcias desde o momento que é constituído pelo Senhor nesse ministério. O apóstolo Pedro quando foi estabelecido apóstolo pelo Senhor era casado; mas não declarou o seu matrimónio nulo a partir do momento em que recebeu de Cristo esse ministério. Ele foi constituído por Jesus também bispo porque Jesus lhe ordenou de apascentar as suas ovelhas e isto é confirmado pelo facto de ele dizer na sua primeira epístola de ser um ancião, mas nem por isso o seu matrimónio foi anulado pela ordem divina lhe dirigida pelo Senhor, porque se ele tivesse repudiado a sua mulher por esta razão ele a teria feito adúltera. A igreja católica romana afirma que para servir eficazmente na igreja como padre, é necessário ser liberto do matrimónio já contraído; esta é uma doutrina de demónios. A Escritura não afirma de modo nenhum que um homem não pode servir eficazmente a Deus no ofício de bispo, ou num particular ministério, se for casado; antes devemos dizer que ela por quanto respeita ao ofício de bispo afirma precisamente o contrário, porque diz que o bispo deve ser marido de uma só mulher e deve saber governar bem a sua família. |
Por quanto respeita ao chamado privilégio paulino dizemos que ele é uma invenção (de quem não sabemos) porque não existe. Paulo, dizendo aos Coríntios: "Porque neste caso o irmão, ou a irmã, não estão vinculados" (1 Cor. 7:15), não tem intenção de dizer que se o descrente se separa o crente é livre de se casar, mas disse apenas que nestes casos, isto é, no caso de o descrente não estar mais contente ou disposto a coabitar com o crente e decide separar-se do crente, o crente não é mais obrigado a não deixar o descrente. É necessário estar atento a todos estes privilégios que a cúria romana fez despontar da Bíblia no curso de tempo dando arbitrárias interpretações à Bíblia. Quantos privilégios têm os padres! Quantos privilégios têm os bispos! e quantos ainda mais numerosos privilégios tem o papa! E todos, a seu dizer, estão escritos na Bíblia. |
Por quanto respeita por
fim aos outros impedimentos dirimentes, estamos persuadidos que, segundo o
que ensina a Escritura, também estes não fazem de modo nenhum nulo o
matrimónio. |
No caso do rapto podemos citar uma passagem da lei que mesmo se não diz que o homem pode desposar uma mulher raptada em vista do matrimónio, faz perceber que também um tal matrimónio é legítimo. Está escrito de facto no Deuteronómio: "Quando saíres à peleja contra os teus inimigos, e o Senhor teu Deus os entregar nas tuas mãos, e tu deles levares prisioneiros, e tu entre os presos vires uma mulher formosa à vista, e, afeiçoando-te a ela, quiseres tomá-la por mulher, então a trarás para a tua casa; e ela rapará a cabeça e cortará as suas unhas. E despirá o vestido do seu cativeiro, ficará na tua casa, e chorará a seu pai e a sua mãe um mês inteiro; e depois chegarás a ela, e tu serás seu marido e ela tua mulher" (Deut. 21:10-13). Mas a tal respeito queremos citar também um episódio narrado no livro dos Juízes que fala de matrimónios ocorridos com o rapto da mulher, a fim de demonstrar como o vínculo matrimonial não é de modo nenhum dissolvido pelo rapto da mulher. Tinha havido uma guerra entre os filhos de Israel e a tribo de Benjamim. Milhares de benjamitas tinham sido mortos e muitas das suas cidades tinham sido incendiadas (cfr. Juízes cap. 20). Os filhos de Israel tinham jurado não dar as suas filhas aos benjamitas (cfr. Juízes 21:1), mas depois da guerra os filhos de Israel se arrependeram do que tinham feito a Benjamim e se perguntaram como poderiam conseguir mulheres para os que restaram de Benjamim dado que tinham jurado não lhes dar nenhuma das suas filhas (cfr. Juízes 21:6,7). Descobriram que entre os que tinham subido a Mizpá não estavam os habitantes de Jabes-Gileade, e por isso mandaram exterminar os habitantes daquela cidade junto com as mulheres que tinham tido relações carnais com homem. Entre os habitantes desta cidade acharam quatrocentas moças que não tinham tido relações carnais com homem e as trouxeram ao arraial, a Siló, e depois as deram aos benjamitas (cfr. Juízes 21:8-14). Mas como não eram suficientes para todos (cfr. Juízes 21:14), os anciãos da congregação deram esta ordem aos filhos de Benjamim: "Ide, ponde-vos de emboscada nas vinhas, e vigiai; ao saírem as filhas de Siló a dançar nos coros, saí vós das vinhas, arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló, e ide-vos para a terra de Benjamim ... Assim fizeram os filhos de Benjamim; e conforme o seu número tomaram para si mulheres, arrebatando-as dentre as que dançavam; e, retirando-se, voltaram à sua herança..." (Juízes 21:20,21,23). Seja bem claro porém que estas Escrituras não autorizam o homem a raptar a mulher para casar com ela porque, como podeis ver, elas fazem referência a circunstâncias particulares, mas de qualquer modo consideramos que elas anulam o preceito da igreja romana relativo ao impedimento do rapto. |
No caso do delito é preciso dizer que na Escritura temos um exemplo de como até o homicídio contra o cônjuge alheio não anula o matrimónio estabelecido entre o homicida e o cônjuge que ficou viúvo; é o caso da matança de Urias o heteu por parte de Davi. A Escritura diz que Davi depois de ter cometido adultério com Bate-Seba, a mulher de Urias o Heteu, lhe matou o marido e a tomou por mulher (cfr. 2 Sam. 11:27). Fez nulo o seu matrimónio com Bate-Seba o seu gesto criminoso? De maneira nenhuma. Atenção; não é por isto porém que podemos dizer que Davi fez bem, porque a Escritura diz: "Ouvindo, pois, a mulher de Urias que seu marido era morto, o chorou. E, passado o tempo do luto, mandou Davi recolhê-la a sua casa: e ela lhe foi por mulher, e lhe deu um filho. Mas isto que Davi fez desagradou ao Senhor" (2 Sam. 11:26,27). E pouco tempo depois Deus puniu severamente Davi pelo adultério e pelo homicídio de que ele se tinha feito culpado; lhe prometeu que a espada nunca se afastaria da sua casa, que suscitaria da sua própria casa o mal sobre ele, que tomaria as suas mulheres e as daria ao seu próximo, e por fim que a criança que Bate-Seba lhe tinha dado certamente morreria. Portanto, apesar do delito de Davi não ter anulado o seu matrimónio, ele foi punido por Deus por ele. Deus é justo, e ele vinga o sangue de todos aqueles que são mortos por causa da sua mulher. |
Para terminar este discurso sobre o divórcio católico julgo ser necessário dizer que os Católicos romanos para obter a dissolução do vínculo matrimonial, e poder assim passar a novas núpcias (não passam a novas núpcias somente os clérigos), devem obter da igreja romana a sentença de nulidade do matrimónio que custa alguns milhões (em Roma 4 milhões e meio de liras). Em Itália a ‘Sacra Rota’ concede todos os anos cinco mil sentenças de nulidade, enquanto no inteiro mundo católico todos os anos ‘são julgados nulos pelo menos 70 mil matrimónios’ (Il Messaggero , 6 Aprile 1997, pag. 10). Como podeis ver para o papado esta sua ‘potestade’ de dissolver os matrimónios é uma fonte de ganho desonesto. |
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Os
Matrimónios mistos são uma armadilha do diabo para fazer desviar da fé e da
verdade os santos |
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Por matrimónio misto ou interconfessional se entende um matrimónio entre um crente e uma incrédula, neste caso específico entre um crente e uma católica romana. Naturalmente se aquele que leva o nome de Evangélico ou Protestante não é nascido de novo também ele não é ainda um crente e portanto o matrimónio com a católica romana será um matrimónio entre incrédulos. Seria um matrimónio misto só de nome mas não de facto porque ambos estão ainda debaixo do poder do diabo ainda que digam pertencer a duas confissões religiosas diferentes. |
Irmãos, sabei que por aquilo que diz a Escritura é proibido a um crente casar-se com uma incrédula porque Paulo diz: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente.." (2 Cor. 6:14-16). Portanto vos exorto a vós que procurais mulher de procurá-la entre as filhas de Deus e não entre as incrédulas porque esta é a vontade de Deus para convosco. Lembrai-vos que vós sois o templo de Deus e que em vós mora o Espírito de Deus que anseia por nós até ao ciúme, e que portanto não podeis ter comunhão com uma mulher que ainda é um templo de ídolos. Me explico: em vós mora Deus porque está escrito: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Cor. 3:16), portanto como entre o templo de Deus e os ídolos como Maria, António, José e outros que uma mulher levantou no seu coração não há nenhuma comunhão, assim vós inevitavelmente não podeis andar de acordo com uma católica romana que vai atrás dos ídolos mudos. Uso um outro termo de comparação para fazer-vos compreender quanto é ilusório pensar casar com uma idólatra e conduzir depois uma vida feliz com ela. Ora, vós sabeis que o Pai de todos os que creram em Cristo é Deus, mas vós sabeis também que o pai de todos os que ainda não nasceram de novo é o diabo. Portanto como Deus não entra de modo algum em acordo com Satanás que lhe é adversário, assim também um filho de Deus não pode andar de acordo com uma mulher que ainda está debaixo do poder de Satanás, porque ela, estando debaixo do seu poder, é inclinada a fazer o mal e a falar mal. |
Vos recordo também que debaixo da lei Deus ordenou aos filhos de Israel para não casarem com mulheres pertencentes aos povos idólatras conforme está escrito: "Não te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos; pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós..." (Deut. 7:3,4). Como podeis ver Deus sabia que se os filhos de Israel se casassem com mulheres estrangeiras que iam atrás dos ídolos elas depois os fariam deixar de seguir e servir a Deus, e por isso deu esta ordem. Ora, é verdade que nós não estamos debaixo da lei, é verdade que as mulheres católicas não vão atrás de Milcom, de Astarote, ou de Baal, mas é também verdade que uma mulher católica romana vai atrás de ídolos mudos que representam Maria e outras personagens do passado e os serve, portanto esta ordem dada aos filhos de Israel a podemos aplicar também a nós que estamos debaixo da graça. O repito: Deus não quer que nós seus filhos nos casemos com adoradoras e com servas dos ídolos da igreja romana porque sabe que elas por certo perverteriam o nosso coração e o desviariam de servir e seguir o Senhor. Em suma fariam em relação a nós o que as mulheres estrangeiras fizeram em relação ao rei Salomão conforme está escrito que "suas mulheres lhe perverteram o coração. Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como fora o coração de Davi, seu pai" (1 Re 11:3,4). E vós sabei que por este motivo Deus se indignou contra Salomão e o puniu rasgando-lhe o reino e dando-o ao seu servo (cfr. 1 Re 11:9-13). Cuidai de vós mesmos: não vos apoieis no vosso discernimento dizendo no vosso coração: ‘Mas no fundo, no fundo, é uma excelente rapariga apesar de ainda não ser convertida; estou seguro que depois com o tempo se converterá!’, porque este mesmo raciocínio perverso o fizeram antes de vós aqueles crentes que quiseram seguir o seu coração e não o Senhor, casando-se com raparigas católicas romanas, e agora estão cheios de ais e dores, e conduzem uma vida infeliz. Desapareceram das reuniões da Igreja porque abandonaram a comum congregação; desprezaram a Palavra do Senhor, e eles que pensavam converter a sua mulher ao Senhor se converteram ao curso deste mundo; voltaram às salas de dança, voltaram aos cinemas, voltaram aos estádios a aclamar a equipa de futebol, voltaram a agir perversamente, voltaram ao lugar de culto da igreja católica a assistir às pomposas funções religiosas desta pseudo-igreja e tudo isto por causa de um matrimónio com uma infiel, matrimónio que não deveriam ter contraído para o seu bem. |
Se um padre está disposto a casar uma sua paroquiana com um crente lavado com o sangue do Cordeiro, um pastor (aquele que pode, segundo a lei italiana ou portuguesa ou brasileira etc., sendo a sua nomeação de ministro de culto aprovada pelo Governo, celebrar matrimónio com efeitos civis) não deve por nenhuma razão aceitar casar uma ovelha do Senhor confiada à sua vigilância com uma católica romana porque neste caso consentiria em um matrimónio injusto que terá nefastas consequências na vida do teimoso crente. Nesta circunstância o pastor deve obedecer ao mandamento que Paulo deu a Timóteo: "Não participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro" (1 Tim. 5:22) e por isso deve recusar-se a casá-los. Mas queremos também dizer que um pastor, que é verdadeiramente tal, deve dissuadir com palavras persuasivas os crentes solteiros de se casarem com infiéis para evitar que eles se prendam a um jugo desigual. O matrimónio não é algo a tomar com ligeireza como muitos fazem, porque por meio dele a nós se une uma mulher carnalmente e se passa a ser uma só carne com ela; e depois porque ele se dissolve só com a morte de um dos dois cônjuges e de nenhuma outra maneira. O que equivale a dizer que um crente que se casa não pode pôr-se a pensar: ‘Mas, se correr mal há o divórcio e posso me voltar a casar’, porque divorciar-se da sua mulher e casar com uma outra mulher significa cometer adultério. |
Irmãos que estais encarregados de apascentar o rebanho do Senhor, soai a trombeta no seio da Igreja de Deus a fim de que os jovens crentes não fiquem enganados pelas palavras doces e lisonjeiras das infiéis que Satanás manda ao meio do povo de Deus para seduzir os filhos de Deus e fazê-los afastar do Senhor. E vós, irmãos solteiros e irmãs solteiras, tende plena confiança no Senhor e pedi a ele o vosso cônjuge; Ele é fiel e vos concederá também o cônjuge crente que é justo para vós. Mas vos conjuro em nome do Senhor: ‘Não vos prendais com os infiéis para o bem da vossa alma!’. |
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CONCLUSÃO |
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Como pudemos ver a igreja católica possui uma teologia sacramentária toda particular. Resumindo os pontos principais dela. A criança poucos dias após ter nascido é batizada e feita cristã, pela infusão de uma água que tem o poder de cancelar os pecados; esta água naturalmente opera a mesma coisa também quando é derramada sobre um batizando adulto. Depois do batismo, vem o crisma com o qual o batizado recebe o selo do Espírito Santo; isto porque um sucessor dos apóstolos, vale dizer um bispo, impõe-lhe as mãos e invoca sobre os batizados o Espírito Santo. Depois disso o batizado começará a tomar a comunhão, que não é mais que o próprio Cristo, porque o padre que recebeu a ordem transforma com palavras o pão em verdadeiro corpo sangue e divindade de Cristo. Esse pão tem o poder de lhe perdoar os chamados pecados veniais e de preservá-lo dos chamados mortais. Mas além disso ele terá que se ir confessar ao padre para obter a remissão dos pecados ‘mortais’ cometidos, porque sem a absolvição do padre iria para o inferno. O padre tem esta autoridade porque lhe foi conferida pelo sacramento da ordem. O Católico praticante, assustado, não deixará pois de ir confessar-se ao padre para receber a sua absolvição. Mas depois de ter recebido a absolvição ele terá que fazer obras de satisfação para obter plena remissão dos seus pecados, e lucrar as indulgências. E portanto, ele se dedicará a praticar para ganhar o perdão divino dando dinheiro às missões católicas, ajudando os padres nas paróquias, indo fazer peregrinações, recitando orações todos os dias, jejuando, etc. Mas apesar disso ele jamais poderá dizer de estar salvo, de estar certo de ter os seus pecados perdoados, porque dizer uma semelhante coisa é presunção. Com o sacramento do matrimónio, naturalmente para ser sacramento tem de ser celebrado por um padre, o Católico receberá a graça de viver santamente e de criar cristianamente os seus filhos. No caso depois se decidisse renunciar ao matrimónio, para ser padre, tanto melhor; porque sumamente importante é o ofício de padre. Quando depois se encontrar gravemente doente haverá a extrema unção com a qual lhe serão perdoados todos os pecados, mesmo os que ele não tiver confessado, porque porventura estará em coma profundo e irreversível. Mas depois de tudo isto não poderá ir logo para o céu depois de morto. O espera o purgatório, lugar terrível, onde tem de ir pagar o resíduo de pena temporal que ‘nós pobres pecadores’ - dizem os padres - temos. Mas a igreja o sossega; no purgatório não estará lá para sempre, pois lhe virá em auxílio com a missa, verdadeiro sacrifício de Cristo que o padre faz todos os dias em favor dos vivos e dos mortos, e com esmolas, e com as indulgências. Mediante estas coisas ser-lhe-ão aliviadas as penas, e depois será feito sair desse cárcere! |
A este ponto eu pergunto a vós que vos destes ao ecumenismo com os Católicos: como pensais andar de acordo com os Católicos sabendo todas estas coisas? Não vos dais conta de que por qualquer que seja o ponto que tomeis do catolicismo a doutrina dos sacramentos, assim concebida por eles, jamais a podereis evitar porque a salvação ‘romana’ passa forçosamente por esta estrada dos sacramentos como sinais eficazes da graça que representam e conferem? Não percebeis que, em virtude desta sua doutrina sobre os sete sacramentos (cito só esta porque basta só esta), é impossível pensar andar junto com os Católicos? Mas não vos dais conta que tereis a ver com pessoas escravas de um sistema sacramental que leva direito ao inferno e do qual portanto elas têm que ser libertadas se quiserem herdar o reino de Deus? |
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NOTAS |
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[1 ] A doutrina dos sete sacramentos remonta ao décimo segundo século quando Pedro Lombardo nas suas sentenças enumerou os sete sacramentos. Por isso os teólogos papistas não podem provar nem com as Escrituras e nem com os escritos dos seus pais (Agostinho, Jerónimo, etc.) esta doutrina. Porém como é habitual justificam a falta de tais confirmações com o enésimo sofisma. Bartmann por exemplo afirma que ‘a razão mais profunda da deficiência nas fontes cristãs primitivas e patrísticas acerca do número septenário dos sacramentos, e também acerca de uma qualquer enumeração deles, consiste evidentemente na falta de uma elaboração sistemática da doutrina sacramental..’ (Bernardo Bartmann, Teologia dogmatica, vol. III, pag. 62). Em outras palavras os apóstolos (e também os chamados pais da Igreja) não teriam exposto a doutrina dos sete sacramentos porque não a elaboraram de maneira sistemática como fizeram depois os sumos doutores papistas do décimo segundo século em diante! |
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[2 ] Fazemos notar que este anátema atinge até alguns chamados pais da Igreja como Ambrósio, Agostinho e Crisóstomo para os quais os sacramentos não eram sete mas menos. |
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[3 ] A propósito da conferência da graça por parte dos sacramentos os teólogos papistas usam a expressão ex opere operato que é explicada por Bartmann nestes termos: ‘Os sacramentos operam não em virtude da santidade de quem os administra ou do esforço moral e religioso de quem os recebe, mas ‘por intrínseca virtude, visto que são acções do próprio Cristo, que comunica e difunde a graça da Cabeça divina nos membros do Corpo místico (Enc. Mediator Dei)’ (Bernardo Bartmann, op. cit., pag. 36). Eis por que na igreja católica o batismo é ministrado aos bebés que não podem ainda perceber ou crer, e por que a absolvição e a extrema unção são dadas também aos que já estão sem sentidos; porque é ensinado que essas acções conferem de per si a graça sem a necessidade do consentimento de quem as recebe. E contra quem não aceitar esta doutrina há o seguinte anátema tridentino: ‘Se alguém disser que pelos sacramentos da Nova Lei não se confere a graça só pela sua recepção (ex opere operato), mas que para receber a graça é suficiente só a fé na promessa divina; seja anátema’ (Concílio de Trento, Sess. VII, can. 8). |
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[4 ] O batismo
portanto não regenera quem o recebe porque ele já foi regenerado pela Palavra
de Deus por ele recebida por fé antes de submeter-se ao batismo e como
necessita de ser precedido pela fé do batizando para ser válido não pode ser
ministrado a bebés. E a ceia do Senhor não aumenta a graça e não perdoa nenhum
pecado porque com ela se recorda a morte do Senhor e se tem comunhão com o
seu corpo e o seu sangue. Também neste caso é preciso a fé para poder
participar na ceia do Senhor e discernir o seu corpo pelo que ela não se pode
dar a bebés que não têm ainda a fé e não podem discernir o corpo do Senhor.
Em ambas as ordenanças portanto se compreende como o conceito de ex opere
operato (isto é, que não é necessário o consentimento moral ou religioso
de quem as recebe) não subsiste porque elas não têm as virtudes que dizem os
Católicos e porque se falta o consentimento do receptor a ordenança é nula.
Outra coisa é se o receptor do batismo ou da ceia do Senhor tem a fé, e quem
administra o batismo ou a ceia do Senhor é um ministro que não se conduz de
maneira digna do Evangelho (por exemplo pode ser um homem que com o
desconhecimento do crente comete fornicação ou adultério ou tem fora do local
de culto uma conduta reprovável), porque neste caso quem foi batizado ou
comeu o pão e o vinho recebeu as ordenanças de maneira válida estando
presente a fé nele que as recebeu. Em outras palavras a conduta indigna do
ministro ministrador das ordenanças não invalida as ordenanças. |
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[5 ] As crianças começaram a ser batizadas no segundo século no Egipto. Dali com o passar do tempo este uso se difundiu um pouco por todo o lado. No século V o pedobatismo (ou seja o batismo de crianças) consolidou-se graças à ideia que já muitos tinham do batismo, isto é, que era uma espécie de acto mágico que operava também nos bebés que não podiam compreender, e também ao ensinamento de Agostinho de Hipona que afirmava que, dado que o batismo cancelava os pecados e as crianças nasciam com o pecado nelas mesmas, as crianças que morriam sem batismo iam para o inferno. |
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[6 ] A doutrina do limbo como lugar para onde estão destinadas a ir as crianças que morrem sem batismo nasceu na idade média e tomou o lugar da que dizia que elas iam para o inferno. O termo limbo deriva do latim limbus que significa ‘orla, extremidade, borda’. |
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[7 ] Alguém porventura dirá que neste caso dado que por recepção do Espírito se deve entender o batismo com o Espírito Santo, alguém para ser definido um filho de Deus antes de receber o batismo com água deve ser batizado com o Espírito Santo. Mas isso não corresponde à verdade porque alguém que creu, ainda antes de ser batizado na água, tem uma medida de Espírito Santo no seu coração que lhe testifica com o seu espírito que ele é um filho de Deus. O Espírito Santo, de facto, não importa em que medida está presente no crente lhe testifica a mesma coisa, ou seja, que ele tornou-se um filho de Deus. Quando o crente é batizado com o Espírito ele é cheio de Espírito Santo, ou seja, recebe uma medida maior de Espírito Santo, mas o testemunho do Espírito nele permanece o mesmo. O que muda é que ele ficará em posse de um poder que antes não tinha porque não tinha ainda o Espírito Santo na sua plenitude. |
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[8 ] Como portanto no crisma aconteceria a efusão do Espírito Santo sobre os crismandos, para compreender o que é o batismo com o Espírito Santo para os católicos carismáticos, muitos dos quais afirmam ter começado a falar em línguas quando o receberam em adultos muito tempo depois do crisma, veja-se a parte onde falo da sua doutrina sobre o batismo com o Espírito Santo. |
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[9 ] O termo deriva do grego chrisma que significa ‘unção’, do qual veio o nome de crisma dado a este seu rito. No Novo Testamento este termo está presente neste versículo: "E quanto a vós, a unção (chrisma) que dele recebestes fica em vós... mas, como a sua unção (chrisma) vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei" (1 João 2:27). |
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[10 ] "E tomando pão, e havendo dado graças (verbo grego: eucharisteo ) partiu-o...." (Lucas 22:19); "E tomando um cálice, rendeu graças (verbo grego: eucharisteo), e deu-lho..." (Mat. 26:27). |
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[11 ] Sacrifício instituído pelo próprio Jesus Cristo porque Perardi diz: ‘Jesus Cristo instituiu a Eucaristia, para que estivesse na Missa o sacrifício permanente do Novo Testamento’ (ibid., pag. 476). |
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[12 ] O nome missa deriva do latim Missa (p. pass. de Mittere ‘mandar’) que era parte da fórmula de despedida com que os sacerdotes pagãos no fim das suas funções despediam o povo: Ite, Missa, est que significava ‘Ide, foi mandado’. |
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[13 ] Como nem todos os lugares de culto da igreja católica se podem chamar basílicas porque ‘as Basílicas são Igrejas célebres também como importância material, - que pelo Papa foram honradas de tal título’ (Giuseppe Perardi, Manuale del Catechista, Padova 1962, pag. 643), e como nenhum deles se pode chamar sequer Igreja porque a Escritura ensina que a Igreja é a assembleia dos resgatados do presente século mau e portanto um edifício não feito de pedras, tijolos ou cimento, mas um edifício espiritual que tem de servir de morada a Deus (cfr. Ef. 2:22; Actos 12:5; Rom. 16:5) decidi chamá-los simplesmente lugares de culto e de vez em quando basílicas quando o título de basílica lhe é reconhecido pelos Católicos romanos ou me refiro aos lugares de culto do período histórico em que eram todos denominados basílicas. |
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[14 ] Tendo presente que naquele tempo Inocêncio III (1198-1216) perseguia de morte os Albigenses, os Valdenses e os Cátaros, e tinha ordenado denunciá-los sob pena de excomunhão, não surpreende que ele tenha pensado tornar a confissão ao padre obrigatória. Porque desta maneira ele podia vir a saber quem eram e onde habitavam os que dissentiam da igreja católica para os poder exterminar. E que esta é a razão que levou a tornar obrigatória uma coisa que até àquele tempo tinha sido facultativa nos o diz o seguinte facto. O concílio de Tolosa em 1229 estendeu o preceito de Inocêncio III, ordenando que a confissão fosse feita três vezes por ano, dizendo que emanava aquele decreto para poder mais eficazmente destruir a heresia e que declarava suspeitos de heresia aqueles que não se confessassem três vezes por ano. |
Por quanto respeita à história da confissão auricular a fazer-se ao padre ei-la em seus pontos mais importantes. Durante os primeiros séculos, na Igreja começou-se a prescrever que aquele que caísse em algum dos pecados para os quais a Igreja tinha estabelecida uma penitência em sinal de arrependimento, confessasse o seu pecado na reunião e fosse depois sujeito à penitência canónica. Em outras palavras inicialmente a confissão para alguns pecados acontecia publicamente e depois dela o bispo atribuia ao penitente a penitência prescrita pelos cânones sinodais que variava conforme o pecado cometido; e depois de o penitente ter passado por todos os graus da sua punição (que podia durar muitos anos) era reconciliado com a Igreja e admitido na ceia do Senhor. A reconciliação acontecia pela imposição das mãos do bispo sobre o penitente e pela oração do bispo em prol dele para que Deus aceitasse a sua penitência e o restituísse à Igreja. Esta cerimónia não consistia numa absolvição do penitente porque considerava-se que este só podia ser absolvido por Deus, só ele de facto tinha o poder de perdoar os pecados; em outras palavras o bispo não absolvia o penitente como hoje se sabe o padre faz na confissão mas apenas intercedia junto de Deus por ele. Mas com o passar do tempo desenvolvendo-se a doutrina do poder das chaves esta intercessão tornar-se-á absolvição pelo que será atribuído ao bispo o poder de reconciliar o penitente com Deus além de com a Igreja. Como dissemos antes, a confissão era pública. Como aconteceu então que de pública ela se tenha tornado privada? Desta maneira. Quando na segunda metade do terceiro século surgiu a questão dos lapsi, ou seja, daqueles que tinham caído na idolatria durante a perseguição que houve sob o imperador Décio, os quais pediam para ser readmitidos na comunhão e a Igreja aceitou readmiti-los depois de terem feito também eles a confissão pública do seu pecado, então o número dos penitentes tornou-se tão grande que o culto teve que alongar-se por muito tempo. Os bispos então fizeram naquela ocasião um cânone no qual ordenaram que se escolhesse entre os anciãos um homem sábio que ouvisse as confissões dos penitentes e lhes impusesse a penitência estabelecida pelos cânones conforme o pecado. Este ancião foi chamado penitenciário. Eis então quais foram as circunstâncias em que se teve o princípio da confissão auricular privada a um homem. No fim do quarto século porém esta confissão foi abolida. O motivo nos diz o historiador Sócrates: ‘No mesmo tempo (ano 383) agradou abolir os padres das igrejas, que presidiam à penitência, pela seguinte razão. Depois que os Novacianos se tinham separado da Igreja por não querer comungar com os que na perseguição de Décio, tinham apostatado, desde esse tempo os bispos acrescentaram ao álbum eclesiástico um padre penitenciário; para que os que tinham pecado depois do batismo, confessassem os seus pecados diante do padre para isso estabelecido. Cuja instituição também agora se mantém em outras seitas. Somente os Homousianos (assim eram chamados aqueles que tinham aceite a definição do concílio de Nicéia sobre a divindade de Cristo Jesus) e os Novacianos que convêm na fé daqueles, rejeitaram o padre penitenciário. Ou melhor, os Novacianos nem por princípio quiseram admitir este acréscimo. Mas os Homousianos, os quais agora mantêm as igrejas, tendo por algum tempo conservado esta instituição, finalmente, no tempo de Netário bispo, a ab-rogaram por causa de um certo delito cometido na igreja’. O delito em questão foi o seguinte. Uma nobre senhora de Constantinopola confessou ter cometido adultério com um certo diácono daquela igreja; o facto por ela confessado porém veio ao conhecimento de todos, pelo que se decidiu abolir a confissão pelo mal que derivava dela. Esta abolição da confissão privada a fazer-se ao padre está a indicar como ela não era considerada pelos bispos de então de instituição divina e necessária à salvação como, ao contrário, é feito crer hoje. Mas por volta de 450, o bispo de Roma Leão I começou a introduzir na igreja romana o uso da confissão ao penitenciário. E com o passar do tempo ela se foi cada vez mais difundindo no Ocidente. No nono século, segundo diversos testemunhos católicos, a confissão auricular ao padre era simplesmente um uso mas não era ainda absolutamente obrigatória e o padre não dava a absolvição que nós conhecemos hoje porque não era ensinado que ele tivesse a autoridade de perdoar os pecados e portanto a confissão não era indispensável para a salvação. Num cânone do concílio de Chalons realizado em 813 se lê: ‘Alguns dizem que é necessário confessar os próprios pecados a Deus, outros dizem que é necessário confessá-los ainda aos padres’. No século doze os teólogos papistas passaram a fazer da confissão ao padre uma doutrina ensinada pela Escritura mas entre eles haviam muitas divergências a respeito da sua instituição (alguns diziam que era de direito divino enquanto outros que era um preceito eclesiástico), e do poder do padre (alguns diziam que o padre perdoava os pecados enquanto outros diziam que ele os declarava apenas perdoados por Deus). Em outras palavras não havia ainda uma doutrina estabelecida sobre a confissão; de qualquer modo foi-se lentamente manifestando e fortalecendo-se cada vez mais a ideia que tivesse sido instituída por Cristo e que o padre tivesse o poder divino de perdoar os pecados, pelo que ela era obrigatória. A confissão, como vimos, tornar-se-á obrigatória no século treze sob Inocêncio III. Tornar-se-á depois oficialmente sacramento no concílio de Florença de 1439 que a incluiu entre os sacramentos instituídos por Jesus Cristo. |
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[15 ] Para perceber o uso que no passado os papas fizeram da indulgência plenária citamos os seguintes factos históricos. No concílio de Clermont em 1095 Urbano II para incentivar os Católicos romanos a participar na primeira cruzada contra os Muçulmanos, que controlavam os lugares sagrados na Terra Santa, proclamou que a peregrinação armada à Terra Santa (em outras palavras, cumprir com o fim de tirar os lugares sagrados das mãos dos Muçulmanos) equivaleria a uma penitência por todos os pecados que os peregrinos confessassem e dos quais se arrependessem. Isto equivaleu a dizer que os peregrinos podiam abandonar-se à violência e prepotências de todo género que no fim obteriam do seu papa o condão da penitência merecida por todas as suas transgressões: e, de facto, isto foi o que aconteceu naquela primeira cruzada, os peregrinos durante a viagem para a terra Santa exterminaram milhares de Hebreus (que juntamente com os Muçulmanos eram fortemente odiados pelos papas) e chegando a Israel cometeram massacres sangrentos para libertar Jerusalém da mão dos Turcos. Quando depois a igreja católica romana, para exterminar os ‘heréticos’, instituiu a Inquisição o papa concedia a indulgência plenária aos que levavam a lenha para erigir a fogueira destinada aos ‘heréticos’. O que queria dizer declarar a participação na morte de um ‘herético’ uma obra piedosa digna do maior respeito. |
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[16 ] As indulgências remontam ao século onze. Em breve, a sua história é esta. Antigamente a Igreja começou a infligir uma penitência (punições) aos que caíam em determinados pecados (idolatria, homicídio, fornicação, adultério) antes de ‘absolvê-los’ e readmiti-los na comunhão. A duração da penitência era proporcionada à qualidade de cada culpa, e tal duração era dividida em vários estádios. O primeiro estádio chamava-se fletus ou pranto; o penitente vestido com um saco e coberto de cinzas devia ficar diante da porta do local de culto, porque não podia lá entrar, e pedir aos que lá entravam que orassem por ele. O segundo estádio chamava-se auditio ou escutar; o penitente podia entrar no local de culto mas tinha que estar perto da porta e no fim da pregação, antes de começar as orações, tinha que sair do local de culto. O terceito grau chamava-se substratio ou inclinado; o penitente tinha que estar de joelhos todo o tempo que se faziam orações por ele, e durante este período tinha que fazer certos trabalhos como por exemplo varrer o local de culto. O quarto estádio era chamado consistentia ou permanência; o penitente podia entrar no local de culto e participar do culto, mas não na ceia do Senhor. Depois de ter superado este estádio o penitente era admitido na ceia do Senhor, a seguir à cerimónia da reconciliação feita pelo bispo pela imposição das mãos. A pouco e pouco àqueles pecados vistos acima foram acrescentados outros com as relativas penitências a expiar. Se vieram assim a formar os Cânones Penitenciais que eram a regra que o bispo tinha que seguir ao infligir as penitências nos diversos casos que se apresentavam. Por exemplo segundo um destes cânones quem trabalhava ao Domingo devia estar 3 dias a pão e água, um outro cânone dizia que quem amaldiçoava os pais devia estar a pão e água por 40 dias, um outro ainda que quem lhes batia devia fazer 7 anos de penitência, para quem cometia um ‘pequeno’ furto havia 1 ano de penitência, para quem testemunhava falsamente haviam 8 anos de penitência e para quem não pagava os dízimos a punição era ter que pagar o quádruplo e estar a pão e água por 20 dias. O bispo porém podia a seu agrado diminuir aos anos de penitência conforme a conduta do penitente; este alívio de pena era chamado indulgência . Mas como muitos, por causa de vários seus pecados cometidos, tinham acumulado tantos anos de penitência que não lhes chegaria a vida na terra para expiá-la, então os bispos pensaram em comutar a pena com dinheiro e como naquele tempo nasceram as cruzadas contra os Turcos para lhes ir tirar das mãos os lugares sagrados quem pegava em armas para ir combater os Turcos recebia a remissão de toda a pena por expiar enquanto quem não podia ou não queria ir combater podia resgatar toda a pena pagando com dinheiro que serviria para a cruzada. Mas com o passar do tempo tinha-se fortalecido a doutrina do purgatório, que vem oficializada no concílio de Florença (1439), pelo que a indulgência começou a ser aplicada também às almas que se dizia estarem nele a expiar os seus pecados. Eis surgir portanto as indulgências papais para os mortos na metade do século XV. Em 1457 Calisto III (1455-1458) concedeu ao rei Henrique IV de Castela uma indulgência plenária para os vivos, e para os que pagassem 200 maravedi para a cruzada contra os Mouros, uma indulgência para os defuntos. E Sisto IV (1471-1484) em 1476 concedeu para a catedral de Saintes (França) uma bula, válida por 10 anos, com indulgência plenária para os vivos e também para os defuntos. |
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[17 ] Por simonia os Católicos entendem o tráfico de coisas sagradas com objectivo de lucro. O simoníaco é aquele que vende ou compra ‘ofícios sagrados’, etc. |
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[18 ] Aliás, se um homem contraiu dívidas com o Criador, porque infringiu a sua lei, é natural e lógico que ele deva ir directamente a Ele pedir a remissão delas porque só Ele as lhe pode perdoar. Como poderia uma sua criatura, ainda que se tenha tornado em Cristo um seu filho e talvez mesmo um ministro do Evangelho, ter o poder de perdoar a uma outra criatura essas suas dívidas que ele tem para com o seu Criador? |
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[19 ] O seu comportamento é compreensível: temeu o seguinte anátema do concílio de Trento: ‘Se alguém disser que os presbíteros da Igreja, que S. Tiago admoestou fossem chamados para ungir os enfermos, não são os sacerdotes consagrados pelo bispo, mas os anciãos de toda a comunidade, e que portanto o verdadeiro ministro da Extrema Unção não é somente o sacerdote, seja anátema’ (Sess. XIV, can. 4). |
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[20 ] Hierarquia é uma palavra grega que significa ‘sacro principado’. Aqueles que fazem parte dela são ditos clérigos (de uma palavra grega que significa ‘sorte’), todos os outros, pelo contrário, são chamados leigos (de uma palavra grega que significa ‘povo’). |
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[21 ] O
candidato ao episcopado deve, entre outras coisas, ter pelo menos 35 anos de
idade e ser há pelo menos 5 anos padre. O bispo está à cabeça de uma diocese que é composta de muitas paróquias
confiadas aos padres. |
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[22] Os
cardeais são elementos de primário valor na cúria papal. Cada cardeal é ‘um
príncipe hereditário’ porque é um potencial futuro papa e onde quer que vá é
objecto de grandes honras. A cúria papal é composta pela Secretaria de
Estado, pelo Conselho para os negócios públicos da igreja, pelas
Congregações, pelos Tribunais e por outros organismos. Os primeiros dois
dicastérios são os que colaboram mais com o papa seja para os assuntos
eclesiásticos seja para os diplomáticos. As Congregações (que são comissões
estáveis que assistem o papa, que dependem substancialmente da Secretaria de
Estado e em cada uma das quais há um cardeal em veste de prefeito, assistido
por um secretário e por um subsecretário) são: a Congregação para a Doutrina
da Fé (outrora chamada, primeiro Santa Inquisição e depois Santo Ofício) que
se ocupa da defesa da fé católica contra toda a doutrina ou interpretação que
possa contaminá-la; a Congregação para as igrejas orientais (superintende
tudo quanto respeita às dioceses de rito oriental); a Congregação para os
bispos (nomeia bispos e prelados); a Congregação para o culto divino e para a
disciplina dos sacramentos (ocupa-se da disciplina dos sacramentos e da
liturgia da igreja de rito latino); a Congregação para o clero (superintende
ao património artístico das chamadas igrejas e provê a assistência de padres
velhos e doentes); a Congregação para os institutos de vida consagrada e para
as sociedades de vida apostólica (superintende à disciplina, aos estudos e na
prática à vida quotidiana dos padres, dos frades e das freiras, promovendo
renovamentos também no hábito); a Congregação para a evangelização dos povos
ou ‘De Propaganda Fide’ (ocupa-se da difusão do catolicismo no mundo, preside
ao governo das missões, recrutando missionários, recolhendo e gerindo os
relativos fundos); a Congregação para as causas dos santos (examina as causas
de beatificação e canonização, controlando provas, testemunhos, milagres
enviando depois a documentação ao papa para a decisão final); a Congregação
para a educação católica (preside a todas as escolas para a formação da
juventude leiga sujeita à autoridade eclesiástica). |
A estas congregações devem
ser acrescentados o Pontifício conselho para a promoção da unidade dos
Cristãos (que se ocupa do diálogo ecuménico com os chamados irmãos separados)
que antes se chamava Secretariado para a União dos Cristãos; o Pontifício
conselho para o diálogo inter-religioso (que se ocupa de favorecer as
relações amigáveis da igreja católica com os seguidores das religiões não
cristãs); e outros Conselhos Pontifícios. |
Os Tribunais são três: o Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica (o tribunal supremo da igreja; é uma espécie de Corte de Cassação da igreja); o Tribunal da Rota Romana (o tribunal que trata todas as questões respeitantes a nulidade dos matrimónios); a Penitenciaria apostólica (que superintende a tudo o que diz respeito às concessões e ao uso das indulgências). |
Há depois também as Comissões, os Comités, e
depois os Ofícios administrativos e as Instituições culturais (que não
menciono singularmente). |
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[23 ] Antigamente o bispo de Roma era eleito pelos padres em união com os fiéis. Depois com o passar do tempo, dado que a Igreja acabou por aliar-se com o poder civil para ter privilégios e protecções, aconteceu que as autoridades civis se intrometeram na eleição do papa. Em alguns casos foi o imperador a eleger o papa directamente ou indirectamente, fazendo mais ou menos os interesses dos nobres de Roma; outras vezes o controlo sobre a eleição o tomou o Senado da cidade, ou um soberano; diminuindo assim a participação do povo. Em 1059 Nicolau II com a bula In nomine Domini decretou que seriam os cardeais bispos a escolher o papa; os outros purpurados (os cardeais não bispos) dariam a sua adesão. O baixo clero e o povo dariam depois o seu consentimento. Alexandre III desde 1179 estendeu o privilégio de eleger o papa a todos os cardeais, ou seja, também aos que não eram bispos. Além disso este papa estabeleceu que para ser eleito papa era preciso receber dois terços dos votos do colégio cardinalício; regra que ainda hoje está vigente. Mas não é que os soberanos deixassem de interferir nas eleições dos papas. Basta considerar por exemplo que durante o conclave de 1903 para eleger o sucessor de Leão XIII aconteceu que um dia ‘imediatamente após aberta a reunião, o cardeal Puzyna levantou-se do seu troneto e lendo um escrito previamente redigido, declarou que o imperador da Áustria e Hungria, Francisco José, usando um seu antigo privilégio vetava a eleição do cardeal Rampolla’ (que era o cardeal que nos escrutínios tinha recebido mais votos dos outros e parecia encaminhado para a vitória). Estas coisas as escreveu num diário o cardeal Domenico Svampa, arcebispo de Bolonha, que esteve presente naquele conclave. Ainda este cardeal escreveu que durante aquele conclave recebeu de Moscovo um telegrama num italiano incerto, assinado por Arturo Tchrep Spiridovitch, presidente da Sociedade eslava, que dizia: ‘Tendo fiéis agentes em todas as cidades eslavas, tenho a honra de advertir, como fervorosíssimo católico, que a eleição a Santo Pontífice dentre os cardeais protectores da Alemanha produzirá a revolta de trinta milhões de eslavos católicos. Tão grande é a ira contra alemães inimigos mortais dos eslavos’. Depois da intervenção do imperador austríaco aconteceu que os cardeais temendo perder o apoio da mais forte monarquia católica elegeram papa o cardeal Sarto que tomou o nome de Pio X. Quando depois estava para rebentar a primeira guerra mundial em que a Áustria combateria contra a Sérvia, Pio X não escondeu o seu apoio e as suas simpatias pelo império austríaco. Há diversos testemunhos que o testificam claramente. Cito só um deles: o representante da Baviera no Vaticano, barão von Pitter, a 26 de Julho de 1914 informou Munique dizendo: ‘O papa consente uma decidida acção da Áustria contra a Sérvia... o cardeal secretário de Estado exprime a esperança que desta vez a Áustria não fará concessões’. Ainda hoje como no passado, quando se trata de eleger um novo papa por parte dos cardeais acontecem no conclave manobras de todo género por parte das diferentes facções cardinalícias porque cada facção tem os seus particulares interesses políticos ou financeiros no querer a eleição de um determinado papa e procura obtê-la de todas as maneiras. Quando foi eleito Paulo VI por exemplo, o cardeal Testa, recém-saído do conclave afirmou: ‘Aconteceram coisas horripilantes’. Ao povo porém é feito crer que a eleição de cada novo papa acontece por inspiração do Espírito Santo. |
Por quanto respeita às ‘fumadas’ que saiem da chaminé sobrestante o telhado da capela Sistina e que fazem perceber à multidão reunida na praça S. Pedro o êxito das votações, deve ser dito que o fumo vem dos boletins de voto usados na votação que são queimados. Quando se tem uma votação nula (isto é, que nenhum candidato alcançou o quórum dos dois terços dos votos) o cardeal encarregado de queimar os boletins de voto acrescenta a eles palha húmida e neste caso se tem a ‘fumada negra’; quando, pelo contrário, foi eleito o novo papa então queima só os boletins de voto e neste caso se tem a ‘fumada branca’. |
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[24 ] Se tenha presente que um padre que cometa fornicação ou que cometa regularmente adultério é malvisto na igreja romana mas pode tranquilamente continuar a exercer o seu ofício, enquanto se ele casasse então não pode mais cumprir o seu ofício de padre porque não há dispensa que lhe possa permitir ter mulher e ser ao mesmo tempo padre! Eis como o seu papa Gregório se exprimiu: ‘Pergunta-se, se os Presbíteros, tendo muitas concubinas, se devem considerar bígamos? Responde, que por ter várias concubinas não incorrem na irregularidade de bigamia, antes o bispo, como faz com os fornicadores, pode conceder-lhes a dispensa, e assim podem exercer o seu ofício. Nota, que aquele que tem muitas concubinas, não incorre na irregularidade. E é coisa maravilhosa, que quem peca deste modo é dispensado, mas quem não peca daquele outro modo (isto é, se casa) não é dispensado’ (Decret. Gregor., lib. I, de Bigam. , tit, 21, cap. 7, ‘Quia circa’). Não é isto um desprezo pelo matrimónio? Certamente que o é porque considera-se que a fornicação e o matrimónio para um padre sejam ambas as coisas um mal, ou melhor, que a fornicação seja um mal menor do que o matrimónio porque não lhe impede de continuar a ser padre!! |
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[25 ] Pelágio II (579-590), depois de o concílio de Tours (567) ter decretado que qualquer eclesiástico que tivesse tido relação carnal com sua mulher devia ser excomungado por um ano e reduzido ao estado laical, contentava-se mais ou menos que os eclesiásticos casados não deixassem os bens da igreja às mulheres e aos filhos. Os sacerdotes tinham portanto que fazer um inventário dos bens da igreja quando assumiam o ofício e deixar tudo intacto quando se iam embora. Gregório VII que a seguir obrigou muitos sacerdotes casados a deixarem as suas mulheres porque queria que observassem o celibato, exprimiu o motivo pelo qual queria que os sacerdotes já casados repudiassem as suas mulheres quando disse: ‘A Igreja não poderá fugir à tirania da laicidade se primeiro os sacerdotes não fugirem à das suas mulheres’ ( Non liberari potest Ecclesia a servitute laicorum nisi liberentur prius clerici ab uxoribus). Em outras palavras, o motivo era porque queria que as vastas posses da igreja permanecessem intactas. Na raiz deste seu diabólico ensinamento estava portanto a cobiça. |
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[26 ] Pio IX no Sílabo condenou a seguinte proposição: ‘Um contrato meramente civil pode, entre os cristãos, tornar-se um verdadeiro matrimônio; e é falso ou que o contrato matrimonial entre os cristãos sempre seja Sacramento, ou que esse contrato seja nulo, se não houver Sacramento’ (LXXIII). |
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[27 ] Ensinando isto a igreja católica romana contradiz Agostinho o qual teve a dizer: ‘A nós se pergunta também habitualmente se se deve falar de matrimónio, quando um homem e uma mulher, ambos livres de outras ligações conjugais, se unem não para procriar filhos, mas apenas para satisfazer a recíproca intemperança pondo porém entre eles a condição de nenhum dos dois ter relações com outra pessoa. Num caso do género talvez falar de matrimónio não estivesse fora de propósito, desde que eles observem mutuamente esta condição até à morte de um dos dois ou desde que, mesmo não estando unidos para este objectivo, todavia não tenham excluído a prole, como acontece quando o nascimento de filhos não é desejado ou até é evitado com alguma prática reprovável. Ma se faltam os dois elementos da fidelidade e da prole, ou mesmo só um deles, não vejo de que maneira poderemos chamar matrimónio a semelhantes uniões’ (Agostino, La dignità del matrimonio [A dignidade do matrimónio], Roma 1982, pag. 97). Mesmo se Agostinho neste caso faz referência a uma união livre privada do vínculo matrimonial, ele faz compreender que segundo ele a prole num matrimónio deve haver. Além destas suas palavras, de qualquer modo, se poderiam citar outras palavras suas a favor da procriação a todos os custos. Portanto, o repito, a igreja católica romana sendo a favor da regulação dos nascimentos contradiz o seu pai Agostinho. |
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[28 ] Ensinando isto, a igreja católica romana anula a sua tradição porque Tertuliano, Lactâncio, e Cirilo de Alexandria afirmavam que o adultério era causa de divórcio e permitiam um outro matrimónio. E se pôs contra a igreja oriental que, baseando-se ainda nos pais, admite o divórcio em caso de adultério e permite à parte inocente passar a novas núpcias. |
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[29 ] Os teólogos papistas para fazer parecer que a igreja católica romana é contra o divórcio citam quase sempre o seguinte facto histórico. Em 1527 Henrique VIII rei da Inglaterra pediu ao então papa Clemente VII a dispensa para poder divorciar-se de Catarina de Aragão (o motivo era porque esta não lhe tinha dado um filho macho) e casar-se com Ana Bolena. Mas a este pedido o papa não consentiu. Mas se tenha bem presente isto: ele não consentiu não porque fosse contra o divórcio (porque os papas fizeram divorciar e recasar reis no curso do tempo), mas porque naquele tempo ele estava sob o controlo do poderoso imperador Carlos V, sobrinho de Catarina, que tinha há pouco saqueado Roma e tinha as suas tropas nos arredores de Roma, pelo que o seu consentimento ao pedido de Henrique desagradaria a Carlos V que se vingaria do papa. Foi em suma o medo de uma represália de Carlos V e não a aversão ao divórcio que induziu Clemente a responder não ao rei de Inglaterra. |
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[30 ] Desta maneira, isto é, permitindo à parte católica divorciar-se e recasar-se, a igreja católica romana se põe de novo abertamente contra o seu pai Agostinho de Hipona, que ela considera o maior dos doutores, o qual não admitia que quando o cônjuge crente era deixado pelo cônjuge não crente, por causa da sua fé, passasse a novas núpcias porque isso para ele significava cometer adultério. E também contra outros chamados pais que eram a favor da indissolubilidade do matrimónio absoluta, sem excepções, como Agostinho. |
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[31] Traduzido
na prática significa que se um Protestante casa com uma Muçulmana e as coisas
chegam a tal ponto que ele decide divorciar-se da mulher porque se quer casar
com uma católica pode ir ao papa que em virtude da sua autoridade pode dissolver
também o seu matrimónio, e este dissolverá o seu matrimónio para lhe permitir
casar com a católica. Em suma o papa crê ter autoridade sobre todos os
matrimónios dos que se dizem Cristãos e não só sobre os dos Católicos
romanos. Reconhecei pois irmãos quanto arrogante é este homem. |
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[32 ] Alguns exemplos deste tipo de dissolução operado pelo papa. A 12 de Março de 1957 Pio XII dissolveu o matrimónio de dois Maometanos: a rapariga, tendo-se divorciado civilmente, teve em custódia o filho; o marido foi para França onde se recasou no Registo Civil. Dado que a esposa era católica, como desejava converter-se, o Santo Ofício sob a guia do cardeal Ottaviani aconselhou a aplicar o ‘privilégio de São Pedro’ (chamado assim porque os teólogos papistas dizem que Pedro recebeu o poder de dissolver os matrimónios) porque exigia menos tempo do que o ‘paulino’ e assim o papa dissolveu aquele matrimónio. Paulo VI concedeu o divórcio a dois Hebreus de Chicago a 7 de Fevereiro de 1964. O marido, após o divórcio da mulher, tinha casado com uma católica; não tinha algum desejo de ‘converter-se’ e o tinha admitido, queria apenas tranquilizar a sua nova mulher. O papa ‘movido de piedade’ concedeu o divórcio para que o seu matrimónio fosse regularizado. |
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[33 ] Além destes enumerados há outros impedimentos dirimentes que são os seguintes: a idade: ‘O homem antes dos dezesseis anos completos e a mulher antes dos catorze também completos não podem contrair um matrimônio válido’ (can. 1083 - § 1); o vínculo anterior: ‘Tenta invalidamente contrair matrimônio quem está ligado pelo vínculo de um matrimônio anterior, mesmo que este matrimônio não tenha sido consumado’ (can. 1085 - § 1); a consangüinidade: ‘Na linha reta de consangüinidade, é nulo o matrimônio entre todos os ascendentes e descendentes, tanto legítimos como naturais’ (can. 1091 - § 1); a afinidade: ‘A afinidade em linha reta torna nulo o matrimônio em qualquer grau’ (can. 1092); a honestidade pública : ‘O impedimento de honestidade pública origina-se de matrimônio inválido, depois de instaurada a vida comum, ou de um concubinato notório e público; e torna nulo o matrimônio no primeiro grau da linha reta entre o homem e as consangüíneas da mulher, e vice-versa’ (can. 1093); o parentesco legal: ‘Não podem contrair validamente matrimônio os que estão ligados por parentesco legal surgido de adoção, em linha reta ou no segundo grau da linha colateral’ (can. 1094); o erro : ‘O erro de pessoa torna inválido o matrimônio’ (can. 1097 - § 1); o dolo : ‘Quem contrai matrimônio, enganado por dolo perpetrado para obter o consentimento matrimonial, a respeito de alguma qualidade da outra parte, e essa qualidade, por sua natureza, possa perturbar gravemente o consórcio da vida conjugal, contrai invalidamente’ (can. 1098); a falta de consentimento : ‘se uma das partes ou ambas, por ato positivo de vontade, excluem o próprio matrimônio, algum elemento essencial do matrimônio ou alguma propriedade essencial, contraem invalidamente’ (can. 1101 - § 2), isto significa que se um Católico conseguir demonstrar, mesmo após muitos anos de matrimónio, que casando-se tinha posto como condição não ter filhos ou divorciar-se no caso de o matrimónio se revelasse um insucesso então obterá a dissolução do matrimónio. Um exemplo de matrimónio dissolvido aduzindo o defeito de consentimento foi o de Napoleão Bonaparte com Josefina. Em 1810, com efeito, as autoridades eclesiásticas católicas da França (com a permissão de Pio VII) lhe o anularam (no seu caso aduziram também o defeito de forma) e lhe permitiram recasar com a sobrinha de Maria Antonieta, Maria Luísa de Áustria. A falta de pároco e de duas testemunhas : ‘Somente são válidos os matrimônios contraídos perante o Ordinário local ou o pároco, ou um sacerdote ou diácono delegado por qualquer um dos dois como assistente, e além disso perante duas testemunhas...’ (can. 1108 - § 1); a violência : ‘É inválido o matrimônio contraído por violência ou por medo grave proveniente de causa externa, ainda que incutido não propositadamente, para se livrar do qual alguém seja forçado a escolher o matrimônio’ (can. 1103). |
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[34 ] E não apenas com os Protestantes que agora ela não considera mais (aparentemente) sectários heréticos, mas também com os não Cristãos como os Muçulmanos, os Hebreus, etc. De facto, embora ela diga que ‘é inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais tenha sido batizada na Igreja católica ou nela recebida e que não a tenha abandonado por um ato formal, e outra não é batizada’ (can. 1086 - § 1) porque para ela a disparidade de culto é um impedimento dirimente todavia o permite após dispensa, com efeito afirma: ‘Não se dispense desse impedimento, a não ser cumpridas as condições mencionadas nos cânn. 1125 e 1126’ (can. 1086 - § 2). A igreja católica romana portanto sobre os matrimónios mistos (dado que permite o matrimónio entre os Católicos - que ela naturalmente define Cristãos - e Muçulmanos, Hebreus, etc.) contradiz os chamados pais os quais definiam ‘fornicação’ ou ‘adultério’ o matrimónio de um cristão com um não cristão, e muitos teólogos papistas do passado, entre os quais Pedro Lombardo o seu mestre de sentenças, os quais afirmavam que os matrimónios mistos são nulos. Também este é um exemplo de como a igreja católica romana quando o considera oportuno está pronta a anular também a sua ‘venerável’ tradição. |
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[35 ] Faço notar porém que agora nas Bíblias católicas o termo mysterion em Ef. 5:32 é traduzido correctamente com mistério, como por exemplo nas edições Paulinas de 1972, 1977, 1983 e 1990. Permanece porém o facto desta passagem ser ainda tomada para sustentar que o matrimónio é um sacramento. |